Louquética

Incontinência verbal

sábado, 31 de julho de 2010

Atire a primeira pedra!


Não quero nunca perder minha capacidade de me indignar.
A cada vez que vez que me sinto indignada lembro que eu não sou de pedra, não sou de lata, não sou indiferente ao que simbolicamente atinge aos outros em sua dignidade e que, indiretamente atinge a mim.
Não pude ser indiferente aos incontáveis casos de mulheres condenadas à morte por apedrejamento mas, o mais recente, por conta do estardalhaço na imprensa, me atingiu em cheio. Sakineh Mohammadi Ashtiani não é diferente de todas as outras mulheres oprimidas e condenadas e, em vários casos, quando há a articulação da morte do marido , elas são condenadas à prisão. O adultério é que supõe a pena de morte por apedrejamento.
Penso em muita gente cristã, de bom coração, que neste momento raciocina que se as leis brasileiras e mundias fossem desse mesmo jeito, teríamos um país e um mundo menos desavergonhados, que assim é que deve ser, com uma lei rígida, para evitar infrações e ousadias descabidas.
Há vários defensores do machismo, inclusive as mulheres. Estas, sim, vivem condenando às outras do seu próprio gênero, concorrendo, educando os homens em princípios patriarcais, determinando desde a educação doméstica qual é o papel moral das mulheres e qual o papel moral dos homens. São estas desgraçadas que dizem qual é o lugar dos homens e qual é o lugar das mulheres; o que fica feio para uma mulher, mas nunca o que é feio para um homem. Estas mesmas, defensoras da virgindade feminina, mas nunca da masculina - embora Deus me livre de defender estas coisas para nenhuma das partes, porque acima de tudo está a liberdade de escolha.
Por isso fico condoída com a situação atual das mulheres.
Por isso fico perplexa quando um idiota qualquer afirma que a situação atual da mulher é maravilhosa, que nós alcançamos vários avanços sociais e jurídicos...uma peste que diz isso não tem a menor visão acerca das diferenças salariais (para menos) que as mulheres encaram no desempenho da mesma função que um homem, no plano profissional; um ser humano parcial deste aí não vê que somente em 2004 a mulher ganhou o direito civil de deixar o lar, desde que comprovados os maus tratos e a violência contra ela cometidos, sem que isso se configure em abandono do lar com perda dos direitos matrimoniais; uma pessoa desta não nota o quão humilhante foi conviver com a prerrogativa legal de anulação do casamento civil se comprovada a não virgindade da noiva...e quantos crimes para lavar a honra vitimaram as mulheres?
Eu não sei em que mundo este povo lindo e otimista vive, mas, com certeza, não é no meu.
Nos vários anos em que fui voluntária em dois hospitais públicos, via como as atendentes e as auxiliares de enfermagem tratavam às mulheres que lá chegavam em meio a um aborto: humilhavam, maltratavam, davam surras morais, faziam uso de violência psicológica, inculcavam culpas, independentemente de comprovar se o aborto foi provocado ou natural.
Aquelas mulheres funcionárias do hospital não viam que as mulheres que ali chegavam corriam o risco de morrer, que sofriam, que passavam por dores, que eram seres humanos.
Não conheço ninguém a favor de abortos, nem mesmo estas mulheres citadas, mas conheço muita gente que, como eu, é a favor da legalização do aborto.
A questão dos diretos e do reconhecimento dos direitos incomoda porque toca naquilo que todo mundo sabe que acontece e existe, mas que ninguém quer admitir. Tornar lícito é assumir a existência daquilo que incomoda e que desafia as regras impostas pela moral.
Mas, deixa para lá, porque tem muita gente que vive num mundo lindo, sem racismo,sem sexismo, sem violência, sem homofobia...eu é que ainda não encontrei esse mundo e por isso tenho que me conformar com a vida real.
Cada um que se cala diante de situações que atingem a diginidade humana, também atira uma pedra no condenado, na condenada.
"Até sonhar de madrugada/uma moça sem mancadas, /uma mulher não pode vacilar".
Para os sádicos de plantão, para os defensores da moral e dos bons costumes e para os paranóicos religiosos, explico que Shekinah deverá ser enterrada até à altura do peito e receber pedradas firmes e fortes que garantam uma lentíssima e dolorosa morte.
Eu sei que muitos apelarão, como fez indiretamente o nosso presidente,à relativização.
Para quem faltou às aulas de Antropologia, eu explico: não podemos estabelecer comparativos entre práticas culturais de países, de povos, de etnias diferentes.
Cada ato, hábito ou costume tem um determinado significado para aqueles povos em questão.
Quando usamos os parâmetros de nossa cultura para medir os hábitos culturais dos outros, somos etnocêntricos.
Entretanto, penso como Anthony Kwamé Appiah, para quem os limites da relativização cultural são aos direitos humanos (ele não se referia a Direitos Humanos, com maiúsculas, institucionalizados, sabe?).
Por isso acho absurda a morte por apedrejamento, acho absurda a retirada dos clitóris das meninas, em certas culturas; acho absurdo qualquer absurdo que vitime o outro, que lhe fira a dignidade, o corpo e o bem-estar.
Não interessa se na China ou no Teerã, não importa onde a violência esteja, não importa se a violência é o assédio moral ou psicológico, se assume ares simbólicos ou materiais: importa ver que a violência continua e que realmente, cada um dos que se omitem contribui para que nada mude.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Do que as mulheres gostam


Recebi por e-mail o texto abaixo, de autoria desconhecida, mas o importante é o senso de quem pensou nas perspectivas femininas de forma tão bem humorada.
Segundo o texto, em princípio, toda mulher quer um homem que:

1. Seja lindo,
2. Encantador,
3. Financeiramente estável,
4. Um bom ouvinte,
5. Divertido,
6. Em boa forma física,
7. Se vista bem,
8. Aprecie as coisas mais finas,
9. Faça muitas surpresas agradáveis,
10. Seja um amante criativo e romântico.

Esta mesma lista Revisada aos 32 Anos, indica que queremos um homem que:

1. Seja bonitinho,
2. Abra a porta do carro
3 Tenha dinheiro suficiente para jantar fora com certa frequência
4.. Ouça mais do que fale,
5. Ria das minhas piadas,
6. Carregue as sacolas do mercado com facilidade,
7. Tenha no mínimo uma gravata,
8. Lembre de aniversários e datas especiais,
9. Procure romance pelo menos uma vez por semana.

Já nos nossos 42 Anos queremos que o homem:

1. Não seja muito feio,
2. Espere eu me sentar no carro antes de começar a acelerar,
3. Tenha um emprego fixo
4. Balance a cabeça enquanto eu falo,
5. Esteja em forma ao menos para mudar a mobília de lugar,
6. Use camisetas que cubram sua barriga,
7. Não compre cidra achando que é champagne,
8. Se lembre de abaixar a tampa da privada (já tá bom, né? Esquece o Romance...)

Lista Revisada aos 52 Anos diz que queremos um homem que...
1. Corte os pelos do nariz e das orelhas,
2. Não coce o saco nem cuspa em público,
3. Não sustente as irmãs, nem as filhas do primeiro casamento
4. Não balance a cabeça até dormir enquanto eu estou reclamando,
5. Não conte a mesma piada o tempo todo.

Aos 62 Anos, queremos um homem que...
1. Não assuste as crianças pequenas,
2. Ronque bem baixinho quando dorme,
3. Esteja em forma suficiente para ficar de pé sozinho,
4. Use cueca e meias limpas

Aos 72 Anos, queremos um homem que...
1. Respire,
2. Lembre onde deixou seus dentes

E, finalmente, aos 88 Anos, queremos um homem que...
1. O que é um homem, mesmo ???
Bem, antes mesmo dos meus 82 anos eu ando esquecendo o que é um homem - por isso que é necessário tê-los por perto, para avivar a memória.

O novo sempre vem, Parte II


Eu só queria entender porque isso acontece comigo!olha só, eu quietinha, na minha, não olhei para ninguém, não me ofereci, não pedi nada, não disse nada...e lá vem a criança, o sobrinho dela!
Desconfio que as minhas amigas devem comentar que eu gosto de sujeitos mais novos ou, que se declaradamente eles não são minha preferência, devem dizer que é o que arranjo e o que eu pego. Só pode ser isso. Eu devo ter uma fama pior do que eu imagino - caso contrário, porque essa ousadia é só comigo?alguma coisa há que desperta esse fetiche besta nos rapazes mais novos.
Eu sou tímida de verdade. Eu não olho nos olhos dos outros, de tanta vergonha que eu sinto!não sou boa flerteira, exceto quando se trata de brincadeira, que aí, se o meu aluno ou amigo é tímido, eu brinco, dou cantadas de mentira, invento flertes imaginários, essas coisas, exatamente focalizando quem eu jamais teria interesse real, só para perturbar. Ainda assim esses são casos isolados. Só brinco com os inofensivos.
Então eu estou no MSN com a minha amiga.
Ela vai atender ao telefone e diz que volta já.
Passam-se minutos.
Penso que é ela falando comigo, mas é o sobrinho dela pegando no meu pé, de novo! Fazendo propostas absurdas, flertando descaradamente comigo...
Penso que me resolvi nas neuroses dos relacionamentos concêntricos e repetitivos: uma vez que passei adiante o Lascivo Arrependido, deixei claro que não há volta, nem interese em volta; meu orto-dentista preferido estréia como DJ, me convida, mas eu nem arredei meu pé para ir ver a apresentação dele, sabendo que isso arrebenta uma ferida narcísica nele e que ele vai ficar meses sem falar comigo; o Outro eu congelei e estou terminando de cortar as amarras da dependência emocional...e Bruno, ah!
Eu queria ser Caetano Veloso para poder cantar que "meu coração galinha, de leão, não quer mais amarrar frustração!" - e esse meu coração ariano anda congeladíssimo. Aliás, se tem uma parte minha que está em desuso é o meu coração - pelo menos para fins de relacionamentos.
Por outro lado, minha carne...ah, não sou vegetariana de espírito, não: e, neste caso, posso dizer que estou caidinha pelo cafajeste!ufa!!!fofo, lindo, carismático e convencido.
Estou cansada de levar a vida a sério. E daí? pelo jeito é a vida quem não leva a sério.
Aos meus amigos verdadeiros, eu peço: torçam por mim, mas me amparem nas derrotas;
Orem por mim, mas me ajudem a pecar e ser feliz;
Estejam ao meu lado, mas não me sufoquem;Se é para estar ao meu lado, mandem seus irmãos ou amigos bonitos. Assim estarão ao meu lado (lado de baixo, lado de cima, lado de dentro, lado de fora, lado a lado...)
Se vocês acham que eu preciso encontrar Jesus, deixem que antes eu encontre o Adriano, o Bruno, o César, o David, o Elton, o Flávio, o Glauco, o Heitor, o Ian...e aí chegará a letra J e eu finalmente poderei encontrar Jesus, e mui respeitosamente zelar pelo espírito, porque eu quero mais é me esbagaçar nos pecados da carne. Depois eu faço os curativos morais, espirituais e etc.;aleluia!
Não tenho ONG ou qualquer outra entidade de amparo e acolhimento aos mais novos e nem sei porque eles me aparecem - com uma imensa carência de abraços, de amassos, de beijos e etc. Espero, entretanto, poder analisar estes casos mais de perto, realizar pesquisas por amostragem, lançar estatísticas, aplicar métodos dialéticos, etnográficos e outros, com vistas ao aprimoramento da pesquisa.
É tudo científico, gente!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Em exercício


Voltei à academia hoje.
Fiz musculação, Jump e aula de axé aeróbica, fechando quase três horas de atividades físicas: é que sei que sou hiperativa, acumulo energias...
Lembrei do filme Adeus, Lênin, quando Álex diz que a mãe dele casou com o Socialismo e que, por se tratar de um casamento sem sexo, ela gastava as energias com as crianças.
Estou arrasadíssima pelo desastre que vitimou meus sapatos novos. Já percorri a internet e brechós virtuais e nem mesmo a Amelie Closet's e o Jackie Usou têm nada parecido. Putz, joguei a toalha. Fui vencida!
Diante de tanta tristeza e das eternas confusões afetivas, resolvi procurar uma saída.
Não vou numa igreja que me diga "Pare de sofrer agora", nem estou atrás de quem me traga "a pessoa amada em três dias", porque não tenho pessoa amada nenhuma.
Nenhuma doutrina me conquista, meus deuses sempre falham e não há novena, oração, peregrinação, auto-flagelamento, romaria ou mantra que conserte as faltas que há em minha vida.
Na academia, pelo menos, eu danço e vejo algum heterossexual.
A propósito, o metido a garanhão deu cotoveladinhas no meu instrutor, suscitando algo que presumo como: "Quem é esta aí que eu ainda não comi?" ah, cafajestes, pós-graduados em comer gente, enrolar, seduzir, colecionar, quantificar...
Devolvi a gentileza à minha amiga que jogou o ficante para cima de mim: dei um ficante meu a ela e estamos quites com nossas consciências.
Homem não tem isso de se sentir um objeto: eles querem mais é rodar entre as nossas amigas, pensam em menáge a trois, a quatre, cinc, six...acho que nem contabilizam que numa aglomeração sexual em torno de apenas um homem, faltaria pênis para todas as mulheres envolvidas.
E os homens querem isso! imagine ! acho que na vida real eles se atrapalhariam com tanta coisa para cuidar, para satisfazer: uma multiplicidade de seios, de vaginas, de bumbuns... ao quartetos (o que eles pensam que dá para fazer com 04 ou 06 seios e todo o resto nesta mesma proporção? ah, homens! megalomaníacos até nesta hora!)...pobrezinhos, com seus sonhos eróticos padronizados. Tão previsíveis quanto oh, yes! e oh, my God em certos tipos de filme.
Mas, deixando estes seres de lado, gostei de ter voltado à academia, de ter criado a coragem da iniciativa. Pelo menos compensa minha ânsia de atividade - e eu, besta, olhando nos aparelhos o quanto eu tenho que pedalar, correr e me quebrar para perder míseras 30 calorias! eu vou pensar muito antes de engolir alguma batata do Bar do Ruy.
Tem uns exercícios que me fazem me sentir uma galinha dependurada...outros, parecem de exame ginecológico...ah, constrangimento!
Sei que preciso de ginástica para esse cérebro descarado que eu tenho e para esse meu coração inativo e sedentário de afetos.Onde tem academia para isso?

terça-feira, 27 de julho de 2010

Aos meus pés


Diria a minha tia: "Acabou-se o que era doce!". Posso dizer que, enfim, estou devidamente infeliz, de novo!
Estou infeliz, já chorei tanto que chega minha cabeça dói: é que meu cachorro adolescente está em troca de dentição. Com isso, ele rói tudo, sabe? mas nunca foi de dar prejuízo até então ( o pai dele, que se chama Bruno, sim, já roeu uma blusa caríssima na adolescência dele).
O meu cachorro adolescente (Júnior é o nome dele) comeu o pé direito do meu sapato novo, um Carmen Steffens, lindíssimo com o qual eu desfilei ontem em Salvador.
Não ia bater no cachorro, tendo em vista que ele é irracional: senti uma raiva, um desamparo, uma tristeza!
Chorei muito.
Por fim, fui comprar outro e não havia mais.
Em nenhuma loja, em nenhuma filial, nenhuma chance!
Ele é zebradinho, lindo, com um salto pink...ah, sou uma centopéia manca, agora.
Fosse só o prejuízo financeiro!
E o engraçado é que hoje de manhã eu emagreci meu guarda-roupa, dando um bando de coisas a uma amiga minha. Nesta ocasião, ela , que odeia saltos, brincou com este sapato, calçou e não se equilibrou.
Por conta do barro e das chuvas de ontem, resolvi passar um paninho nele e colocar na janela para secar.
Minha janela tem grades.
Esqueci lá o sapato por algumas horas.
Meu tio chegou, falou do sapato.
Nem me mexi.
Depois, meu tio saiu uns 20 minutos do quintal para socorrer o sapato, já roído e destruído por Júnior.
O sapato tem uma plataforma de plástico revestido por couro, todo forte, todo resistente, mas o cachorro mastigou tudo.
Estou infeliz.
Infeliz é pouco.
Estou de olhos inchados porque adorei o sapato e não há dinheiro que o traga de volta.
Como meu tio me viu chorando - ele e o resto da cidade, porque eu chorei berrando mesmo, na altura da minha dor - ele resolveu usar a experiência dele com as bolas de futebol do Exército e aplicar ao sapato. Não sei no que vai dar, mas sei que é irrecuperável para uso.
Veja o que é o acaso: eu vi o sapato lá, quase pego de volta assim que secou. Mas algo me distraiu e eu não peguei.
Meu tio chegou da rua, meu som estava alto, eu não respondi nada, mas 20 minutos depois ele gritava o desastre com meu sapato.
Estas pequenas negligências diárias nos custam muito.
Não me lembro de ter chorado por alguém, neste ano, como chorei pelo meu sapato.
Sou louca por sapatos. Tenho uma forte identificação com sapatos de salto,adoro comprar sapatos, adoro a singularidade deles, não costumo comprar item seriado, não: só artesanal ou de poucos exemplares. Agora, veja aí: não há como comprar outro.
Odeio ser baixinha, meus 1,63 cm me irritam e eu me realizo nos saltos, na variedade deles...naqueles que são lindos e eu não uso, naqueles que eu já de cansei de usar, nos intocados (sim, eu tenho um que em 08 meses e nunca foi usado - peça de contemplação), mas, acima de tudo na minha explícita paixão por todos eles é que me realizo.
Uma coisa é ficar sem chão, outra coisa bem pior é ficar sem os sapatos.
Que meus sapatos descansem em paz, sabendo que me fizeram muito feliz neste curto tempo em que estivemos juntos. Sou grata pela cumplicidade, pela companhia, pela felicidade que eles me deram, pelas invejas despertadas e pelos desejos atiçados nos fetichistas.
Agradeço pelo equilíbrio que me deram - adoro o malabarismo de andar de saltos -, pelos bons momentos, pela solidariedade.
Como estes em questão eram paixão recente, o luto pelo inesperado fim de nosso relacionamento vai doer deveras.
Descanse em paz!

domingo, 25 de julho de 2010

E agora?


Vou fugir, não quero falar...já falaram por mim. Valei-me, Santa Maria Bethânia!

Maria Bethânia - Infinito Desejo

Ah! infinito delírio
Chamado desejo
Essa fome de afagos e beijos
Essa sede incessante de amor
Ah! essa luta de corpos
Suados
Ardentes e apaixonados
Gemendo na ânsia
De tanto se dar
Ah! de repente o tempo
Estanca

Na dor do prazer que
Explode
É a vida é a vida, é a vida
E é bem mais
E esse teu rosto sorrindo
Espelho do meu no vulcão
Da alegria
Te amo, te quero meu bem
Não me deixe jamais
Eu sinto a menina brotando
Da coisa linda que é
Ser tão mulher

A santa madura inocência
O quanto foi bom e pra
Sempre será
E o que mais importa
É manter essa chama
Até quando eu não mais
Puder
E a mim não me importa
Nem mesmo
Se Deus não Quiser

Odeio você!



Caetano Veloso - Odeio

veio um golfinho do meio do mar roxo
veio sorrindo pra mim
hoje o sol veio vermelho como um rosto
vênus, diamante, jasmim
veio enfim o e-mail de alguém

veio a maior cornucópia de mulheres
todas mucosas pra mim
o mar se abriu pelo meio dos prazeres
dunas de ouro e marfim
foi assim, é assim, mas assim é demais também

odeio você, odeio você, odeio você
odeio

veio um garoto do Arraial do Cabo
belo como um serafim
forte e feliz feito um deus, feito um diabo
veio dizendo que sim
só eu, velho, sou feio e ninguém

veio e não veio quem eu desejaria
se dependesse de mim
São Paulo em cheio nas luzes da Bahia
tudo de bom e ruim
era o fim, é o fim, mas o fim é demais também

odeio você, odeio você, odeio você
Odeio!

Receitas da carne


A carne é forte! meu juízo é que é fraco e se vende baratinho...
Numa tarde fria de domingo como essa, me aparece um delivery e o fim da história é totalmente previsível.
Conheci uma daquelas pessoas com as quais a empatia é total e aí vem o papo de adulto, aquela diferença fundamental entre os homens maduros e os aspirantes a isso, num retorno sufocante aos meus próprios preconceitos internalizados.
Mas não foi com ele, com o recém conhecido, a minha diversão erótica dessa tarde e eu deixei que os meus hormônios respondessem por mim àqueles convites, àquelas propostas, àquelas inconsequências morais, porque se não somos exatamente inimigos, alimentamos receios recíprocos, reservas, medos e, de minha parte, eu quero mais que ele vá para o Inferno. O problema é que ele não foi para o Inferno, foi para a minha casa!
Ontem eu voltei no ônibus noturno e cheguei a Feira às 4 da madruga deste domingo, após uma viagem kamicase.
Não dormi nada, como sempre!
Dei graças a Deus pela seleção do rádio do ônibus estar boazinha, mas não foi fácil.
Eu contenho meu ímpeto de dizer palavrões, não me atraio pelos palavrões chulos, sexualizantes. Mas, notando o motorista daquele ônibus, acelerando nas curvas, na neblina espessa, nos precipícios, numas manobras que me faziam girar na poltrona, mentalmente eu homenageei a mãe dele, aquele filho da puta!
Sorte dele que aquela cambada de lerdos dormem, não vêem que estão sendo transportados como batatas de terceira qualidade. Poucos ali percebem os riscos, os absurdos - eu é que sou paranóica e compulsiva, fico olhando tudo - e não durmo porque talvez eu pense que quero encarar a morte sem muitas máscaras. Mas, como num mantra eu falava mentalmente"filhodaputa-viado-miserável-vaisefoder-vaiparaoinferno-vaiparaaputaquetepariu-corno-viado-monstro-desalmado-seeumorrerteassombroaténooutromundo-corno-desgraçado-filhodaputa-excomungado-viado" e graças a Deus pensamento não faz barulho! olha para as memórias de uma moça de família.
Então eu saio de uma noite desgastante dessas, vou para a cama às cinco da manhã, acordo com o barulho dos meus cachorros discutindo em latidos com os cachorros transeuntes às nove da manhã, fico irada, forço a barra e volto a dormir; acordo ao meio-dia, vejo as ligações não atendidas daquele ridículo de Lauro de Freitas, passo mensagem com desculpa esfarrapada porque não fui contundente o bastante para ele entender que eu não quero volta, não quero namoro, não quero nada com ele, mas, enfim, meu celular estava no silencioso e blabláblá; ligo para o Outro, converso, brigo, me arrependo e mais blablablá, até que o miserável Arrependido me cai na cara, do nada, na tarde de hoje.
Tenho que aguentar as amigas intercendendo por ele o tempo inteiro, porque o peste me trata bem, porque ele é confuso, porque todo mundo acha que a gente se entende bem, que ele me ama e essas coisas e eu, resistente, porque não gosto da infantilidade mental dele e odeio o controle afetivo que ele me obriga a ter, mas aí a carne é forte, os apelos do corpo são fortes e ele sabe qual a minha moeda de troca, fica brincando e citando "Seu corpo combina com meu jeito, nós dois fomos feitos muito para nós dois" - e eu fico confusa, doida para ceder. Mas eu queria ceder e nunca mais ceder de novo, e não reatar aquele namoro confuso...Não, ele não é meu namorado e não voltará a ser.
E me vem o Recém-conhecido ligando, eticamente mostrando que está feliz em me conhecer, mas aí é minha amiga quem tem rolo com ele e eu penso: vai ser gato assim na casa do cacete!", mas não troco a minha amizade com ela por nada nessa vida. E ela, risonha, sabe que está empurrando o cara para mim...
Entramos na zona de baixaria e o raciocínio de onde come uma comem duas é o que ela defende, porque quer se livrar dele para poder pegar o amigo dele que é interessante para caramba.
Lá vem a lista das paridades, os gostos, o nível cultural,etc., e eu reviso mentalmente a lista de mentiras que ela diz e que eu tenho que confirmar para evitar lapsos e constrangimentos nesse discreto menáge-a-trois verbal.
E ele me perturbando com um encontro amanhã, ele aqui neste tarde, a gente recobrando a conversa morta e aí meu cérebro segue se anulando, se apagando, até que sobram as respostas do corpo e a falta de critérios, de vergonha,de noção que só a anulação do raciocínio e o império do sentidos podem explicar.
Pronto! entrei pelo cano!
E amanhã meu superego vai cobrar o preço das ousadias e das inconsequências, porque se eu não conseguir um esteio qualquer estarei nas mãos dele de novo e esta novela segue os capítulos repetitivos: Thales me hipnotizando, me fazendo de instrumento da vaidade dele, manipulando minhas ansiedades e o lascivo Arrependido me puxando, do outro lado, para essa relação que parece que nunca acaba, mas que não existe mais e eu sempre sozinha. Depois, recomeçam as aulas na UFBA e eu vou ter que me explicar ou que me resolver e me decidir.
Na verdade, nada disso existe, são só circunstâncias, vai passar!!!lavo o rosto com água fria para ver se isso foi só um negócio circunstancial ous e amanhã ele me acha lá em Salvador e os laços me emaranham de novo.
Lembrei de um personagem de Jorge Amado, de Tieta do Agreste, o Osnar: na trama ele tem um pênis que é a atração turística do lugar. Qualquer coincidência é mera semelhança...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

O tempo todo!


Eu estava aqui, meio desesperada por tantas coisas que tenho que fazer...e quando não consigo fazê-las, entro em curto-circuito.
Das coisas da graduação que eu curso, meu Deus, nada fiz! e que ginástica!as provas parecem que não acabam nunca! só agora, falando nela, é que constatei que vou perder a aula de agora à tarde. Sorte minha a UEFS estar em vestibular na segunda-feira, porque eu não conseguiria ir até lá se houvesse aula...ah, não fiz pré-matrícula!
Acabei de formular três tipos de prova para aplicar aos meus alunos de graduação. Outra ginástica apenas para reduzir as perdas decorrentes dos atos ilícitos de quem gosta de burlar as avaliações...
Do doutorado, meu Deus, não há prece que me salve: fiquei olhando, pasma, os livros que comprei, os que a orientadora me emprestou (porque não são editados no Brasil), as cópias para ler e para fichar...e, antes disso, entender o que li, porque ficho porque quero...
E os inúmeros textos dos meus orientandos de graduação? o projeto do meu orientando de pós?
E os desesperos da organização da minha viagem ao Rio de Janeiro, já aos quarenta e quatro do segundo tempo, com coisas para fechar, amigas a contactar, depósitos para fazer, planejamentos a fazer... e agora lembrei que ficarei mais um dia no trabalho, para discutir o filme Adeus, Lênin em duas sessões neste sábado!
E lembrei dele, berrando, irado, me dizendo: "Você mora em outra cidade!". Ok, que descoberta incrível! mas nas entrelinhas, o de sempre: você mora em outra cidade, você não liga para mim, você nunca pode nada, você nunca tem tempo...
Há um tempo, era alguém me mostrando que nunca tínhamos sábados juntos, nem finais de semana juntos...
Ontem foi o Outro sem conseguir conter o desconforto-raiva por causa de minha viagem ao Rio...
Se eu tivesse escolha, tudo seria diferente. Eu já disse que meu sonho número dois é trabalhar na mesma cidade em que moro. Para a sorte dos meus "consortes", em Feira não tem material humano para affair .
Acho que quando eu estiver no Rio vou aproveitar que a tarifa para receber chamadas é monstruosa - lembram? com o deslocamento entre os Estados, você paga e quem te liga paga também...uma exploração absurda! - e vou deixar o celular off.
Vai estar frio, eu sei.
O Rio de Janeiro é frio o tempo inteiro, chuvoso, nublado...não acredite na novela das oito! (eu não assisto, mas garanto que é lá e que mostra um baita sol),mas se São Pedro permitir,largo tudo e vou bronzear minhas espinhas no Posto Nove...
Já tenho compromisso até mesmo para a noite de segunda-feira por lá e as meninas estão dispostas a arrastar o esqueleto até Petrópolis, para comprar roupas e etc.
Odeio pulgas de Congresso: já sei de antemão os dias e os horários em que estarei na Federal Fluminense. O resto é para turismo, porque eu mereço.
Foi pura atitude de fuga isso de ficar projetando, porque meu dia imediato, meu agora, está sufocante de coisas para fazer.
Como todo dia ele me liga para saber se eu ainda estou feliz, vou dizer que acho que sim, porque ainda não tive tempo suficiente para estar infeliz...
Estou sem tempo e a lei de Chronos é devorar os próprios filhos - e me fazer reafirmar com Viviane Mosé, que ele me come...Sim, "quem anda me comendo é o tempo!"
Louvemos, com uma Oração ao Tempo, de Caetano Veloso.
És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

terça-feira, 20 de julho de 2010

O novo sempre vem!


Minha super amiga, hoje, finalmente, descobriu sua questão neurótica. Poxa, isto é incrível! fiquei realmente feliz pela descoberta dela.
Minha sessão de análise foi antes da sessão dela e eu devo dizer: saí pisoteada, maltratada, destruída, desolada!!!é que os meus preconceitos vieram à tona. Preconceitos que exerço contra mim mesma.
Deixa eu dizer uma coisa profunda e inteligente, uma verdadeira pérola que irá mudar os rumos da Filosofia contemporânea: Introjeção é tudo aquilo que a gente põe para dentro, que incorpora, sabe? (estou rindo da brincadeira, do óbvio, da besteira e da loucura...mais profundo que isso, só o umbigo de Íris). E deixando a brincadeira de lado, vi que introjetei uns preconceitos, uns valores masculinos e machistas strictu sensu e a sessão de psicanálise me nocauteou.
Sério: essa minha postura contra meus relacionamentos com os homens mais novos só me mostrou o quanto eu sou ignorante, néscia, machista, tendenciosa...
Esse negócio de não querer rolo com aluno, tudo bem: sou respaldada pela Ética e, sinto muito, não é por querer, mas eu acho feio, triste, execrável pegar, ficar, transar, sei lá, com alunos (se for comigo, claro. Com os outros tudo é permitido, tudo é normal!). Não tenho intenções de mudar porque profissionalmente não gosto de misturar as estações, acho um jogo sujo, acho a outra parte (o aluno) mais frágil, suscetível a se deslumbrar com o personagem-professor e sua imagem de poder, esses baratos do imaginário.
E o preço moral que se paga após todo mundo ficar sabendo, Deus me livre!
Ah, claro, e meu ambiente de trabalho, isto é, a área de Letras e de Educação, não favoreceria relacionamentos heterossexuais: quase não há homens do sexo masculino (sic! hum-hum!!!).
Mas, então,as vozes críticas e censoras dos meus amigos, os possíveis preconceitos que eu sofreria, as piadinhas e as grosserias que eu ouviria quando estivesse em público com um namorado mais novo, me impediram de assumir namoros e desejos.
Na verdade, lastimo muito por ter sido tão idiota com Lucius, por exemplo: ele era lindo, inteligente, maduro, interessante...mas eu pesei a situação e acabei mesmo antes de tentar.
E assim foi com Vinícius,com Nicholas, com Fau, com Leandro, com o próprio Bruno, até agora...pensei que me chamariam de papa-anjo, pensei que eu poderia ser explorada financeiramente por outros que não estes citados,pensei na resistência das famílias, escrutinei defeitos neles, desconsiderei cada um como homem e como pretendente e fiz umas coisas realmente ridículas.
Saí nocauteada e apóio aos medrosos: olhe, você que tem medo de análise; você que subestima os benefícios de verbalizar traumas e problemas, você está certo (a). Esse negócio pode ser doloroso, cruel, trabalhoso...fala sério, é como se olhar no espelho num daqueles dias em que nossa aparência não está realmente bem e que o mundo está contra nós.
Minha questão neurótica eu já domino há tempos - quer dizer, não domino, mas conheço, reconheço e processo. Sou uma pessoa de enfrentamento porque tenho medo de ser dominada pelos meus medos...nem sei como pude ignorar esses outros medos que a minha rejeição ao caso revelaram.
Não vou mudar da noite para o dia.
Ninguém me mandou mudar nada, essa é uma necessidade minha, uma vez que reconheci meu problema.
Quero ver quando é que vou deixar de me referir a Bruno como o sujeitos super-bem-mais-novo que eu!explícito indicativo de meu preconceito.
Pelo menos Tatiana acabou de passar por cima do meu cadáver, de chutar o que sobrou de mim após a psicanálise, dizendo: "Bem feito! bem feito!, miserável preconceituosa!" e após muitos "tá vendo?" e vários "eu não disse?", finalmente ela jogou na minha cara as tais questões de tensão sexual - e foi buscar episódios de minha estada em São Paulo e em Campinas para acabar de comprovar a própria tese.
Como eu estou na minha, quietinha, é o acaso quem empurra os caras em meu caminho, porque eu sou tímida. Se eles não tomarem a iniciativa, nada acontece! Mas os amigos maldosos acham que eu "respeito os velhos (,) COMO os novos!".
Por vergonha desses comentários e pelas impressões que eles têm, corro dos mais novos, sempre - e não é para cima deles!
E ainda esquecem que eu já fui enganada, porque se o cara tem aparência de mais velho, se tem uma altura absurda, eu não tenho como mensurar a idade, não é minha culpa, não é uma escolha deliberada.
Vejam bem o panorama:Os da minha idade estão casados e poucos têm o ímpeto da iniciativa. E se estão solteiros, são complicados, indecisos, cheios de ex-mulheres, de filhos, de vícios...
Poucos homens mais velhos que eu são seguros ou disponíveis.
E caquéticos é que eu não quero: tenho o fogo do Juízo Final para dançar, para sair, para estar em atividade...não aguento os sedentários...
Ah, que paradoxo chato! eu não poderia ser descomplicada e apenas curtir as coisas, sem ficar aludindo a aritméticas etárias?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Proibido pela censura!


Os moralistas estão aumentando em proporções incríveis. Acho que mais nada me surpreende, principalmente quando eles aparecem entre os meus ex-namorados e os meus amigos.
A moral, os bons costumes, o pundonor, a honradez da família, a vigilância sexual...pacote completo!
Sempre me assusto com o que o tempo faz com certos afetos: quando a gente deixa de amar alguém, geralmente desconhece a pessoa a quem nós amávamos. Pior que isso: estranhamos a nós, questionamos nossa sanidade e como fomos capazes de amar àquela pessoa.
Assim é que vejo às minhas amigas dizendo: "O pai de Rafael vem aqui hoje!"...é, virou um quase-anônimo...e pensar que um dia aquelas pessoas já se amaram, já viveram coisas importantes, já partilharam um teto, uma cama, muitos segredos... Ah, Vinícius, "O amor é a coisa mais triste quando se desfaz".
Essa categoria de ex, então...
Então, querido ex-Grande Amor da Minha Vida, que moralista você se tornou. E depois de cobiçar, temperar e comer a mulher do próximo, incorporando a tese do Barão Vermelho ("Canibais de nós mesmos, antes que a Terra nos coma"), declara-se, pois, um moralista. Confuso, antagônico e duvidoso.
Que lugar-comum essa trajetória dos moralistas: passam a vida se lascando nos pecados, arrebentando a balança da Justiça, desafiando os bons costumes...e um dia encontram Jesus e mudam de opinião, cospem no passado, esquecem de quem foram e de quem na verdade ainda são.
Eu não sabia que você não estava preparado para ouvir que eu gosto de sexo, que eu me importo com sexo e que estou ficando com um cara super-bem-mais-novo que eu - e que, para a sorte da moral e dos bons costumes, além de não ter ocorrido o que você tanto repudia, não vejo desde o recesso porque moramos em cidades diferentes e uma série de pequenas coisas não permitiram que a gente se visse.
Por que você me perguntou aquilo, então? corre-se o risco da resposta ser inapropriada às suas aspirações.
Bem, agora o Masoquista e o Ex-Grande Amor da Minha Vida são dois defensores da moral e dos bons costumes. E eu sinto tanto ter que dizer a vocês que eu não me arrependo de nada!
E se eu for para o Inferno por conta de tudo isso, valeu! é até um preço baixo para os prazeres que eu tive.
E se eu for me arrepender um dia, que seja por não ter dado um jeito de conciliar meu caso com o menino de Oceanografia e aquele fofo e execrável remanescente heterossexual de Letras, lá da UFBA...aliás, tenho que vencer esses pudores com os meus "inimigos"...
Que pena que eu sou tímida, caso contrário, faria minha fila andar, pular, correr.
Acho que estou ficando como as minhas amigas separadas e divorciadas: começo a odiar os meus ex.
E antes que isso acontecesse comigo e com Bruno, fiz aquilo lá que a minha analista disse que não se deve fazer a um homem. Ah, fosse antes e eu faria com todos vocês.
Passado o tempo, dos sentimentos passados talvez hoje me sobrevenha uma certa sensação de que...você sabe!
Vá se entender com esse seu superego vigilante, certo? e para de me vigiar, de impor censuras.
Ainda bem que a ressaca vem tarde, quando já troquei de cálice e de bebida.

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi,em meu tempo, cartas de amor
como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal, só as criaturas
que nunca escreveram cartas de amor
é que são Ridículas.
Quem me dera o tempo em que escrevia, sem dar por isso,
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje,
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas)

Assim falou Fernando Pesssoa, por seu heterônimo, Álvaro de Campos, agora citado por uma pessoa ridícula.

domingo, 18 de julho de 2010

Vá cuidar da sua vida!


Olhe, JQ, eu vou te dizer de maneira direta: você tem preguiça de viver!
Não jogue suas angústias para Deus, nem para a Literatura: você ainda não se tocou realmente de que a vida é esse negócio chato e difícil e que o ser vivente é quem é responsável por fazer malabarismos para não se matar, para ir vivendo, para estar feliz, para aproveitar o dom da vida.
Dizem que é um dom, não é mesmo?
Se eu achasse a vida boa, eu pensaria em ser mãe.
Condenar um ser humano a todo um processo de existência, eu é que não quero isso.
Viu porque a vida eterna não me interessa?
Mesmo que no Além não haja contas para pagar, nem amigos falsos no trabalho, nem trânsito de enlouquecer, nem gente que eu detesto, nem problemas mundanos, não, não me interessa.
Eu sei o que é viver.
E depois que a gente vive, mesmo que a vida não seja boa, a gente tem medo da morte - eu não tenho medo da morte em si, mas de definhar, de sofrer, de ficar inválida, desses negócios que são a ante-sala da morte, sabe?
Como você sabe, eu dou graças a Deus por minha loucura se resolver com conversa. Mas eu sei que não é fácil ir às sessões de Psicanálise. Meus amigos fogem do analista.
Não minto para a analista; gosto dela, assumo afetos, medos, tudo...não quero criar entraves para favorecer minhas neuroses.
E se você me perguntar,sim, eu ainda estou feliz.
Por incrível que pareça, com pequenas crises e tudo, estou feliz.
Vi que o estar feliz não é contínuo: tem lá seus altos e baixos...a propósito a analista me disse exatamente assim: "Isso que você fez, não se faz a um homem!" e se acabou de rir! Ela própria complementou: "É como se você tivesse apontado uma arma e disparado..." e eu falei: "É, contra a cabeça dele!". Mas ela redarguiu: "Contra os cunhões!".
Eu ri, nós rimos, mas eu sei muito bem o que eu fiz e não sinto o menor arrependimento ou culpa!
Você pode tomar dez caixas de tarja-preta, mano, não vai resolver nada!
Você vai ficar é lerdo, com os olhos arregalados, com as pupilas dilatadas, com umas mãos trêmulas e com alterações na libido.
Você não vê como estão os nossos amigos em comum?
Acredite: "Inútil dormir, que a dor não passa!"
E não é porque eu sou ruim e preconceituosa, não: é que a gente não pode ficar se anestesiando, alimentando a letargia, esperando que tudo passe. Ser espectador da própria vida, esperando um super ser humano que vá resolver tudo por você, um super Deus interventor, um remédio para a vida...ah, espera inútil!
Afinal, o que é que você quer?
Quem não sabe o que quer, não percebe o que acha, não acha? rss!!!
E quem disse que eu estou feliz porque mil coisas boas me acontecem agora? que nada!
Claro que tem um fator que me ajudou, que assumir posturas e ter feito o que não se deve fazer com um homem me deixou bem melhor. Mas minha vida não tem nada de super.
Depois dos meus cem anos de solidão,ainda assim, o amor moralmente inadequado daquele rapaz de tão longe me dói, me incomoda, porque aquele, sim, eu não queria que gostasse de mim. Sentir pena dele me incomoda profundamente e me desviar dele também é doloroso.
Eu havia feitos planos mas não me achei capaz de dar conta deles.
Estou perplexa e feliz por ter cumprido o que me cabia. Enfim, consegui! e se alimento alguma coisa diante das atitudes tomadas, talvez seja apenas a vontade de ainda dizer os desaforos que anteriormente eu não disse. Mas estou muito satisfeita! No fundo, nem acredito que eu consegui.
E vai que no seu caso as palavras resolvam, hein? vai que dizer ao pai o que ele merece ouvir, ou àquela sua ex-namorada egoísta e casca-grossa, resolva esse seu bode existencial? passamos de bode expiatório a bode existencial! Não diga que não é uma evolução!
Mas aí você escolhe um Deus rigoroso. E resolve que sexo só depois do casamento...complicou, não é? lascando com tudo nas pulsões!
Agora, a vida é um negócio besta.
Sabe aquele poema que eu detesto? "Casas entre bananeiras/mulheres entre laranjeiras...pomar, amor, cantar..." e que termina com "Êta vida besta, meu Deus!"? pois, então, agora estou com Drummond: a vida é um troço para lá de besta. As grandes coisas da vida, nem sempre são as que nos fazem felizes.
Aí você vai andando, vê uma pessoa que você gosta, diz um desaforo sufocado há anos, descobre uma coisa, toma uma bebida de que gosta, vê um filme e, enfim, nas coisas mais idiotas e do nada você se sente feliz.
E eu só estou te dizendo isso porque a gente costuma desaprender a ser feliz, a esquecer que gosto tem acordar feliz, com vontade de sair, de viver, de ver a vida como dádiva...
Não tem receita para essas coisas, mas eu ainda acho que a receita não deve ser a do médico psquiatra...quem sabe a receita do seu macarrão com pimenta calabresa e do meu pudim de queijo possam trazer melhores resultados, endorfinas...
Olha, Chuck, eu não consigo ver um ser humano como um monte de hormônio e de circuitos alteráveis por bromodiazepínicos, endorfinas e coisas do gênero.
É , eu sou mulher, eu sei o que os hormônios fazem conosco, mas não dá para resumir um ser humano a isso, nem forçar a sobrevivência com fármacos. Lembra da Miss Lexotan? você bem poderia trocar mulheres tarja-preta por mulheres faixa-preta, hein? eu ouvi dizer que tem coisas que só se resolvem na porrada. Pode ser seu caso!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A mulher e seu passado


Fiquei observando a predominância daquele pensamento machista de pára-choque de caminhão, segundo o qual "passado de mulher é como cozinha de restaurante: se você conhecer, não come!".
Vejo lá na casa de minha tia o machista júnior do meu primo Marcelo digladiando com a namorada por conta do passado da moça. Não vejo a menor lógica em ciúmes retroativos, mas vejo que ele existe.
A vida de qualquer pessoa é composta por tudo aquilo que ela viveu.
No nosso curriculum vitae, a gente já traiu, a gente já amou, a gente foi medíocre, a gente foi injustiçado, a gente encheu a cara, a gente foi inconveniente, a gente viveu amores eternos de uma semana, a gente fez fofoca, a gente desejou o mal, a gente fez o bem, a gente ficou com o troco dado a mais, a gente devolveu o que não nos pertencia, a gente beijou gente, transou com gente (muitos com gente do mesmo sexo,com gente morta, com gente suja, com muita gente, com gente que nem é gente...), já riu dos outros, já foi falso, já mentiu até não poder mais, já desistiu de convicções, já insistiu em relações fracassada e em fórmulas impossíveis, a gente já se sentiu ridículo e já ridicularizou alguém, a gente já se arrependeu, a gente já deu dor de cabeça a pai e mãe, a gente já viveu ressacas morais, conflitos amorosos, impasses psicológicos, dúvidas, desejos, raivas incontáveis, a gente já blasfemou, já praguejou, já xingou absurdos... e isso seria diferente se não tivéssemos vida própria.
Aquele texto que eu cito e amo, A mulher e seu passado, de Rubem Braga (senhor, permita que eu não troque os Rubens!)mostra que benditas sejam as mulheres por tudo o que viveram, por todas as experiências que as fizeram ser como são.
Minha amiga adventista também passou por uma dessas,há uns anos atrás, mas agiu com cinismo: o mané que estava dando usn amassos nela após o culto perguntou: "Você é virgem?" E ela respondeu: "Não, por que? você é?!" com a maior cara falsamente chocada.
Entro na briga e digo na minha família que os homens têm passado também.
E por que contabilizar as transas dos homens é uma vantagem para eles, enquanto que supor a contabilidade sexual de uma mulher é depreciativo para ela?
Ser uma mulher rodada é péssimo e ser um garanhão é bom?
Levar o filho na zona é louvável e garantia de assegurar a heterossexualidade dele. E por que ninguém leva as garotas para deixarem de ser virgem a fim de garantirem a heterossexualidade delas? Não são seres humanos? não têm a mesma ânsia, curiosidade e necessidade de sexo?
Já tenho medo quando me vêm com aquela história de mulher experiente...oh, bichinho ambíguo!
Mulher experiente é mulher com idade avançada e coleção de relacionamentos formais, filhos derivados das experiências,pensões e conflitos também.
Penso que a mulher que casa 03,04, 05 vezes e tem filhos de todas estas relações, acreditou no investimento afetivo, na relação. Não tem que se envergonhar do passado, dos divórcios, dos ex...
Conto um caso verídico agora, na esperança de que, claro, a pessoa em questão nunca saiba disso: uma certa moça casou uma vez e não deu certo. Então casou pela segunda vez, embora sem as formalidades do cartório. Não deu certo; casou pela terceira vez. Voltou, então, para o primeiro marido.
Ao se divorciar deste primeiro marido que estava tomando o lugar do quarto, tinha uma relação tão boa com o futuro ex-marido que, em vista da notícia do divórcio, resolveu comemorar com ele.
Sério: os dois estavam felizes por se desvencilharem dos entraves legais da união.
Assim, caíram felizes na night soteropolitana.
Na agitação e na felicidade, ela engravidou deste ex e partiu para o quarto que é quinto de fato (olhe, não me trapalhem nessas contas!) relacionamento já com um bebê do anterior na barriga.
Agora, após uns 03 a 04 anos, ela e o primeiro marido resolveram se separar de seus respectivos cônjuges porque chegaram à conclusão de que os dois que começaram essa história foram feitos um para o outro.
É inacreditável, mas o referido é verídico e dou fé.
Eu não seria nada sem meu passado, sem minha história, memso tendo vontade de arrancar umas páginas, de queimar outras, de reescrever, de interpretar diferente certas passagens...o livro de nossas vidas é o passado, as pedras que rolaram.
Quando eu era pequena ouvia a chamada do filme Peggy Sue: seu passado a espera, não imaginava o enredo, mas achava engraçada a ideía de que alguém pudesse se reencontrar com o próprio passado, porque eu entendia que o tempo não agia retroativamente.
Já faz tempo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O tempo e as jabuticabas


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.
Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de confrontação, onde tiramos fatos a limpo.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: " as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos."
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, (...) minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.
Bem, isso é o que diz Rubem Alves.
Se tomo de empréstimo é por total identidade com as idéias dele.
Ah,não reproduzi as poucas partes que falam da essência, porque elas me trariam muita dor-de- cabeça para explicar depois. E eu não acredito nisso - em essência de baunilha, talvez...
Ah, sim, vivo trocando os Rubens...
Não sou uma pessoa de paciência, eu sei. E por também ter pressa, volto a dizer que a pressa é inimiga da paciência.

domingo, 4 de julho de 2010

Arquitetando planos


Está vendo que não é uma abstração o fato de eu afirmar que nós confundimos as vitórias dos nossos amigos com as nossas próprias vitórias?
Um dia, Héber, você acreditou em mim mais do que eu poderia acreditar.
Com a sua ajuda, o tempo passou e as coisas que você disse se confirmaram como uma profecia.
Eu sempre achei que você me deu bem mais do que eu poderia retribuir...vocês sabem que relação eu tenho com as minhas dívidas morais - sou eternamente grata por tudo. Até com quem não é mais meu amigo, eu sou grata se houver pelo que agradecer;imagine para os verdadeiros amigos.
Então você me dizia que minha casa era atemporal, que ficar comigo ali no sofá parava todo o tempo...e a gente conversava sobre uma porção de coisas importantes, desdenhava da frieza da humanidade, ria de gente ridícula, ria quando éramos nós os ridículos, ríamos da forma como você tratou um certo namorado seu; ríamos da cara ingênua de choque quando seu pai lhe surpreendeu em situação delicada com seu namorado no quintal de sua casa; ríamos de uma série de coisas além de rirmos de nós mesmos.
O quanto a gente se lastimou, chorou, reclamou, se ofendeu, não merece uma página, já está impresso na memória daquilo que nos faz ser o que somos.
Lembra do Bar dos Fracassados? nunca mais fui lá, ainda bem!
Meu amigo você é genial.
Não foi seu primeiro lugar em Matemática, nem o seu primeiro lugar em Física, nem seu primeiro lugar em Arquitetura que te fizeram ser reconhecido como um cara genial, mas o conjunto da obra.
Você lembra? éramos a turma dos nerds desajustados que se juntava na Biblioteca Municipal para estudar para o vestibular e, de vez em quando, ouvir rock and roll aos sábados...aí debandamos, cada um com sua crise existencial; depois todo mundo entrou na UEFS - uns hoje, outros amanhã...então uns largaram os seus cursos, outros ficaram pulando, tantos ficaram encantados com as teorias dos marxismo, outros largaram o Espiritismo, outros se tornaram ortodoxos...
Vivemos intensamente, não foi?
Nossa crise era crise mesmo;nossas doideiras erma doideiras mesmo; nossos desencantos, idem: a universidade foi um passo significativo em nossa existência...
Hoje estou feliz por te ver encantado com o seu curso.
Estou feliz por julgar que você está com gás suficiente para concluir seu curso, para encarar seus projetos, para não temer seus desejos (você dizia isso de mim e para mim...ah, que idiota eu fui por não ter te ouvido antes!).
Confundo suas vitórias com as minhas, da mesma forma que você o faz comigo.
Nunca mais me diga: "Obrigado por você ter ligado para mim!". Não estou te fazendo um favor!
É um prazer falar com você.
Nos meses que a gente fica sem se falar, nem por isso eu deixo de me importar com você. E se você não vem aqui em casa, eu não penso que seja por desamor.
Então, menino, eu também reparo que é a mídia quem aciona as emoções das pessoas, que determina o momento de ser patriótico,de ser solidário, de chorar, de rir, de ter lazer...concordo com você.
No reveillon deste ano pensei muito em você, pensei que eu estava no mesmo patamar que você, olhando aquele povo todo forjando uma felicidade obrigatória - eu paguei pela minha, esperando ser diferente de estar em casa, mas é tudo muito artificial, Héber.
Eu não estava triste, mas não vi nada exatamente de divertido.
Você sabe, não gosto de festa sem música, de churrasco sem carne, de suruba sem sexo...e o povo acha que diversão é isso, é aquele negócio da Confraternização obrigatória de fim de ano e aquelas porcarias todas que a gente despreza até hoje e sai com o nome de antipáticos.
E quanto à paisagem das Cidades, eu fiz um capítulo de minha dissertação sobre isso. Olha que coincidência! incluindo aí à personalização do mercado e a competitividade como mote em todos os aspectos que a gente conversou. Boa mera coincidência.
Desejo que você edifique muitas coisas, que assuma seus desejos, que ouse mudar, que tenha coragem e que saiba que o sofá estará sempre ali te esperando ( entenda, o sofá, but not so far from me, honey!), de forma atemporal, para aquelas noites de sábado em que o melhor programa é ficar conversando.
Eu sabia que você ainda iria construir muitas coisas nessa vida (só não sabia que iam ser casas!rss!!!).

Trilha sonora


You had my heart
And we'll never be worlds apart
Maybe in magazines, but you'll still be my star
Baby 'cause in the dark, we can't see shiny cars
And that's when you need me there
With you I'll always share
Because ...For you
When the sun shines, we'll shine together
Told you I'll be here forever
Said I'll always be your friend
Took an oath I'mma stick it out 'till the end
Now that it's raining more than ever
Know that we'll still have each other
You can stand under my umbrella
You can stand under my umbrella
These fancy things,
Will never come in between
You're part of my entity,
Here for infinity
When the war has took it's part
When the world has delt it's cards
If the hand is hard, together we'll mend your heart
Because...
When the sun shines, we'll shine together
Told you I'll be here forever
Said I'll always be your friend
Took an oath I'mma stick it out 'till the end
Now that it's raining more than ever
Know that we'll still have each other
You can stand under my umbrella
You can stand under my umbrella
You can run into my arms
It's okay, don't be alarmed
Come into me
(There's no distance in between our love)
So gonna let the rain pour
I'll be all you need and more
Because...
When the sun shines, we'll shine together
Told you I'll be here forever
Said I'll always be your friend
Took an oath I'mma stick it out 'till the end
Now that it's raining more than ever
Know that we'll still have each other
You can stand under my umbrella
It's raining (raining)
Ooh baby it's raining (raining)
Baby come into me, come into me
It's raining, raining
Ooh baby it's raining (raining)
You can always come into me, come into me
It's pouring rain ...

E eu vou rir muito desta página, mesmo que tudo dê errado.
Especialmente para os meus amigos mais palhaços e sem noção (Tella, Jaulla, Nanno e Tati) - e pelo amor de Deus, me deixem em paz!eu já admiti tudo, certo? eu admito , a trilha sonora é esta!
Isso é para evitar a versão "arrocha" da mesma música, para as indiretas de vocês e essas palhacices todas que vocês fazem.

sábado, 3 de julho de 2010

Tudo sobre sua mãe


Ela falou assim: "Bruno, ligação da sua coleguinha da universidade!"
Ah, meu Deus, como se você fosse uma criança!
Sua mãe infantiliza você. E eu, claro, me sinto me plena crise moral!!!
Xi,ela fala carinhosamente, em tatibitate...
Projete aí a distância que o telefone atenua e a formação de uma imagem mental em minha cabeça através das palavras dela: parecia que ela não estava falando da mesma pessoa que eu conheço. Ou será que eu perdi a noção? poxa, estou constrangida!
Minha mais recente candidata a sogra, um doce de pessoa!
Mas sua coleguinha é um termo que deve ter te acompanhado desde o Jardim da Infância.
Olha que coisa mais Almodóvar! os meus amigos mais cruéis diriam: que coisa mais para Adelaide Carraro!
O que é que eu faço com o que restou de mim, agora?
E quem disse que eu queria falar com ela? você, em sua santa intransigência não quis falar comigo esse tempo todo, nem me ouviu, não quis me deixar explicar o que aconteceu...e se não fosse sua mãe, talvez a gente nem trocasse uma palavra porque, infelizmente, em termos de intransigência e orgulho besta, somos gêmeos.
Aposto que ela não sabe que você é um poço de intransigência!
E vamos à Guerra fria!
Você vai ficar de mal de mim, pelo visto, por muito tempo...só falta me dizer: "Corte aqui!". Que egocêntrico!
Sua mãe deveria ver como você é carrasco, dizendo: "Depois a gente conversa!"...me deu arrepios ouvir isso, parecia vento com prenúncio de tempestade.
Hum, Tudo sobre minha mãe...já vi esse filme!

Bastardos Inglórios


Ah, você vai ler essa porcaria mesmo, nem adianta eu ficar impondo censuras: está bem, estou perplexa, chocada, desencantada! Você acha mesmo que tudo está escrito. Para você, não há acaso, tudo está concatenado com um plano superior, isto é, tudo está escrito, determinado, implacavelmente.
E tudo está escrito com a aquiescência de Deus, conforme você presume.
Nada acontece sem a permissão de Deus.
Ah, como isso me dói.
Dói porque eu te perguntei sobre a escravidão negra e você assentiu.
Como ficamos? eu, você, seu Deus cruel...
Eu evoco esse deus cruel, esse Deus de Abraão que desce a madeira no cristão desobediente, esse Deus do Antigo Testamento, sabe? eu o evoco nos meus momentos de fúria de vingança, quando eu digo" "Deus te dê o que você merece" e que, como você bem sabe, implicitamente parafraseia a fala de Samuel L. Jackson em Pulp Fiction, que você lembrou, quando ele diz:
"O caminho do homem de bem é cercado de todos os lados pelas iniquidades do egoísmo e tirania dos homens maus. Abençoados os que, em nome da caridade e da boa vontade, conduzem os fracos pelos vales das sombras, pois ele é o guardião do seu irmão e o que encontra os filhos perdidos. E vou atacar com vingança e fúria os que tentarem envenenar e destruir meus irmãos. E quando minha vingança se abater sobre eles, saberão que eu sou o senhor".
Então, os sentimentos de vingança justos, aqueles que a gente destina a quem condenou a gente sem nos dar o direito à defesa, aqueles que nos acusam e nos condenam, mas não dão a saber de que somos acusados, aqueles que abusam de nós ou gratuitamente nos destratam, enfim, todas essas formas de fazer o mal gratuitamente, se instauram um ato de injustiça, é certo que merecem vingança.
Mas, pela sua lógica, houve escravidão, genocídio, hecatombes e seus pares por motivos que a minha concepção de um Deus de misericórdia não admitiria.
Você viu como eu me exasperei com Bastardos Inglórios?
No fundo, acho que Tarantino mostra que todos os oprimidos guardam sua cota de desejos de vingança.
Oh, que coisa boa ver Hittler pegando fogo!
Que bom que a ficção pode dar essa catarse de vingança, de nos permitir ver o contra-ataque dos judeus!
Um filme desse não alcançaria a glória que alcançou se não dissesse tanto quanto diz.
E então, Vista a minha pele!
Por respeito a mim e aos meus antepassados, explorados, expropriados, marginalizados, coisificados, não posso admitir que Deus seja aquiescente com isso, nem que tudo está escrito, nem que nada se faz sem a vontade de Deus...não, não pode! não faz sentido!
Não pode haver um povo escolhido em detrimentos de tantas etnias massacradas, de tantos povos subjugados...
Você, que tanto gosta de poesia, "...por favor, não esqueça da rosa de Hiroshima(...) estúpida, inválida"...
Não pode, baby, não pode ser!
Não me diga que o Japão mereceu.
Não me diga que Deus consentiu.
Olha, eu digo, "se Deus quiser", mas é no sentido de pedir a concessão dele, sabe? eu peço, sim, pelo amor de Deus, não pela determinação de Deus, porque eu acredito em livre arbítrio.
Meu amor por Deus é livre e me deixa livre.
Eu sou responsável pelas consequências dos meus atos.
Quem disse que o meu Deus concorda com meus desejos de vingança? não, ele opera pela Justiça. Por isso eu tenho que limpar o coração para dizer a Ele que dê aquilo que x pessoa merece, porque Ele não dará além do que a Justiça, por mais que o ódio despertado em mim possa dominar o meu coração.
Pense bem sobre tudo isso, porque em mim dói muito pensar sob o ponto de vista que você pensa, por mais que eu goste do seu macarrão e da sua companhia, entre tantos pontos em comum que nós temos, nessa amizade que se arrasta por quase uma década, num tempo subjetivo bem superior à cronologia.
Vamos dicutir outro paradoxos de Quentin Tarantino no almoço de domingo que vem? Claro, se Deus quiser!