Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O que eu esqueci de dizer sobre o natal, parte VI


Eu sempre acreditei em Papai Noel, gente...adoro fantasias!

O que eu esqueci de dizer sobre o natal, parte V


Olha só, eu estava mesmo muito ocupada no natal,daí que não deu para postar nada. Mas não deixei de esperar por Papai Noel, certo?

O que eu esqueci de dizer sobre o natal, parte IV


Sera que deste mato sai Coelho (ou cobra)?

O que eu esqueci de dizer sobre o natal, parte III


Bem, há Papai Noel que vira a cabeça da gente, não? Ai, Jesus!!!

O que eu esqueci de dizer sobre o natal, parte II


Eu nem toquei neste assunto,né? ah um assunto desse lá em casa! Ho!ho!Ho!

O que eu esqueci de dizer sobre o natal


Olha, garotas, o que faz do natal uma noite feliz: Papai Noel deste "naipe", né?

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Todo veneno, todo remédio




Tim Maia - Bom Senso

Já virei calçada maltratada
E na virada quase nada
Me restou a curtição
Já rodei o mundo quase mudo
No entanto num segundo
Este livro veio à mão
Já senti saudade
Já fiz muita coisa errada
Já pedi ajuda
Já dormi na rua
Mas lendo atingi o bom senso
A imunização racional

Trilha sonora especialmente dedicada a duas pessoas (M. e N.), que precisam aceitar o curriculum vitae que têm. É da vida, meu amigos. É a vida! A minha também é mais ou menos assim.
E explicitamente, para Beth, que voltou para o primeiro namorado, após seus dois casamentos; ao ex-Grande Amor da Minha Vida que acabou de voltar para a ex-esposa, após dois anos de separação, a todos aqueles que regrediram no tempo, pegaram o passado e colaram, recompuseram, apostaram, renovaram suas apostas, enfim, que 2011 possa nos dar coragem de seguir em frente ou condições de voltar atrás, se isso nos aprouver.
Vale a pena ser dito: tudo isso aconteceu no natal - o que há com Papai Noel?
E beijos para você, Sandro, sempre!esta página é sua, entre, saia, fique! rss! seu passe é livre, fofo!meu querido e neurótico Sandro (odeio seu sotaque ABC paulista e odeio seu cigarrro, mas quem é perfeito?). O que será que a sua mãe ingeriu durante a sua gestãção, hein?
Não sei se lendo qualquer livro se pode atingir o bom senso, mas sei que ajuda: aprendemos.
E do Universo em Desencanto, todo mundo entende, mesmo sem ter lido o livro de que fala Tim Maia.
Não é fetiche de auto-ajuda, gente, é outra experiência.Hoje em dia está tudo embaraçado por conta desse comércio ridículo de falsas soluções - forjando que você deve se resolver sozinho. Leu a letra ái de cima? "Já pedi ajuda!", então, peça mesmo.
Quem sou eu para negar minhas eternas reminiscências auto-biográficas, auto-referenciais? então, friends, " já fiz muita coisa errada".
Bem, também não sei se a imunização racional existe, se a imunização passional/afetiva existe também (pelos parâmetros de minha analista, não existe não. Ninguém decide quando NÃO se apaixonar, não há como evitar. Lobão bem diz, "A paixão não tem nada a ver com a vontade/Quando bate é o alarme de um louco desejo"), mas vamos experimentando todo veneno, todo remédio...tragam suas taças!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Previsões astrológicas para 2011 - acredite se quiser!


Áries - de 21/03 a 20/4

Para os arianos 2011 sinaliza que você deverá cultivar a paciência de um cordeiro, tal o que simboliza seu signo.
Na vida sexual os astros recomendam não ser necessária a mansidão.
Este é o meu signo e se há uma recomendação que áries deveria seguir é a de parar de bater com a cabeça contra a parede, porque isso é muito recorrente nas atitudes dos arianos - embora traga mais dores de cabeça do que solução.
COR: Vermelha
Número da sorte: o telefone dele ou dela

Touro, de 21/04 a 20/05

Em 2011 os nativos de touro devem ter sempre em vista que chifre é uma questão de cabeça, não uma condição inalterável.
Se você tem uma força de touro, vá passear em outros pastos e páre de se interessar por vacas. Caso o nativo de touro seja interessante, desimpedido, carinhoso e bonito, pode vir aqui em casa que a consulta completa é grátis.

Gêmeos, de 21/05 a 20/06

Gêmeos despertam mil fantasias nas cabeças maldosas, de modo que os menàge a trois tenderão a continuar sendo suscitados em 2011.
Aproveite e troque de lugar com quem é a sua cara e vá viver situações novas.
A conjunção astral mostra que é perigoso ser duas caras, mas já que vocês são gêmeos, nada há de mal nisso.

Câncer, de 21/06 a 20/07

O canceriano é super família, sabe defender a quem ele ama e é ceguinho, ceguinho para os erros e defeitos de seus amados.
Com tendências masoquistas, adora se deixar maltratar. Em 2011 os astros recomendam cuidado para não virar casquinha de carangueijo e atenção para não andar de lado de modo a parecer que está andando para trás. Fique de olhos abertos para os siris entoncados em sua vida amorosa.

Leão, de 21/07 a 22/08

Leonino, para começo de conversa, abaixa essa sua juba, seja com escova progressiva, escova agressiva, escova inteligente, escova superdotada ou todas as anteriores.
Como o leonino é promíscuo e até Caetano veloso o admite, ao dizer "Meu coração galinha de LEÃO/não quer mais amarrar frustração", ponha ordem nesta fila de pegações, amassos e sexo.
Em caso de desconforto espiritual,se você for bonito, inteligente, alto, independente, heterossexual e discreto apareça aqui em casa, de tarde, e eu faço uma consulta astral infalível para você.
Garanto: os nós irão se desatar, os caminhos irão se abrir e você vai sair fortalecido (ou nem tanto, porque demanda energia) - ainda que os nós a serem desatados possam ser os da minha roupa e os caminhos a serem abertos sejam aqueles que ficam entre as minhas (hum-rhum!você sabe!)
Vênus estará na casa 624, que é o número da minha casa, em confluência total com a Lua, que é onde você deverá me levar, e o alinhamento dos corpos celestes ( o meu e o seu) influencia as trocas de fluidos astrais e favorece a tomada de posições (qual você prefere?podemos discutir isso).
O número da sorte é o meu telefone e a cor pode ser branca, porque adoro rapazes clarinhos.

Virgem, de 23/08 a 22/09

Primeiro, eu não acredito em você porque hoje em dia ninguém mais é Virgem, tá?
O líder espiritual Dalai Falcão profetizou: "A virgindade não importa mais/deve ser quebrada na frente ou atrás,/pois tem certas coisas que não se concebe/ porque é dando que se recebe". Acate essa sábia voz cearense.
Em 2011 os nativos de virgem continuarão perfeccionistas, frios e egoístas como sempre, atraindo uma legião de pessoas masoquistas que adoram ser pisoteadas por vocês.
Os astros indicam o uso de gel lubrificante, porque Virgem é o signo da dor na primeira vez. A astróloga recomenda um gel pequenininho e eficaz, chamado ironicamente de Santo, vendido nas sexshop.

Libra, de 23/09 a 20/10

Dois pesos, uma medida: é o que recomendam os astros, mas se a medida for de rum, vá com calma.
A natureza sonsa e dissimulada dos librianos poderá sofrer impactos profundos a partir dos pequenos vestígios deixados, pois que não há crimes perfeitos. Siga o ensinamento do grande sábio Evintann Veshame, que diz que "Respeito é trair direito".
O mundo astral também recomendam atenção com o peso, em 2011 e a necessidade de equilibrar a vida emocional.

Escorpião, de 23/10 a 21/11

Os fofíssimos nativos deste signo sabem se defender com o rabo, onde está o seu veneno.
Na natureza, o escorpião dá a vida por um sexo satisfatório, literalmente. Então, não precisa disfarçar, parta agora mesmo para a mulher do próximo, para o homem da próxima, para o que ocorrer entre próximos e os distantes e promova um flash mob sexual em 2011 (me chama para registrar a energia do ambiente).

Sagitário, de 22/11 a 20/12

Costumam achar que você é meio cavalo, não é? não se sinta inferior por isso, pois é justamente nas partes mais desenvolvidas do cavalo que está a sua vantagem.
Em 2011 os astros prevêem flechadas certeiras nos seus alvos.

Capricórnio, de 22/12 a 20/01

Se em sua vida só dá bode, tranquilize-se: tudo vai mudar para melhor em 2011.
Sol e Plutão estão em seu signo neste exato momento, o que indica grandes possibilidades de ir à praia. Os astros esclarecem que Plutão não é o aumentativo de Pluto, seu burro!vá ler enciclopédia e consultar o Google.

Aquário, de 21/01 a 19/02

Aquarianos são pensativos e desconfiados. Claro: já estiveram cheios de piranhas, já nadaram com tubarões e muitas águas já rolaram para aquário.
Os astros recomendam a limpeza dos vidros a cada 20 dias.

Peixes, de 20/02 a 20/03

Piscianos são românticos, traidores discretos e fabricantes de sonhos: assim os descrevem os astros.
Para peixes, lave retirando as escamas, mergulhando em suco de limão por pelo menos 15 minutos.
No primeiro trimestre, peixes estará frito devido a algumas investidas amorosas. Entretanto, no resto do ano é só moqueca mesmo.

Aos nativos de todos os signos a Mãe Mara, astróloga, espírita, vidente,míope, devota de São Jorge e fã dos Beatles, deseja um excelente 2011.
Há necessidade de fortalecer a solidariedade, por isso não deixe de depositar alguma grana em minha conta.
Pensem positivo, desejem o bem, mentalize um Ford Fusion e façam um cheque com provisão de fundos nominal a mim: o Ford Fusion irá se materializar em minha garagem e eu serei muito grata a todos vocês.
Pare de sofrer agora: deposite, transfira e faça o bem a alguém que merece um carrão.
Tudo de bom, gente! Que 2011 seja um ano de luz e de grana para pagar a conta de luz!
Happy new year!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Quinze anos


Lembra de quando você tinha 15 anos? deveria lembrar, poxa! principalmente se você reclama de quem quer parecer jovem, se você critica todo tipo de vaidade, se você é aquela pessoa amarga, que lamenta o passar dos tempos ao mesmo tempo em que se volta contra aqueles que ainda são jovens.
Quantas vezes você fez 15 anos? se tem 30, fez duas vezes...Graças a Deus o tempo passou.
Não tive festa de debutante.
O que havia de tão mágico em ter 15 anos? acho que a própria juventude, não é?
Aos 15 anos eu não via a menor graça na vida. Creio que por ter madrasta e um pai negligente, ou era nulo em relação a ela, sei lá.
Também eu não tinha liberdade, nem independência.
Eu tinha era dúvida.
Tinha muita ousadia e muito medo, também.
Aos 30 eu me senti gente. Gente mesmo, de ter consciência de mim, de me perceber no mundo, de perceber meus entornos, de confirmar minhas escolhas e de desistir de algumas idéias fixas.
Agradeço muito àqueles que passaram pela minha vida e me mostraram que eu podia declinar de um orgulho, que eu podia correr atrás de um sonho, que eu podia abraçar minhas convicções, que eu podia assumir alguns afetos de ódio e de amor.
Ainda estou na casa dos trinta e acredito que os 30 completam aquilo que me falta aos 15 anos.
Há pouco eu estava assistindo à Excêntrica família de Antônia - filme muito citado por Nery, mas do qual ele nunca disse uma linha sequer -, no Telecine Cult, e fiquei observando não só o fato de ser este um excelente filme, curioso, criativo, crítico, mas me identifiquei com certas passagens, claro, por ser cômodo encontrar um subterfúgio para o que eu sei que vem por aí para mim.
Explico: o filme é narrado pela bisneta de Antônia.
Na história, as várias gerações se encontram, de alguma forma além daquela fisicamente mostrada, nas mesas em que a famílias e reúne.
A relação entre as mulheres da família é o ponto forte, num plano em que os homens são maioria em poder de mando.
Então, a filha de Antônia resolve que quer ser mãe. Quer ser mãe e não quer um marido: assim nasce Thèrèse, superdotada, leitora de Nietzsche e de Schopenhauer,e que, desde criança, sempre dialoga com um filósofo sapientíssimo, seu mentor e parceiro intelectual.
O tempo passa e Thèrése tem, agora, 20 anos.
Após experimentar uns relacionamentos com homens intelectualmente compatíveis com ela, se decepciona com a performance sexual deles e, por fim, engata um affair com seu amigo de infância.
Aí é que está a questão: desenrola-se toda uma série de ponderações sobre dar vida a alguém.
Pensando por Schopenhauer, não se dá a vida a alguém: condena-se esta pessoa a uma droga de existência,a os seus pesos, aos seus desesperos.
Thèrèse opta pela maternidade, mas é uma mãe negligente, dando a entender que sua decisão seguiu os passos do "imperativo categórico", conforme superficialmente possamos nos referir a Kant.
E eu fiquei assistindo, vidrada! eu, que pouco, perto de nada, sei sobre Schopenhauer...pensei nas desculpas que eu vou dar a ele, quando este assunto voltar - e o dia está próximo.
Como dizer a um homem que a maternidade não faz parte dos seus planos?
Como explicar que a idéia de união matrimonial lhe causa medo, pavor, temor?
Então, penso nos meus 15 anos: àquela altura, eu não sonhava, como as minhas amigas sonhavam, em casar e ter a minha casa, no sentido de casa-família.
Eu sonhava com a minha casa.
A minha, sabe?
Não pensei num marido, num noivo, num papel masculino qualquer além do papel de namorado.
É que o amor me bastava.
E eu sempre tive medo do tempo, não do que ele pudesse fazer com a minha cara, mas do que ele faz de quem a gente idealiza.
O tempo desgasta os homens; o tempo desfaz e pode refazer nossos sentimentos, nossos encantamentos...
Penso que não tenho argumentos, ou não tenho os argumentos certos - ora, mas jogar para a Filosofia a responsabilidade de responder por mim não será covardia?
Quando Joaquim me diz, em nossas conversas, que a vida, para mim, é um fardo, poxa eu concordo.
Acho que a gente todo dia se esforça para seguir vivendo, vai lutando, se quebrando, se virando para superar as tristezas peculiares à vida.
No filme se questiona isso: a vida é um presente? ora, respondo eu: É. E de grego!
Depois que você está vivo, já não há escolhas: eis a vida. Mesmo que você se suicide, isso acontecerá devido à vida, à sua relação com ela.
Escolheram sua vida por/para você.
Isso pode ser ótimo para os otimistas (rss!!!), porque pressupõe a gratidão por este presente, a conservação dele.
Agradeço muito pela minha vida, mas o custo de manutenção é alto.
Se ele soubesse que eu sou assim, complicada, será que ainda gostaria de mim como gosta?
Acho que só os amigos bem amigos são assim conosco, entendem nossas complicações. E quando falo disso, só me vem à cabeça Conceição - Conceicinha, Cinha, aquela que sempre me aceitou como eu sou, me amparou, olhou para minha cara quando eu estava errada e não me disse que eu estava errada, por saber que eu sabia o quanto eu estava errada.
No filme também a narradora diz: "os semelhantes se encontram".
Na minha vida nunca vi justeza em dizer que os oposto se atraem. Nunca me pendurei em meus opostos. Entre a identificação e o contraste, fico com a primeira.
Claro que os meus relacionamentos amorosos se compuseram por gente que não tinha nada a ver comigo em alguns pequenos setores, mas não em diferenças estúpidas e gigantescas.
Acho que falei disso tudo porque estou estourando de medo.
Não queria que ele achasse que eu não gosto dele, que não me encaixo nos planos que ele me apresenta.
Nessas horas eu queria ter 15 anos de novo e deixar que o meu pai ou algum adulto resolvesse tudo por mim.
Que nada! sou birrenta: adoro brigar pelo meu território, decidir, comandar minha vida.
Bem, não tenho mais argumentos: sou toda medo!
Transcrevo, por identificação, é óbvio, uma das mais lindas passagens de Gabriela, cravo e canela, que, pelo menos para meu parco saber, confirma Jorge Amado como um gênio da literatura nacional, em criatividade, em beleza, em conteúdo ou o que quer que seja.
Para os raciocínios rasos que seguem com o velho discurso que alega machismo na obra de Amado, em especial nesta, apenas lamento a miopia.
De minha parte, que assumidamente tenho tendências à defesa do meu gênero, transcrevo porque talvez eu tenha em mim muito dessa mensagem - que vai desde os meus 15 anos...
E foi muito importante, para mim, ter 15 anos.

CANTIGA PARA NINAR MALVINA

Dorme, menina dormida
Teu lindo sonho a sonhar,
No teu leito adormecida
Partirás a navegar.

Estou presa em meu jardim
Com flores acorrentada.
Acudam! Vão me afogar.
Acudam! Vão me matar.
Acudam! Vão me casar
Numa casa me enterrar
Na cozinha a cozinhar
Na arrumação a arrumar
No piano a dedilhar
Na missa a me confessar.
Acudam! Vão me casar
Na cama me engravidar.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar.

Meu marido, meu senhor
Na minha vida a mandar.
A mandar na minha roupa
No meu perfume a mandar.
A mandar no meu desejo
No meu dormir a mandar.
A mandar nesse meu corpo
Nessa minh’alma a mandar.
Direito meu a chorar
Direito dele a matar

No teu leito adormecida
Partias a navegar.

Acudam! Me levem embora
Quero marido pra amar
Não quero pra respeitar
Quem seja ele – que importa?
Moço pobre ou moço rico
Bonito, feio, mulato
Me levem embora daqui
Escrava não quero ser.
Acudam! Me levem embora.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar

A navegar partirei
Acompanhada ou sozinha.
Abençoada ou maldita
A navegar partirei.
Partirei pra me casar
A navegar partirei
Partirei pra trabalhar
A navegar partirei.
Partirei pra me encontrar
Para jamais partirei.

Dorme, menina dormida
Teu lindo sonho a sonhar.

(AMADO, Jorge. Gabriela cravo e canela: crônica de uma cidade do interior. 59 ed. São Paulo: Record, 1979 )

domingo, 19 de dezembro de 2010

Playlist para o natal


Já que me pediram, vai uma playlist básica, para dar um up grade naquela porcaria de Confraternização natalina ou nas festas sem graça com a família briguenta que abre trégua no natal:
Para alegrar, dançar e pirar na pista:
Time bomb (Rancid);
Just dance (Lady Gaga);
Like a G6 (Far Est Movement);
Represent Cuba (Orishas);
Break your heart (Taio cruz & Ludacris)
Tudo de bom (Fernanda Porto);
Teenage dream (Katy Perry);
Umbrella (Rihanna).

Para curtir dor-de-cotovelo, depressão, impulsos suicidas (corta-pulso geral), baixo astral e ressaca moral:
She (Elvis Costello);
I starded a joke (Bee Gees);
Michelle (Beatles);
Don't let me down (Beatles);
Yesterday (Beatles)
Ode to my family (The Cranberries);
Love tear Us apart (Joy Division);
Everybody hurts (R.E.M.)
Atrás da porta (seja com Chico Buarque, seja com Elis Regina, é de chorar!)
Outra vez (Roberto Carlos - além de triste, brega: é só ouvir tomando cerveja que é morte certa);
Mentiras (Adriana Calcanhoto)
Vou parar por aqui, para não dar motivo para que a festa de natal vire o epicentro da melancolia.
Para curtir momentos brega internacional, vulgo pop-brega:
Total eclipse of the heart (Bonnie Tyler);
Love hurts (Nazareth);
Agora, se quer que os mais velhos remexam, pode tocar todos aqueles baratos de festas Ploc dos anos 80. Contudo, eu recomendo: se meter faixas de Jovem Guarda e aqueles baratos nacionais das décadas de 60 e 70, vai dar uma caída cem por cento na festa.
Se quiser fazer seu priminho delicado dar pinta, já sabe, né? manda aquelas músicas da década de 70, do tipo I will survive: não vão restar dúvidas.
O Ministério da Saúde adverte: Ouvir certas músicas em festa natalina pode provocar mal-estar, vômitos, bebedeiras e inconveniências.

Dos efeitos de deslumbramento


"Conversaram para entreter o tempo. Falaram de si mesmos. De suas vidas diferentes, do acaso inverossímil de estarem nus no camarote escuro de um navio encalhado, quando o justo era pensar que já não tinham tempo senão para esperar a morte. Ela jamais ouvira dizer que ele tivesse tido uma mulher, uma que fosse, numa cidade em que tudo se sabia até mesmo antes de acontecer. Disse de um modo casual, e ele respondeu de pronto sem o mais leve tremor na voz:
- É que me conservei virgem para você.
Ela não teria acreditado nisso de maneira alguma, ainda que fosse verdade, pois suas cartas de amor estavam cheias de frases como essa que não valiam pelo seu sentido mas pelo seu poder de deslumbramento."
( Trecho do livro de Gabriel García Márquez, O amor nos tempos do cólera,p.418)

Eu também acho isso: embora nós, mulheres, saibamos que os homens, tecnicamente são iguais, adoramos acreditar na hipótese de ter encontrado um homem diferente.
Um homem diferente seria, apenas, um que não tivesse comportamento de grupo e praticasse um pouco de sinceridade.
Mas, se não há sinceridade, e daí? podemos pensar como Fermina Daza, no trecho acima transcrito: Vale o poder de deslumbramento da frase e não seu sentido tão duvidoso, ou clichê.
À parte o poder de deslumbramento que ele lança, gosto daquela dose de indubitável sinceridade - sinceridade que fere, que fervilha meus ciúmes, que me dá uma idéia clara de que "lá no Oriente tem gente com olhar de lança/na dança do meu amor", como diria Moraes Moreira.
E o bom é que ele me acalma.
No lado de querer um que não seja igual aos outros, a inteligência dele faz a diferença. Homem inteligente é o máximo.
A inteligência dele me acalma.
O encadeamento das frases, o sentido, a concatenação, tudo está ali e ele formula o Heléboro, o remédio que cura todos os males: Acalma, aconchega como um abraço bom, faz sonhar, faz dormir, faz reverter qualquer ódio, desanda os ímpetos de briga e traz a paz.
Isso também porque ele me conhece. Quando eu pensava que ele estava me conhecendo, quando eu pensava gerúndio, já era presente e eu agradeço muito por isso.
Um dia pensei com tristeza essa música que transcrevo abaixo, dos Detonautas (Você me faz tão bem).
Era, de fato, uma dor ouvir essa trilha sonora de minha separação do Grande Amor da Minha Vida ( que, volto a dizer, acabou mas não deixou de ser importante. Não ele, a pessoa que amei, mas o relacionamento em si e os sentimentos nele contidos: contiua tudo importante).
Acho que ele mudou minha relação com o passado ou pelo menos me fez dar outros significados aos meus mesmos velhos signos.
Ele é inteligente e eu aprendo com ele.
Quando eu me perco é quando eu te encontro
Quando eu me solto, seus olhos me veem
Quando eu me iludo é quando eu te esqueço
Quando eu te tenho, eu me sinto tão bem
Você me fez sentir de novo
O que eu já não me importava mais
Você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Quando eu te invado de silêncio
Você conforta a minha dor com atenção
E quando eu durmo no seu colo
Você me faz sentir de novo o que eu já não sentia mais
Você me faz tão bem
Você me faz, você me faz tão bem
Não tenha medo
Não tenha medo desse amor
Não faz sentido
Não faz sentido não mudar esse amor
Você me faz, você me faz tão bem

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Não é BEM o que parece


Vocês sabem muito bem o quanto eu odeio terrorismo virtual, correntes ameaçadoras e coisas afins.
Somos seres simbólicos e nos deixamos impressionar, afinal o bem, para acontecer, é cheio de protocolos, mas o mal é acessível, rápido e simples. Caberia à gente repensar por que há mensagens revestidas pelo manto do bem, a propósito de solicitar bons desejos e bons pensamentos e, no final, o mal aparece sob a forma da chantagem espiritual: ou você repassa ou o troco será abominável e temível.
Interessante, justamente, é a eficácia do simbólico implícita nisso: se algo bom acontecer, atribuimos ao milagre de dar continuidade a uma corrente. Entretanto,se nada que planejamos se concretizar, aí ficamos tementes do castigo, atribuindo isso à teimosia em não crer na corrente.
O que está em jogo, na verdade, é o próprio JOGO: jogo sádico de alguém que sabe manipular temores, juntar imagens, música, mensagens e apelo espiritual.
É, conforme eu falo, o BEM é cheio de protocolos: para acontecer você tem que cumprir mil rituais e ele não vem de graça, além de só entrar onde é convidado.
O mal é mais democrático, ocorre de graça, do nada você recebe ele. Nem precisa chamar, que alguém leva o mal até você gratuitamente, sem razões explícitas e sem maiores explicações.
Da mesma forma, se você quer bem a alguém, use a fé e use as obras, faça alguma coisa.
Penso nas formas de que o mal se reveste: é aquela pessoinha sensível e acima de qualquer suspeita que está ali, lhe oferecendo amparo, consolo, conselhos e que ganha sua confiança para depois te detonar, para perceber suas fraquezas e manipular o que puder; é a outra pessoinha fragilzinha que se queixa dos sofrimentos da infância, de ter sido preterida frente aos irmãos ou aos namorados e que você não nota que esta é uma pessoa invejosa, que responsabiliza os outros pelas suas misérias atuais, que acha que alguém está com algo que pertence, por direito, a ela; é a pessoa que te conta segredos alheios, pedindo pelo amor de Deus: "Não diga que fui eu quem disse". Opa!!!que garantias você tem de que da mesma maneira essa pessoa não vai divuylgar seus segredos?
Convivemos com estas pessoas.
Assim como as correntes, estas pessoas vêm revestidas pelo sagrado manto do bem, da sabedoria, da parcimônia, da sensibilidade...
Assim como as correntes, estas pessoas trazem, então, uma imagem comovente.
Há coisas de que a gente s equixa, por ter desejado e naõ ter obtido.
Às vezes a gente deixa de realizar um desejo por um detalhe, detalhes mínimos: 10 minutos de atraso; um papel que não foi autenticado; um termo ausente; a supressão de algum parágrafo; um problema técnico; um problema interpretativo; um pequeno incidente; falhas de terceiros que recaem sobre nós, enfim, não é nada fácil perder o que se deseja por causa de um detalhe.
Já chorei muito por isso.
Já lastimei de tal modo que ressequei a boca e alma, gritando: "Como pode? Como pode?".
Olhe que não sou uma pessoa de prêmios de consolação, nem com tendência a pintar a vida de cor-de-rosa, ressignificando as tragédias, mas devo reconhecer: para alguns desses desejos que foram imposssibilitados de acontecer devido a detalhes, dou graças a Deus.
Aquele velho ditado chinês que diz: "Cuidado com o que desejas", não é vazio não.
Muito do que a gente deseja se esvazia porque os desejos também são circunstanciais.
Peso muito entre os desejos, por exemplo: entre algo de que eu precise muito e alguém de quem eu queira manter distância, o desejo pelo último é maior.
Percebo isso: nenhum desejo em mim é maior do que o desejo de estar longe de quem me fez mal, de quem eu não gosto ou de quem eu me decepcionei moralmente. Para estes, se eu pudesse, colocaria um daqueles avisos de carroceria de caminhão: Mantenha distância.
Nada é mais gratificante do que manter distância dessas pessoas: eu, pessoalmente, nem falo mais no nome da criatura, não escrevo, não procuro, não toco no assunto com terceiros, sinceramente, sepulto. Salvo, é claro, quando abro pequenas tréguas para me acercar sobre uma máscara que cai ou algo do gênero, isto é, se o assunto for pauta de encontro entre amigos. Caso contrário, me arrisco a aconselhar: mantenha distância e amplie essa distância, tornando-a uma distância de pensamento, esqueça esse traste de criatura.
Essas correntes são extremamente perigosas: elas te prendem às pessoas realmente maléficas, a situações prejudiciais e a calabouços de dependência emocional.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Histórias sujas


Meu amigo estava na sala enquanto eu tomava banho.
Depois de muito cantarolar sob o chuveiro, resolvi perguntar ao meu amigo se ele sabia por que a gente tinha essa tendência a fazer do banheiro um karaokê, por que a gente cantava, enfim.
Sabiamente ele discorreu sobre uma teoria da Física que eu não saberia reproduzir, mas que em suma diz respeito a processos físicos e reação a eles, gerando e liberando endorfinas e substâncias afins que nos deixam cantando com a alegria de passarinhos bobos numa manhã de verão.
Isso me deixou perplexa. Não me refiro à teoria, mas ao fato de ele ter conhecimento de uma teoria destas e, ainda assim, ser resistente ao banho.
Se tem uma coisa que me deixa impotente são os meus amigos sujos: a maioria deles, incluindo uma amiga minha linda e inteligente, têm consciência de que, para eles, o banho é um desprazer, uma obrigação mais social do que higiênica e uma total perda de tempo.
Isso é extensivo ao hábito de lavar os cabelos, o rosto e escovar os dentes - ou seja, eles odeiam hábitos de higiene.
Minha impotência é porque não consigo nem mesmo convencer meu próprio tio único a tomar banho.
Muitos dos citados amigos e parente têm mesmo MEDO da água: é coisa de sob uma temperatura absurda e um calor estupendo eles quererem tomar banho de água mega-quente.
Olho enojada aquelas caras oleosas e suarentas, aqueles cabelos literalmente sebosos, com caspas intermináveis por que o melhor dos xampus anti-caspa é inútil se administrado sob água quente.
Olho ainda mais terrificada à paixão que eles têm pelo ar condicionado, como se fosse uma proteção para diminuir o calor e amortizar o mau cheiro. Muitos deles gostam de perfumes importados e tentam disfarsar sua sujeira com bons aromas. Nem sempre dá certo.
Um destes amigos vem tentando se enquadrar socialmente - digo isso porque ele agora toma um banho por dia, sabe? e ele acredita que escovando os dentes uma vez por dia está protegido porque a higiene tem essa validade de 24 horas - será sempre uma tentativa de enquadramento social, não um hábito regular nem um gosto por parte dele.
O cara que não toma banho é análogo àqueles outros tantos seres desagradáveis que, ao tomar banho, não cuidam de perfumar ou neutralizar os odores das axilas.
Tem os malucos que acham que sabonete e higiene são invenções capitalistas. Se for, problema do capitalismo! isso não desautoriza e não tira a legitimidade do hábito de higiene.
E tem mais: pode ser o cara mais gato do mundo, mas se a unha é grande, ou grande e suja ou, pior ainda, se ele deixa as unhas do dedo mínimo crescerem, saia de baixo que atrás de uma unha suja sempre vem um porco, tá?
O ser humano produz secreções de mais: é saliva, suór, lágrima, melecas de nariz, cera de ouvido, esperma, olha que a lista vai longe...e tudo isso tem sua função e precisa ser descartado para se renovar, requerendo limpeza dessas áreas constantemente.
Vou ser leve: pense aí na sua cara, após acordar por 4 dias seguidos e não lavar o rosto - e consequentemente, os olhos?
Até os gatos, os animais todos têm seus sistemas de higiene - mas um sujeito porco, bem porco, vai sempre procurar catar teorias para evitar a limpeza.
Quando minha amiga pirou, a analista me disse que ela descuidaria dos hábitos de higiene. Sim, os loucos têm cheiro próprio. Os depressivos também - se estão largados da vida, o comum é desprezarem a si de tal forma que não cuidam do banho.
Deixei de namorar um gato por um motivo oposto: ele lavava as mãos umas trinta vezes num curto intervalo de tempo; passava a Micareta vigiando a casa, para que ninguém fizesse xixi no muro e isso e mais um pouco descrevia o quadro do TOC= Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
Contudo, dos dois tipos extremos, melhor um maluquinho limpo, não é?
Mas, quanto àquele amigo citado, o da teoria, ele nunca saberá por mim que a mulher que ele amava também o amava, mas temia o convívio com aquela falta de higiene.
Uma ilusão que as pessoas têm é a de que quando se é amigo íntimo de alguém essa intimidade permite dizer muitas verdades. Ah, não dizemos verdades, não.
Assim foi que ela vislumbrou a minha cara de fracasso, após fazer o que eu podia para jogar meu amigo no caminho do chuveiro. Ela desistiu. Eu também.
Neste final de semana ele suava muito e eu propus, após meu banho, que ele também o fizesse. Em princípio veio aquela máxima que os sujos usam como pretexto: Tomar banho e usar roupa suja, dá na mesma!
Retruquei: "A roupa pode estar suja, mas você não estará e isso lhe trará conforto."
Nada feito!
De manhã, outras propostas: "você pode bochechar com creme dental e depois usar enxaguante, já que você não tem escova em minha casa."
Nada feito!
"Pode lavar o rosto, menino, para tirar essa cara de sono"
Nada feito também.
Sou impotente com todos eles.
Dói minha impotência com o meu tio único, porque é tudo cansativo. Destilar teorias, mostrar razões, pedir pelo amor de Deus, ah, nada consegue demover um sujo da zona de conforto de sua sujeira.
Nao pensem que o Cascão de Maurício de Souza é mera ficção: apareçam e eu vos mostrarei a verdade da ficção.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O Valor do Reveillon


Já passamos do tempo da hipocrisia, pelo menos no tocante à constatação de que dinheiro é importante e necessário e um agente fundamental para a felicidade.
Dinheiro não traz felicidade, dizem. Eu acho que dinheiro sempre traz felicidade. Ele não dá é garantias de que tendo mais dinheiro você será mais feliz, mas, com certeza você ficará mais feliz. Entendeu a diferença entre o ser (será) e o estar (ficar)? todo mundo se alegra com um dinheirinho a mais.
As coisas que não podem ser compradas, tudo bem, elas existem para alimentar nossas angústias.
Lembro de Nicholas Cage, em O senhor das armas, quando resolve conquistar aquela modelo que vem se tornar esposa dele: ele arrasta o que pode para impressionar a moça e ainda diz:"Dizem que amor não se compra. Eu concordo. Mas, que ele dá uma forcinha, ah, ele dá!".
Daí que essa circunferência no post de hoje é porque eu francamente finquei pé de que pagar R$ 370,00 no Camarote Oceania para este Reveillon é coisa de louco. Contudo, quem paga quer felicidade. Quem não quer um ano novo feliz? a sensação é esta, de que você está pagando e será feliz e a noite será alegre.
Reveillon, para mim, depende de festa. Sabe o que é festa? eu estou perguntando porque as pessoas não têm clara noção do que é festa, acham que reunir um bando de gente em torno de uma conversa ou de uma banda e estar em contemplação é festa.
Festa presume música e dança. E gente, claro!
Festa sem música é análogo a um churrasco sem carne, a uma suruba sem sexo, a um conjunto unitário - e, Senhor, ajudai-me a entender porque a Matemática concebeu conjunto unitário. Como pode uma única coisa, um único elemento formar um conjunto? Eu sei que, por ser mulher, as glândulas responsáveis pelo domínio matemático são escassas, mas, vá lá, irmão, pense aí: você já viu um conjunto formado por um só elemento? como pode? que paradoxo é esse? - coisa d einglês, né? one man band (banda de um homem só...vai que é coisa do Cãozinho dos teclados, o Frank Aguiar,hein?)
Deixa a matemática para lá.
Olhe, pensando bem, não deixe não: faça as contas aí para ver se vale a pena gastar uma grana por uma felicidade mínima instantânea que é o reveillon.
Papo amargo, né? tá bom: eu nunca tive um reveillon feliz.
Nunca entendi direito isso: já passei com amigos, com namorados, pulando sete ondinhas, em mar e etc., mas nunca tive um reveillon feliz.
Talvez seja a falta da festa.
Se sou hiperativa, tenho energia para gastar, para detonar, preciso canalizar esse meu fogo no...espírito para algum lugar, não é?
Agora me pergunte se eu já tive um carnaval triste? Não que eu me lembre.
Mas é um negócio isso. Sim, reveillon é negócio!
Pior é o day after: pense, a gente fica até cinco da manhã sem dormir. Aí sempre tem a peste do amigo mala que quer conversar porque não está com sono.
Tem também o vizinho que resolveu emendar um pagode no dia 01 e o som fica alto na vizinhança.
Depois de muitas perturbações, você resolve acordar sem ter dormido - haja corpo mole, ouvido zumbindo, sensação de que deitou embaixo do elefante e, a depender de sua vida sexual, vai pintar uma terrível e inexplicável dor na bunda.
Eis o dia primeiro do ano: praia? nada feito: tudo emporcalhado e uma infindável quantidade de rosas e palmas devolvidas por Yemanjá.
Restaurante e bares? tudo fechado, eles ,que lá trabalham, têm que dormir.
Nada de cinema.
Nada de praça de alimentação.
Sorria: você está sozinho.
Se estiver na Bahia, aí, mano, tu tá f#dido: é se preparar para almoçar algum enlatado esquecido na geladeira, aquele que as visitas indiscretas não devoraram e tocar a matar o tempo até o Pôr-do-som, na Barra. Aí você vê gente. Só não vai ver a cantora, né? porque tá tudo lotado de gente e o show das 17 horas começa às 20h30min.
Então "Volto para casa abatida, desencantada da vida" à espera de que a felicidade venha, finalmente no dia 02.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Eu, tu, eles


Com ela aprendeu Florentino Ariza o que já padecera muitas vezes sem saber: pode-se estar apaixonado por várias pessoas ao mesmo tempo, por todas com a mesma dor, sem trair nenhuma. Solitário entre a multidão do cais, dissera a si mesmo com um toque de raiva: " O coração tem mais quartos que uma pensão de putas."
(Trecho de O amor nos tempos do cólera, de Gabriel García Márquez. 30º ed. Rio de Janeiro: Record, 2007, p.334)
Sei que minha decisão era visível para ele e que, por muitos minutos ele ficou a balançar impacientemente a perna ao sentar ao meu lado, lendo minha reação de distância.
Dali que deve ter nascido aquele ímpeto de me pôr a nocaute, mostrando que poderia me subjugar, subornar meus instintos e assim o fez, se precipitando em me beijar quando estávamos a sós.
Ali se quebraram minhas resistências.
Perde-se o senso, a noção, o juízo e a completa referência moral e a percepção do perigo num hora dessas - e eu nunca vi C. assim.
Formou-se uma fila de carros atrás de nós porque a frente do prédio da analista é movimentadíssima e, afinal, deixamos de estar no mundo porque o mundo era somente nós dois e os nossos desesperos de beijos, de abraços e de carícias impróprias ao lugar e às circunstâncias.
Agora eu sei porque algumas pessoas acabam presas por atentado violento ao pudor e porque batem o carro sem motivo aparente.
Ele me beija acariciando os meus cabelos, conduzindo minha cabeça, em claro símbolo do desejo de me dominar.
O ariano em geral e eu em especial, sou conquistada pela cabeça, sou dominada pela cabeça e, por isso, desfaleço quando acariciam os meus cabelos.
Ele me beija me dominando, tão intensamente, me fazendo promessas vãs e dizendo os mais lindos clichês que um homem poderia dizer.
Ele desafia a força das minhas decisões quando as confronta com os meus desejos e com a habilidade que ele tem em me mostrar qual dos dois é o mais forte ( se as decisões, se os prazeres).
Mas, então,adoro aquele peste. E adoro o outro que me salvaguardou do peste...não gosto de pensar que o meu coração é uma pensão de putas...não gosto de pensar nas verdades inconvenientes.