Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Máscaras


Depus a máscara e vi-me no espelho...
Era a criança de há quantos anos...
Não tinha mudado nada...

É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado fica,
A criança.

Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor.
Assim sou a máscara.

E volto à normalidade como a um terminus de linha.


Quando a gente tem contato com poetas de verdade - e tamanhamente de verdade que precisam se travestir em heterônimos, multiplicar máscaras criativas e verdades imaginativas - é que sabe exatamente da própria pequenez na escrita.
Hoje Cléo me perguntou aonde estão os meus livros. Digo que não estão nas livrarias, mas nas mãos do editor, que mora no Rio Vermelho, em Salvador. E lá ficarão indefinidamente.
Escritor é Fernando Pessoa, é seu Álvaro de Campos, é qualquer máscara de quem sabe se ficcionalizar. Escritores são os que já são e uns poucos outros fora do cânone, que não usam o ego como caneta.
Acho que conheci poetas demais e por isso não acredito neles. Acredito, sim, no Pessoa, na pessoa.
Quem escreve quer ser lido, desde que publique.
Não é fácil se submeter ao crivo crítico de especialista e especuladores: vai que alguém faz comigo o que faço com a obra dos outros? então, que fiquem na gaveta os livros.
Disse Cléo que odeia o nome Maria. Eu confirmei: meu livro se chama Todas as mulheres se chamam Maria. E o outro se chama Histórias Católicas. Está na cara o esteio moral católico, uma base de estudo e questões de gêneros, porque me é própria e um fundo psicológico de tensão sexual, especialmente nos contos do último livro.
Escrevo diários e eles nunca serão publicados - e isso tanto me preocupa que várias vezes cogitei queimá-los, mas recuei ao constatar que estaria queimando a minha história.
Quando escolho um trecho literário de qualquer gênero para colocar aqui no blog, faço por identidade, por gostar, por me encontrar no escrito, nas letras de outrem...
Quem não tem esses arroubos de pensar que "isso foi escrito para mim"? ou mesmo se apropriar de um poema que tenha paridade com um sentimento, com uma situação?há uma pertença móvel na literatura: o dono não é o autor. O autor é somente quem cria. Dono é quem se apropria - e acho isso encantador.
O poema de Pessoa é de todos que gostem de poemas de Fernando Pessoa.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Moda masculina


Olha que jeans interessante!
P.S.: Este é outro Rafael (Rafael Cardoso), não menos gostoso profissional que o Rafael Infante.

Colírio especialmente oferecido à minha amiga Dé, cristã convicta que, como eu, adora homens de jeans.

Portal das indecisões

"Oh, sim, eu estou tão cansada!",diria eu, em consonância com Gal Costa e com o Zeca Baleiro, em Vapor Barato. Poxa, viajar me deixa um caco, quebradíssima! este é o resultado de estudar numa universidade burocrática que faz um estardalhaço por qualquer assinatura inútil em papéis descartáveis que existem apenas para dar a impressão de seriedade aos processos de vida, morte e continuidade na instituição acadêmica. Voltei quebradíssima! Estou enrolando com uma decisão que preciso tomar. Para tudo na vida é isso: a gente sabe exatamente o que fazer, o que dizer,para que lado correr...Entretanto,não somos seres objetivos como máquinas, graças a Deus! e isso também gera o nosso inferno particular. Quem não fica louco quando põe na balança os desejos, as emergências e as necessidades? E em meu caso, preciso, mas não quero; não desejo mas tenho urgência...O que fazer? Tenho amigos mais confusos do que eu. Isso até me surpreende neles: se eu tiver uma necessidade fútil, até difícil de realizar, de sanar, talvez eu encontre ajuda imediata. Quando as coisas são realmente sérias, não encontro uma mão amiga que me guie - eles são meio perdidos em alguns aspectos. Amo os meus amigos e na verdade passo para eles a responsabilidade de me ajudar a decidir certas coisas. Nem todo mundo aguenta! mas a vida é minha, a decisão é minha e as consequências boas ou ruins vão recair sobre mim. Quisera eu poder fazer sorteio!

coisas de fã

Como este blog é de pura besteira e não tem a pretensão de ser poético, político ou exemplar, vou aqui contar uma coisa bem singular que aconteceu comigo: desde que eu vi o Rafael Infante nos episódios de Adorável Psicose, acho que me apaixonei. Não é daquelas paixões por gente da vida real, claro, mas nunca antes eu tive paixão por artistas. Gosto do Caetano Veloso, amo os Beatles e dou os ossos da minha alma por meia dúzia de artistas no sentido geral da palavra. Mas o Rafael eu acho lindo. Lindo do tipo que se eu encontrasse por aí, perderia a cabeça, iria querer levar para casa. Opa! "Carcará, pega, mata e come!" Quando eu disse o quanto achava o Rafael lindo, o ser humano amado, idolatrado e adorado que eu namoro, falou: "Ele parece o Tom Cruiser!". Ora, sei lá! Acho que parece o Kaká do Milan (se é que ainda é este o clube dele), parece meu ex, Dexter, parece Eric, talvez...Mas, sim, ele parece alguém que eu já peguei conheci na vida real. Eis o vizinho que eu queria ter! Na série Adorável psicose ele é "O cara novo", par romântico da Nathália, sortuda!!!

sábado, 22 de setembro de 2012

Uma aprendizagem...

"Lorely é o nome de um personagem lendário do folclore alemão, cantado num belo poema por Heine. A lenda diz que Lorely seduzia os pescadores com seus cânticos e eles terminavam morrendo no fundo do mar, já não lembro mais detalhes. Não, não me olhe com esses olhos culpados. Em primeiro lugar, quem seduz você sou eu. Sei, sei que você se enfeita para mim, mas isso já é porque seduzo você. E não sou um pescador, sou um homem que um dia vai perceber que sabe menos do que parece, apesar de ter vivido muito e estudado muito. Agora você está de novo com os olhos normais (!), podemos ir ver os pescadores, se bem que eu tivesse planejado nesse calor jantar com você na Floresta da Tijuca. Mas as duas coisas seriam demais para a tua capacidade. Lóri, você está se acordando pela curiosidade, aquela que empurra pelos caminhos da vida real. Mas não tenha medo da desarticulação que virá. Essa desarticulação é necessária para que se veja aquilo que, se fosse e harmonioso, não seria visto, seria tomado como óbvio. Na desarticulação haverá um choque entre você e a realidade, é preferível estar preparada para isso, Lóri, a verdade é que estou contando para você parte do caminho já percorrido. Nos piores momentos, lembre-se: quem é capaz de sofrer intensamente, também pode ser capaz de intensa alegria." (LISPECTOR, Clarice. Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, p. 97)

Ocasos e acasos

A vida não anda nada boa ultimamente. Aliás, a vida nem anda para mim: apenas descreve círculos. E para complicar ainda mais, deu um revertério no meu computador e eu perdi três páginas das minhas considerações finais. Não falo de outra coisa: Considerações finais. Tem coisa pior? as considerações finais são as conclusões "daquilo tudo que eu lhe disse antes", como diria o Raul Seixas. Bom , se eu já disse, por que repetir? mas meu orientador quer seis páginas! custe o que custar. O caso é que já escrevi umas quinze: uma pior que a outra. A fonte secou! não é que eu esgotei o assunto, não, pelo contrário! é que se pego o que eu disse, acrescento algo, crio uma nova discussão. Deste modo, o final nunca chega ao fim, por mais tautológico que isso possa parecer ( e é!). Nem as coincidências andam me ajudando. E devo dizer: se falo a toda hora que competência e inteligência, sem a devida oportunidade de ser aproveitada, não levam a coisa alguma, outra coisa em que acredito cegamente é na sorte e no acaso. Sorte é um negócio que se você tem, se está ao seu lado, abre todos os caminhos. E o acaso é tudo no andamento da vida. O acaso não esteve ao meu lado: no fim de semana passado, em que eu estava dando aulas na linda cidade turística entre as águas mais lindas desta Bahia, o ex-Grande Amor da Minha Vida também estava lá. Na sexta à noite eu estava literalmente no meio da rua tomando chá após a aula, com duas chegadas, enquanto vez por outra passavam carros e motos desconhecidas cujos motoristas olhavam para a gente admirando o fato de a mesa estar no meio da rua. E no meio da rua só estávamos nós mesmo, em animada conversa, apesar do cansaço. Ele estava há metros de mim e a gente não se viu. Ele foi até o atracadouro justo quando eu me hospedei ali em frente e ainda olhei o porto da janela do hotel. Ele que gosta tanto de olhar a lua, que adora os ocasos (eu ignorava o por-do-sol há um tempo). A gente passou a sexta e o sábado bem próximos, saindo, chegando, passando, ele na cachoeira e eu na ponte; ele na praia e eu no porto, eu na igreja e ele na praça...Mas o acaso não favoreceu nada!e se favorece, ia ser conversa para mais de dois dias. Só demos pela falta das ações do acaso quando cada um já estava de volta às suas casas, sendo a dele em outro Estado. Acho que de tanto estudar literatura eu fico, às vezes, esperando as aventuras, reviravoltas e ação no cerne da diegese da minha vida. Ah, tá tudo tão parado!e eu nunca mais tive boas narrativas para contar, as da vida real, claro. Fora que o que eu queria dizer eu não vou poder dizer porque minha amiga vai descobrir que eu andei acionando meu repertório de desculpas esfarrapadas para não fazer determinada coisa. Pior: duas amigas e duas desculpas esfarrapadas,rotas, esdrúxulas, porque para evitar expor umas verdades, tive que recorrer a umas meias-mentiras. E o caso seria de dizer: "Bah!!!não estou a fim e não acredito no espetáculo!". Vish, falei demais! Câmbio. Desligo!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Futebol: um esporte perigoso!


Ah, os animais!


Olha, a natureza é sábia. E graças a Deus, não é perfeita.
Se um dia me perguntassem se eu queria ser perfeita ou ser sábia, eu preferiria a última opção. Aliás, odeio gente perfeita e coisas perfeitas: parecem de plástico!
Não suporto pensar nas várias formas que o ser humano inventou de explorar, oprimir e maltratar os animais, mesmo que seja coisa para turista ver, tipo esta imagem aí em que uns tipos são transportados por elefantes.
Ainda bem que não conseguiram oprimir o sexo dos elefantes e dái que quem registrou a foto tomou na brincadeira e no riso o acontecido. É isso mesmo: a humanidade é a maior empata phoda que existe no planeta! que espécie mais mal amada, hein?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Com a bola toda!


(Estou ocupada, mas não poderia deixar de postar algo sobre o esporte, não é?)

Nada a ver (II)


Poxa, continuo cheia de coisas para fazer enquanto mil outras me aparecem e outros pequenos fantasmas já descartados reaparecem e acenam para mim. Como é que pode?
Não fiz um terço do que eu teria que fazer hoje. Acho que aproveito esta oportunidade para me desculpar com as amigas que ficaram esperando o meu telefonema.
Está tudo louco, por agora. E pior: ainda vivo a angústia de ter que tomar uma decisão em meio a um turbilhão de coisas.
Com o retorno das aulas nas Universidades federais, lá vou eu de novo, na velha e já esquecida rotina para Salvador. Ora, que universidade mais burocrática!
Tenho que rever o projeto de mestrado do meu amigo de longe - página por página, pois daqui a pouco será a prova escrita dele na USP. E a dos meu primo aqui na UEFS, que precisa vir ensaiar a escrita... E a minha escrita da tese, em eternas formigas mal catadas... e documentos a providenciar, infinitas xérox, maluquices de cartório e outras chateações carimbadas e reconhecidas.
Por isso nem dá tempo para escolher imagens para a postagem, pois sequer tenho tempo para a postagem. Então, vai o que está no arquivo das coisas que acho engraçadas e guardo no computador, tipo estes banheiros tematicamente modernos.
Ah, para não dizer que não deu para fazer nada, decidi que livro agora só após a defesa da tese, mas adiantei ao editor tudo que eu já havia escrito do que eu optei por chamar de Histórias Católicas - este, pelo menos, traz contos urbanos e é bem diferente de Todas as mulheres se chamam Maria (tudo devidamente engavetado e já com copyright para evitar os sempre monstruosos plagiadores sem vergonha). Quanto a isso eu não tenho pressa, a menor pressa.
Bom, vai aí a imagem nada a ver, em segunda versão.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Nada a ver


Ah, tanta coisa para dizer e nenhum tempo disponível para isso: meu primo me subornou com trufas para que eu o ajudasse com o projeto de mestrado e eu me mantive ocupada até esta manhã; meus trabalhos a corrigir estão pela metade e amanhã eu tenho que ir dar aula e apresentar os resultados; o aniversário da amiga é neste sábado e eu não sei que tempo arranjar para comprar o presente; há gente na minha sala, me esperando para conversa; há formulários de pré-matrícula a ajeitar antes que meu orientador viaje; tenho que arrumar a mala e tenho que fazer as unhas e o meu tempo,sempre o meu tempo, é o mais curto e absurdo de todos.
E como não tive tempo para arranjar uma imagem adequada ao post, vai esta aqui, que eu guardei porque além de batida e clichê, é engraça e besta...Nada a ver com nada!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Eu, hein?! (XIII)



Ah, vá! duvido que a voz do povo seja a voz de Deus!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Na pista certa



No sábado eu saí à noite, fui ver o show da banda 80 na Pista, no Antiquário Pub. Dancei, me diverti, protelei para um tempo longínquo qualquer as obrigações, mas já dei conta de algumas nesta manhã de segunda-feira.
Não é que eu não veja este defeito em mim mesma, pelo contrário: preferia não ver nos outros porque julgo que todo mundo e qualquer um é mais equilibrado que eu. Então, com certa tristeza constatei o quanto as pessoas, das quais as amigas mais chegadas,camuflam a realidade, mergulham em "realidades" paralelas, inventadas, imaginativas, para seguir em frente.
A vida nua e crua, sem maquiagem, sem placebos, sem seus falsos remédios, é muito dura de encarar. Tomar decisões é muito difícil. Talvez isso tenha a ver com a reação que as pessoas têm diante de um objeto quebrado pelo qual se tem estima: a gente quer consertar, a gente quer colar, mesmo que saiba que não vai funcionar mais.
Mas, então, não estou imune a isso. Ou não citaria a distanásia por aqui - só a eutanásia mesma, que inclusive eu defendo para mim: tomara que se eu estiver definhando, um dia, um amigo legal desligue meus aparelhos, me pipoque logo para o além.
Aliás, minha gente, se é uma coisa que eu não tenho é insistência de existir. Na hora que Jota Cristo decidir que vou morrer, vou aceitar. Negócio doido esse de querer viver de qualquer jeito...
Está certo que eu não vou me matar, que não quero morrer logo, mas não quero demorar na Terra nem viver definhando, dependente de outras pessoas nem de aparelhos. Já dei este aviso antes: sou doadora de órgãos. Nem esperem muito e podem destroçar minha carcaça, levar tudo que sirva para a vida de alguém mais insistente em viver ou que precise de meus órgãos para ter uma vida melhor, para respirar, ver, enfim, só não acho que meu coração valha grande coisa porque ao longo da minha vida ele foi muito maltratado.
Fisicamente está tudo bem, novinho, direitinho, mas subjetivamente, coitado, já sofreu, já apanhou mais do que bate agora... Eu queria ter dado esse coração a C., uma vez, porque acho que ele não tem nenhum. Poxa, a gente poderia fazer transplante cardíaco num monte de gente sem coração... quem sabe o mundo mudava, não é?
Mas este embrólio todo é para dizer que recebi uma proposta de trabalho de um grande amigo de longe, para logo mais e devo topar.
Quando eu fechar a porta da minha casa, metade de mim vai ficar aqui e a vida nunca mais será a mesma. É o caso das decisões e dos objetos quebrados: depois que a gente decide pelo inevitável, depois que a gente vê, constata e concorda que há uma decisão certa a ser tomada, que é preciso largar a mão do porto e deixar a água levar o barco,ah, a gente morre um pouco.
E é isso.
Coisas irreversíveis dão nisso.
Não é que eu vá e não volte. Eu voltarei, claro. Mas o que eu deixar aqui não será o mesmo se eu voltar, quando eu voltar...Nem eu serei a mesma...nem sei se vou mesmo voltar como eu penso. Volto por amor à casa. Coisa difícil de alguém entender o que é um amor por uma casa, uma casa que não tem nada, uma casa que ninguém entende porque não reformo, mas que eu gosto assim. Chuck gosta assim e entende que tocar na estrutura é desarticular a memória desta casa que amo e que tem minha história na parede, nas árvores,na terra, nos bichos, nos insetos todos das plantinhas...
Há momentos em que a gente não imagina a vida da gente sem uma determinada pessoa...Não dá mesmo! dor e luto.
Não sei se passo uma chuva num outro Estado ou se assumo que a vida profissional nestas terras nordestinas é deveras ingrata e incerta. Creio que se eu mudar de casa muita coisa mudará em mim, de maneira irreversível. Irreversível me lembra o eterno e como o eterno dura demais e para sempre, me amedronta. Mas, quem sabe?

Ate que faz sentido!



Dizem que este é um texto recebido e comentado pelo Max Gehringer, que eu não conheço. Contudo, adorei o conteúdo.

Lá vai: "Prezado Max, meu nome é Sérgio, tenho 61 anos e pertenço a uma geração azarada: Quando era jovem as pessoas diziam para escutar os mais velhos, que eram mais sábios. Agora dizem que tenho que escutar os jovens, porque são mais inteligentes.
Na semana passada li numa revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. E eu aprendi muita coisa... Aprendi, por exemplo, que se eu tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, durante os últimos 40 anos, eu teria economizado R$ 30.000,00. Se eu tivesse deixado de comer uma pizza por mês, teria economizado R$ 12.000,00 e assim por diante. Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas, então descobri, para minha surpresa, que hoje eu poderia estar milionário.
Bastava não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei e, principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis.
Ao concluir os cálculos, percebi que hoje eu poderia ter quase R$ 500.000,00 na conta bancária.
É claro que eu não tenho este dinheiro. Mas, se tivesse, sabe o que este dinheiro me permitiria fazer?
Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos à vontade. Por isso acho que me sinto absolutamente feliz em ser pobre.
Gastei meu dinheiro com prazer e por prazer, porque hoje, aos 61 anos, não tenho mais o mesmo pique de jovem, nem a mesma saúde. Portanto, viajar, comer pizzas e cafés, não faz bem na minha idade e roupas, hoje, não vão melhorar muito o meu visual!
Recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que eu fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro em suas contas bancárias, mas sem ter vivido a vida".
"Não eduque o seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz.
Assim, ele saberá o valor das coisas, não o seu preço."

sábado, 8 de setembro de 2012

Clichê



Todo término é luto, é perda, é um morto que se vai e que talvez sobreviva apenas na memória boa ou má do legado deixado em nossa vida. Mas continuo aqui, com medo das coisas eternas, do que jamais acabará, do infindável... Se terminar relacionamento é muito difícil, mais difícil é considerar as coisas na base do “até que a morte os separe”.
Não sou corajosa para pensar em coisas eternas, como filhos, por exemplo. Desta ideia que nunca me atraiu não pude me abster porque sempre aparecem as cobranças e as propostas. E eu, que mal sei administrar minha existência, não quero ser responsável pela existência de outrem.
Não sei quem sofre mais: quem espera pelo messias que jamais virá ou quem se conforma com um suposto destino e covardemente se acomoda ao presente. Sei que o eterno me assusta. Tudo tem que passar: tudo de bom e tudo de ruim. Felizes seríamos nós se pudéssemos deliberadamente prolongar o que é bom e extinguir logo e imediatamente as coisas ruins, as angústias, as tristezas...
Distanásias eu já cometi tantas: arrastei comigo um relacionamento já morto, temendo o dia seguinte em que já não haveria rastros dele em minha vida. E aí, como conviver com a falta? Adiei, posterguei, deixei para depois. O problema é que o depois sempre é tarde demais, é aquele momento em que já não há como criar desculpas que nos prenda àquilo que já sabemos que não queremos. Na metáfora, guardamos roupas que sabemos que não iremos usar. Não dá para se desfazer, apesar de percebermos a inutilidade do ato.
Por causa da minha amiga, em constatações coerentes, acreditei que eu coloquei o pé numa coisa eterna. Disse ela: “Vocês nunca vão se separar!”. Coisa boa de se ouvir quando não se tem problema. Mas quem disse que eu quero o problema para o resto da minha vida? O resto da minha vida pode ser só um restinho insignificante ou mais alguns consideráveis anos. Tanto faz! Não quero me amarrar a um problema nem por um mês nem por um século.
Se penso no presente como sendo eterno, não tenho ânimo para procurar melhoras. Por que devo aceitar menos do que mereço? Por que não acreditar que nada está determinado, que tudo pode mudar?
Não quero dizer que sou adepta das coisas fugazes, superficiais e passageiras tão típicas do nosso tempo. As coisas podem ser intensas e duradouras. O eterno é que é problemático, talvez porque me pareça enfadonho, imutável, parado, chato, como algo contra o qual eu não possa lutar, não possa fazer nada.
A minha vida me pertence. Não posso me comportar passivamente frente a tudo: tenho escolhas e minhas escolhas e circunstâncias me fazem ser quem eu sou. E sou indecisa sim. Mas, na verdade, nem é indecisão: sei o que é melhor para mim e o que eu preciso fazer. Muitas vezes opto por não fazer, seja por medo de arrependimento, seja por medo da dor, mas a decisão está aqui dentro, aguardando a hora certa de se concretizar nas apostas incertas.
Volto a Sônia Coutinho: “Liberdade, tesouro duvidoso”. E volto a um velho comentário: trocamos liberdade por segurança. A vida me parece mesmo um campo de negociações: a gente barganha, comete blefes, propõe vantagens, avalia perdas e segue em frente, sabendo que pode perder...
E por falar nesse meu assunto clichê, lembrei do "Cliché do Cliché", que é do Vinícius Cantuária, mas o Gilberto Gil canta poderosamente. Ah, e por falar em Gil, somente hoje, assistindo ao documentário "Uma noite em 67", é que eu soube que ele namorou a Nanna Caymmi. Poxa, que parceria!!!

Não vou jogar
Meu destino contra o seu
Num filme piegas sem sal
Não vou chorar
Nem fingir que o amor morreu
Chega de drama banal
Que seja a dor
Nosso amor, nossos ardis
Teatro nô japonês
Onde o ator
É ao mesmo tempo atriz
Vestes da mesma nudez
Eu, Belmondo
Como um Pierrot, le fou
Só no cinema francês
Você, Bardot
Belo anúncio de shampoo
Só fica bem nas TVs
Melhor viver
Nosso papel bem normal
Que a vida nos reservou
Interpretar
Nosso bem e nosso mal
Sem texto e sem diretor
Chega de representar
O que nós não queremos ser
Não vamos nos transformar
Num casal clichê do clichê

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Eu, hein? (XII)


Para quem ainda não entendeu direito o que é uma pessoa com fogo no...espírito!

"Procuramos Independência"



Neste sete de Setembro, nosso Independence Day, nada de novo debaixo do sol...nem mesmo o sol, que apareceu pouco e timidamente.
Tati me ligou hoje e me fez pensar no futuro como há muito eu não pensava. Disse-me a minha amiga: "Já pensou para onde você vai?". Não, não era para onde eu vou neste feriado, mas para onde eu irei logo que colocar as mãos no diploma de doutora.
Insistente, ela perguntou se eu não me toquei que na Bahia eu só terei duas opções, sendo uma pior que a outra. Pois é, não pensei. Mas assim será.
Ela disse de si mesma: "Eu só serei doutora em 2016. Estou com medo!" e tem que estar, num país ruim de editais e de bancas qualificadas para avaliar.
Ouvi um blablablá no café do shopping, uma certa vez, em que os candidatos a professores da UNEB presumiam que a defesa de memorial é deveras subjetiva e significa que a banca gostou ou não da sua vida. Pensam eles que defesa de memorial é um momento de expor a vida profissional e acadêmica e que o outro precisa simpatizar com ela.
Não, gente: memorial expõe a coerência de sua formação com as escolhas de cursos, eventos e etc., além de expor sua trajetória acadêmica. Se o currículo enumera o que você fez, onde e quando, o memorial mostra o que você reteve daquele curso e justifica suas escolhas.
Bom, mas o caso é que cada banca recebe um roteiro com os pontos que serão avaliados, os critérios...mas ninguém usa.Valem as amizades, conluios, simpatias, interesses sexuais e a aptidão real fica em último plano.
Meu amigo Ósman está numa seleção de mestrado e se irrita ao considerar que para ser aprovado não depende apenas da inteligência e competência, mas de angariar simpatias da banca. Concordar eu não concordo, mas estas são as regras do jogo.
Parece show de calouros, concurso de Miss simpatia.
Digo ironicamente que "inteligência e competência sem a devida oportunidade não serve para nada". Não é mentira: se a pessoa é inteligente mas não tem uma chance, já era.
Os medíocres que puxam o saco certo e tem os contatos mais influentes ocupam os melhores espaços profissionais. No meu caso particular, que tenho formação híbrida, de Letras e História, dependo de haver editais flexíveis e universidades multidisciplinares. Elas só existem nos discursos e nos papéis, pelo menos aqui na Bahia.
Tati já migrou para Belo Horizonte. Eu já descrevi uma diáspora louca pelo interior da Bahia e por Sergipe... é o preço da independência.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Bem no Fundo da Política



Achei esta imagem da Mulher Pera, elucidativa: na campanha política, cada um joga com as armas que tem e explora seu lado mais forte. O dela é a bunda. E o que é que tem? tem tanto bundão na política mesmo...e tem tanta gente se imbuindo de discurso sério e elaborado e que, uma vez eleito,vai ter um comportamento obsceno...
Interessante também é observar que as mulheres frutas já estão meio fora da estação, para muitos até já apodreceram, sei lá do assunto - e para ser franca, da Mulher Melancia eu já tinha conhecimento, mas a Pera foi a primeira vez na vida que vi e ouvi falar... - mas lembro muito bem que já me chamaram de Mulher caquí, porque a fruta só dá uma vez por ano (poxa, como eu era pudica!).
E voltando à política, como sempre, a gente conhece uns tipos engraçados, com slogans tipo "Ruim por ruim, vote em Toicim" (quem deduziu que Toicim é apelido do candidato que certamente é um Toucinho mal pronunciado, acertou em cheio), com um naipe risível e com a ambição de ganhar futuros 15 mil reais no município sem efetivamente trabalhar.
Mas vamos ao círculo das coincidências: o feriado da Independência do Brasil é comemorado em 07 de setembro, isto é, nesta sexta-feira. O Dia Mundial do sexo é comemorado em 06 de setembro. Novamente a parceria entre sexo e evento político. Por mim, os dois dias seriam feriados, sendo o primeiro (dia 06/09 - olha só a data: 69 dá trocadilho claro) mais bem comemorado que o segundo.
Mas estarei aqui em casa, porque também pelas leis das coincidências, meu primo e mais dois amigos inventaram de construir seus projetos de pesquisa de mestrado e doutorado justamente agora. E eu intermedeio as coisas, tendo que ler, interferir e sugerir, porque os editais já abriram e o tempo é curto. Acabei um agora, por sinal. E minhas considerações finais continuam andando em círculos, por causa de três malditos parágrafos em que eu não consigo dizer o que quero dizer de uma outra forma.
Saí com as meninas no domingo - eu, num humor do cão, virada nas setecentas porque misturo tristeza e ódio e depois rezo para chegar em casa e chorar em paz, para que reste somente o ódio. E sempre dá certo - mas me diverti, sim.
Durmo mal se estou mal. Graças a Deus, dormi bem de ontem para hoje - sinal de que as coisas melhoraram.
Na noite de domingo a gente foi ao Teatro Jorge Amado, assistir a 7 conto. ´7 conto, sem formação plural, porque parafraseia a expressão baiana que é gíria para dinheiro. Antes houve a moeda conto-de-réis. Incorporou-se o "conto" no popular. Luís Miranda se aproveitou da carga semântica ambivalente do conto dinheiro e do conto narrativo para dar nome ao espetáculo estrelado por ele. Nesta noite, aprendi com uma personagem que ar comprimido é oxigênio em drágea...
E de resto, como na política, tudo é negociação.
Se saio para me divertir, sei que terei que fazer concessões e as faço.
Se na guerra o estado de exceção é declarado e é necessário ter estratégias, nas relações - a dois, a três, a quatro, a mil - não vale a pena fazer cavalo de batalha por coisa pequena. Então negocio, ignoro,suporto.
Claro que não é fácil aturar dormir de ar condiconado ligado, na noite fria, num quarto de hotel dividido por quatro, porque uma das amigas é calourenta. Minha rinite me incomodou e eu procurei um agasalho para me proteger.
Ter intenções de se alegrar e viajar ouvindo a marcha fúnebre ou um CD inteiro de um mesmo artista também não é lá agradável, mas a autoridade sobre o repertório do caminho é toda de quem é proprietária do carro. Não vou brigar por isso. Mas se não há concessões, há briga. E quero mais é sobreviver.
E para a sobrevivência política, nada melhor do que alianças: farei uma hoje à noite, no jantar com um candidato que eu jamais quis em meu partido...porém, ante a situação, preciso de estratégias que me garantam um melhor resultado. Não, isso não tem a ver com ganhos, dinheiro e coisas correlatas: tem a ver com estratégia de sobrevivência.
No campo amoroso também é assim: parcerias, alianças e algumas falcatruas. Como Dr. House declarou, "O sucesso de um casamento depende da mentira". E como minha sinceridade não trouxe bons frutos, vou mudar de estratégia com o meu eleito.

sábado, 1 de setembro de 2012

"Está difícil ser eu"



Como disse Djavan (e Gal Costa) em Nuvem negra, "Está difícil ser eu/sem reclamar de tudo".
Há a nuvem negra deste dia nublado e chato e a outra nuvem negra, já resto de tempestade dentro de mim. E depois da tempestade sempre vem...o prejuízo!
Eu, que sou até certo ponto decidida - usei aqui a expressão "certo ponto" porque há coisas e situações em que eu não hesito em escolher. É isto ou aquilo. É "vou" ou "Não vou!", e até para decidir se vale a pena um affair com um homem, não sou de vacilar: digo sim ou digo não - estou aqui hesitando se acompanho minhas amigas numa viagem curta amanhã.
Como a felicidade obrigatória de cada dia não me pegou e eu estou entristecida, penso que melhor é encarar a fossa do momento porque levarei minha tristeza para onde quer que eu vá.
Não sou dada à Rivrotrilização da vida (Ah, é repetido, mas ainda vale: "Ri melhor quem Rivrotril", dizem os dependentes).
Por outro lado, penso que ao levar minha tristeza para passear, mudo o cenário e as possibilidades. Mas não soube decidir nada entre ir ou ficar.
Tenho coisas para ler e coisas para corrigir, tenho os problemas antecipados para imprimir minha tese, um bando de cópias de mais de duzentas páginas. Logo, tenho o que fazer.
Minha amiga me espremeu, questionando que motivos eu tenho para estar entristecida. Aí vem o negócio que eu mesma já argumentei por ter comentado exatamente isso sobre um amigo entristecido: Não precisa motivo claro para a gente ficar triste, jururu, borocoxô, de baixo-astral, na fossa, de bode ou expressões congêneres.
Estou com um baita problema, sim. O que torna meu problema maior é que ele é um problema meu - não via aqui nenhuma estupidez ou deseducação: o problema é meu porque está em mim, só eu posso resolver e é uma coisa que eu não resolvo porque me falta coragem.
Daí que eu hesito, apesar de saber o que fazer, o que preciso, o que é melhor e o que é o certo. Ter a solução na mão não significa ter capacidade real de resolver.
Como é que se mata o monstro que nos constitui sem matar, junto, a nós mesmos? Ponho na mesma balança dos vícios: se é vício significa o consumo/uso/prática excessivo, compulsivo e além da conta, cujo resultado é maléfico, prejudicial, deletério. Mas saber que algo é ruim para nós não presume nossa capacidade de nos desvencilharmos do que causa o mal.
Tenho vícios emocionais, dependências emocionais, dependências afetivas...Tudo desconexo e mal explicado, sem razão de ser. Coisas que só podem ser comparadas ao meu Complexo de Édipo há tanto tempo tratado na psicanálise. Ah, minha analista não escondeu de mim, quando levei esta minha questão atual ao consultório, que se tratava do "substituto do pai", o que seguindo os preceitos do George Michael (kkk!) é a "Father figure" que arrastei a outras áreas.
Aí estou com um bode desse amarrado em meu inconsciente.
Pelo menos não é coisa de família, o que pioraria tudo.
Mas então saio de mim para tratar a questão como se fosse de outrem. Pergunto: "E aí, nesse caso, o que fazer?". E a resposta é a mesma. Só há uma resposta possível para mim ou para quem quer que seja que atravesse o mesmo deserto que eu.
Mas eu, que tenho medo do deserto, levanto pontos para negociação. Não há negociação possível porque tudo está definido e cabe aqui afirmar como Parmênides: "O que é, é. O que não é,não é nem pode vir a ser". Acabou-se o futuro e as possibilidades de mudanças porque, como diriam os paulistas do ABC, "Já é!". Não há devir para este caso.
NOTA EXPLICATIVA: Eu acredito em devir, eu prefiro Heráclito a Parmênides, mas neste caso meus gostos não dão conta da discussão. É caso que favorece a inércia proposta por Parmênides. Ponto final!
Eu já disse mil vezes que assim como o carneiro símbolo de áries, meu signo, eu bato a cabeça contra a parede, eu dou marradas.
Tem gente que chama teimosia de perseverança. Sou burra e teimosa, logo, perseverante.
Eu que critico tanto a insistência, vivo insistindo no que não dá e novamente lembro de minha analista tratado meu Complexo de Édipo: "...E você não desiste! você não desiste nunca!" (do amor do Pai). Até que desisti, ou assim penso! e não tem uma vez que eu fale em analista que eu não misture o pensamento para lembrar d'O analista de Bagé. Vai que se ele me recomendasse o "joelhaço" como terapia isso passava?já citei o texto aqui uma vez:

OUTRA DO ANALISTA DE BAGÉ (Luís Fernando Veríssimo)

Existem muitas histórias sobre o analista de Bagé, mas não sei se todas são verdadeiras. Seus métodos são certamente pouco ortodoxos,embora ele mesmo se descreva como "freudiano barbaridade". E parece que dão certo, pois sua clientela aumenta. Foi ele que desenvolveu a terapia do joelhaço.
Diz que quando recebe um paciente novo em seu consultório a primeira coisa que o analista de Bagé faz é lhe dar um joelhaço. Em paciente homem, claro, pois mulher, segundo ele, "só se bate pra descarregá energia". Depois do joelhaço o paciente é levado, dobrado ao meio, para o divã coberto com um pelego.
- Te abanca, índio velho, que tá incluído no preço.
- Ai - diz o paciente.
- Toma um mate?
- Na-não... - geme o paciente.
- Respira fundo, tchê. Enche o bucho que passa.
O paciente respira fundo. O analista de Bagé pergunta:
- Agora, qual é o causo?
- É depressão, doutor.
O analista de Bagé tira uma palha de trás da orelha e começa a enrolar um cigarro.
- Tô te ouvindo - diz.
- É uma coisa existencial, entende?
- Continua, no más.
- Começo a pensar, assim, na finitude humana em contraste com o infinito cósmico...
- Mas tu é mais complicado que receita de creme Assis Brasil.
- E então tenho consciência do vazio da existência, da desesperança inerente à condição humana. E isso me angustia.
- Pois, vamos dar um jeito nisso agorita - diz o analista de Bagé, com uma baforada.
- O senhor vai curar a minha angústia?
- Não, vou mudar o mundo. Cortar o mal pela razi.
- Mudar o mundo?
- Dou uns teleofnemas aí e mudo a condição humana.
- Mas... Isso é impossível!
- Ainda bem que tu reconhece, animal!
- Entendi. O senhor quer dizer que é bobagem se angustiar com o inevitável.
- Bobagem é espirrar farofa. Isso é burrice e da gorda.
- Mas acontece que eu me angustio. Me dá um aperto na garganta...
- Escuta aqui, tchê. Tu te alimenta bem?
- Me aliemnto.
- Tem casa com galpão?
- Bem...Apartamento.
- Não é veado?
- Não.
- Tá com os carnê em dia?
- Estou.
- Então, ó bagual. Te preocupa com a defesa do Guarani e larga o infinito.
- O Freud não me diria isso.
- O que o Freud diria tu não ia entender mesmo. Ou tu sabe alemão?
- Não.
- Então te fecha. E olha os pés no meu pelego.
- Só sei que estou deprimido e isso é terrível. É pior do que tudo.
Aí o analista de Bagé chega a sua cadeira para perto do divã e pergunta: - É pior que joelhaço?