Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 25 de março de 2014

A vida em preto e branco


Tanta coisa gostosa para se experimentar nesta vida, e eu levando tudo a sério.
Fico aqui, responsavelmente, enviando textos em PDF para minhas turmas não se furtarem às leituras, compondo programas de disciplina, planos de ensino, cronograma, pareceres...
Nesta semana, nada de academia de ginástica: só deu a Academia literalmente acadêmica mesmo. Quiçá na sexta-feira, quando eu já estiver em Feira de Santana, meu lar e meu lugar, eu me arraste até à UEFS para ver o Chico César.
Até que minhas sextas não são ruins. Na anterior, fui mesmo ao show de Caetano. Fiquei lá com uma amiga dos tempos do Mestrado. Caetano Veloso continua sendo um show!
Negligenciei umas escritas, os e-mails para uma amiga querida, mas hoje resolvi escrever porque ando com saudades de Tati.
Nesta minha querida Universidade Federal, o cansaço está sempre à minha espera, mas me divirto também.
Nesta segunda-feira, fui convocada num concurso longe, numa cidade turística baiana. Não vou. O porto seguro do emprego certo, efetivo, já não me seduz.
Naqueles idos de 2011 e 2012, sim: eu queria ir a qualquer parte; descolar um emprego besta que me garantisse o pão e ficar a léguas de distância do idiota que eu amava e que me traía com uma manicure gorda e semi-analfabeta,sem atrativos físicos, intelectuais ou morais que me fizesse me conformar com a troca. Troca nem era: ele queria a relação a três, negava o óbvio, tentava me fazer de besta. E fez, porque eu jamais imaginei que ele fosse me trair e me trocar por Aninha.
Naquele tempo eu não tinha carro e minhas amigas não se dispunham a uma investigação à risca. Precisava do carro para seguir, encontrar, ver quem era a outra. Não era outra: era a mesma, a manicure de minha amiga, que me conhecia e tudo mais.
Aquele era um tempo de perdas e mágoas.
Vi o edital. Fiz. Passei em terceiro lugar. Nunca me chamaram.
E lá estando, dancei, conheci gente, encontrei gente, criei coragem para beijar outro cara...Concluí que se fosse para lá, tudo seria diferente.
A fila anda, a catraca gira...Aí foram me chamar agora.
Jogo alto e pago o preço: não vou para lá.
Algo dentro de mim mudou. A gente nunca percebe quando muda: é preciso distância temporal. Nossa face é outra e não é só caso de velhice.
Comemorei silenciosamente, outro dia, as mudanças ocorridas com os amigos. Finalmente, depois de adultos, maduros e independentes, abriram as portas do armários blindados. Tem que ser: assumir sua vida como sua, superar a vergonhar, tomar as rédeas do ser e da vida.
Vi que mudei quando abandonei  pudicícia da fidelidade vigiada. Se por um lado perdi o respeito pelos homens, não seria qualquer homem a merecer minha fidelidade  estima.
Tenho um aluno que é o modelo de homem que eu gosto: educado, elegante, cortês, prestativo, lindo, branquinho, mauricinho, de cabelos lisos e inteligente. Não me desperta, por certo, desejos no nível afetivo ou carnal. Mas é um homem lindo!
Às vezes dá isso - ou seria minha ojeriza em sequer pensar em relacionamentos com alunos? - a pessoa é desejável no sentido da idealização, mas não desperta malícias de outra ordem.
Desde 31 de janeiro minha vida amorosa está sem graça. Sem turbulência também - nem gosto de turbulência... Mas um beijo desestruturador iria bem!Que falta faz uma boa novidade no amor, uma ânsia, uma espera, uma conquista, alguém para quem se arrumar...
Mas ainda assim, a vida é gostosa.
É pesada como um fardo, é cansativa, é difícil, mas é gostosa!Colorida ou em preto e branco, nas nuances mais inesperadas, faço como Caetano e "eu digo que ela é gostosa: tem a noite, tem o dia, a poesia e tem a prosa/ eu digo que ela é gostosa!"

segunda-feira, 17 de março de 2014

"Complicação tão fácil de entender"


Não,sei por quê dizem existir mulheres complicadas, como se elas fossem uma instituição. No geral, quando alguém oferece um porto seguro, tudo se descomplica.
Mas, um porto, se é porto, na verdade sempre permitirá que outras embarcações ali aportem e outras tantas, dali partam. Logo, a segurança é uma coisa bem etérea. Certo que algumas mulheres acreditam que o porto seguro possa vir em forma de aliança ou de uma Certidão de Casamento - nota fiscal da compra da liberdade, para uns; da compra da felicidade, para outros...No fim, casamentos ocorrem como eventos sociais para tornar público um relacionamento.
Deixei lá na minha página do Facebook: "em um relacionamento enrolado". Com isso eu quis dizer que estou num relacionamento impreciso, inseguro, sem a menor garantia. Não conheço relacionamentos que não sejam assim. E se alguns renovam os votos do casamento, isso, para mim, não é uma garantia extendida/estendida, se é que me faço entender no trocadilho das palavras entre barras.
Sonho com "a sorte de um amor tranquilo". Eles existem. Tranquilidade existe. Garantia, a gente inventa.
Às vezes somos complicadas no sentido de sermos indecisas. Mas mulher é bem simples: geralmente querem atenção, carinho, compreensão, companheirismo, cumplicidade - e se isso se traduz materialmente em expectativas românticas, complicados são os homens que não se dão ao trabalho de comprar um Sonho de Valsa de um real, arranjar uma rosa que não passa de três reais e fazer uma gracinha de vez em quando.
Meu ex ia ao shopping comigo. Odiava ir. Partia para a chopperia enquanto eu pagava contas. E quando propunha ir ao shopping para  gente se divertir, ele ia à chopperia e eu ia tomar um petit-gateau no Freddíssimo. Uma hora depois a gente se encontrava e ia ao estacionamento, para ir embora. Ele pensava que isso era um programa a dois.
Não lembro da gente se divertindo juntos, exceto nas praias e lagos da Linha Verde.
Ele não via nada. Eu via a gente bem distante.
Complicado é isso: o cara não ver que a gente não se divertia um com o outro e que mau humor desgasta a relação. Meu afastamento de R., inclusive, se deu também pelo mau humor dele - não aguento gente sem presença de espírito.
Mulheres complicadas? complicada é a vida, é o ser humano em geral. Quer descomplicar? faça perguntas diretas, faça propostas claras, ponha a limpo as verdades veladas. Pronto: descomplicou.
Diria como Lulu Santos: "Complicação tão fácil de entender!"

sábado, 15 de março de 2014

Todas as sílabas



Hoje, se eu estivesse em casa, estaria me arrumando para ir ao show da banda 80 na pista, que acontecerá daqui a pouco, às 23 horas. Mas, já que estou longe de casa, resolvi adiar o sono e ficar ouvindo música, pensando em compensar a perda lúdica deste sábado indo, no próximo sábado, ao show de Caetano Veloso. Com todas as sílabas, posso dizer: EU AMO CAETANO VELOSO!
É outro show, com repertório do Abraçaço, mas fiquei ouvindo esta música aí abaixo, "Muito Romântico", que eu adoro mesmo:
Não tenho nada com isso nem vem falar
Eu não consigo entender sua lógica
Minha palavra cantada pode espantar
E a seus ouvidos parecer exótica
Mas acontece que eu não posso me deixar
Levar por um papo que já não deu
Acho que nada restou pra guardar
Do muito ou pouco que houve entre você e eu
Nenhuma força virá me fazer calar
Faço no tempo soar minha sílaba
Canto somente o que pede pra se cantar
Sou o que soa eu não douro a pílula
Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior
Com todo o mundo podendo brilhar no cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras sou muito romântico

Cuba Livre?


Estou numa cidade longe para cachorro, uns 600km longe de minha casa. para cá, como eu, vieram outros profissionais, dos quais alguns médicos cubanos.
Falávamos - eu e mais dois professores - da situação vergonhosa que o Brasil criou ao remunerar com diferença os médicos cubanos, passando para eles não somente valores abaixo do que se paga a um médico no Brasil como também repassando ao governo cubano percentuais altíssimos, forçando, por conseguinte, os médicos cubanos a custear a estada no Brasil com mil a três mil reais.
Um de meus colegas, ao deparar com um deles na sacada do hotel, questionou a este respeito, adotando postura favorável ao profissional que estava perto de nós e citando a coragem da medica (Ramona?!) que denunciou tais disparates.
Incrível foi ouvirmos o médico discordar da colega e afirmar que ela errou pois os problemas deles com Cuba não devem ser discutidos fora da pátria. Além disso, afirmou que os que vieram para o Brasil, de antemão, sabiam as regras do jogo e concordaram em vir.
No contexto, ele se mostrou radical e alienado, surpreendendo a todos nós, que temos em alta conta a consciência política dos cubanos em geral e destes médicos em especial. Ficamos, pois, decepcionados.
Não era ali mera discordância, porque todo mundo tem direito a isso: era o desejo do nosso interlocutor de não enfrentar as falhas das políticas Cubana e Brasileira, como fazíamos nós.
Todos que viemos para longe, o fazemos porque precisamos de dinheiro, temos responsabilidade, ética e qualificação profissional em nossas áreas. Isso não nos impede de ver os defeitos, os lapsos, os equívocos. Que visão curta acerca de todo um contexto!
Os problemas do Brasil não afetam somente o Brasil: não estamos isolados, não somos isentos de erros, não somos perfeitos... Se quiserem dizer que a comunicabilidade entre os países ultrapassa questões econômicas, acertarão em cheio. Com isso, o estado da grama do vizinho nos afeta muito. E se este vizinho faz uma visita à nossa casa, afeta muito mais.
Logicamente, respeitamos as fronteiras entre terrenos e propriedades da vizinhança. Porém, se no vizinho há barulho, isso nos atinge; se as condições sanitárias do vizinho não forem adequadas, sofremos a consequência e dentre as mais parcas e grosseiras analogias que podemos fazer, nada chegará perto da direta afirmação de que países que constituem pactos de toda espécie expressam seus laços recíprocos e as consequências do relacionamento entre as partes. Traduzindo em bom português: ficamos mesmo decepcionados pelo fato do médico condenar a colega de pátria e de profissão por ter jogado no ventilador as atrocidades vividas. Preferem o silêncio, aprenderam a calar e minimizar o impacto das ações. Que pena!
Tomara seja ele uma exceção no tocante ao pensamento geral sobre o caso. Independentemente de regimes políticos e nacionalidades, sempre é triste qualquer forma de desrespeito e a impossibilidade de confrontar versões dominantes, além da força que faz calar opiniões.
Pelo jeito, Cuba Libre é só uma bebida brasileira à base de rum e Coca-Cola...

quinta-feira, 13 de março de 2014

Namoro e Fantasia


Depois de um tempo infinito, voltei à sex-shop no último sábado.
Havia muito tempo que eu tinha perdido o interesse em me fantasiar de qualquer coisa e de comprar acessórios para diferenciar a vida sexual. Mas fui e percebi que ia para me agradar, não para presentear terceiro com novidades. Isso é também muito triste: Nenhum homem despertou em mim, até então, o desejo de ser agradado sexualmente; nenhum relacionamento me trouxe  a vontade de incentivar os jogos sensuais.
Porém, comprei o que eu bem quis e o que me pareceu interessante. Na fase atual, não estou exatamente com um par que me empolgue em vários planos...Tudo morno.
Não sou muito de ceder, de abrir exceções frente àquilo que não quero. Mas vou admitir: tenho assumido formalmente o meu relacionamento chato nas redes sociais.
Não gosto de dar satisfações sobre meu estado civil e considero que, uma vez que não sou casada, sou solteira mesmo. Ter namorado é estar solteira. Não vejo motivo para declarar que a relação é séria porque isso significa uma promessa de compromisso e durabilidade que nem sei se será possível. Mas ele pediu e eu alterei meu perfil. Cedi. No mínimo ganhei ao afugentar certos tipos que sempre se insinuam, mesmo o FJ, que bisbilhota minha vida e vive telefonando para propor almoços seguidos de sexo e apego inconstante e conveniente para ele.
Tenho um sério problema com isso: Por que são os homens a determinar a natureza dos relacionamentos? Por que o namoro é sério a depender dos homens e de suas vontades?Por que se preserva tanto esse ideal de ser a escolhida por um homem? Minhas escolhas, ficam aonde?
Daí que escolhi que não queria mais o F.J.
Daí que falei para o Sujeito Indeterminado meus posicionamentos reais. E logo que eu mudei meu perfil, dois ex foram lá, curtir meus status. Pura ironia deles.
Não conto onde trabalho, onde moro e quem consulta meu perfil se decepciona com a escassez de dados. Minha vida de lazer não tem ostentação: é foto rara de cada evento, de namorados, quase nenhuma ou, as que há, não deixa claro quem são aquelas pessoas. Hoje, então, que meus primos conservadores lá de São Paulo me ligaram para me adicionar na página deles, aí é que lascou porque odeio dar satisfações.
Sabe por que inda não me desvencilhei de me referir ao Ex-Grande Amor da Minha Vida? Porque nunca mais amei ninguém daquela forma; nem tive uma relação com aquela qualidade e força afetiva. Parece que depois de 2007 eu nunca mais amei.
Tive pequenos e significativos amores. Tive amores de desesperos e paixões sexuais ensandecidas, tive hipnoses físicas e eróticas por um certo sujeito de olhos cor de violeta - aliás, tenho medo do poder dele sobre mim, até hoje, mas é hipnose mesmo....- e agradeço e respeito cada ser humano do sexo masculino que atravessou meu caminho e entrou em minha vida mesmo que por curto período. Porém, nenhum foi um grande amor.
Nem sei se eu teria coração para isso. Sublimo muito, para não sofrer de novo.
Também não gosto de homens covardes, apesar de minha vida ser povoada de exemplares deles. Se a pessoa não quer envolvimento, não procure envolver os outros... E relacionamento é sempre troca - de coisas boas e ruins - e onde não há reciprocidade, nada há ali além de sombras de egoísmo. Até sinto falta de R., maior representante do tipo descrito, mas é sentença declarada.
Não sei se me sinto namorando Sei que há coisas em falta e tomara que não seja minha liberdade, isto é, meu ponto fraco ( ou forte, a depender do ponto de vista).

quarta-feira, 12 de março de 2014

Vida: Campo de provas


Já faz tempo que eu digo que tenho um muro a derrubar. E faz mais tempo ainda que eu digo que o muro, hoje, não passa de pequenos escombros. Bem, formalmente me resolvi com o muro. Interiormente, ainda sinto que ele está aqui, embora seja somente a sombra do que foi.
Depois de minha última tentativa de extinguir o muro - não dava para explodir, implodir, destruir apenas... - fiquei pensando que, seja como for, há um processo cansativo de avaliações na vida, de pontos a defender, de provas a responder, de alternativas para escolher, naturalmente arcando com o ônus dos erros e das escolhas incorretas. Mas, em resumo, a vida se compõe de eternas provas e processos avaliativos.
Até a gente avalia o passado que teve, avalia atitudes tomadas e é capaz de tentar mensurar numericamente o quanto ama ou é amado - muito, pouco e até estatisticamente.
Ao nascer, a gente tem que chorar para ser avaliado e aprovado nas demonstrações de que somos saudáveis; depois virão as concorrências afetivas com outros membros da família, as corridas e disputas para ver quem chega primeiro, quem ganha, quem tem sei lá o que maior, melhor e etc...
Na escola, avaliações de todo tipo - das provas aos processo de se sentir desenturmado;
Ao crescer, vestibular. Na universidade, provas; na Especialização, Monografia e/ou Trabalho de Conclusão de Curso; no Mestrado, dissertação e defesa, com banca metendo o dedo na cara da gente para avaliar, com arguidores afiados para falar dos defeitos e não dos acertos; no Doutorado, tese e semelhante processo.
Para apresentar e publicar um artigo, carta de aceitação após avaliação de banca específica;
Para dirigir, avaliação psicológica, simulado do DETRAN, aula prática, prova teórica, exame de rua e, finalmente, com a CNH em mãos, um ano sendo avaliado, portando uma carteira provisória.
Para emprego, entrevista; para concursos, provas...
A saúde, então, sempre passado por exames - de sangue, urina, TSH, colesterol...
E quando você acha que finalmente tudo acabou porque você morreu, vem o Julgamento Final para saber se vamos para o Céu, para o inferno ou para o Limbo. Ou, quiçá, que todo mundo está errado, todas as alternativas religiosas para o post-mortem estão erradas e c'est fini!

domingo, 9 de março de 2014

All inclusive!


O mais interessante deste momento besta chamado carnaval é a tentativa de fazer de conta que o festejo não existe, que tudo não passa de idiotice gratuita e que os verdadeiros intelectuais estarão sempre imunes aos Lepo-Lepos, aê-aôs e sai do chão.
Mentira cultural das mais importantes é essa: intelectual que é intelectual não se mistura à festa dos rudes e toscos. Verdade, porém, é que aqueles que, como eu, não gostam de samba, não são necessariamente maus sujeitos, ruins da cabeça ou doentes dos pés. Nos meus preconceitos, adoto outro verso: “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu” e não deixo de lembrar que a este verso se segue outro: “Quem já botou para quebrar”... Então, antes de morrer, já brincou muitos carnavais.
Não vejo graça em Escola de samba e prefiro o modo baiano de carnaval.
Manuel Bandeira, que não hesitou e nomear um dos seus livros de forma homônima à festa pagã, explicitamente declarou seu amor e adotou o título Carnaval. Lá desfilam, no ritmo poético, pierrots, colombinas, arlequins, e um dos poemas que eu mais gosto: BACANAL.

Quero beber!cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz um caco...
                Evoé Baco!

Lá se me parte a alma levada
No torvelinho da mascarada,
A gargalhar em doudo assomo...
                Evoé Momo!

Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venenos...
                Evoé Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além, de versos e mulheres?...
- Vinhos!...o vinho que é o meu fraco!...
                Evoé Baco!

O alfanje rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
                Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
                Evoé Vênus!

E como eu ainda não estou morta, fui ao Carnaval. Mas acho é que ele é que estava morto: poucos trios no domingo, pouca animação, Filhos de Gandhy gordo, Filho de Gandhy bonito e uns Filhos de Gandhy visivelmente adotivos e... bem, nada de surpreendente.
Vejo porém, que os camarotes sobrevivem a altos custos por isso: eles são uma festa dentro da festa, caríssimos e seletivos, mas suprem os hiatos na programação do carnaval. Também oferecem shows alternativos e espaços para descansar nossos ossos. O resto é só aporrinhação: não tente ocupar um lugar nos mirantes, pois eles estarão sempre lotados, com mil cotovelos ameaçadores prontos a repelir aqueles que querem enxergar a avenida. Independe de classe, cor e aparência: as pessoas se digladiam nos camarotes, a fim de ocuparem uma vaga no ínfimo espaço de mirada da rua.
Outra cilada: camarote é bom e isso é lógico. Porém não pense que a qualidade varia conforme o preço. As opções all inclusive ou open bar são, na verdade, uma constante fila com gente louca para pegar comida e descontar, ali, o valor pago nas sempre extorsivas tarifas de aquisição, acesso e permanência na seletiva área dos camarotes. Traduzindo em bom português: nos camarotes mais chiques e mais bem frequentados, todo mundo é mal educado na hora da comida, na hora de ocupar o mirante, na hora da bebida...E nem por isso deixa de ser uma boa opção.

Crianças gritalhonas e escandalosas, gente inconveniente, burra e preconceituosa, inclusive fazem parte de qualquer all inclusive, entendeu? Quer inclusão? All inclusive. Mas aguente as consequências porque dá de tudo, do melhor e do pior da espécie humana.