Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Alice no país das surpresas


O que será que ele mostrou para a Alice, hein? Woooohuuuu!!!

Para quê?


Já fizemos esta pergunta antes: para quê marido?
Acho útil a empresa que se encarrega de resolver os pequenos problemas domésticos que afligem o cotidano de todas nós. Pelo menos é só contratar e pagar, sem dívidas morais, reclamações e blablablás.
O melhor sexo quem faz é o amante; os melhores serviços domésticos são feitos pela mão-de-obra especializada e o melhor relacionamento amoroso possível é o namoro. Então, endosso os preceitos da empresa: "Pra quê marido?"...Com certeza esta empresa não vai tomar o seu sofá, não vai criar barriga nem palitar os dentes à mesa e muito menos ficar de flerte por aí com as outras...ao contrário do que ocorre com os maridos.

Born to be...


Uns contrariam o Destino e outros são contrariados por ele.
Na imagem, um adesivo interessante... ("Nascido para pescar; obrigado a trabalhar"...este aí tem muitos descendentes, seguidores, afiliados e correligionários.)

Paradoxos da Educação


Uns se preocupam com a Alfabetização, outros com o Letramento; Uns decretam a existência dos Analfabetos funcionais; Outros apontam o sistema CTRL+C/CTRL+V, mas numa coisa há consenso:o negócio está difícil, hein?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Orações coordenadas


Quem acessou este post achando que o assunto era as Orações Coordenadas nos moldes gramaticais, pode mudar de página: o título é apenas trocadilho para tratar da forma como conduzem e coordenam a crença das pessoas, ou seja, o papo aqui é outro.
Tem gente que tem umas paranóias esotéricas que chegam a causar irritação na gente. Ora, quem entende de energia é eletricista. Quer energia positiva? Segure na ponta do fio descascado – ligado, é claro. Santa falta do que fazer, Batman!
Não é à toa que proliferam pessoas se dizendo Mestre isso e Pai aquilo em ritos espirituais, com trabalhos rápidos e garantidos e profetas apocalípticos anunciando o fim do mundo... Eu nem ligo se o mundo se acabar. O problema é que enquanto o mundo não acaba, não acabam os malucos que levantam uma grana por meio do medo dos outros; e um séquito de paranóicos com discursos e profecias made in Taiwan.
Agora tudo é cooptado. Vejam bem este cartaz que eu usei como imagem:inteligentemente capitalizaram os ícones outrora depreciados e que, agora, passaram a ser cult...isto é, após o tratamento antropológico devido.
Com isso, eu que queria levar minha fatia de lucros com a Fundação da Casa de Umbandalarga 3G e 3D, de cultos virtuais e lucros materiais, tenho que enfrentar essa concorrência desleal do dia-a-dia.
Uns trazem a pessoa amada na base da porrada, amarrada e cativa em até 03 dias, desde que se saiba o endereço dela; outros atuam em setores de vícios e negócios amarrados...o diferencial de minha empresa, aliás, da minha Casa é que aceitamos cartão de crédito, fornecemos assistência e manutenção mediante a contratação de um seguro, fazemos recall para o caso de algum engano ou ausência de peça e ainda presenteamos o nosso cliente com uma cesta de simpatias, orações e magias. Nossas velas de sete dias duram até oito.
Obviamente eu estou brincando porque hoje foi o dia de eu me exasperar com as idiotices deste gênero e, de quebra, aturar uma amiga de minha amiga louvando e idolatrando os livros inteligentíssimos que mostram Porque os homens gostam de mulheres poderosas. Wooohuuu! Eu não via uma crença tão louca desde aqueles lançamentos sobre Como enlouquecer um homem na cama. Ora, para enlouquecer um homem na cama basta chamar a amante dele. E para isso, quem precisa de livros?
Não bastasse o caso citado, me vem aquele outro séquito de paranóicos do “Palavra é força”. Palavra é força quando a gente grita. Aí dói a garganta. E todo fim de ano eu tenho que me repetir para explicar que eu mentalizei o japonês gostoso do post anterior; eu verbalizei aqui em casa, com fé e convicção, as palavras carro; dinheiro; homens heterossexuais gostosos e, nada se materializou. O pensamento positivo e a ideia de que palavra é força, definitivamente, são meramente falsidade ideológica, só o PROCON resolve.
Deduzi que estão no mesmo barco os paranóicos esotéricos e suas teorias fajutas de energia e predestinação, seus apocalipses repetitivos e suas palavras e pensamentos positivos assim como os que acreditam em auto-ajuda. Tudo igual, o mesmo barco e o mesmo mar de desesperados. Mas não sou ignorante a ponto de descurar do efeito simbólico do consolo que essas coisas trazem, especialmente para os desesperados.
Temos dificuldade em aceitar que a vida não é justa; que tudo é uma seqüência de acaso sem nenhuma correlação entre si e que na vida leva a melhor quem tem mais sorte ou quem tem mais habilidade em trapacear.
Os meus amigos competentes e honestos não têm dinheiro: as oportunidades foram todas tomadas pelos bajuladores, pelos desonestos, pelos antiéticos, pois são esses que governam o mundo, sabem fazem pactos e desenvolver seus laços interesseiros com o poder. Aí é que está a verdadeira energia negativa.
Acreditar no acaso é aceitar o desamparo que a imprevisibilidade nos dá. Nem adianta ler o horóscopo, nem consultar as Cartas (aliás, só as de cobrança é que nunca erram), nem suplicar aos deuses que sempre falham...
Mas nem por isso vamos deixar de lado a Oração:

Meu amor essa é a última oração
Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
Cabem três vidas inteiras
Cabe uma penteadeira
Cabe nós dois
Cabe até o meu amor,

Essa é a última oração
Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
Cabem três vidas inteiras
Cabe uma penteadeira
Cabe nós dois
Cabe até o meu amor,

Essa é a última oração
Pra salvar seu coração
Coração não é tão simples quanto pensa
Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
Cabem três vidas inteiras
Cabe uma penteadeira
Cabe essa oração
(A Banda Mais Bonita da Cidade)

domingo, 27 de novembro de 2011

Made in Japan

Oriente (-se)


Tati adora os homens japoneses e descendentes. É fetiche mesmo, a tal ponto de rolar briga caso eu chame a qualquer um deles de Tamaguchi...
Os orientais desorientam a cabeça da minha amiga!

Vitórias e viagens


Minha grande amiga Tatiana passou num doutorado qualificado, numa universidade renomada que é o sonho de qualquer ser vivente com algum juízo e discernimento. Não fossem só as estatísticas, mas a comprovação empírica de que tudo ali funciona bem e como deve ser, como de fato é, já teríamos motivos para comemorar embasbacadas. E assim estamos, é claro!
Mas, como há umas postagens atrás eu falava das vitórias sem prêmios, foi a própria Tatiana quem me alertou que estava com medo de comemorar, porque ela lembrava muito bem que depois de um ano, no meu caso,no doutorado, vieram os dissabores. Então fui obrigada a dizer que passei um ano todo feliz, que o momento dela é este, de estar feliz. E se houver dissabores e contendas, que sejam vividos a seu tempo e que ela lembrasse que está indo para outra Instituição pública de ensino superior.
Mas não foi uma vitória fácil, nem uma decisão fácil usufruir da vitória: ela também passou em outro doutorado, com tudo mais cômodo, embora este seja um curso por ela menos desejado.
Há um tempo eu indaguei aos meus alunos, naquela época, se deveria "me casar por amor ou por interesse", no tocante não a casamento (porque deste, Deus me livre! casamento é terrível para o amor...Hum, pode ser ótimo para os negócios...), mas ao doutorado. Com isso queremos dizer se apostamos naquilo que nos oferece maior oportunidade de vitória ou se nos lançamos no que de fato queremos e desejamos. Ali eu tomei a minha decisão da qual não me arrependo.
Tati tem outros monstros: mudar de Estado, se afastar do namorado, da família e ir lá para longe sem emprego e sem dinheiro. Estamos resolvendo isso antes que março chegue e as aulas comecem. Escolhas pedem o estudo de vários aspectos e por isso ficamos enrolados para decidir. Bem, estou tão feliz COM ela (posso dizer que estou feliz POR ela porque somos igualmente felizes pelo resultado) que deixo de lado que minha amiga vai estar a milhas de mim. Depois penso que ela me incluiu nos planos, que a gente já tem viagem agendada para São Paulo em 2012 e que não custa nada eu ir até onde ela estará, em outro Estado, para dar um passeio, até porque ela adiantou o roteiro.
Ela desistiu do Rio de Janeiro porque não gosta de lá. Achei prudente. Também estou aqui digladiando porque não quero ir a um lugar que eu não gosto e preciso ir lá. Desejo versus necessidade é uma luta visceral!
A melhor companheira de viagem que eu já tive é Tati: temos muita compatibilidade e cumplicidade e coincidentemente, de todos os lugares a que já fomos,ambas preferimos os mesmos lugares, observamos as mesmas coisas e rimos do etnocentrismo que presenciamos por aí. Não pudemos dizer isso sobre as pessoas de Minas Gerais que, ao contrário, são extremamente educadas e pouco caso fazem sobre serem inteligentes, agradáveis, criativas...eu sou suspeita porque meu pai é de Monte Azul, minha tia é de Montes Claros e minha família viveu lá por duas décadas. Terra de comida gostosa e de homens educados, acrescenta Tati.
E São Paulo, com características diferentes de Minas, também encanta a gente - e aqui também sou suspeita por ser paulista e por outra parte de minha família ser de lá. Mas o que Minas e São Paulo têm em comum é aquele trânsito violento e seus acidentes tragicamente hollywoodianos. Mas este blablablá também ocorre porque se fosse na geração dos nossos pais, seríamos on the road, gente com o pé na estrada. Nós, no máximo somos umas on the airplane, se isso existir, praticando turismo acadêmico, inventando pretextos científicos para sair por aí. E agora que Tati é doutoranda também, poxa,vamos por aí, se a grana permitir...
Fico bastante feliz pelas vitórias dos meus amigos, porque eu já assumi que as confundo com as minhas próprias vitórias; e também comemoro quando numa disputa o resultado é justo e beneficia quem merece ou favorece quem faz jus ao cargo, ao lugar ou ao prêmio. Parabéns, Tati! E como não pode deixar de ser, "Xô, olho grosso!"

sábado, 26 de novembro de 2011

Olha!


Achei muito criativa e interessante esta imagem. Vai que Deus também jogue basquete para diminuir o stress que esta Humanidade causa...
Criativo foi quem sacou este ângulo. E às vezes a vida depende muito do ângulo sob o qual a miramos.
Se estou olhando a lua, devo estar no Mundo da lua.
Suponho que vivo um momento interessante que me permite olhar para as coisas e ver outras: admito as pulsões delirantes que certos homens causam, ou seja,o efeito colateral das doses excessivas daquela rara beleza masculina que de vez em quando dou a sorte de encontrar... ou reencontrar. E não quero acordar, nem quero antídoto...

De olho no lance!


Eu sei que os fotógrafos distorcem ângulos e situações, mas que é provável, ah, é sim!
A dupla Sarkozy e Obama, definitavemente, arrasa. Pela foto há fortes indícios de que eles sejam descendentes diretos dos índios da tribo Papachana.
Cafajestes:em qualquer grau hierárquico sempre haverá um...ou dois...ou mais!

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Vitórias sem prêmios


Ultimamente andei pensando nas minhas vitórias inúteis. Engraçado: podem ser conquistas gloriosas, vitórias difíceis, coisas com que sonhamos, lugares onde queremos chegar e chegamos, concurso em que nos esforçamos por passar e passamos... Seja o que for, boa parte das vitórias são vitórias inúteis. Nem por isso são menos desejadas.
No que concerne aos concursos, é isso: passamos e não vamos a lugar algum. Pode ser que passemos e nunca venhamos a tomar posse. E tudo vira título que, como se sabe, é algo inútil frente à vida prática. Mas há uma infinidade de outras vitórias inúteis que simplesmente viram quadros na parede. Para alguns, isso inclui a graduação, os diplomas, os casamentos, as coisas que, passado o cerimonial, deixam de brilhar para nós e mostram sua inutilidade.
Lembrei que uma vez eu estava jogando pescaria com a filha de minha amiga. Eu tinha 19 anos e a criança tinha 08. Comecei a ganhar e aí Sylvinha, a mãe, me pediu para deixar a criança ganhar... eu pouco entendo de crianças até hoje, e menos ainda sabia, naquele tempo, que ganhar um jogo sem prêmio fosse importante para qualquer uma de nós...mas daí eu aprendi. E desde que joguei ou brinquei com crianças, permiti que elas ganhassem e ficassem felizes. Isso até o dia em que Thiago, outra criança filha de amiga, desconfiasse de minha inabilidade e da própria vitória. Bom, nem sempre funciona fingir que perdemos para favorecer à vitória dos outros.
Mas somos assim: até em discussão a gente quer vencer. É questão de vida ou morte em meus relacionamentos de qualquer ordem ter razão nas discussões. Ter razão é vencer. Mas não quero vencer à toa: quero que o outro reconheça que eu estou certa. Acho que é porque sou autocrítica, porque minha grama não é mais verde que a do vizinho, salvo quando realmente a grama cresce e floresce; acho que porque não faço o discurso do vencedor, porque não venço sempre; porque não tenho os melhores finais de semana do mundo; ou porque meu mundo não é perfeito; ou porque sei lá que “se mancol” é esse, mas é questão de justiça admitir que meus inimigos têm qualidades ou de reconhecer a razão de quem é meu desafeto. Não tem graça, realmente, a vitória manipulada.
Pois é, nós nos sentimos felizes por qualquer vitória inútil, pelas vitórias que não nos dão frutos nem alteram os rumos de acontecimentos.
Reconhecer a inutilidade das guerras vencidas, o baixo valor dos troféus de guerras e conquistas não apaga o valor da sensação de vencer.
Às vezes vencemos quando nos desvencilhamos de coisas que são desejáveis para outras pessoas e não mais para nós. A conquista às vezes é o puro Ouro de tolo, como cantou Raul Seixas.
Até o Jornal Sensacionalista do Multishow andou fazendo gozação que isto de “Trago a pessoa amada em 03 dias”, alegando, por meio do depoimento de um suposto entrevistado que, realmente, o babalorixá havia trazido a pessoa amada em três dias. O problema é que a pessoa amada deixou de ser amada e agora ele estava atrás de quem levasse embora a pessoa amada em no máximo três dias.
O amor tem vitórias duvidosas.
Terça-feira eu fui à Igreja de Santo Antônio. Eu não lembrava direito o que eu ia fazer, mas vi na agenda que eu tinha que ir lá.
Meu primo, delicadíssimo e nada machista, para não dizer o contrário, insinuou que eu tinha que ir era porque andei pedindo para chover homens em minha horta. Daí lembrei que nunca pedi nada disso e só então associe as coisas: eu fui à Igreja de Santo Antônio há dois anos, justamente pedir para esquecer o Ex-grande Amor da Minha Vida.
Quando fui pagar parte da promessa, em outra ocasião, uma moça me perguntou pela graça alcançada. Perguntou como querendo saber se me casei ou algo assim. Então eu disse claramente que “Mais importante que encontrar a pessoa certa, é se livrar da errada”. E a isso dei glórias. E ontem eu fui lá à Igreja, agradecer à graça que eu própria esqueci, por ter esquecido o sujeito.
Esta é uma grande vitória, nada inútil.
Achei pertinente um raciocínio básico e valioso de um padre que aparece num filme do Canal Brasil, Devoção, em que ele fala sobre Santo Antônio e diz que Ele é um santo do povo pobre, da pessoa simples e que devotos de Santo Antônio não pedem coisas extraordinárias, mas as ordinárias: pedem empregos, pedem amores, pedem saúde... e teriam coisas mais ordinárias, mais simples?
Ele completou o raciocínio dizendo que o grande milagre da vida é a ordinariedade, é ter a vida em ordem, ter as coisas comuns. Este é o milagre.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Macacadas



Do que eu gostava mais no Jardim Zoológico era do rinque de patinagem sob as árvores e do professor preto muito direito a deslizar para trás no cimento em elipses vagarosas sem mover um músculo sequer, rodeado de meninas de saias curtas e botas brancas, que, se falassem, possuíam seguramente vozes tão de gaze como as que no aeroporto anunciam a partida dos aviões, sílabas de algodão que se dissolvem nos ouvidos à maneira de fios rebuçados na concha da língua. Não sei se lhe parece idiota o que vou dizer mas aos domingos de manhã, quando nós íamos lá com o meu pai, os bichos eram mais bichos, a solidão de esparguete da girafa assemelhava-se à de um Gulliver triste, e das lápides do cemitério dos cães subiam de tempos em tempos latidos aflitos de caniche. Cheirava aos corredores do Coliseu ao ar livre, cheios de esquisitos pássaros inventados em gaiolas de rede, avestruzes idênticas a professoras de ginástica solteiras, pingüins trôpegos de joanetes de contínuo, catatuas de cabeça à banda como apreciadores de quadros; no tanque dos hipopótamos inchava a lenta tranqüilidade dos gordos, as cobras enrolavam-se em espirais moles de cagalhão, e os crocodilos acomodavam-se sem custo ao seu destino terciário de lagartixas patibulares.
(ANTUNES,António Lobo. Os cus de Judas. 2 ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007 p. 07).
Este passeio pelo jardim, esse deambular feito pela memória e pela reminiscência, apesar de tanta sustentação jocosa, com caracteres de realismo grotesco, na verdade sustenta uma espécie diferente de riso, que focalizo na minha pesquisa de doutorado. Não nesta obra, claro, mas em As naus.
Fiz a transcrição, mas ainda neste momento da obra o narrador de Os cus de Judas traz uma descrição interessantíssima, na página 09: “Observaríamos oftalmologicamente a conjuntivite anal dos mandris, cujas pálpebras se inflamam de hemorróidas combustíveis.”
Juro que rio muito disso a cada vez que leio.
O narrador poderia ser grosseiro, poderia dizer de tantas outras formas mais leves ou mais jocosas aquilo que diz, mas encarna esta coisa risível, que é um riso diferente – explico e classifico este tipo de riso que não posso tratar total e claramente aqui. Para quem não sabe o que são mandris, são macacos. Acho que por aqui chamamos de babuínos estes macacos.
E trouxe essa obra por aqui por lembrar que um namoro meu que, por sinal, acabou em macacada, começou no zoológico.
Começo de namoro é uma delícia. Eis porque eu sou contra o casamento: acaba com essa festividade, com a beleza, com a surpresa, com os pretextos de ausência que existem só para aguçar as saudades.
Hoje sei porque ele se sentiu em casa ao passear por ali, entre as jaulas dos parentes... mas à parte as minhas brincadeiras, foi um bom namoro, apesar das macacadas.
Também no zoológico, anos depois deste namoro citado, encontrei um ex-namorado meu. Poxa, ele estava detonado pelo tempo: sem cabelos, gorducho, desfigurado pelos anos e casado com uma criatura que em tudo desmentia as antigas exigências estéticas dele. Olhei muito para ele. Olhei bem para ele. Olhei demais para ele, a fim de me certificar se ele não era um dos bichos a fugir do confinamento.
Falando nisso, fim de namoro é terrível: tudo de ruim vem à tona. Os defeitos nos pulam à cara, o gato de hoje vira o cachorro de amanhã, as coisas boas são todas substituídas pelas lembranças das vezes em que nos sentimos idiotas ou que nos questionamos sobre a razão de estar ali, naquela companhia ou por ter esperado demais para terminar o namoro. Apenas os namoros de qualidade deixam bons saldos quando acabam. Mas estes são raros e estão em extinção há muito tempo.
P.S.: A supressão da pontuação e toda a configuração gramatical do fragmento transcrito respeitam a forma como contam na obra de António Lobo Antunes, Os cus de Judas.)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O sonho e a vida


Ontem à tarde eu estava me derretendo de rir com a sátira aos filminhos de vampiros, Vampiros me mordam. O mais interessante não é apenas o nonsense, mas o lado crítico, porque a atriz que interpreta Becca, ou seja, a Bella da sátira, diz de si mesma, ao chegar à sua nova escola, que não sabe bem porque ela sendo assim sem graça, sem beleza e sem sex appeal, consegue convencer todo mundo de que é bonita e sensual. Mas não fosse só isso, ela é mesmo uma excelente atriz, que faz as caras e bocas da sem-graça do filme original.
Indo de filmes a sonhos, porque não sei onde que é os dois se separam exatamente, ainda sou louca para descobrir por que sempre acordamos nas horas mais gostosas dos nossos sonhos.
Se há um perigo, se a situação é um pesadelo, não tem um cristão que nos apareça para nos acordar e encerrar o martírio. Porém, se o sonho é prazeroso, até o carteiro muda de horário para lhe entregar o SEDEX e interromper o sonho.
Deste domingo para esta manhã de segunda-feira, estava eu sonhando com um personagem de filme: era aquele inimigo juvenil do Homem-Aranha I. Ora, sei lá o nome... Assisto muita porcaria porque simplesmente está passando e eu fico vendo. Logo, não tenho lá grandes atenções. Mas eu, pessoalmente, gosto do Homem Aranha. E gosto do sujeito que o interpretou.
Ao que consta, meu inconsciente adorou o filho do vilão, isto é, o amigo do Homem-Aranha que se torna inimigo depois. Quem interpreta é o James Franco. Vilão Júnior, digamos. Ah, só sei o nome dele porque joguei no Google para pegar a imagem deste post.
Então estava eu com o lindíssimo vilão júnior, numa cama de solteiro ( e isso eu atribuo ao fato de eu ter ouvido o filho de Bob Marley cantando, no Multishow. Daí que a cama de solteiro é a single bed da música Is the Love?. Penso que os sonhos colhem retalhos do nosso dia, acrescentam flashes do inconsciente e misturam com desejos reprimidos e necessidades. Também por isso, sonhamos beber água quando temos sede e sonhamos comendo quando temos fome: maneiras de saciar e preencher faltas. Mera dedução minha). Era o quarto dele, mas sabíamos que o meu pai estava em casa, lá na casa dele, fazendo sabe-se lá o que, mas presumo que me esperando e conversando com os outros na cozinha.
A porta do quarto do vilão júnior gostoso ficava aberta por isso: porque a porcaria da família da gente estava em casa, circulando. Nisso, eu ficava de amasso com ele e acariciava aquele tórax lindo, uma barriga maravilhosa, bem “tanquinho”, e aproveitava muito o possível.
Quando eu ia adentrando ao impossível, lembrava da porta aberta. O sonho era meu, a censura estava liberada: então fui ver o que eu queria ver e adorei o que vi. O problema foi que, no sonho, o meu pai me dava a maior bronca, lá da porta mesmo, porque eu estava demorando...
Na vida real, era alguém derrubando o meu portão, se esgoelado de chamar justamente porque o sujeito da COELBA tinha vindo fazer a contabilização do consumo de luz e eu não atendia de modo algum. Ah, que ódio: rolando a maior energia no meu sonho e me aparece a porcaria da vida real para interromper o meu deleite.
E o que o meu pai fazia no meu sonho? Fazia a repressão e a vigilância moral. Também ontem dormi virada “nas setecentas” com ele. De novo, achou por bem interferir em minha vida profissional, dar palpites e fazer críticas. Isso agora, quando a gente tem conversado mais depois de tanto tempo... Não há como mudar. As pessoas mudam se for interessante para elas, mas mudanças bobas, tipo fazer uma concessão moral ou outra; experimentar alguma coisa, rever pequenos pontos de vista... Meu pai é o mesmo pai de sempre, ainda que de vez em quando ele sinalize pequenas crises de consciência.
Sei que ele estava em meu sonho porque eu tive muita vontade de dizer umas palavras bem feias a ele e não o fiz. Não foi apenas por respeito, mas por ver que não valeria a pena, porque com ele a receita é outra: se deixo de dar notícias, se ignoro um telefonema ou uma data que para ele é significativa, vale mais que qualquer palavra.
Mas, na vida real o problema já não era meu pai: o problema era esse povo chato, que ousou, numa manhã de segunda-feira interromper minha sessão erótica com o inimigo juvenil do Homem Aranha. E eu estava passando bem naquele corpo... Ah, sim, por que o Homem-Aranha? Bom, segundo Masters e Johnson, a simbologia do herói urbano que sobe pelas paredes já é auto-explicativa.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Singelos gestos


Ah, eu queria tanto que a tia Dilma fizesse esse gestinho interessante para o Ministro do Trabalho!
Já pensou? "Aqui, ó, Lupi!"
Oh, pátria amada, idolatrada, salve, salve! e salve-se quem puder.

A vida na escola e a escola na vida


Acho que um certo amigo meu estudou nesta escola.

Por onde andei...


Para Helen e Pietra, que mandaram mensagens maldosas a respeito de onde eu tenho posto minha boca: pois é, amigas, no canudo, certo? foto minha no feriadão, na Beach Stop, com um inocente suco de morango e muitas espinhas na cara...

Tradução, traição, II


Com a colaboração do Embromation English Course and Louquética Company.

Tradução, traição, I


É muito provável que os problemas de tradução venham a se agudizar com a proximidade da Copa do Mundo de Futebol.
Num oferecimento de Embromations English Course, placas urbanas no Rio de Janeiro!

Dito e feito: queimando a rosca


Ah, o importante é ser feliz, não é? Por mim, carboniza a rosca!

Dito e feito: barbas de molho


Achei tão interessante este sujeito com as barbas de molho, que resolvi postar aqui - qualquer semelhança é mera semelhança mesmo...

O Xis da questão


Dizem os cafajestes que a cerveja é boa em altas doses.
Diz o meu primo, sócio-presidente da Associação de Cafajestes, que está faltando um Xis nesta cerveja, que tem um quê de libidinagem... o pior é que a cerveja existe e é de fabricação russa. Ainda bem que eu não bebo...já pensou? Deus me livre de colocar uma Oxota na boca...

Clareza na comunicação verbal


Uma coisa que eu defendo é a clareza: olha que placa mais objetiva! E claro, o Kibeloco pescou dali de Salvador o tão exemplar modo de solicitar a educação e a gentileza de não jogar lixo.
Praticidade: a gente vê por aí.

Era uma vez...como sempre.


Lembro de algumas conversas recorrentes na Teoria da História, inclusive aquelas que trazem a ideia de que no plano político, "Tudo sempre muda, de modo a permanecer exatamente como está". E eu, que tenho a alma temperamental e inquieta, eu, que incorporando minhas ansiedades, não suporto as coisas lentas, não suporto as repetições apesar de me repetir, fiz tal o senso comum fez com o poema chato de Drummond: "No meio do caminho tinha uma pedra./Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra/Então eu parei e sentei."
Eu estive tão cansada nessa maratona de entrega de texto de Qualificação, que me desliguei geral logo que cumpri minhas obrigações e prazos. Sentei na pedra que estava no meio do caminho. Penso que eu tinha outra alternativa, caso a pedra fosse pequena: chutar a pedra ou atirá-la de volta no poeta - não em Drummond, claro, mas no poeta sonso que me enganou há um tempo atrás e que hoje povoa as ilusões de Rosana, porque agora já não vale a pena dizer a minha amiga R. - todo mundo sabe.
Mas, me irrita a lentidão das coisas.
A rotina é boa quando nos dá segurança e previsibilidade, mas pedras que não rolam, definitivamente, me tiram a paciência.
Ensaiamos ir à praia, contrariando o tempo que se já não é chuvoso, é nublado e inóspito. Mais uma vez, nada feito!rolos terríveis com a nossa convidada que se deixa dominar pelo namorado e, assim, lá foi ele resgastar nossa amiga e desmanchar nosso entusiasmo pela viagem.
Soube, ontem, que a minha amiga esquizofrênica, irmã desta outra citada acima sob o epíteto de convidada, estava morando na rua, dormindo sobre um pedaço de papelão: quem viu, não socorreu nem amparou, porque notou que ela estava drogada e teve medo de reações violentas.
Desde o surto ela se tornou minha ex-amiga, porque fica difícil o contato com alguém que ouve outras vozes intermediando nossa conversa. Fica difícil, num mundo já delirante, aguentar os delírios dos débeis legitimamente reconhecidos.
Sei qual é a relaçõa dela com as drogas (item, por sinal, novo no cardápio de remédios que ela usa): ela faz um cálculo bioquímico e dispensa o cálculo moral. Deste modo, para ela, usar Risperidona e outros tarja preta é análogo a fumar maconha para dormir e crack para escapar às angústias.
Queria saber onde ela está...
E tudo isso por causa do amor não correspondido que ela tem por um drogado, dependente e desenganado.
A família evangélica e omissa atribui tudo isso ao Capeta. A Asessoria de Imprensa do Capeta, entretanto, nega a autoria do crime. Na luta dos dois lados, desamparada quem fica é ela, pois confirma-se a regra: "Na luta do rochedo contra o mar, quem leva a pior é o marisco, que passava por lá no momento da briga".
Como foi difícil construir o distanciamento emocional necessário para saber que ali está outra pessoa e não a minha amiga! sei que associo isso com a morte, pois que diante de um corpo, vemos um corpo e não uma pessoa.
Despersonalizei a minha amiga, mais irmã do que amiga, ao longo destes últimos seis anos.
Vi que a distância não foi somente emocional... apesar de que, de longe, ainda gosto de minha amiga...
A estrutura neurótico-histérica das mulheres, realmente é de enlouquecer - perdoando o trocailho não intencional.
A velha dependência emocional, o desejo de "ser mulher de um homem", a necessidade de ser amada a qualquer custo, de qualquer jeito...ah, isso não é brincadeira e deixa sequelas.
Já disse isso antes e já citei o Chico Buarque antes, mas é que realmente as coisas tendem a mudar muito enquanto permanecem as mesmas. Portanto...

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem para os seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem por seus maridos
Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se para os maridos
Bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam para os braços
De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas:
Geram para os seus maridos,
Os novos filhos de Atenas.

Elas não têm gosto ou vontade,
Nem defeito, nem qualidade;
Têm medo apenas.
Não tem sonhos, só tem presságios.
O seu homem, mares, naufrágios...
Lindas sirenas, morenas.

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

(Composição: Chico Buarque)

domingo, 13 de novembro de 2011

Na primeira manhã...


Eu gosto muito do Alceu Valença e esta música aqui, então, está entre as minhas dez favoritas. Resolvi postar após um telefonema recente de uma amiga, de longe, muito longe, que ficou recordando que o Ex-Grande Amor de Minha Vida ficava cantando uma outra música(Como dois animais), quando a gente estava juntos - ah, que recordação, viu? - eu também lembro que ele ficava cantando: "Uma moça bonita, de olhar agateado, deixou em pedaços, meu coração/uma onça pintada e seu tiro certeiro, deixou os meus nervos de aço no chão..."
Eis o lado ruim do ócio sob a chuva: ficam os amigos ligando e a cabeça remoendo, exumando o passado...não que seja ruim, mas é que lembro do que eu tive e que perdi. E lembro que não apenas já passou, mas que eu tinha medo da felicidade: a gente sabe, é pouquinho. A felicidade é bem pequenininha, mesmo quando a gente sente que ela é grande...não que seja exatamente algo pequenininho, mas é que passa muito rápido.
Felicidade é um anestésico... ainda bem que ela existe, mesmo pouquinha, para aliviar as dores da vida...e então aquela taquicardia, aquela ansiedade para encontrar quem a gente ama, o juízo embaralhado, o desequilíbrio, o estado de embevecimento, os planos que temos medo de fazer, o eterno temor de que tudo acabe ou a leve desconfiança de que nada é eterno, tudo isso, junto, num ser humano só é o que traduz o estado de completo abestalhamento de paixão. Depois vem o que tem que vir...e sempre vem, embora exista quem sequer perceba. Vem o que Alceu cantou em Na primeira amanhã:

Na primeira manhã que te perdi
Acordei mais cansado que sozinho
Como um conde falando aos passarinhos
Como uma bumba-meu-boi sem capitão
E gemi como geme o arvoredo
Como a brisa descendo das colinas
Como quem perde o prumo e desatina
Como um boi no meio da multidão

Na segunda manhã que te perdi
Era tarde demais para ser sozinho
Cruzei ruas, estradas e caminhos
Como um carro correndo em contramão
Pelo canto da boca num sussurro
Fiz um canto demente, absurdo
O lamento noturno dos viúvos
Como um gato gemendo no porão
Solidão.

(Composição: Alceu Valença)

A chuva e o sonho


É, minhas amigas chegadíssimas, infelizmente nunca esbarraremos com um Jared Leto por aí, mas podemos sonhar...

Violências travestidas


Da primeira vez em que ouvi Pumped Up Kicks, do Foster The People, adorei a música. Adorei sem a pretensão de ficar traduzindo, porque geralmente isso me ocorre. Depois me veio o encantamento pelo fato dos garotos da banda falarem assim, de uma forma leve, com um ritmo leve, sobre os desequilibrados dos tempos de hoje.
Tão próximo do Jeremy do Pearl Jam, mas ao mesmo tempo tão outro, não sei se esta impressão me vem porque a melodia do Foster permite que a gente dance e a do Pearl Jam é mais dolorosa, mais trágica...
Essa mesma capacidade de leveza que foi tão mal interpretada em A vida é bela soa, a mim, como a mais alta alquimia. Acho que quem consegue dar leveza às dores agudas (as pessoais, as sociais, as existenciais), esses são os verdadeiros magos.
Até um tempo atrás, esses casos de atiradores infanto-juvenis era muito canadense, muito estadunidense, até o Brasil estrear no item.
Da vez mais recente, foi um garoto de 10 anos que tentou matar à professora e se suicidou. O mais interessante é o agito da sociedade brasileira a fim de descobrir o que será que a professora fez para que o menino tivesse essa atitude. Isso é um traço cultural nosso, uma coisa bem brasileira: responsabilizar a vítima pela violência que ela sofre.
Se a menina é estuprada, presume-se que algum motivo ela deu, algum precedente ela abriu; se outra pessoa é vitimada, diz-se que a pessoa estava na hora errada, no lugar errado, ou seja, morreu ou se feriu porque procurou e porque estava errada. O erro é da vítima, não do agressor. Algo muito brasileiro.
Ontem, quando eu estava conversando com as minhas amigas no trajeto para o Bar, estávamos nesse ponto, no assunto dos desequilíbrios e constatamos que ninguém escapa deles.
Não que sejamos todos psicopatas, sociopatas, mas entre nós quatro, que ali estávamos, uma tem medo de dormir sozinha, outra tem medo do escuro, uma terceira tem medo de candomblé e eu, poxa, eu já tive tantos medos e dentre tantos o mais persistente é o medo de viver demais. E, como sou assumidamente louca, sei que tenho ansiedades. Minha falta de paciência é, na verdade, uma certa ansiedade, uma pressa patológica pelas coisas claras, definidas, determinadas...
E falando nos desequilibrados, quando a gente se sentou num tranquilo bar da São Domingos, veio um cara até nós, perguntar que música do Tim Maia nós sugeriríamos a ele. Antes disso, logo que o grupo dele chegou eu sinalizei à minha turma: "Isto está ficando relinchante, vamos embora?". E Cléo perguntou o que era relinchante, sem associar ao animal, à onomatopéia dos cavalos...kkk!. Mas foi só este tempo entre a pergunta do sujeito que ia ao karokê e a companheira dele a gritar na mesa, que nos mostrou o grosso calibre do revólver que ele carregava sob a camisa.
Não fico em lugares em que o povo está visivelmente armado. Quem sai assim para se divertir, com certeza vai querer se divertir pipocando os miolos dos outros...aí, caimos fora de lá e ponto final.
Lembrei de Renato Russo:"Nos deram espelhos e vimos um mundo doente." E daí saimos, em legítima defesa, do lugar.
Nem por isso deixamos de nos divertir, mas sabíamos que se algo de ruim acontecesse, iriam apurar o que foi que nós fizemos para nos transformar em vítimas. E por aqui, a vítima é sempre a culpada.
E como hoje choveu para caramba e eu já estou farta de reclamar dos pingos derramados, da praia que se transformou num eterno e improvável porvir, da repetitividade dos dias chuvosos, resolvi derramar minha compulsão, ansiedade e impaciência praticando essa incontinência verbal que me é própria e reproduzindo a letra dos caras do Foster:

Robert's got a quick hand
He'll look around the room he won't tell you his plan
He's got a rolled cigarette
Hanging out his mouth he's a cowboy kid

Yeah he found a six shooter gun
In his dad's closet in a box of fun things
And i don't even know what
But he's coming for you, yeah he's coming for you

All the other kids with the pumped up kicks
You better run, better run, outrun my gun
All the other kids with the pumped up kicks
Better run, better run faster than my bullet

Daddy works a long day
He be coming home late, yeah he's coming home late
And he's bring me a surprise
Cause dinner's in the kitchen and it's packed in ice

I've waited for a long time
Yeah the slight of my hand is now a quick pull trigger
I reason with my cigarette
Then say your hair's on fire you must have lost your wits yeah

All the other kids with the pumped up kicks
You better run, better run, outrun my gun
All the other kids with the pumped up kicks
Better run, better run faster than my bullet

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O chamado do desejo


Olhem bem para a imagem: sim, é isso mesmo, os cafajestes estão em toda parte.
Tanto faz se você é linda ou um ser humano comum, filho de Deus. Se até o Obama...aliás, se até o Sarkozy, que é casado com uma deusa, está aí, de olho na carroceria traseira da outra moça...o que esperar dos demais?
Vi ontem, no Saia Justa, que a Teté Ribeiro lançou um livro sobre as Divas abandonadas.
Tem lá a Jakeline Kennedy, a Marilyn Monroe, a Maria Callas, a Sylvia Plath e um bando de mulheres acima do normal e fora da ordinariedade que, apesar do dinheiro, do poder, da fama, da beleza e de mil atributos, tomaram fantásticos foras.
Eu já falei que conscientemente sei que os desejos não cabem num relacionamento. Os desejos passam, os desejos mudam e outros desejos vem. Para homens e para mulheres, com a diferença que a mão pesada da cultura consegue deixar as mulheres com um superego vigilante e elas acreditam que não desejam mais ninguém além dos seus amados.
Hoje, quando fui entregar - FINALMENTE! HOSANA A DEUS E ALELUIA! - a metade de minha tese, excepcionalmente, esbarrei nuns heterossexuais, sendo uma parte deles conhecidos de meus amigos. Esse alvoroço de heterossexuais na ginecocracia era devido à proficiência do doutorado e do mestrado dos candidatos deste ano.
Meu amigo que lá estava agiu comigo como um cafajeste comum. Acho que é coisa da identidade coletiva (também eu, se estou com minhas amigas, falo mais porcarias do que um marujo de porto de quinta categoria).
Os demais cafajeste do bando se assanharam com as brincadeiras. Não foi nada de pornográfico, mas aquilo de fazer gracejos com decotes, de dar abraços maldosinhos, de dizer umas coisas ambíguas e elogiosas...
Depois de um tempo, ele lembrou que eu passo o maior sabão em amigo que esquece que, para mim, amigo é amigo mesmo, é algo perto de família e que eu me ofendo se aquele em que eu confio como amigo vem com conversas diferentes. Aí ele se tocou, mas aposto que deve ter dito gracinhas depois, quando eu saí.
Por conta dos gracejos, um daqueles raríssimos exemplares da tribo Papachana também se tocou que se ficasse de flertezinho descarado não iria a lugar algum comigo. Neste instante, o cafajeste vira cavalheiro: poxa, ele me arranjou uma cadeira, ele me ofereceu água, café, companhia...eu não gosto de desencorajar o cavalheirismo dos cafajestes, ainda mais este, que é fofinho. Bem, além de fofo é desafeto de Tatiana, que detesta ele... e como este não era meu amigo,tampouco era meu desafeto, aceitei o cavalheirismo, mesmo dispensando o café e a água (bastava a companhia). Acho bonitinho isso de se mostrar como o macho Alpha. KKK!Comigo funciona...ai a tarde acabou sendo divertida.
E como nem sempre as algemas do superego funcionam, na noite anterior eu tive sonhos maravilhosos com Thales, sonhos proibidos para menores de 60 anos...ah, que coisa!"E onde não queres nada, nada falta..." Sim, eu entendo o Obama. E o Sarkozy.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Cansaço, exaustão e cia.


Eu só não digo que estou cansada porque estou simplesmente exausta.
Na função de tamanduá, estou catando tanta formiga na tese que cheguei ao meu limite...
Poxa, trabalho de Sísifo mesmo. E ainda tem os ridículos que acham que tudo isso é vaidade: eu é que não quero escorregar por causa de detalhes.
Mas com tese ou sem tese a vida continua, os problemas também, claro, mas agora eu entendi exatamente o que é terapia ocupacional: estou tão ocupada que não dá tempo para sofrer, nem para lastimar, nem para pensar em problemas e até mesmo o que não é problema eu andei deixando para depois.
Pelo menos está chovendo e eu não estou perdendo nada além da minha curta paciência...
Nesta quinta-feira, se Deus quiser, finalmente vou poder colocar uma placa na minha casa onde estará escrito: FECHADO PARA BALANÇO. E vou sair para balançar em alguma festa, até o sol nascer.
"Oh, sim, eu estou tão cansada...!"

sábado, 5 de novembro de 2011

O prazer das descobertas


Eu vivo pedindo conselho às pessoas e bem sei que é uma das coisas que a gente só dá a quem pede. Porém, aconselho a todos: na hora de escolher um orientador – isso se você tiver escolha – procure alguém de quem você gosta.
Não se trata de afagos, de chamegos, de viver socado nas cozinhas alheias, porque, afinal, isso é feio para caramba, esse excesso de intimidade, mas estar com um orientador por quem temos afeto faz a obrigação virar prazer. Sei que as minhas amigas vão pensar mal sobre isso, até porque elas acham o meu orientador um gato. Eu não confundo as coisas: não passo a mão em meus alunos, não me abro para o meu professor.
Apesar do duelo marcado para o meio-dia de hoje, meu orientador ficou lá, “passando fome comigo”, para tratar dos últimos detalhes do meu texto e das burocracias do exame de Qualificação. E com ele eu aprendi e aprendo – algo que, sinceramente, não acontece há muito tempo numa sessão de orientação. Aprendi, por exemplo, a largar para lá essa conversa do parágrafo ser ou estar grande demais: não tem jeito, a duração do parágrafo é a duração do assunto. Aprendi que não é por um pronome, por um eu, por um nós, por uma primeira ou terceira pessoa que se impessoaliza um texto. Ele me mostrou que mesmo usando essas coisas impessoais o leitor percebe quando é que a gente se pronuncia no texto.
Então, não será por um “Podemos deduzir” ou por um “Pode-se deduzir” e muito menos por um “Eu posso deduzir” que o texto guardará a impessoalidade que cabe a um texto científico de teor dissertativo, mas a maneira como a gente, recorrendo às citações e teorias alheias, interfere, se mostra, opina, lança teses.
Meu orientador é phoda!
Eu pude dizer isso do meu orientador de mestrado e posso dizer, finalmente, agora, para outro orientador o quanto é bom trabalhar com quem se gosta.
A vida tem suas imposições e todos nós temos nossas conveniências. As minhas circulavam em torno de evitar contendas num lugar em que eu havia acabado de entrar; depois as minhas conveniências foram se solidificando porque passei num concurso lá onde estudo e, deste modo, nós sabemos que o concurso é público, mas eles não convocam quem não gostam, afinal eles, ao fazerem concursos, estão escolhendo os colegas de trabalho... Até que nada disso me segurou.
Eu diria que foi mesmo o triunfo do Eros, do princípio de prazer. Se bem que ultimamente, não no sentido estrito do erótico, mas no sentido plural do prazer, eu tenho ignorado as emergências e as necessidades, inconscientemente. De modo que o princípio de prazer tem vencido o princípio de realidade. Cito Jorge de Souza Araújo, em Dioniso e Cia. Na moqueca de dendê: desejo, revolução e prazer na obra de Jorge Amado:
"O erotismo desperta em nossa cultura motivos e inspirações recorrentes em qualquer dos ciclos históricos e sociais, justamente porque desempenha um papel provocador de fenômenos morais nas sociedades civilizadas. Mesmo nos momentos da mais extraordinária repressão, o ser erótico descreve pontos de contato, desequilíbrio, estranheza, amadurecimento, autoconsciência ou sobrevida de nosso estar/pensar o mundo. Para Freud, a história do homem é a historia de sua repressão. Civilizar-se significa reprimir-se, i.e., infelicitar-se. Ao comentar algumas dessas teses freudianas, num livro ainda hoje marco do pensamento ocidental, sobretudo por aproximar das retinas contemporâneas a filosofia, a políticas, e a psicanálise, Herbert Marcuse (Eros e civilização) assinala a contraposição entre o princípio de prazer e o princípio de realidade, pondo ambos em confronto mas reconhecendo e convidando-nos a identificar a equivalência dos seus termos. Marcuse nos certifica de que o princípio do prazer liberta a psique humana a partir de uma capacidade de domínio muito própria: a fantasia. Pelos mecanismos da fantasia libertamos nosso inconsciente do jugo repressor dom princípio da realidade.” (ARAÚJO,2003, p. 100)

Acho que isso tem outras ligações: é que meu namoro recente – não com João Paulo, outro namoro – era uma negócio insosso, insípido. Assumidamente, falo de sexo: se tem um troço que me tira do sério é quando as coisas vão bem, quando a pessoa é legal, quando a relação é boa, mas no plano sexual isso não ocorre.
Por isso dizemos que “amor de p***, quando bate fica”: competência sexual é ótimo, compatibilidade sexual, nem se fala. Mas, se a dois o sexo não funciona bem e a gente resolve as coisas só, significa que estamos sós e não sabemos...
Não há como tratar disso. Ora os caras pensam que estamos reivindicando sexo acrobático tipo Cirqu du soleil, ora eles dão ataques de conservadorismo. Percebo que estou sozinha quando o cara deita e espera... Ou quando o contato me parece um sacrifício... Por que pestes não ensinam aos homens que sexo é troca? As prostitutas trocam sexo por dinheiro; as mulheres trocam sexo por prazer; as interesseiras trocam sexo por favorecimentos diversos... Qual é a parte de “troca” que os homens não entendem?
Aí embaralha tudo: a companhia do sujeito é boa, está tudo muito bem, exceto numa parte fundamental. Então, ajustando essa conversa: devido às minhas faltas, ao fracasso de Eros no aspecto sexual, faço Eros triunfar nas áreas onde não há qualquer relação com sexo.
Sexo ruim não é sexo. Sexo insípido não é sexo.
Ah, saudades de fazer coisas erradas com a pessoa certa...e de fazer a coisa certa com a pessoa errada também, claro!
Depois os meus amigos não entendem que eu estou dizendo a verdade, que eu considero que desde X eras, desde quando o Mar Morto estava doente, desde umas três encarnações anteriores, quem anda me comendo é o tempo, como o tão repetido poema de Viviane Mosé explica:

Quem tem olhos pra ver o tempo?
Soprando sulcos na pele, soprando sulcos na pele...
Soprando sulcos?

O tempo andou riscando meu rosto
Com uma navalha fina.
Sem raiva nem rancor
O tempo riscou meu rosto com calma.

Eu parei de lutar contra o tempo. Ando exercendo instante.
Acho que ganhei presença.
Acho que a vida anda passando a mão em mim. Acho que a vida anda passando.
Acho que a vida anda. Em mim a vida anda. Acho que há vida em mim. A vida em mim anda passando. Acho que a vida anda passando a mão em mim
Por falar em sexo, quem anda me comendo
É o tempo.
Na verdade faz tempo, mas eu escondia
Porque ele me pegava à força, e por trás.
Um dia resolvi encará-lo de frente e disse: Tempo, se você tem que me comer
Que seja com o meu consentimento. E me olhando nos olhos.
Acho que ganhei o tempo.
De lá pra cá ele tem sido bom comigo.
Dizem que ando até remoçando

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Para Ignacio (Nacho)


Soy loco por ti, América
Yo voy traer
Una mujer playera
Que su nombre sea Marte
Que su nombre sea Marte
Soy loco por ti de amores
Tenga como colores
La espuma blanca
De Latinoamérica
Y el cielo como bandera
Y el cielo como bandera

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
Sorriso de quase nuvem
Os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas
O corpo cheio de estrelas
Como se chama a amante
Desse país sem nome
Esse tango, esse rancho

Esse povo, dizei-me, arde
O fogo de conhecê-la
O fogo de conhecê-la

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto
Ya no se puede decirlo
Quién sabe?
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto
Antes que a definitiva noite
Se espalhe em Latinoamérica
El nombre del hombre és pueblo
El nombre del hombre és pueblo

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
Espero a manhã que cante
El nombre del hombre muerto
Não sejam palavras tristes
Soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe
Com palmeiras
Com trincheiras
Canções de guerra
Quem sabe canções do mar
Ai
Hasta te comover
Ai, hasta te comover

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
Estou aqui de passagem
Sei que adiante
Um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
de susto, de bala ou vício
Num precipício de luzes
Entre saudades, soluços
Eu vou morrer de bruços
Nos braços, nos olhos
Nos braços de uma mulher
Nos braços de uma mulher

Mais apaixonado ainda
Dentro dos braços
Da camponesa, guerrilheira
Manequim, ai de mim
Nos braços de quem me queira
Nos braços de quem me queira

Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores

(Soy loco por ti, América -Composição: Caetano Veloso/Gilberto Gil)

Para o raio que a parta...


E se não fosse por uma coisa, seria por outra: o tempo fechou, está chovendo e além de me atolar na tese, se eu fosse à praia me atolaria na lama.
Ficamos quase todos quietinhos em casa no feriado, remanejando a viagem para este final de semana... falta o clima concordar conosco.
Não fui ao Refinados, na Groove. De novo, os meus chegados foram fazer um programa mórbido, de dia, no dia 02: nem têm parentes mortos mas levantaram vôo até o cemitério só para ver gente.
As meninas, como sempre, paqueram; e os caras me vieram com a conversa de que na porta do cemitério vende até whisky - e tomaram mil cowboys a tarde inteira,a pretexto de pensar a finitude.
Daqui a pouco armam uma rave na frente do cemitério São Jorge. Aí ninguém mais vai precisar ler o livro de João José Reis, A morte é uma festa...
Mas, morta estou eu: de cansaço.
E falando em João e em cansaço,o João Paulo,meu fofinho paulistano, está irado, morrendo de raiva de mim... e para arrancar dele o motivo...ih, foi um protocolo.
O motivo é que minha amiga sexólatra andou dizendo que eu estava offline no MSN porque eu estava dando um gelo nele; que ele era burro de não perceber o meu desinteresse...talvez ela tenha falado de C., que é de C. que eu gosto - ah, meu pretérito-mais-que-imperfeito
Entendam: Minha amiga é sexólatra.O sexólatra é um mega-viciado em sexo.
Para um sexólatra não há barreiras éticas, nem limites morais. Assim, o sexo é o único objetivo do sexólatra e tem que ser muito sexo, com muita gente, várias vezes.
No caso, minha amiga fez de João Paulo um alvo. Como o alvo não foi atingido, agora as armas são de outro tipo.
Foi assim quando eu namorava Léo. Foi assim com Thales e é assim com qualquer pessoa que chegue perto de mim, porque ela quer para si.
Acontece que os caras não correspondem. E acontece que nem sempre me ofendo com as tentativas dela - Ora, dane-se!compulsão é uma coisa patológica.
E por mim, que ela vá para o raio que a parta!
Eu não gosto de ninguém como deveria gostar. Ou gosto insuficientemente, mas respeito minha companhia. E se eu não quisesse mais contato, procuraria os meios mais claros de dizer isso.
Acho que me deu um troço e eu ouvi a sábia voz:"Guarda-te bem do amor. Teme esta felicidade!"... e por não ser escolha, estou a salvo!
Na mais óbvia acepção, tenho interesse por quem me interessa e quem me interessa são homens interessantes. Disso não deve restar dúvida.