Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Futuro do amor passado


Cléo e eu somos fãs desta música porque é a D.R. (Discussão de Relação) mais bem feita da história da humanidade. Também é porque concordamos que quando terminamos um relacionamento, a outra pessoa se torna apenas alguém que a gente conheceu e nada mais!
Andei pensando no meu relacionamento mais duradouro: como é possível ficar mais de uma décda com alguém e posteriormente reconstruir a vida sem aquela presença outrora constante; com o medo do possível desconforto de encontrar o ex com sua companhia atual? ; e, sim, eu tenho uma bruta dor-de-cotovelo por saber que ele reconstruiu a vida amorosa e a minha não foi a lugar algum. Pior que isso é a coincidência que coloca no mesmo ambiente a nossa atual companhia e o ex. Sempre dá espaço para comparações, receios e umas sensações esquisitas - e estes sintomas demoram muito a passar em minha vida. Às vezes a relação acabou há meses, mas dar de cara com o ex é um troço esquisito. Porém, quando passa, realmente a gente não vê sequer sentido no passado. Para a minha sorte, até que superei bem certas transições e dos meus ex, boa parte se torna se tornou amigo.
Disse a mim o meu amigo Ósman:"A vida tem muitos amores". Depois a gente vê que tem - isso claro, para as mulheres que não vão às festas preocurar marido, não é? desespero espanta.

Somebody That I Used To Know (feat. Kimbra)
Gotye

Now and then I think of when we were together
Like when you said you felt so happy you could die
Told myself that you were right for me
But felt so lonely in your company
But that was love and it's an ache I still remember

You can get addicted to a certain kind of sadness
Like resignation to the end, always the end
So, when we found that we could not make sense
Well, you said that we would still be friends
But I'll admit that I was glad that it was over

But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened and that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger and that feels so rough
No, you didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records and then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know
Now you're just somebody that I used to know
Now you're just somebody that I used to know

Now and then I think of all the times you screwed me over
But had me believing it was always something that I'd done
But I don't wanna live that way, reading into every word you say
You said that you could let it go
And I wouldn't catch you hung up on somebody that you used to know

But you didn't have to cut me off
Make out like it never happened and that we were nothing
And I don't even need your love
But you treat me like a stranger and that feels so rough
No, you didn't have to stoop so low
Have your friends collect your records and then change your number
I guess that I don't need that though
Now you're just somebody that I used to know

Somebody, I used to know
Somebody, now you're just somebody that I used to know
Somebody, I used to know
Somebody, now you're just somebody that I used to know

I used to know
That I used to know
I used to know
Somebody

Encontros e acasos


Sábado passado fomos comemorar o aniversário do meu primo Nanno lá no Antiquário, num show da 80 na pista.
Antes, dei um tempo no bar ali perto, no Jeca. E enquanto eu esperava o povo Rodrigo apareceu por lá e eu não o via há eras.
Tem um problema sério nisso: Rodrigo é amigo de Nanno. Com os amigos de Nanno eu sou formal e fechada e acabo nem reparando que eles são homens, acabam entrando no time dos ‘que não são para pegar’. Nos tempos de UEFS, eles dois estavam juntos em todo canto e eu nunca parei para repara em Rodrigo e vice-versa, até este sábado em que a gente se descobriu como potenciais seres humanos do sexo oposto.
Não me lembro a que altura de nossa conversa ele quis se cercar de certezas e me perguntou se eu estava sozinha ali, se eu estava sozinha no sentido de não ter namorado, se eu já fui casada, se eu tive filhos... E intercalou esta conversa com perguntas profissionais que confluíram para a discussão sobre as perspectivas profissionais dos que se formam em História, tal como nós, na graduação.
Depois de alguma conversa e não menos tensão de flerte – Diga-se de passagem, conversa boa porque o cara é inteligente e estávamos discutindo o terceiro setor, isto é a atuação das ONGs no Brasil, a visão romântica que o povo tem, achando que ONG é caridade, que não tem fins lucrativos, quando na verdade são entidades mistas que recebem dinheiro do Governo e da iniciativa privada, tendo em maioria vinculações ou interesses político-partidário, com raras exceções – eu disse a ele que tinha que ir porque a festa ia começar (o Antiquário fica a uns 30 metros de onde estávamos).
Ele me abraçou como em tom de despedida. Abobalhada eu comentei: “Poxa, Rô, você nunca me abraçou antes!” – Nestas horas eu concluo: Sou uma sequelada! Não entendi direito que estava acontecendo o que nós queríamos que acontecesse. E aí, eu já queria beijar Rodrigo há um tempo. Já que ele tomou a iniciativa, fui aquiescente. E devo registrar: que menino competente! Abraça gostoso, beija melhor ainda, acaricia com uma suavidade e intensidade... E se não fosse aniversário do meu primo, eu ficaria lá.
Mas entendi quando ele não quis ir à festa: sou parente do amigo dele. Ele não teria cara de me dar uns amassos na frente de Nanno. O pacto machista dos amigos não era à toa: meu primo iria rasgar o verbo se sacasse que a gente andou se pegando, ia dar lições em nós dois.
Eu aqui, reclamando da falta de homens heterossexuais machos do sexo masculino e excluindo das possibilidades os amigos do meu primo. Mas tem um histórico: meu primo Marcelo sabe que eu sou caidinha por um amigo dele, o Danilo. Já advertiu nós dois uma vez, a caminho da praia, cada um separadamente. Deduzo que deve ser desconfortável para eles esse papo de que o amigo está pegando a prima. E a mim ninguém pergunta o que acho. Não é que eu vá deixar de fazer o que quero por causa dos primos, mas os amigos deles tem medo de perder a amizade ou de se comprometerem porque não dá para ir ficando com a prima dos outros e depois sair como se nada tivesse acontecido. E o interessante é que todo mundo aqui citado já vai com o pé na casa dos 30 ou dos 40 anos, com as práticas da adolescência.
Ah, sim, a festa em si: uma porcaria. Não que a apresentação da banda não tenha sido boa, mas o som estava ruim, o público estava abaixo do esperado e o repertório foi pouco dançante.
E para finalizar, deixa eu agradecer a Deus por movimentar esta minha vidinha sem graça ponto com – especialmente a vida amorosa, onde nada significativo acontece desde 13 de janeiro. Acho que sou infeliz solteira tanto quanto sou infeliz quando mal acompanhada e pensando nisso, tiro duas conclusões: a primeira é que vou retirar meu perfil do site de relacionamentos, porque só tem candidato ‘tranqueira’ e site de relacionamento é fria, mau negócio; a segunda é que os amigos dos meus parentes não devem ser tratados como meus demais amigos aos quais trato como parentes. Logo, amigos de meus parentes são passíveis de despertar interesse.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Caso de amizade


Não sei o que há de ofensivo em se declarar que se gosta de certo homem como amigo. Não entendo como isso pode ferir o orgulho masculino a ponto de quebrar, inclusive, os elos da amizade.
Quando eu era criança, sim, dizer que se gostava de um homem como amigo – bem como a recíproca, isto é, quando eles diziam gostar de uma mulher como amiga – era um modo discreto de expressar o desinteresse e sob o desinteresse o indicativo de que aquela pessoa era pouco atraente, pouco desejável, algo deste tipo.
Fico com Caetano Veloso “E sei que a poesia está para a prosa/assim como o amor está para a amizade/e quem há de negar que ESTA lhe é superior?”. Amores passam mais que amizade, sendo ambos igualmente importantes... Mas, sem querer enrolar ninguém, respondo em meu nome que não são escolhas isso de gostar como amigo ou gostar como homem. Talvez seja esse o problema: gostar de um homem como homem é, por certo lado, gostar de todas as potencialidades que um homem pode oferecer e não, necessariamente, circunscrever isso ao plano fraterno da amizade. Ah, pobrezinhos, não era para ferir.
Até hoje eu não sei o que me levava a sentar ao lado determinadas pessoas ao invés de outras tantas. Nem sei se esse negócio que dizem que “o santo não bateu” com o santo de outrem, se isso faz sentido. Temos empatias e antipatias, coisas que atraem e que nos põe perto de certas pessoas e coisas que afastam...
Sei o que me atrai num homem. Mas tenho em minha vida homens desejáveis que são somente amigos e nunca passarão disso. Cito aqui o Léo Bernardes, Wagner,Du, Ricardo e uns três ou quatro da categoria ‘mais ou menos’ que eu não posso dizer os nomes se não eles vão saber o nível de atração (ou não) que eles exercem sobre mim. São só amigos e ser amigo, ter amigo, é tudo. Vai pular aí a parte física do sexo porque menos por moralismo do que para evitar ressaca moral, não se deve ter sexo com os amigos. A amizade vai para as cucuias e nunca mais as coisas serão como antes. Amizade tem contato, tem abraço, tem amasso, tem beijinhos e paparicos, dengos de todo tipo, atenção e briguinhas, tem viagens juntos e tem ciúmes, tem carnaval e festa, tem despesas divididas e comentários risíveis das trapalhadas conjuntas. Não é muito? Fora que com os amigos a gente fala de tudo, inclusive dos amores.
Tem gente que não tem jeito: é amigo. E digo aos homens: não se confundam com a nomenclatura, pois o P. A. que é sigla de Pau Amigo não quer dizer que a mulher lhe considere amigo, mas que para ela você se circunscreve ao rol dos transantes, ou seja, os homens para sexo sem compromisso, sem cobrança, sem esperança de futuro. Se for amizade mesmo, não tem sexo não e isso explica porque algumas mulheres preferem a sigla HDM, que é Homem De Manutenção, caso em que é necessário o contato para manter o sexo quando não se tem namorado ou parceiros sexuais de outra categoria. Tudo isso com cuidado, proteção, respeito e nenhuma intenção de menosprezar a amada classe dos homens heterossexuais do sexo masculino – que, volto a frisar, têm que ser assim descrito porque hoje em dia falar apenas Homem pode significar os vários tipos flexíveis que há no mundo e que são polissexuais/pan-sexuais e transam com qualquer coisa que se mova (ou que sequer se mova porque tem uns que transam com cada múmia!!!).
Xico Sá fala que há o macho jurubeba, isto é, o homem macho heterossexual do sexo masculino que é sem frescura, que gosta de sexo EXCLUSIVAMENTE com mulher, entenderam? Mas já nem sei se estes existem mesmo ou se são lendas urbanas. Do jeito que estamos, já tem homem HIPERATIVO e homem HIPERPASSIVO: vale a pena testar antes de usar porque é capaz de a gente dormir com o Paulão e acordar com a Zuleica – o mundo já não tem índios Papachanas; predominam os Aquidaoânus e sei que por este contexto é até ridículo dizer que há homens de quem gostamos apenas como amigos. A safra já está escassa e ainda acontece de nossa seleção pessoal excluir uns para incluir estes mesmos no rol dos amigos.
Mas com amigo se pode falar de sexo sem os interstícios da mentira: ali a gente comenta performances, tamanhos, hábitos, faltas, excessos e até preferências. Não acho que tenha que haver tensão sexual entre amigos, não. Aí já não é amizade. Amizade tem as pequenas malícias, mas não as maldades. E deixo aqui minhas desculpas aos meus poucos amigos heterossexuais que possam ter me entendido mal e minhas sinceras desculpas por gostar como amigo de alguém que, se fosse por escolha, merecia ser muito amado.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Onde há fumaça...


Esta aqui iria para a série "Eu, hein?", mas resolvi colocar porque sempre que olho os perfis enviados para mim, aparece lá: Não fumante - como se fosse o critério número um. Então, eu que tenho asma e rinite e detesto cigarro, achei engraçada esta imagem que Deus me livre de se tornar real perto de mim!
Onde há fumaça... (Há churrasco; há fumantes, há maconheiros, há comida queimada, há gente espantando abelhas, há incenso...ou é somente o pátio de uma certa universidade aqui perto). Eu, hein?!

Quem procura...

Vou confessar um grande delito, uma derrapada, uma verdadeira jogada de desespero de causa: me inscrevi num site de relacionamento. Calma!ainda não parei de dar risada de mim mesma! Também penso: "Que tipo de pessoa desesperada se inscreve num site de relacionamento?" Com certeza não será nenhum Brad Pitt e nenhuma beldade do sexo masculino... e para quem gosta, feminino.
Tem umas coisas do outro mundo: uns sujeitos que põe nicknames como "Cilindro". Referência tosca à grossura do pênis, presumo. Mas ainda que o cara fosse interessante, quem está doida de sair por aí com um cilindro? E os vários "Gato 55", "Moreno sarado", "Só tesão" e outros ridículos? Porém, vou ao meu relato: destes contatos todos podemos asseverar que dentre 100, cerca de 60 deles procuram sexo e são homens feios, desinteressante e sem noção. Uns 20 são medianos, talvez queiram enrolar para poder ter sexo de uma maneira mais segura para ambas as partes e isso pode se prolongar por uma semana, duas, três e até estabelecer o contato a longo prazo. E certamente uns 10 valem a pena, cumprem o que prometem em seus perfis.
Encontrei um sujeito lindo,desejável, compatível subjetivamente comigo. Conversando, vi que seria uma relação a três: Eu, Ele e o Ego dele. Daí porque é sempre estranho que pessoas fisicamente Toda-poderosas entrem num site assim. Aliás, já entram para arrasar quarteirão.
O que eu não contava era finalmente ver a cara de um garoto de programa que me mandou uns e-mails oferecendo os serviços dele há uns seis meses, eu acho.
Dizia ele que achava mega-excitante que mulheres pagassem por ele, pagasse a ele pelo sexo e que ele tinha muita grana advinda da vida comum, do trabalho numa suposta multinacional, etc. Então o site de relacionamento colocou no mostruário esta pessoa como sendo interessante, que possivelmente me interessaria: lógico, ele se diz pós-graduado como eu, mesmas afinidades, ocupações e etc...E quando vi escrito Latin Lover e o e-mail dele,descobri, associando o nome e a pessoa que era o garoto de programa de lá de Salvador.
Nunca o vi antes porque ele copiou meu e-mail e o de trezentas outras mulheres professoras da mesma instituição que eu na época - esta foi a explicação que ele me deu porque em princípio eu achei que era pegadinha de amigo ou de aluno...Mas nunca peguei não, essa mão de obra especializada, os profissionais do sexo, nunca precisei, mas defendo a existência deles... É que como mulher não é necessário pagar para ter sexo com um homem, salvo se a idade já tiver riscado a pele e o corpo demais da conta...Ainda assim, minha tia já tem 65 anos e pega geral, não porque procure e pague, mas porque acha rapazes e homens mais velhos aos rodos (já contei aqui que ela descolou um namorado, certa vez, só porque foi à padaria num domingo de manhã, tendo esquecido que estava fechada ...E aí, pluft!Tinha um Guilherme no meio do caminho).
Bom, mas bastou eu entrar nesse negócio e aí me apareceu gente de carne e osso hoje, na UEFS.
Certo, nada que me interessasse tanto, mas é sempre bom saber que há esperança de gente fora da rede, da internet...
Por que eu apelei? é que depois que FJ foi embora para São Paulo, me senti realmente sozinha. Queria substituir a sensação, preencher o vazio, não dar bola para a solidão... E sou tímida demais. Não sei paquerar...Não sei olhar com flerte e cobiça para nenhum homem, embora queira flertar.
Neste sábado saí com mais quatro amigas. Voltamos decepcionadas com a The House,que prometeu três DJ e só proporcionou uma banda meia-boca que tinha a proposta do "Pode misturar", mas só misturou arrocha com sertanejo e sertanejo com arrocha. Dois gêneros que eu odeio. Vou à boate dançar música de boate, não isso aí. Saimos de lá viradas nas setecentas. The House nunca mais!Aqui em Feira é terça-neja, quarta-neja, quinta-neja, sexta-neja, melhor dizer que é sema-neja, que é a mistura da música sertaneja com a semana toda.
Aviso aos desavisados: Música sertaneja não é música do sertão. O sertanejo do sertão tem neurônios: é só o clima que é árido e a água geralmente escassa; o sertão em Minas gerais é de outro tipo, mais verdejante - quem sabe explicar é Guimarães Rosa e não so geógrafos, mas isso é outra discussão só para que não confundam o mau gosto musical com a gente do sertão, de nenhum sertão do Brasil porque sertão é coisa plural.
E essa conversa toda me lembrou que cá estou eu, esperando que chova em minha horta - há muito sem novidades...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Investigando as coisas


Vou contar umas coisas talvez bestas que me irritam, porque acabei de passar pelas duas primeiras que cito aqui: quando um amigo me interpela se eu estive em dado lugar e depois diz que "uma pessoa viu você lá!". Olha, takiupariu, meu irmão, eu não me contenho! Disse ao amigo (que no caso é uma amiga e se chama Cida, para eu não cair em contradição): Quem me viu está incluso no programa de proteção à testemunha?é da CIA? é do FBI? porque o mané vai citar a terceiros que eu estava em xis lugar e precisa ter o nome preservado? nem se eu fosse vista numa noitada no Clube das Mulheres, alisando marmanjo e colocando dinheiro na sunguinha deles, após fazer propostas indecorosas para diversões de adultos.
A segunda situação é quando os meus chegados entram em reclusão no Candomblé, seja lá para que ritual for, e não deixam o aviso prévio, ou nunca atendem ao celular, ou desaparecem por dias, frustrando combinações e compromissos.
Ora, procure um terreiro com Wi-Fi, seja adepto da Umbanda Larga 3 G ou baixe o santo por aplicativo ou download!A vida espiritual também pode ter plano de voo, não é assim, não. Depois vem a coversinha de que "ah, eu não podia dizer...". Grande segredo, hein? e eu achando que foi sequestro.
E finalmente o que eu odeio com todos os meus poros é ouvir; "Depois eu ligo para você." Ora, deixemos de conveniências e formalidades: não é mais fácil explicitar que não vai ligar? que não vai à festa? que não vai acontecer nada?
E como eu falei do que eu mais detesto nos meus amigos, vou dizer o que destesto em mim: tenho dificuldade em encerrar casos investigativos.
Quando namoro e recebo um chifre ou simplesmente pego uma mentira, vou atrás da verdade. Faço isso quando uma amizade minha é desfeita, também, porque tem coisas que são inexplicáveis, coisas que só a força da fofoca e da injúria explicam e justificam. Pois bem, não sossego! não paro, não descanso, monto linhas investigativas, faço C.S.I., escrutino, faço tocaias...fico parecida com a personagem principal do pior livro que Saramago já escreveu, isto é, Todos os nomes.Sou aquele José.
Olha, faço mapas, abro arquivos, examino, pego listas, interrogo, jogo indiretas, vou no encalço. O problema é que isso me machuca, alimenta minha mágoa, meu ódio e o desejo por vingança. Minha vingança é pura dor. É o desejo de ferir o outro na exata medida do meu sofrimento e , pareça ou não papo de maluco paranóico com mania de perseguição, sempre me escolhem para praticar injustiças e para me perseguir.
E se descubro tudo? Se todas as respostas não saem,não encerro o caso. Nunca largo o osso antes de ter todas as respostas. E se tudo vai a contento e sei tudo? passo nos lugares relacionados várias vezes. Passo, paro, imagino e respiro fundo como se inspirasse a dor e o desejo de vingança: não é justo contemplar a paz de quem acabou com a minha paz; não é justo que almas desumanas sejam felizes em cima da infelicidade dos outros, particularmente, da minha.
Não vou matar ninguém nem envenenar o prefeito, né gente? Mas aquela passadinha de olhar que diz em seu silêncio: "Eu sei o que você me fez e Deus não te deixará impune", este eu destino aos culpados. E se esbarram em mim nas horas de dificuldades ou batem à minha porta, sou omissa, fria, ruim e passo à cara o que me foi feito. Minha exceção é somente no tocante a doenças, porque na hora de uma doença não há amigo nem inimigo e eu não negaria socorro a ninguém.
Neste rol também se incluem aquelas pessoas que me condenaram sem me dar o direito à defesa e ao contraditório: odeio gente covarde. Se eu falei, vou assumir; se eu fiz, vou assumir também. Portanto, em minha vida prática, prefiro ouvir a mais dura verdade a conviver com as mentiras educadas. E nunca, jamais, eu prejudicaria uma pessoa apenas por não gostar dela. Não gostar de alguém não é motivo para lhe fazer mal - posso querer distância, posso me manter longe, mas fazer o Mal a quem simplesmente não gosto, não dá.
Bem, pelo que eu escrevi, estou mesmo digerindo as raivas. Mas tem mais uma não citada, genérica:tenho ódio dos homens que cometem misérias contra as mulheres e agem como se tudo estivesse bem, se dão como ofendidos e não manifestam a menor reação de arrependimento frente às suas faltas. Pior: ante as provas, não admitem o delito, acusando a 'promotoria' de insana. É uma frieza cínica que eu espero nunca mais experimentar na vida, porque um dos meus ex era assim...Talvez não tenha mudado nada até hoje, vá saber...
E por falar em saber e em ex, dou aqui um conselho que recebi certa vez: se o homem não vale nada, se foi desrespeitoso e canalha ou se simplemennte você deseja esquecer o cara, acredite, é preciso excluir a pessoa, não querer saber se ele está rico ou pobre, se casou ou morreu só. Olha, quem quer esquecer, mesmo que o coração aperte, o cérebro pire e o apetite desapareça, tem que aprender a articular o lado simbólico da perda e meter a tesoura no laço. Ponto final. O pensamento vai buscar a pessoa. A lembrança vai massacrar o coração. Mas quem quer esquecer porque precisa, tem que ter a consciência de nunca mais querer contato ou notícias. Nunca mais podem ser dois anos e sete mesese, como no meu caso; podem ser três meses, enfim...Mas nunca vi outra saída.
Vish, estou amarga, hein?Quem mandou eu ainda não ter descoberto quem me viu e comentou; quem me conhece e eu não conheço? Lá vai mais uma investigação.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O arroz e a vida


Desato

É preciso fritar o arroz bastante antes de jogar água fervendo.
E não pode mexer jamais depois de a água ser posta.
O alho deve fritar no óleo junto com o arroz.

Coisas que eu sei e que não. Eu sei muitas coisas.
Faxina por exemplo. Sei limpar uma casa de tal modo
Que não sobra um canto que não tenha sido tocado
Por minhas mãos.
Depois vou sujando. Com muito gosto.
Deixo peças na sala e louças sujas na pia.
Não na mesma hora mas um pouco
Bastante depois volto limpando.
Assim me faço.
Nos objetos que me acompanham.

Gosto de andar nas ruas e comprar coisas
Que vão se arrumando em torno de mim.
Tenho muitas coisas, quero dizer, tenho muitas camadas.
Uma camada de livros outra de sapatos.
Tem a camada de plantas. E toalhas de rosto.
Tenho camadas de cosméticos e de adereços.
Uma camada de nomes e de coisas que vejo.
Tudo ordenado ao meu redor. Em forma de corpo.
Um corpo que me sustenta quando o meu próprio me falta.

Cadeiras são meus ossos. Sapatos são meus braços.
Torneiras em meus poros. Paredes como roupas de inverno.
(Quando toca música em minha casa sai do umbigo)

Descanso recostada nas paredes da casa
Que me guardam como um abraço.
Me abraço quando me derramo na sala.
E na cozinha. Em geral adormeço no quarto.

Tudo em minha casa tem existência.
Todas as coisas significo.
Com os olhos. Ou com as mãos.
Minha casa tem silêncios
Que ás vezes ouço. Em meu corpo
Tem silêncios maiores ainda.
Que às vezes ouço. E faço poemas.
Faço poemas dos silêncios que ouço.

Este poema de Viviane Mosé traz muitas coisas com as quais me identifico, especialmente a imprecisão e dubiedade do tesouro que é a liberdade e a consequente (?) solidão.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Um banho de cultura

Conto agora uma história que poderia suscitar possíveis preconceitos, mas que se resumiu a um caso de choque cultural: uma amiga minha foi viver numa cidade europeia e, na volta, contou da sensação de ser estrangeira. Lá, então, categorizada como ‘estrangeira e mestiça’.
Como é comum a quem fixa residência e constrói a vida noutro lugar, um dia vêm os amores. E assim aconteceu.
Choque cultural quando expresso na dimensão sexual é algo bem mais tenso: disse ela que após encontros românticos, delicadezas e coisas próprias a casais, chegou a hora do sexo. Nesta hora, sofreu o nariz da moça mais do que o coração: o rapaz exalava um odor horroroso, sem consciência disso. Odor do corpo, não de parte específica que, naturalmente, há as mais propensas a concentrar as decepções olfativas. Que saia justa!
Ela ficou petrificada, desmentindo o estereótipo da brasileira quente e fogosa, enquanto ele lamentava tanta timidez.
Contudo, posteriormente ela o arrastou ao banho. O choque cultural aqui foi atenuado porque ela entendeu e nos explicou que, no geral, o banho custa caro na Europa, pois depende de calefação; o frio é intenso e por isso as pessoas vestem várias roupas concomitantemente. Ocorre que a camiseta que fica mais em contato com o corpo é a que menos é trocada e acumula suores (e bactérias, claro), de modo que há variações de temperatura constantemente, pois a rua é fria, mas todos os ambientes a que se vai tem aquecedor. No somatório das coisas,padece o corpo do saldo dos suores.
A questão cultural das guerras, que implicavam em racionamento de água e energia, recriou a cultura do pouco e/ou raro banho. Também pelos pubianos espessos são, para eles, sinais de virilidade e um recurso a mais de proteção contra o frio. Nós, de cá, do país tropical, temos outros hábitos.
Mas o que me admira é o quanto ela procurou entender. Ela incorporou o preceito antropológico da compreensão tão comum ao olhar distanciado quanto com a observação participante. Lógico que certos povos europeus (ressaltado que como continente, a Europa tem múltiplos povos e hábitos e não pode ser vista como um bloco compacto e homogêneo)podem achar a gente esquisita, tomando três banhos por dia, como é comum aqui na Bahia – nem tanto por calor, mas pelo bem-estar de se sentir limpo e cheiroso – e até a depilação daqui ficou conhecida nos Estados Unidos como “depilação brasileira’, o que nos indica que depilação não é prática recorrente nem mesmo na América do Norte, quanto mais na Europa.
A minha amiga procurou entender. E como a nós pareceria simplesmente um caso de falta de higiene, induzindo nossa ojeriza, nosso nojo e repulsa, ela foi sábia: procurou entender e propôs um banho ao homem, pois que até os acordos culturais tem seus pontos de resistência.
Acho que ela criou uma teoria sem saber: a teoria da inteligência cultural, isto é, diante do choque cultural, o que se pode fazer para evitar um embate é agir com inteligência, procurando entender o Outro e daí, se o ponto é inegociável, agir de maneira estratégica, tal como ocorreu com o desfecho do banho. Se assim não fosse, a relação teria ido por água abaixo - e sem trocadilho óbvio.

Ondem moram os preconceitos?


Em tempos de intensa atuação de patrulhas ideológicas, há de se reconhecer a coragem dos que vão na contramão.
Muito pessoalmente, sou a favor do reconhecimento dos direitos – vejam bem, reconhecimento e não concessão. Conceder é dar. Entretanto, nenhum direito é dado, mas conquistado – de todo e qualquer segmento minoritário, destacadamente, mulheres, negros e homossexuais. Bom, mas não seria uma aparente contradição dizer que é necessário o reconhecimento de direitos e, ao mesmo tempo, declarar corajosa a atitude de quem protesta e diz que é contra? Parece, mas não é. Ao reconhecermos que depois de tanto tempo e de tanta luta ainda há quem se organize para se dizer contra a união homoafetiva e adoção de crianças por casais homossexuais, por exemplo, estamos perdendo de vista a dimensão da hipocrisia social que se expressa até no nível mais simplório: analisemos, pois, que as novelas não exibem beijos homossexuais a pretexto da rejeição do público.
Mentira isso não é, tanto assim que até na ficção a união homoafetiva incomoda, supostamente afronta a moral e os bons costumes das famílias. Ora, se o público rejeita, quem é o público? Quem é o público que assiste televisão e novelas? É o mesmo público que talvez vigie palavras e atos para não ser enquadrado em leis protetivas de direitos; é o mesmo público que em situação social, afirma que tudo é normal, que aceita tudo porque os tempos mudaram, mas que deseja que em sua família nunca ocorra um caso desses.
Ainda no tocante às novelas, não são poucas as expressividades do público quanto a acusar a ficção televisiva de incentivar os maus comportamentos das mulheres, a ensinar como trair os homens, a pregar coisas fora da ordem, desvirtuando os valores.
Na hora da vida real, em que as hierarquias sociais e étnicas se anunciam nas horas de diversão (certo, gente, diversão pré-fabricada) nas áreas vips, camarotes e nas pistas de show e eventos, bem como no exercício de funções liberais, vejamos o quão incomodado o público que se pensa branco e vip se sente em presença de um negro que ali esteja em igualdade de condições, pois negro, se não está a servir aos ricos e brancos, está sempre fora do seu lugar, segundo os pensamentos conservadores que, decerto, delegou o ‘lugar certo’ para as pessoas e para as coisas. Não obstante incômodo, em face de qualquer desordem acusam a ‘raça’ como responsável por ela.
Por tudo isso, há que se reconhecer que as pessoas que dão a cara a tapa e dizem que são ‘do contra’, estão a nos advertir que nada está dado nem conquistado como se quer fazer parecer. O preconceito existe, o patriarcalismo machista resiste, a discriminação racial existe e ainda bem que há quem escancare sem se esconder sob o ‘politicamente correto’, pois se assim não fosse estaríamos comemorando as coisas que não temos.
Preconceito de todo tipo há em toda parte, mesmo nas que se fazem de neutras e justas. Não reconhece-lo é passar por cima do problema e abraçar discursos nacionalistas que supõem o predomínio, no Brasil, da preconizada (e mal lida) democracia racial e ausência de tensões sociais. Todo dia é uma luta e acho que as pessoas que sofrem diuturnamente as sequelas do pensamento preconceituoso tem que se lembrar disso: não estamos no paraíso. Contudo, o frágil paraíso é o inferno de quem convive com todas as perdas decorrentes dos preconceitos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Na rota do carnaval

Até que eu estava quietinha e conformada, pensando em livros e em aulas públicas até aparecer o terceiro convite para eu ir ao carnaval dar uns pulinhos. Já brinquei com isso, disse que eu sou a Mulher-pipoca: se eu der uns pulinhos, caio na boca do povo, conforme assertiva de Chuck, meu amigo e sábio.
Este seria meu primeiro ano, desde que sou independente e mando no meu nariz, que eu não iria ao carnaval. Não havia conflito, era decisão tomada com base na realidade das responsabilidades e das restrições orçamentárias. Mas aí vem o primeiro convite, os jeitinhos e as sugestões. E eu paro e penso. Depois, vem o segundo convite e a consciência começa a jogar confetes na situação. Finalmente vem o terceiro convite e dane-se a prudência, digo ao povo que vou.
Dia 19/02 eu tenho compromisso aqui em Feira. Dia 20 a 22, em outro Estado. Dia 25, concurso. Não me falta o que fazer. Mas, vamos à pausa nas coisas sérias e impreteríveis.
O melhor do carnaval são os homens argentinos. Mas já não há muitos deles desde uns quatro anos atrás: que pena! são lindos e objetivos, têm iniciativa e ego de pavão... Mas e daí, se abraçam tão bem e beijam com profissionalismo cinematográfico?
Vou à Avenida Oceânica ver o mesmo de sempre, passar pelo mesmo de sempre e concluir que sendo o mesmo de sempre, a festa não envelhece.
Interessante como as pessoas são convocadas a sentir felicidade instantânea, como a diferença cultural se desenha no momento em que para muitos de nós é incompreensível tanto frisson em torno de uma Escola de Samba, tão incompatível com a falsa democracia do espaço carnavalesco baiano, dos trios elétricos, em que todos se misturam em busca de diversão, trabalho e carteiras de gente desavisada.
No Brasil o carnaval é plural, varia de acordo a configuração cultural de cada região, donde minha indisposição para, por exemplo, dançar um frevo no carnaval de Olinda ou entender direito o que faz um DJ como Bob Sinclair no meio da axé músic.
Como num script previsível, após um pouco de festa e alguns flertes, vai a madrugada passando e a gente caminhando para o ISBA, tomar coco na barraca do Lula, reclamar dos pés doloridos e andar dois ou três quilômetros para voltar para o cafofo residence, pois os táxis não fazem corridas para perto. Lá, tirar o tênis emporcalhado na porta de casa, entrar meio tonto, pegar a fila para tomar banho, roer uma fruta antes de dormir, revirar da esquerda para a direita umas 20 vezes e finalmente dormir para ser acordado quatro ou seis horas depois pelo pagode alheio.
No dia seguinte sempre há histórias.
Ah, tenho que explicar o dia seguinte: expliquei em outras postagens que o tempo é contado, por exemplo, como hoje até que amanheça. Hoje só é amanhã depois que amanhece e, preferenciamente, depois que a gente dormir. Nada de achar que meia-noite de hoje já é amanhã. Não é. Nem duas horas da madrugada, nem três, nem quatro, nem cinco...Se eu sair hoje, até que eu volte da festa eu continuo no hoje.
E me dá uma má vontade de voltar para casa, para a minha casa: fico pensando no retorno sonolento a Feira de Santana; na chateação toda da volta, na indisposição e tudo mais - acordo com olheiras de panda, com a cara inchada, os pés inchados, um calor miserável, uma preguiça sobrenatural, os cabelos detonados, os tênis emporcalhados em tempo de sofrerem confisco pela Vigilância Sanitária ( sim, amigos, os tênis ficam podres por fora - na higiene pessoal eu me garanto, mas no pisa-pisa da avenida, o tênis vira pano-de-chão) e eu ter que pagar uns 2.500 dias/multa pelo espetáculo de lama e sujeira.
Os apertos para fazer xixi são um capítulo à parte e rendem uma pauta própria.
Comer algo no carnaval? só fora do circuito porque também a alimentação é instantânea: basta comer que voce passa mal no mesmo instante! e do hospital ao necrotério a rota é rapidinha...experimente!
Carnaval, para mim, só vai até o domingo. Os demais dias são um porre, sem atração: não faço questão, não vou e neste ano cansei de sair no mesmo bloco chato de todos os anos que, por sinal, era o unico motivo de eu por os pésna rua na segunda-feira indigesta. E por falar em coisa indigesta, de onde será que saiu esse negócio de almoçar feijoada no carnaval? loucura pura comer uma bomba de efeito devastador no organismo, sob alegação de ser comida forte. Este é mais um capítulo à parte: o almoço do dia seguinte às badalações na avenida.
Como eu já disse por aqui que tenho mais fantasias do que barracão de Escola de Samba e não estava me referindo ao carnaval, vou ver o que invento de fantasia neste ano porque isso o carnaval tem de bom: a liberdade para a gente se vestir de forma ridícula e parecer normal...Pelo menos eu visto - e os outros que tiram a roupa, que dizer deles?!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pausa para reflexão, II



É que eu queria deixar bem claro porque gosto de futebol!

Pausa para discutir futebol

E tem gente que não entende porque eu gosto de futebol.
Acho o Diego Pombo lindo, gato, carismático...Mesmo se ele errasse contra o meu time eu nunca chamaria um juiz desse de filho da puta. filho da mãe. Uma mãe que contribui geneticamente para por sobre a Terra uma criatura tão linda merece é gratidão!

Pausa para reflexão

Até uns poucos minutos atrás eu estava estudando. Engana-se quem pensa que titulo de doutorado, sozinho, dá camisa a alguém: a gente fica imerso no objeto da pesquisa, vive em torno disso e aí deixa de estudar outros assuntos correlatos e na hora dos concursos, o bicho pega.
O bicho está me pegando tanto que me sinto num zoológico epistemológico. Pior: nem tudo que eu leio eu entendo; se entendo não memorizo e, cá para nós,não se vence um concurso apenas com inteligência ou domínio de assuntos.
(Falando em zoológico, eu que sou um animal mesmo!empaco como uma mula, cometo mil burrices, relincho umas besteiras...)
É preciso estratégia, memória, performance, coordenação entre exposição e exemplo, coerência e coesão verbal, articulação entre as partes do que se quer explicar escrita ou oralmente, memória, capacidade de síntese, domínio do tempo, adequação de linguagem clareza, sorte e, claro, conquistar a simpatia de quem está avaliando a gente. É tipo show de calouros: você faz sua apresentação, há favoritos e você pode ser desclassificado antes do tempo.
Cá estou levando a vida a sério, tão a sério que precisei sair do sério e acessar o MSN para falar umas futilidades gostosas sobre cabelos e sobre homens. Sim descansar a mente pensando em homens, discutindo a respeito dos homens, os possíveis e os inviáveis, mas fundamentalmente os mais bonitos.
Por isso posto as imagens dos bonitões aqui: todo mundo merece um colírio, merece 'pequenas porções de ilusão' para sonhar um pouquinho. Olha, a cidade em que eu estava teve duas paradas gays em 2012. Não é mentira! aí vocês imaginem a escassez de homem macho do sexo masculino remanescente da tribo Papachana.
Já falei: boa parte dos meus amigos são gays. Boa sorte para eles! Mas e aí, para a gente que é mulher e gosta de homem, resta o que? o ogro que nos acompanha; o casca-grossa que nos restou...É isso ou compartilhar um cafajeste - e eu aqui gastando meu latim para explicar para a minha amiga incrédula que aquele camarote de carnaval, chamado Harém, tem desproporcionalidade entre homem e mulher, tipo 05 mulheres para cada homem (eu nem sei se não é bem mais que isso), assumidamente. Ora, mas era preciso?
Bem, mas era isso que eu tinha a dizer porque pelo menos aqui, numa imagem, a gente pode matar as saudades do que outrora tenha vindo a ser um homem - espécie complicada e em vias de extinção.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Preços e apreços

Por aqui se fala no aumento da gasolina como se fosse uma novidade que redefiniria os rumos da economia doméstica, da economia pessoal,a saber, o nosso pão de cada dia - que é croissant para uns poucos endinheirados.
Em Feira de Santana o preço sempre esteve nas alturas, mas o que me fez prestar atenção ao surto geral de reclamações foi uma postagem de uma amiga, que reproduzia o vídeo de um programa sensacionalista daquelas loiras da tarde da TV aberta, segundo o qual, "Com o aumento da gasolina, dizer 'te pego em casa' é quase uma declaração de amor'. Que grosseria!
Ter um carro não é só sofrer com gasolina, mas se dispor à manutenção, aos impostos, aos gastos de estacionamento. Resumindo: quem adquire sabe o que vem pela frente.
Deus me livre que meçam minha amizade por litro.
Aliás, com um litro o meu velhinho bibi-fonfon faz 14 quilômetros. Se for para cobrar dos amigos, melhor ser taxista ou assumir que quero colaboração. O fato é que fiquei estarrecida, mas aqui pode ser que pese muito minha indisposição pessoal porque no cômputo geral das coisas já não perco tempo discutindo coisas dadas, nem esperando que cachorro velho aprenda truque novo e esta incapacidade que as pessoas têm de me surpreender é o que tem me surpreendido.
Carrego algumas pesadas malas, mas outras eu me desfaço pelo caminho. E assim falei para minha outra amiga, bem claramente, que eu já não tinha interesse em manter amizade com gente que só queria ser lembrada e que isso se referia a ela; que na hora em que estava tudo bem, não dava sinal de vida, mas que mediante o desabamento dos seus sonhos,lembravam do meu endereço e do meu telefone. Ora, danem-se! Tem mesmo um grande número de pessoas cuja resposta é sempre não: "Não vou!", "Não posso!" e "Não tenho!" e para as quais não aprendi a dizer não, mas a ignorar completamente.
Falando nisso,a elite da pobreza existe em qualquer parte do mundo. Basta uma pessoa pobre suburbana ter uma casa de dois andares para ser considerada rica, dona do palácio - comparativamente, ela é mesmo!se o entorno é de barracos, a casa é a expressão da riqueza. Mas aqui no Brasil em geral, e na Bahia em especial, esta distorção é gritante.
Não sei qual o conceito de rico que se tem por aí, mas particularmente, rico para ser rico tem que ter dinheiro em abundância, devendo usufruir do que a capacidade financeira pode dar. Não precisa ostentar feito um idiota exibicionista, mas também não vai queimar neurônios com contas a pagar, com o cartão de crédito, com os gastos.
Por aqui, basta que se tenha onde morar, ainda que financiado em 15 ou 30 anos, um carro igualmente financiado (certo que para míseras 24, 48 vezes) e um tanto de pompa para se autopromover, que o sujeito já se pensa rico.
Declaro para os devidos fins minha pobreza. Sem mistério e sem alarde: não sou dona dos meios de produção, passo mais apertos que sardinha enlatada e o capital simbólico que eu tenho, isto é, a escolaridade, não se traduz em capital dinheiro. Portanto,se sei o que é ser pobre, devo saber exatamente o que é ser rico - e por enquanto, não vejo nenhum à minha frente, nem por perto.
E como uma coisa puxa a outra, olha que saia-justa: uma das pessoas que compuseram minha banca de doutorado está concorrendo à mesma vaga que eu, numa instituição. Nunca vivi isso, que muito me apavora, mas disso concluo que os tempos não estão bons para ninguém...O resto é pose e salários com efeito lifting: bem esticado, para manter a aparência.