Louquética

Incontinência verbal

domingo, 30 de junho de 2013

Assim falou... (Zygmunt Bauman)


“Não importa o que você aprendeu sobre amor e amar, sua sabedoria só pode vir, tal como o Messias de Kafka, um dia depois de sua chegada.
Enquanto vive, o amor paira à beira do malogro. Dissolve seu passado à medida que prossegue. Não deixa trincheiras onde possa buscar abrigo em caso de emergência. E não sabe o que está pela frente e o que o futuro pode trazer. Nunca terá confiança suficiente para  dispersar as nuvens e abafar a ansiedade. O amor é uma hipoteca baseada num futuro incerto e inescrutável.
O amor pode ser, e frequentemente é, tão atemorizante quanto a morte. Só que ele encobre essa verdade com a comoção do desejo e do excitamento. Faz sentido pensar na diferença entre amor e morte como na que existe entre atração e repulsa. Pensando bem, contudo, não se pode ter tanta certeza disso. As promessas do amor são, via de regra, menos ambíguas do que suas dádivas. Assim, a tentação de apaixonar-se é grande e poderosa, mas também o é a atração de escapar. E o fascínio da procura de uma rosa sem espinhos nunca está muito longe, e é sempre difícil de resistir.”
(BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2004, p.23)

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Desnudar as fantasias




Meu primo, assim como eu, é cheio de fantasias na cabeça. A diferença é, como eu já disse antes, que eu tenho mais fantasias do que barracão de escola de samba.
No domingo ele me disse das fantasias que ele supõe que as mulheres tenham. Contou que leu num desses sites de contos eróticos e relatos supostamente verdadeiros, que uma mulher se encantou com um ménage a trois, com dois homens, mas que colocou como maior dificuldade na concretização desta fantasia, descolar dois homens que topassem.
Preconceito e sexo não formam um bom par. Acho que um exclui o outro ou, no mínimo, complica. Meu primo é preconceituoso, machista. Disse que queria, um dia, viver esta fantasia, mas nunca, jamais e de jeito nenhum, com a sagrada e sacrossanta esposa dele, sob pena de perder o respeito por ela.
Vejam só: existe a mulher para respeitar e a mulher para o deleite, aquela com quem será compartilhado o corpo e o gozo, mas nunca uma relação sólida.
Aquela que parece teoricamente sortuda, por ser eleita e escolhida para esposa, está fadada não apenas à exclusividade do sexo com ele, mas aos limites do desejo. Com as demais, os desejos não têm limites.
Há alguns babacossauros que perguntam isso: a mulher quer ser respeitada ou desejada? Ao que parece, respeito é uma coisa para as mulheres velhas, que não despertam desejos na maioria dos homens. Deduzo que sexo sem limites, para ele, é sexo sem respeito. Pessoalmente, eu não quero jamais dividir meu corpo com quem não me respeita. E como mulher, ser desejada não exclui ser respeitada. O oposto também se aplica.
Não sei se o caso de meu primo tem a ver com ciúmes, se as escapadas internéticas têm a ver com a já assumida vontade e urgência de trair... Lamento é o preconceito.
Quando ele fala da autora do texto lido ter colocado como maior dificuldade descolar homens que topassem a situação, está ali outro indicativo de machismo e preconceito. Os homens são bichos esquisitos que, às vezes, deixam fluir seus recalques tratando à parceira sexual com nomes depreciativos. Porém, com o tempo, as mulheres aprenderam a entrar no jogo, verbalizando palavras que vão muito longe de declarações de amor. Lógico que aquela máxima que diz que “A mulher deve ser uma dama na sociedade e uma prostituta na cama” pegou em cheio com o passar do tempo. Não há nada de errado com a prostituta: ela aparece como referência de quem, ao vender prazer, faz o possível para a satisfação do cliente, sem se preocupar com as imposturas morais (por não sermos prostitutas, fazemos ou temos por intenção fazer o possível para nossa satisfação também, em prol da reciprocidade). A mulher sexualmente sábia, edifica o seu lar.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Meditação


Voltemos à lógica rasa das teorias furadas: Palavra é força. Uma imagem vale mais que mil palavras. Então, olha, medita e verbaliza. E se ele aparecer aí, seja legal, compartilhe e dê meu telefone!

Escolhidos a dedo!


Para não perder esta rara oportunidade de falar de gente inimiga, até hoje não entendo a pesquisa que certa inimiga de longe faz sobre a minha vida. O que será que ela espera encontrar? será que é ansiedade em saber se eu finalmente me dei mal, estou na pior, lascada e que todas as pragas dela foram deferidas? o que a faz ir perguntar em tantas freguesias 'como eu estou'? procura pistas do que?
E das que deixaram de ser amigas, será que entendem que eu preferi nunca mais falar com elas porque, para mim, era impossível entrar no jogo e fazer de conta que eu não fiquei magoada, que eu não me importei?Entrei num bode, chutei o balde. Mas devo explicar: além de duas ou três desconsiderações pesadas, mil e umas falhas frente a compromissos e situações que eram importantes, infinitas desculpas inconsistentes na hora de planejar e executar programas de lazer dos quais eu costumava ser descartada ou ignorada pelas criaturas, era eu quem sempre ligava, era eu quem sempre procurava, era eu que sempre me esforçava pelo contato e, lógico, era eu que sempre me decepcionava esperando por quem não iria chegar. Concluí que o problema, de verdade, era eu. Dai, caí fora, nunca mais liguei, procurei, conversei e depois de tanto tempo passado reiterei minha decisão.
O que não entendo é por que fingir amizade? para que? e Nunca vou entender a obsessão da outra, catando notícias de minha vida. Por que será que eu interesso tanto a  ela?
Com o tempo, esqueço meus inimigos e ex-amigos. Não compreendo por que eles se interessam por minha vida, por que se acham tao importantes a ponto de sugerir invejas, intrigas e outras calúnias descabidas... Logo eu? eu, que tenho inveja apenas de Carla Bruni, deveria dar a entender que se não há qualquer semelhança entre o time dos desafetos e a Carla Bruni ( que é linda, loira, rica, culta,talentosa, competente, sexy, magra e poderosa),está na hora de canalizar a questão para outro lado, para outro aspecto. Interessante: as coisas que desgastam, desgostam. Acabou, passou e eu só desejo que esse povo me esqueça!
Dizem que os amigos verdadeiros são poucos, que são escolhidos a dedo, que se conta nos dedos de uma mão os que merecem esse título. Acho porém, que os inimigos merecem ser apontados a dedo: o dedo médio. A vocês, queridas!

Bombas e torpedos


Como não poderia deixar de ser, encho minhas amigas com torpedos SMS cínicos, sempre cutucando as onças dos desejos femininos recalcados, desejando um Feliz São João com ambiguidades, com figurações grosseiras e hiperbólicas, até que minha amiga surpreendentemente deseja que eu encontre um grosso e grande sabugo de milho, para me deliciar. Na esportiva, retruquei: "Sabugo de milho branco, preferencialmente."
Ela deu a tréplica: "Não discrimine. Sem preconceitos: qualquer sabugo de milho volumoso, de qualquer cor." E aí, jogo minhas preferências no canto e agradeço pelo tipo de amigas que tenho. Para as inimigas eu desejo um proctologista sádico, de indicador gigantesco! No mínimo, isso é uma bomba de efeito moral sobre o povo que eu desprezo e que quero mais é que se exploda!
Conforme escolho colocar aqui imagens de nus masculinos, em homenagem à referida amiga, vou por uma foto que não faz parte das minhas preferências masculinas - menos pelo modelo parecer gay, do que pelo conjunto geral da obra não fazer parte das minhas preferências. Preferencial não é exclusivo, tenho que explicar...Sem preconceitos, claro!

São João, é fogo!


Difícil é ignorar minha ira diante do estouro constante das bombas durante o São João. Odeio! Odeio mesmo!
Ontem, ao sair da casa de Héber, já bem mais das 22 horas, fui me desviando de fogueiras, sem nada poder fazer contra a fumaça que mais tarde me faria acordar sufocada. Desde a vizinhança do meu amigo, crianças endemoniadas soltavam bombas potentes nas ruas, auxiliadas por pais irresponsáveis e bélicos. Acho tudo uma praça de guerra. Não vejo sentido em literalmente estourar dinheiro apenas para ouvir barulhos estrepitosos! Vá entender o ser humano!
Cometi meus excessos gastronômicos, e talvez meu São João se limite a isso: me acabar em guloseimas, lamentar as consequências na balança, antever os engarrafamentos pós-festas, o trânsito e os transtornos... Não faço simpatias nem viajo para as aglomerações juninas. Vejo tudo contra mim: estradas cheias, aglomerações, frio, fumaça, estouros de bombas que, aliás, tem consequências extensivas aos meus bichos, pois todos eles ficam assustados e sobressaltados com o estrondo animal de bombas-canhão, fogos chiarentos e artefatos similares que reforçam minha descrença na coerência e racionalidade humanas. Shows pirotécnicos só servem para pirar a pessoa.
Consegui me desvencilhar da companhia indesejada. Tenho isso: não quero ver o ficante em certas ocasiões. Apenas me bate uma vontade de não ver, de não encontrar. Não sei por que isso acontece, mas é uma certa indeterminação do desejo de ver, dá, acontece e aí para fabricar desculpas esfarrapadas ou usar de sinceridades que não firam, me parece tudo inviável.
Bom, minha rua é só fumaça e fogos. Fico aqui dentro, quietinha, eventualmente sacudida por sustos devido às bombas. Não quis ver o ficante, não quis sair, não me precipitei a nenhuma festa e ainda me pergunto como foi mesmo que as coisas se tornaram o que são, em termos amoroso-afetivos, já que era em R. que eu pensava desde fevereiro, era com ele que ia decolar um relacionamento, mas eu nunca liguei, nunca telefonei nem forcei coincidências... E tudo mudou... Não é que não ele não me interesse, é a vida passando mesmo, outros ritmos se impondo, outras coisas surgindo, outras situações...
Respeito meu modo pessoal de encarar as coisas: não aderi aos desesperos de causa. Já pensei, claro, em momentos de extrema solidão, em ficar com qualquer homem que pudesse se tornar uma companhia, mas aos poucos vi que era apenas desespero de causa que não justificavam constituir pares que não combinam, pegar “o feio, que bonito lhe parece”, quebrar um galho e ir levando. Com todos os preços, prefiro a sinceridade. E de mais a mais, não sei quando é que o interesse passa, que os sentimentos se esvaziam, que o desejo fenece, ou se morre para renascer, ou, se, quiçá, eu esteja vendo o que eu não via e conhecendo o que eu ignorava.
Por questões de sinceridade, admito que se algum desespero me pegar será aquele que toca à tão difícil possibilidade que temos em encontrar compatibilidade sexual com alguém. Quando encontro alguém assim, satisfatório na horizontal, penso que a tampa da panela existe e quanto mais adaptadas as partes, melhor o fervor. Mas, esqueçamos minhas intimidades e essa minha incapacidade de ganhar o festival de hipocrisia sobre assuntos polêmicos.
Gosto do São João. Não gosto de bombas. Tá: que se exploda!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Choveu!


Novidade mais nova, impossível: estou abrindo um escritório de especialidades em engarrafamentos.
Nunca na história de minha vida enfrentei engarrafamentos mais longos, assustadores, pesados e em profusão que neste mês em Salvador.
Na segunda-feira de manhã, assim como ao longo do dia, juro que pedi a Deus para voltar ao domingo e acordar de novo a fim de fazer m novo dia, uma nova segunda-feira. E o dia foi terrível, tétrico, total Lei de Murphy. Saí de ônibus executivo às seis e vinte da manha e cheguei a Salvador dez da manhã.
No caminho, chuva, chuva, chuva...carros e chuvas...
Saí da universidade e fui a um quilômetro de distância do campus. Para voltar, levei uma hora e meia...Tudo errado, tudo esquisito, alunos em polvorosa, cidade em polvorosa por causa da onda de protestos contra aumento da passagem de ônibus, contra o investimento governamental nas Copas, cidade parada, aulas para dar  eu dei aula a quatro gatos pingados...Sai do campus e a rua era um deserto...
Em meu escritório vou dar alternativas para preencher o tempo no engarrafamento...Enquanto a pessoa não está nervosa, nem dirigindo, pode ler, atualizar leituras, e-mails, dar uns amassos num recém conhecido ou no grande amor que viaja ao seu lado... E na hora da raiva, quando vier a vontade de matar os engenheiros de tráfegos, esses seres que dizem que existe, mas de que nunca se teve notícias ou se avistou em vida, vale matar o tempo e, para tanto, pode-se ensaiar o vocabulário próprio, alimentando o repertório de palavrões. Xingar sempre alivia, é como uma meditação em voz alta, com destinatário explícito.
Ah, basta dizer que o dia foi horrível. Hoje, comprei sapatos!E o resto dessa história é só chuva!

Dead Kennedys is dead e outras constatações


É assim: os momentos passam, as oportunidades passam e o que não foi dito nunca será.
Tenho visto que os dias passam e não me sobra tempo para escrever aqui. Creio que desde a festa promovida pelo meu ex, com bandas covers, num sábado de maio (ou teria sido abril?), eu pouco expresso das minhas impressões pelo mundo.
Acho que lembrei disso porque não obstante ter sido uma festa boa, tinha o cara com ma camisa do Dead Kennedys. Quem usa, fala ou sabe que banda é o Dead Kennedys?então aquilo pareceu chocantemente anacrônico...Talvez nem fosse isso, mas o fato de eu me ver no espelho do fóssil musical (sem depreciações, gente...é que Dead Kennedys são referências caducas na minha história e infância, sei lá, algo assim...).
Reclamo que nada muda, que os dias são iguais...Mas bastam cinco ou seis dias sem edição para eu ver o que deixei de contar.
Para quem se interessa pela minha pouco interessante vida, digo que os rolos amorosos continuam, que os conflitos da carne me pedem cálculos morais, que penso tanto antes de fazer, que não faço, que devido ao trabalho sinto saudades loucas dos meus gatos, do meu cachorro, que faço ginástica financeira para sobreviver e ginástica cronológica para cumprir os trabalhos que comecei e que,sim, "Creio em Deus-Pai-Todo-Poderoso"para afastar as deliciosas tentações que me aparecem porque o negócio é diabólico mesmo.
Meus chás de sumiço funcionam contra o Zé Bonitinho ultimamente e eu espero que ele nunca descubra meu outro número de telefone. Ah, sim, esta é a novidade: finalmente tenho um número de telefone de operadora badalada e que não divido com ninguém a não ser com os VIPS - errei ao promover a VIP o ficante do cartão amarelo e do futuro bilhetinho azul ( e não apliquei o cartão amarelo foi por conta das minhas fraquezas porque em mim a carne é forte e a dele me agrada demais!Caso clínico, patológico de competência na horizontal que me segura a decisão e o ponto final!). Como eu sei que certas amigas minhas distribuem meus contatos,não contei do número novo.
Meu celular anterior quebrou. Ressuscitei uma relíquia chamada Motorola V3. Isso durou dois dias - a relíquia era sucata. Tive que comprar outro  escolhi um de duplo chip. Meu outro n'mero em 13 anos e eu nunca o deixarei.
Na ânsia de me empurrar um celular mais caro, a vendedora quis aumentar meu limite. Eu disse que não precisava. Ela insistiu, abriu telas, fez consultas e diante da impossibilidade, eu dei risada imaginando que eu deveria estar constando na lista de procurados pela INTERPOL e pela CIA porque ela faria qualquer coisa para aumentar este meu limite a segurar a comissão correspondente. Não aumentou nada. Nem eu queria. Não brinco com créditos nem com finanças. Meu telefone está aí e não quis nunca ter desvarios tecnológicos. O que tenho me basta.
Ah, sim, descobri que o fincante ouve muito Smiths. Sempre me liga quando está ouvindo. Na minha casa, ouve também, cata meus CDs...Não sei se sou eu que lembro os Smiths ou os Smiths que fazem com que ele lembre de mim...melhor do que lembrar os Deads Kennedys (brincadeiras à parte, até onde me consta, as bandas são contemporâneas uma da outra...o resto é só graça minha porque tem umas quatro encarnações que eu não ouço falar em Dead Kennedys)

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Só o Pink Floyd explica...


We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teacher! Leave them kids alone!
All in all it's just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall
We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teachers leave them kids alone
Hey! Teacher! Leave us kids alone!
All in all you're just another brick in the wall
All in all you're just another brick in the wall
"Wrong, Do it again!"
"Wrong, Do it again!"
"If you don't eat yer meat, you can't have any
pudding. How can you
have any pudding if you don't eat yer meat?"
"You! Yes, you behind the bikesheds, stand still lady!"

Com eles!


Percebi ontem, mas disse hoje à minha amiga: "Estou dando aulas a heterossexuais. Desaprendi a dar aulas a heterossexuais!".
Disse.
E disse com surpresa, porque as áreas em que atuo são extremamente ginecocrácicas e homossexuais. Agora percebo que tratei meus alunos gays como se fossem mulheres. Desde 2006 os heterossexuais não eram sequer 10% de minhas classes. Aqui na minha cidade, minha classe, a que dou aula, não tem nem mesmo um único homem heterossexual.
Quando falei, não falei por piada. Não falo por piada. Falo por crise profissional, crise própria, de quem precisa se reinventar, de quem enxerga seus erros, seus vícios. E, sim, desde sempre eu gosto dos homossexuais, gosto sem a intenção de parecer moderninha - são meus grandes amigos e todos sabem que se contam a dedo (acho que em dois dedos) meus amigos heterossexuais; são as pessoas que compõem a minha vida. Talvez seja por isso que também tenha sido tão fácil manter distância afetiva dos meus alunos, poder dizer que eu jamais ficaria com nenhum deles, se um dia acontecesse. Tá, não aconteceu agora. Meu superego, para isso, é vigilante, tem senso de ridículo, pesa e pondera. Mas a verdade é que dou aula a lindos heterossexuais. Não obstante, minha cidade é mal servida de homens. Homem bonito é realmente raridade, mas vai e despencam numerosos deles à minha vista. Lógico, acho-os bonitos, mas não estou acostumada a isso, não.
Uma vez eu estava triste, infeliz e carente. Confundi meus sentimentos, parei e pensei numa proposta, daquele meu aluno que me chamou de cretina ao pressupor que eu houvesse casado - ele se baseou numa foto de Orkut, em que eu estava com um véu. Mas eu nunca ficaria com ele. Eu nunca ficaria com nenhum!
Havia um irmão de um orientando meu (que também foi meu aluno) que eu brincava e dizia às colegas íntimas que "Por ele eu rasgaria meu diploma, meus títulos, jogaria minha reputação profissional na lama!". Tudo brincadeira e exagero, porque o menino era bonito - meu orientando também, genética abençoada, mas eu construo relações maternais com eles, às vezes me penso como mãe deles, independentemente da incoerência da matemática de nossas idades.
Percebi que falo mais de política e de História na classe. Percebi que a conversa é diferente. Nem melhor , nem pior: diferente...
Acho que não sei mais falar com heterossexuais, no plano didático: é outra demanda. Ah, e é outra vigilância moral, semântica, comportamental, porque eles não são como os demais, têm uma faceta predadora, têm outra relação de poder e outras expectativas...Nas classes atuais os homossexuais são em menor número.Nas outras universidades em que estive, eles eram maioria e isso me deixa basbaque: Juro, não estou acostumada... Que esquisito!Que exercício de aprendizagem se desenha como necessidade, agora!
E pensar que aquela gente mal amada repugna aos Simpatizantes!Que povo, viu?!Não admitem que quem não seja homossexual defenda homossexuais... E eu não preciso ser defunto para defender a vida, nem para pensar sobre a morte, ora! Mas, bem, vá lá cada um com seus preconceitos, né?
Não brinco da mesma forma, acho que perdi o rebolado...Quando o convívio com a diversidade é só discurso, dá para levar...Mas a gente que convive realmente com a diversidade sexual, em dados contextos em que a minoria é contraditoriamente majoritária, entra mesmo em crise.
No meu mundo profissional, homossexual é maioria. Mulheres, idem. Continua a ser ginecocrácico o meu ambiente de trabalho, mas isso de ter heterossexual masculino em número massivo é uma novidade para mim...Já pensou? um monte alunos homens machos do sexo masculino heterossexuais praticantes - assim, com nome e sobrenome, para não deixar dúvidas...é muita testosterona para minha pedagogia...Vish!

sábado, 8 de junho de 2013

Exercícios

Vamos mentalizar as coisas boas...E que elas venham!

Depois...


Gosto que a minha vida me pertença. Mas não nego que às vezes ela nem parece que é minha, que quando não me sobra tempo para escrever, nem para curtir o que gosto, nem para fazer o que me apetece sinto que minha vida foi emprestado ao meu trabalho, a outrem.
Minhas turmas de lá da universidade em Salvador são heterogêneas: tem de tudo, de tudo mesmo. É uma diversidade gostosa e problemática, porque sempre tem o pessoal radical de qualquer coisa e o pessoal chato engajado. Eu não me filio a partido nenhum. Lembro do espanto de minha aluna de Pedagogia, ao me perguntar se eu era marxista, se eu era o que ,em termos de tendência política, partidária, de cosmovisão...E eu respondi que eu era apenas um ser humano que reocnhecia os pontos positivos e negativos naquilo que eu conhecia e de que poderia falar. Outrossim, não é precios ser de lado xis ou ípsilon para ter opinião.
Bom, tenho também minhas simpatias.
Estou particularmente cansada. Estou enrolada também: silenciei o término de uma relação e comecei outra. Há uns minutos o primeiro quis vir me ver, após duas ou três semanas desde que nos vimos, desde que fiz do silêncio uma resposta... E o segundo não sabe de nada! E eu não tive coragem de dizer que há um segundo que, agora, está em primeiro lugar, em primeiro plano.
Ah, estou ocupada, agora não dá. Para piorar, está chovendo um dilúvio! E para o pior ficar ainda pior, lamento ter que viajar amanhã, dormir fora de minha casa para acordar já em Salvador e evitar problemas de tráfego que nas manhãs de segunda são comuns.
Este foi o primeiro ano em que praticamente nem pensei em Dia dos Namorados. Pensei exatamente agora por causa do que me ocorreu por telefone.
Depois, tudo vai ficar para depois. Agora não dá!

domingo, 2 de junho de 2013

Visões de um paraíso




Neste feriadão maravilhoso e prolongado, fui para minhas lindas paisagens do Baixo Sul. Como sempre, me deslumbro por passar no meio das águas, águas tão próximas que molham os pneus do carro e permite ficar olhando as embarcações indo e vindo.
Lá fez sol e todas as cidades próximas, em que passei, estavam cheias de turistas. Logicamente, não fui a passeio, mas a trabalho.
A imagem aí de cima é de lá, das terras em que trabalho. Sinto-me recompensada pela paisagem.
E disso muito me orgulho, porque até para abastecer o carro tivemos que ir ao Posto da Praia, que fica numa estrada excelente para rally.
Falando nisso, na volta ainda deu para ver os saltos incríveis, num campo apropriado para Motocross, as manobras e saltos dos motociclistas profissionais. Tivesse eu tempo e dinheiro, de lá não voltaria tão cedo.
Nesses dias, dei risada junto com meu par quando ele disse que eu era a única pessoa neste planeta a ter três empregos e não receber por nenhum. Assim ele concebe, e é verdade. Mas pelo menos lá eu me divirto. Às vezes me sinto indignada com o motorista, por exemplo, que não cumpre horário. Ontem ele se reportou á minha origem, confirmou um estereótipo e ainda quis inverter a ordem do discurso para instalar uma lógica que o beneficiasse. Explico: na sexta-feira ele me deixou esperando por uma hora e meia, para fazer a travessia da cidade em que eu estava até àquela em que dou aulas, a lindíssima – Mas, meu Deus, haverá na Baía de Camamu e Península de Maraú, paisagem que não seja bonita? – e este atraso gera um efeito dominó que compromete todos os demais horários a cumprir e a descansar. Ok. Lá vou eu, tipo Caetano Veloso (em O que será?), “atrasado e aflito”.
Para o dia seguinte eu advirto, peço, rogo, imploro para que se cumpra o horário de saída. Ele teima em estipular um horário de acordo com o que ele quer e não com o que eu necessito. Penso que esta seria uma hora de por a limpo a hierarquia, os acordos e os pactos. Penso duas vezes, porque não sou disso e condeno às amigas e inimigas íntimas que vejo humilhando empregadas domésticas, esfregando poderes, títulos e lugares sociais na cara dos seus teoricamente subordinados. Não obstante, fui militar e acho que isso de se ater à hierarquia é um jogo covarde que serve para ditar quem manda, quem obedece e, lógico, quem se insubordina.
Se insubordinar é se revoltar por estar por baixo, é reverter esta lógica, pois apesar de estar hierarquicamente abaixo, este ser humano de baixo se revolta contra o de cima, passando por cima dele, desafiando suas ordens, suas indicações. Resumindo: engoli o sapo!
Mas, como não poderia deixar de ser, ao saber que eu estava no lugar combinado, no horário combinado, na situação e condições combinadas, à espera que excedia trinta minutos, o motorista veio me confirmar que eu era mesmo paulistana, não havia dúvidas, porque eu era agoniada e o baiano era tranquilo.
Falou de minha ida ao trabalho no meio de um feriado prolongado, do cumprimento à risca de dias e horários e veio com esta de que baiano era conhecido por ser preguiçoso, porque é um povo tranquilo, que cumpre o que cabe nas condições que pode cumprir. Subi nas tamancas: falei claramente que isso era um preconceito absurdo, que tem baiano preguiçoso como tem paulista preguiçoso e ser humano preguiçoso em geral e que ele estava confirmando um estereótipo para se safar de uma responsabilidade.
Para piorar, nada do que ele teria que fazer foi feito, inclusive abastecer o carro e dar andamento em certos papéis. Aí ele apelou para o tal do “palavra é força”. Dos ditados inúteis que eu já ouvi, este é o que eu mais odeio.
Ele explicou que como eu o adverti no dia anterior, ao chegar o sábado foi a força da minha palavra de advertência, sugerindo um novo atraso dele que o fez se atrasar.
Qualquer um que me conheça minimamente sabe que esta balela de palavra é força comigo não cola porque não funciona para as coisas boas. Aquilo que nos favorece, se verbalizado, não acontece; mas o contrário, o que é temível, se verbalizado, se concretiza. Na acepção desse povo que crê nisso.
Esse ditado não é mais que uma camisa de força para barrar comportamentos e filtrar semanticamente as palavras, é mais uma daquelas patrulhas para evitar que se digam nomes e coisas desagradáveis, porque estas palavras temidas, se pronunciadas, se concretizam. Não dão mesmo prestígio às palavras boas, pois você pode morrer gritando por socorro e nem por isso ele vir; e não há quem aposte em loterias que não enseje boas palavras de sorte. Porém, as coisas boas não se concretizam nas palavras.
Então eu disse a ele que minhas palavras não são tão poderosas assim, que “o que é minha palavra ante sua força de vontade?”, ou seja, ele falhou quis compensar o atraso no acelerador do carro e ainda responsabilizava a mim por uma situação provocada por ele.
Como dei carona a uma fala puxa-saco, ela ainda disse que eu não lamentasse atrasos, porque muitas vezes isso era para em salvar de uma tragédia, que por um minuto se salva alguém, se evita algo. E eu rebati dizendo que as obras do acaso funcionam na ordem inversa, também: que por causa de um atraso muita gente morre e se estrepa, que não há mapa que anteveja uma coisa ou outra e que o máximo que a gente poderia fazer era se planejar e cumprir com o que compete a cada um.
Sou metódica, mas nem tanto assim. É que não me sinto confortável deixando os outros me esperando e cobro aquilo que dou.
Acredito que quando a gente erra, no mínimo admite e se desculpa, procurando não reincidir.
O motorista apelou ao além, ao estereótipo, ao preconceito, aos determinismos, para se safar de uma culpa e responsabilidade que era obra e graça dele.
Mas, excetuando isso, que, aliás, em nada diminuiu a felicidade da viagem de ida e de volta, adorei ter ido. Não tenho certas frescuras, não. É certo que desejei ir para a Cachoeira do Tremembé, de dar um giro em Itacaré, em Boipeba e depois, na volta, ficar em Morro de São Paulo até à terça-feira... Mas eu tinha que voltar, até porque os últimos fragmentos do muro que eu tenho a derrubar estão com certo atraso, haja vista as coisas concernentes ao meu mais recente emprego.
Andei pensando na minha ex-amiga, também: pois é, a pessoa até hoje foi incapaz de me parabenizar, desafiou minha lógica pessoal, que aplico porque vivo e acredito nela: Quando a gente ama um amigo, confunde as vitórias dele com as nossas próprias vitórias. Ela não veio comemorar comigo, não se irmanou... E acho que sugeriu que eu tivesse inveja dela, mas penso que só pode ser engano de raciocínio meu, pois eu não teria o que invejar naquela pessoa. Será que ela quer dizer inveja de coisas materiais? Não há nada de material na vida dela que, adquirido em 48 ou 60 prestações, eu também não pudesse ter, caso quisesse... Não deve ser, né? Eu nem tenho vaidades mínimas como usar joias ou investir na aparência externa da casa... Não faria sentido. Tenho vaidades, sim, culturais, estéticas, coisa de querer produtos bons, de qualidade, frequentar lugares bons, ser uma pessoa, como eu digo, Terceiro Piso... Bem, talvez seja o mesmo jogo do motorista: a pessoa não assume sua parcela de culpa e responsabilidade pelo ocorrido e apela para o plano abstrato, revertendo os lugares e desqualificando a vítima em favor do criminoso. Conheço esse jogo!