Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

El nombre del hombre


Que me perdoem os feios, mas beleza é fundamental;
Que me perdoem os belos, mas sensualidade é indispensável;
Que me perdoem os sensuais, mas cavalheirismo é fundamental;
Que me perdoem os cavalheiros, mas inteligência é indispensável;
Que me perdoem os inteligentes, mas sensibilidade é fundamental;
Que me perdoem os sensíveis, mas criatividade é indispensável;
Que me perdoem os criativos, mas ter iniciativa é fundamental;
Que me perdeom os que têm iniciativa, mas percepção é indispensável;
Que me perdoem os perceptivos, mas intuição é fundamental;
Que me perdoem os intuitivos, mas a confiabilidade é fundamental;
Que me perdoem os confiáveis, pois que são inviáveis, impossíveis, inexistentes...e mesmo não encontrando todos esses adjetivos num só homem, não deixo de desejar os homens;
Mesmo reclamando de todos os homens, eles me dão felicidade e tornam minha vida bem melhor(despertam desejos, ofertam amparos, iludem, mas ajudam a sonhar; dinamizam o cotidiano e ainda rendem material subjetivo para textos e fofocas com as amigas...)
Hey, man!

O eterno Deus Mu dança!


Ah, que bom que de vez em quando as coisas mudam ou o que muda é nossa maneira de lidar com a vida!Hoje, especialmente, estou feliz.
Quando critico essa gente que tenta nos influenciar com a idéia de Destino, de pensamento positivo, de que "palavra é força" e das baboseiras espiritualistas que esculpem culpas e servem para coagir e controlar a realidade de nossos desejos, não é à toa.
Sabe porque eu estou feliz? porque dei passos, realizei ações que me conduziram a alcançar o que eu desejava. Por conta do sucesso obtido, dei outros passos muito bem planejados para que eu chegue noutro lugar que também desejo, ao contrário de quem credita ao plano metafísico a responsabilidade e a providência para a resolução de seus problemas.
Sou uma pessoa de fé, sabe? "Acho que gosto de São Paulo, gosto de São João, gosto de São Francisco e São Sebastião" e, se sei que, ao contrário do Renato Russo, gosto apenas de meninos. Mas, respeitando a ambiguidade e pluralidade de sentidos que a música traz, pois que neste caso tanto podem ser os santos quanto as cidades, gosto de São Jorge e de Santo Antônio, além de eu ser marianista convicta e admirar, simpatizar e defender os orixás, dos quais, Oxalá e Yansã. Mas é só isso: gosto do reforço psicológico de me saber auxiliada. Auxiliada. O resto, é por minha conta.
Acredito no acaso e na Sorte.
Acredito e adoro o acaso: não acho que haja nada marcado em lugar nenhum, vejo o ser humano como responsável direto por suas escolhas. É, não me sinto na Grécia Antiga, consultando oráculos ou errando como Édipo, cujas escolhas nunca serão livres: é ele escravo do Destino. Lembrei-vos, irmãos, das Môiras: três irmãs velhas, mau humoradas, cegas...olha na mão de quem o ser o humano quer deixar o rumo de sua vida!!! Ainda mais numa era como a nossa, em que os determinismos cairam por terra! Mas, tudo bem, é confortável demais.
O caso é que sou intolerante com algumas coisas que têm a ver com a conversão do outro. Ora, pois: quem não está comigo estará contra mim? é tanto radicalismo, meu Deus!!!
Há dias em que a gente acredita mais na vida, refaz o sol do nosso humor, reedita o futuro e segue em frente.
Enquanto eu achei que não tinha escolha par algumas coisas, me vi refém do Destino, amarrada a uma coisa parada, a uma vida sem devir, julguei não ter como manter decisões e esse é um laço depressivo perigoso, porque todos os dias parecem iguais e a gente fica paradinho, esperando que algum deus nos recompense pela parcimônia.
No aspecto pessoal, até me resolvi interiormente com minha amiga: entendi que ela carrega a culpa, ela sabe o que fez e talvez pense que eu não sei, mas o caso é que percebi que o preço da culpa é muito baixo diante da felicidade. Feliz ela não está, presumo, mas está bem melhor agora. Esse é o passo dela na contramão do Destino: reconhecer que é legítimo não querer estar com quem a gente não quer compartilhar o convívio. Por mim, digo: "Aqui jaz. Descanse em paz!" Assunto encerrado. Também desejo a distância dela, mas isso não é por um "mal-querer".
Gilberto Gil, em sua santa sabedoria, já dizia que o eterno deus Mu dança. E que ritmo variável!
Mas, eis-me aqui agradecendo a colaboração de Deus e de São Jorge na graça alcançada com meus esforços e os auxílios deles.
Obrigada, Senhor, por me fazeres apta a cuidar do que quero.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O que há por dentro


Falo demais. Falo muito mesmo. Às vezes, não tenho a menor papa na língua, como se diz por aí. Mas não falo dos outros: dos amigos reciprocamente alfinetados, não me meto; das amigas, amigos e conhecidas que flagro sofrendo traições, nada digo, não diria nem se visse o par em pleno ato sexual. Ah, não falo mesmo!

Contudo, ter conhecimento das coisas e silenciar, nos torna, em certa medida, cúmplices.

O silêncio é mais seguro.

Desconfio dos meus raciocínios, das minhas conclusões. Penso duas vezes, acho que não deve ser exatamente aquilo que os indícios me levam a crer; penso que sou maldosa, penso que estou enganada... Mas o tempo me mostra o contrário.

Para pensar ou concluir sobre o outro, sou extremamente cautelosa.

Muitas pessoas não assumem seus sentimentos, não assumem como eu assumo a necessidade de estar sozinha; não assumem seus aborrecimentos, não assumem aquela misantropia que nos assalta e pede que a gente não atenda ao telefone, nem queira compartilhar convívios.

Geralmente ocorre que tiram conclusões sobre mim, baseadas, muitas vezes, em fontes duvidosas. Aceito. Não faço questão de amizades inconsistentes, daquelas que qualquer coisa torna o amigo um suspeito. Se perco uma amizade assim, sinceramente, não me importo. Não me importar não quer dizer que eu não me indigne.

Recentemente, desconfiei de algo assim: estava na cara que uma amiga tinha encontrado um pretexto bem vago para que a gente não mantivesse o laço do convívio. Ora, eu entenderia perfeitamente a situação.

Há convívios que são inevitáveis (e nem preciso recorrer às idéias de Durkheim para falar da solidariedade orgânica e mecânica) e outros que dependem de nossa opção ou, especificamente, de nossa sinceridade.

Nas minhas circunstâncias, o fato das coisas, do corte ter sido precipitado me mostrou que o convívio era insuportável. Tamanhamente insuportável que não houve prévia, não houve preparo algum, certamente para parecer natural.

Presumo o conflito ou o sentimento de incômodo interior ou moral da pessoa em questão e isso é o problema: eu entenderia perfeitamente se isso me fosse dito de forma clara. Não gosto de especular o que teria causado a vontade de ruptura, de quebra do laço de convívio.

Acho deveras perturbador fazer conjecturas, edificar inimigos imaginários a influenciar coisas, atos que inconscientemente tenham coagido a pessoa a me querer bem longe... Mas, de meu lado, eu já lia esta mensagem. Engraçado como as pessoas dão sinais, deixam pequenas pistas... Ignorei por achar que talvez os amigos mais chegados que julgam que eu vejo coisas que não existem estivessem com razão.

Deve ser um saco aturar alguém que, como eu, prova que houve uma perseguição, que houve um engano, que houve lapso e erro num raciocínio de outro amigo em comum em relação a qualquer coisa. Se fosse eu a estar no outro extremo, diria de mim que tenho mania de perseguição ou que me faço de vítima. O que o tempo mostra é que não era um engano meu. Foi assim agora que confirmei uma suspeita.

Tenho noção. Percebo se sou preterida, se não depositam confiança em mim, se conspiram conclusões, se tomam partido.

Por que será que não dá para ser sincero? Não dói bem mais chegar ao veredicto posteriormente?

Pensei nisso no caminho de volta para casa.

Pensei na aflição da outra pessoa em questão, no seu sufoco para se livrar de mim, para tecer um repertório de pretextos, a cada dia me dizendo em entrelinhas, sem que ela própria percebesse: “Se afaste de mim. Não suporto mais nosso convívio, nosso contato”.

Sinceramente, me coloco mesmo no lugar do outro. Imagino todo esse sufocamento de quem não consegue assumir um sentimento de repulsa, uma vontade de afastamento e que, de modo cristão, às vezes se culpa até que conclui que não há uma razão explícita além da sua própria vontade de não manter mais o laço. Sei que dói e entendo: como dizer ao outro, sem motivo palpável: “Quero ficar só!”, sem parecer cruel, egoísta, mau... Eu sei.

Como boa neurótica, não é qualquer coisa desperta em mim o senso de rejeição.

Não acredito em certas coisas, nesses lugares comuns que dizem que determinadas coisas acontecem em todo lugar (“Todo lugar é assim”), que é isso mesmo e etc. Já vivi a diferença e sei que essa generalização serve apenas para tentar atenuar as brasas do inferno.

Família e trabalho são dois pólos de convívio altamente perigosos.

Odeio “Amigas secretas”, “Confraternizações” e reuniões afins: é muito difícil suportar a hipocrisia e a artificialidade próprias desses eventos.

Das coisas que aprendo, me surpreendo com aquelas que não têm nada a ver com o que deveria ser. Vou falar do que aprendi com Stuart Hall, em Da diáspora: Identidades e Mediações Culturais: além do óbvio que se pode depreender do título e dos modismo teóricos que assomam as universidades e o pensamento contemporâneo, digo que o que este autor fala na parte final do livro (A formação de um intelectual diaspórico – uma entrevista com Stuart Hall, de Kuan-Hsing-Chen) foi minha grande lição. Um desses momentos é a passagem em que Hall diz do seu convívio familiar, do exílio em família, de uma falta de articulação ideológica, de incompatibilidades de várias ordens e finalmente afirma que ele teve a necessidade de realizar um afastamento afetivo;

“Por causa disso, fui sempre identificado em minha família como alguém de fora, aquele que não se adequava, o que era mais negro que os outros, o pequeno coolie etc.” (p. 386);

“Minha própria formação e identidade foram construídas a partir de uma espécie de recusa dos modelos dominantes de construção pessoal e cultural aos quais fui exposto” (p. 387)

“Havia uma grande distância entre o que eles queriam para mim e como eu me identificava” (p. 387)

“Estou contando esse fato porque ele foi muito importante para meu desenvolvimento pessoal. Isso acabou para sempre com a distinção entre o ser público e o ser privado, para mim. Aprendi, em primeiro lugar, que a cultura era algo profundamente subjetivo e pessoal e, ao mesmo tempo, uma estrutura em que a gente vive (...) Desde então, nunca mais pude entender porque as pessoas achavam que essas questões estruturais não estavam ligadas ao psíquico – com emoções, identificações e sentimentos, pois para mim, essas estruturas são coisas que a gente vive. Não quero dizer apenas que elas são pessoais; elas são, mas também são institucionais e têm propriedades estruturais reais, elas te derrubam, te destroem.” (P.390)

Essa humanidade em Hall me conquista. Vislumbro elos de identificação nesses posicionamentos, seja na questão institucional, seja na familiar.

Família e amigos se confundem para mim. Repito: família é aquela que o coração escolhe.

Não sou tão tonta quanto eu penso, não vejo chifres em testa de cavalos, mas até que preferia, pois os licornes, os unicórnio são lindos, embora fantasiosos. Eu sei o que vi, eu sei o que ouvi, eu concluí com exatidão – não tenho que me sentir leviana por ter visto ou concluído, seja a paquera lá da esposa do meu colega para cima do meu ficante ou o desejo de distanciamento da pessoa a quem me referi. Ainda bem: não é efeito colateral dos fármacos que não uso, nem da bebida que não bebo...Louquética, sim, pois de perto, ninguém é normal; mas alucinada ou paranóica, jamais!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aquele abraço


Eu adoro abraços!
Adoro os carinhos, de todos os tipos, de todas as ordens!
Tenho piedade de quem encarna a armadura e é incapaz de expressar carinhos, de assumir um sentimento, de assumir uma dor, uma falta, uma saudade.
Sou megalomaníaca com os afetos: digo com a maior ênfase, com a verdade estrambótica do que sinto: Adoro você, meu amigo Álisson; te amo, Neto; te adoro, Jaulla Rodrigues. Eles são só meus amigos, embora não no termo amplo, porque não os vejo, não tenho práticas de troca de segredos e idéias com eles... há várias distâncias separam a gente, mas no meu coração é grandioso e real o sentimento que tenho.
O outro abraço, mais desejado, é aquele de quem eu desejo.
Sexualmente, as posições que permitem abraçar são as que eu mais gosto. Chego a poetizar esse encontro entre os corpos. E é tão boa a sensação de pertencimento, de troca, a grandeza do contato...
Lembro de um certo amigo meu, da UEFS, Vladmir, em seus versos:
Não se morre de amor Se morre de frio O abraço é o agasalho da alma.
Ah, minha alma está morrendo de frio agora!

A solidão é fera!


"Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho"...ora, claro que há razão neste raciocínio. Não uma razão absoluta, porque há seres humanos que convivem bem consigo mesmo e, não por uma pretensa auto-suficiência, secundarizam ou anulam as relações a dois.
Também ouvimos que "antes só a mal acompanhado". O caso, entretanto, é exatamente a baixa qualidade desta companhia.
No mito bíblico, Adão está sozinho e Deus resolve, após constatar a solidão do homem, presenteá-lo com a companhia feminina. Resultado: é tão bom ser e ter par, casal, companheiros...sim, companheiros= comer do mesmo pão (na maioria dos casos, infelizmente, que o diabo amassou).
Nós, mulheres, aprendemos a querer casar. Fracassei nesta lição: ninguém nunca me convenceu das benesses do casamento. Não conheço casamento feliz. Minhas amigas se queixam muito da solidão a dois, das relações paralelas que surgem para suprir as faltas, das ilusões que vão sendo desconstruídas com o convívio.
Gosto muito de acordar em minha casa, de ter um ambiente meu: sou meio caracol e até para sair gostaria de carregar a casa nas costas. Mas, como é bom!
É tão gostoso ter liberdade. Aquela liberdade clichê: ampla, geral e irrestrita e usufruir do meu território particular.
Como é bom ouvir um CD dos Raimundos bem alto, dançar e pular na sala; entrar no banheiro e tomar um banho interminável, viver os pequenos prazeres da privacidade...ah, palavra que me conquista: privacidade!
Passei um tempo imenso percebendo os rastreamentos que meus namorados e afins faziam no meu celular, nas minhas agendas; ou minha tia, visita rara e bisbilhoteira, fuçando gavetas, vendo fotos particulares minhas e, igualmente, rastreando minha vida.
Privacidade é prêmio incalculável que guardo com cuidado e amor.
O lado bom de estar com outra pessoa é, de fato, a boa companhia, o colo, o carinho, o sexo com sintonia e confiança, as confidências, os cuidados, as emoções da espera...a boa companhia sabe ser necessária, sabe despertar saudade:não sufoca com a presença; a boa companhia conquista, faz a gente desejar, maneja os nossos desejos sem manipular nossas vontades.
Como quem descobriu a pólvora, digo: estou sozinha. Sei disso. Mas queria companhia. Mereço companhia.
Gostaria de chegar em casa, dormir e acordar com um telefonema de algum homem interessante, sei lá, namorado, para almoçar neste domingo. Gosto das coisas simples, a saber: simples almoços em shoppings ou num restaurante chinês - Thin Yen Bao ou Souan Loun; gosto de ver filmes nos cinema, de tomar café gelado, de ficar dirigindo ou passeando de carro, bem lentamente, no domingo, observando as ruas, os cenários vazios. Gosto de dançar e de discutir livros, teorias e assuntos bobos, gosto de ver os programas do domingo à noite - Grey's Anatomy; Pânico, Café Filosófico...assim mesmo, tudo sem efetuar separações intelectuais, sem essa preocupação em não parecer fútil, sem me preocupar em deslindar os substratos da cultura de massa e da indústria cultural. Gosto de rir, de pensar, de me espantar.
Não vejo possibilidades reais de companhia.
Não tenho mais amigos, a não ser os funcionais: nossos colegas de trabalho que partilham de alguns segredos e vivências comuns.
Não tenho uma amiga para quem ligar e compactuar coisas ou propor saídas e aventuras, nem parentes, nem amigos do sexo masculino (heteros ou não) que se mantenham por perto ou se importem comigo a ponto de manter a amizade.
Se a vida fosse prática e descomplicada, alguém chegaria à conclusão de que é preciso intervir no curso do cotidiano, antes que nada aconteça.
Então, o rapaz que pega a mesma fila que eu , no banco ou na padaria, criaria um pretexto para conhecer meu mundo - se é que meu mundo é um outro que não seja o dele; também o sujeito que me vê fazer caminhadas e corridas no final da tarde, sempre por caminhos que se repetem, iria fabricar um pretextopara falar comigo; outrossim, também aquele que me vê no ônibus para Salvador, almoçando no Panela Brasileira do Iguatemi, ou no Instituto de Letras, às terças e quartas, deveria desafia o destino e colocar um pretexto em cena.
Como diria Drummond, "Êta vida besta, meu Deus!". Nada acontece!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Os reais valores


De uns tempos para cá tenho estranhado a facilidade com que as pessoas procuram problemas comigo. É uma ironia procurar problemas comigo, já que eu tenho os meus próprios e já me conformei com eles. Cada um procure os seus! Não vou acusar a Lei de Murphy, a lei da causa e do efeito, nem a Lady Gaga - porque eu perco a paciência, mas não perco o senso de humor.

Eu poderia pensar de mim mesma que tenho mania de me vitimizar, mas este pensamento eu já excluí. Vejo que do nada, sem motivo algum, certas pessoas se acham no direito de me dizerem qualquer desaforo, de subtraírem meu direito de defesa ou não procuram se dirigir a mim com um mínimo de respeito.

Num dia, é uma pessoa que se torna ex-amiga, sem explicações, sem diálogo, sem suposta coerência; noutro é alguém que me avança palavras agressivas a pretextos de que eu estava fazendo contas mediocremente quando do cálculo de nossas despesas conjuntas naquilo que seria uma saideira de diversão; daí me vem alguém que perde completamente a humanidade comigo, por conta do atraso no pagamento das despesas em comum na casa dos professores.

Fico indignada por tudo isso.

Sou generosa: divido meu pão e meu croissaint, "meu vinho e meu champagne", não faço questão de nada e, ao contrário, prensenteio às pessoas sem motivos formais. Tampouco sou negligente com contas ou com dívidas.

Entretanto, a forma agressiva como o colega se dirigiu a mim, por duas vezes, por e-mail e por recado, muito me deixou perplexa.

Que indelicadeza! Só assim entendo "da força da grana que ergue e destrói coisas belas"...que falta de humanidade, haja vista o momento vulnerável que eu atravesso, as circunstâncias e meu histórico de idoneidade moral e financeira.
Os valores que realmente importam são os financeiros?
De onde virá essa tendência a achar que eu vou me furtar a reagir à agressividade, que eu vou suportar calada às indecentes atitudes cuja violência real e simbólica me atingem?
La plata es el que me falta. Só isso!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Seus fantasmas, seus enredos, seu destino"


Eu juro que eu não sabia que ficar sozinha doeria tanto, por tanto tempo.
Há um tempo fiz promessa a Santo Antônio: pedi para que ele me fizesse esquecer Marcelo. Em troca? três dúzias de rosas brancas. A razão é que eu não sei, nem conheço quem saiba, que flores são aquelas que que o santo Antônio segura. Só sei que são brancas e isso justifica a moeda da promessa.
Ah, meus fantasmas! Depois que esqueci Marcelo, não hesitei em chamá-lo de Finado.
Logo que saí da gaiola, me encantei com a liberdade...aí fiquei com quem eu desejava. E adorei!
Aí me veio o tédio e a certeza de estar sozinha.
Amar Marcelo doía, mas me mostrava minha capacidade de amar. Agora, tudo está vazio.
Sinto, por outro lado, o vazio das minhas amizades. Poxa, como sinto falta de Jau.
Não tenho mais um amigo ou amiga com quem conversar, a quem dizer coisas óbvias, a quem cansar com histórias repetitivas...nem um colo para chorar, nem um abraço para me consolar, ne companhia para festas e viagens.
Meu feriadão do Dia dos Finados foi uma morte! Credo!!!
No sábado do halloween, saí com Héber, meu amigo gay preferido, e vimos a cidade deserta e as festas sem a menor graça e sem público. Resultado: fomos ao Bar dos fracassados, isto é o Bar de Euds ou Jeca Total - reduto de fumantes, maconheiros, universitários, intelectualóides, desesperados e, ao fim e ao cabo, pode-se resumir em FRACASSADOS.
Meu amigos se encheu de álcool, desmunhecou feliz, deu pinta e até levantou meu astral com tanta loucura.
Assim foi o sábado.
Hoje faltei à aula da UFBA: acumulei um cansaço total, sempre dormindo mal e tarde, tendo sono nas horas impróprias.
Fico perplexa com o número de homens mal educados que vejo por aí. Chego à conclusão de que terei que dar um jeito de vencer a angústia da solidão, porque os disponíveis não são bons, não têm requisitos básicos para uma relação em qualquer nível...mas como estou beirando o desespero de causa, provavelmente eu vá cair naquela de ir me divertindo com a pessoa errada, enquanto a pessoa certa não vem (nem virá!).
Paguei hoje minha promessa a Santo Antônio: fui à igreja, pus as flores no altar e sanei minha dívida espiritual. Comentei com o curador do altar, quando indagada sobre a graça recebida: "Tão importante quanto encontrar a pessoa certa, é se livrar da pessoa errada". Yes, eu me livrei de um cafajeste. Isto é uma graça!
Agora quero a cura para minha solidão. Não quero me antever triste num reveillon sem graça; não quero pressupor uma vida sexual inexistente, nem viver o hoje chorando o amanhã. Para isso sei que tenho que aprender a manter minha palavra, cumprindo o que decido.
Estarei de olho em mim mesma.