Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 26 de junho de 2014

"Dentes e músculos, peitos e lábios"


Não resisti à paridade entre a letra do Caetano Veloso e o ocorrido com Suarez. Olha, o povo se queixava dos indígenas antropófagos, que tinham uma razão cultural para querer devorar a carne e os poderes subjetivos dos inimigos deglutidos... Agora, o vampiro moderno e atlético morde inimigos incautos...Primitivo!

Com unhas e dentes

Comentei, no Facebook, que as pessoas têm formas muito particulares de defenderem seu país com 'unhas e dentes'. Que o diga o jogador do Uruguai, Suarez.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Enquanto espero...


Não foi por acaso que me constituí profissionalmente assim: especialista em Literatura; Mestre em Literatura; Doutora em Literatura... Meu prazer e meu caso com a Literatura antecede os títulos acadêmicos e os excede. Ocorre, claro, certa maré de correspondências e reciprocidades.
Andei dizendo mil vezes, porque de fato assim é em minha vida, que pouco me importo com o final das narrativas - extensivo aos filmes, inclusive - pois gosto da forma de narrar, gosto de ouvir histórias e de ler histórias, grandiosas ou pequenas, tímidas de significado externo, serão sempre supremas se o artefato da narração oral, cinematográfica ou da escrita assim encaminharem os passos do que se conta.
Tanto faz saber o fim desde o começo; ou quando este fim realmente se anunciar formalmente (se assim não fosse, coitado de Jorge Amado, em Tenda dos Milagres, cuja narrativa no começo,já mostra a morte do protagonista, Pedro Archanjo; ou de Machado de Assis, criando seu narrador de Memórias Póstumas; e tantos outros escritores) - Pulp Fiction também começa pelo fim; e o filme intercala muitas seções narrativas... - o importante continuará a ser a forma de narrar, a sedução que ali se estabelece a me prender, a explicar, a mostrar, até mesmo se for nonsense, e daí?
Vi, na minha relação amorosa de 'porvir' que aplico um princípio assim: gosto do gerúndio, do processo, do narrar cotidiano da relação que vai sendo ou que virá a ser. Logo, espero.
Pensando nisso, admito o medo. O medo, neste caso, é análogo ao daquelas mães que geram a expectativa do parto e, ou têm prematuros ou sofrem um aborto. Mas amor é isso: imprecisão, insegurança, nenhuma garantia. As coisas podem se precipitar. As coisas podem nem ser.
Acho que ele é um homem interessante. Neste ponto, jogo com o estereótipo a que não correspondo: sou uma mulher interesseira, já que tenho interesse no homem (desde que ele me pareça interessante) e isso não é uma curiosidade vazia, do tipo querer saber a que horas ele dorme, com quem ele está, o que faz, e etc. É bem mais.
Mas ele, o meu devir de relacionamento, conduz a espera: todo dia um pouco, como capítulo de novela. Eu acompanho.
Pode ser que seja eu a dar um fim, a antecipar o final da história, a largar a leitura no meio do caminho ou protelar tudo. Poucas vezes me deixei tão na mão de outrem, permitindo que ele faça a narração da história a dois, que proceda às pausas, que determine o tamanho dos capítulos...
Gosto da narrativa, independente do fim. Se é bom, desejo que dure...vou nutrindo a curiosidade, acompanhando o desenrolar das coisas...
No momento, não sei gosto tanto dele ou se é admiração pela educação, pelo que temos em comum. O que temos em comum é um problema para uma pessoa como eu, que já achou a outra metade da laranja um par de vezes e, decepcionada, deixou para lá, em face de termos coisas demais em comum, das quais os defeitos mais insuportáveis. Veio a sensação de estar me relacionando comigo mesmo. E eu preciso da diferença - que não seja oposição, mas diferença.

domingo, 15 de junho de 2014

Nem dou bola!


A mim, a Copa não diz nada. Não dou a menor bola para a Copa. Tanto faz ter jogo ou não ter, ganhar, perder, empatar... Por isso mesmo não sou uma boa companhia para os meus amigos, pois fico lá, apática, incapaz de um grito ou de um sobressalto de suspense de gol. Evito, portanto, as aglomerações propostas por eles, porque eu pareceria fria e ranzinza. Talvez eu seja fria e ranzinza com futebol, sei lá. Sei que pago um preço alto por não gostar daqui que a maioria gosta. 
Não gosto de bebida alcoólica, nem de um bando de coisas da gastronomia, não acho a Cidade Maravilhosa maravilhosa, não consigo me anestesiar ante os clichês da opinião geral, mas de maneira natural, não é um escolha deliberada para 'ser do contra', só pelo goto de discordar.
É assim também no sexo: tem certas preferências universais das mulheres, que não chegam a ser uma predileção minha. Difícil é passar do cálculo moral e decidir se vou fingir, para não decepcionar meu par; ou assumir que não é exatamente não gostar daquilo, mas ser indiferente. Bom, não sinto nada: tanto faz ter ou não ter, não é algo que me enlouqueça, pelo qual eu espere...
Mas devo dizer que o fato da realização da Copa do Mundo de Futebol ser aqui no Brasil e antecipar dias do recesso junino foi muito bem recebido por mim: eu precisava desse tempo.
Em maio dirigi quatro vezes para Salvador, nas quatro semanas, indo e vindo pela BR 324; dormindo pouco, ficando na capital da segunda à quinta e pouco usufruindo do meu lar. Gosto da minha casa, sempre declarei isso. Agora quero aproveitá-la.
Nesse tempo de ir dirigindo, criei uma trilha sonora especifica, que jogo no pendrive e que sempre tem lá a música do Otto, Crua, que reproduzi em outra postagem daqui. Penso a vida como um filme, faço a rota e o roteiro, coopto personagens, me decepciono, crio tensões, vivo dramas... E também vejo que tenho me divertido pouco. 
O amor que eu tinha, era pouco e se acabou, porque não sou pessoa de paciência. Voltei a cometer um erro já sinalizado por minha analista (não como erro, mas como prática) e dei um xeque-mate no meu 'objeto amoroso' pois coloquei as cartas na mesa.
Para a minha analista, este é um gesto castrador porque os homens não têm estrutura para responder de forma clara, direta, específica e objetiva a nada em relação a uma mulher. Traduzo isso como covardia. O que há de tão assustador em assumir uma coisa qualquer? quer? não quer? foi? não foi? é isso? não é? a que se deve? poderia? Enfim, clareza não é ofensa, não é tortura...Se isso castra um homem, parabéns para mim, que vou viver com eunucos. Ora, bolas!

domingo, 8 de junho de 2014

Diagnóstico provável


Estou gostando dele e isso me incomoda muito. Penso de forma muito negativa sobre o amor. Se amo, vou me lascar. O desenrolar comum e esperado dos acontecimentos é que, uma vez gostando de alguém, a decepção virá em seguida. isso, se eu tiver sorte. se eu não tiver, virá o sofrimento.
Ele me encontrou no Facebook. Admitiu que procurou até encontrar. Isso me causa medo porque aqui são águas que não se misturam e eu perguntei mesmo, como ele me achou, já que a minha pessoa física não coincide com a jurídica. Daí que não divulgo meu blog no Facebook ou entre amigos. Perderia a liberdade deste meu Lado B. Aqui sou mais sincera, falo mais intimamente.
R. brigou comigo por isso, asseverando que o universo virtual permite que qualquer um me encontre e eu, contraditoriamente, estava proibido ele de ter este acesso.
Mas vamos os pontos: este meu amado de agora também é ariano. Não é problema ter o mesmo signo que eu, mas se por demais parecido comigo. Não tenho esse ego de medir o mundo a partir do meu umbigo e me usar como medida de referência para todas as coisas. Gosto dele. Não dei meu telefone, não pedi o dele...Sumi por dois dias do Facebook, para estudar reações. Pronto! sofri.
Se ele se parece comigo, deve e invocar por qualquer coisa, porque sou assim. E dei motivos a ele para sumir, certamente boicotando, de antemão, a provável relação.
Acho que vai dar tudo errado.
Acho que ele vai ignorar o convite que ele mesmo me fez.
Acho que a gente não vai ficar juntos. Acho que vai acabar antes mesmo de começar. Acho é que eu tenho medo. Não vou amar ninguém e este teria muitas chances de ser amado.
Não estou pronta para amar de novo. Não tenho estrutura e vou correr o quanto for possível. Por enquanto. escondo-me sob a rinite que me fez adoecer bastante. Melhor isso que o amor, que não tem cura nem paliativo.

domingo, 1 de junho de 2014

Caixas de segredos


Meu ex estava aqui em casa, por força das circunstâncias. Resolveu, pois, pegar um certo objeto em meu guarda-roupa, também por força das circunstâncias. Ao ver que ele estava com uma determinada caixa na mão, me desesperei, gritei, adverti: "Não, não é aí! Não é aí! Largue isso que eu pego para você num instante!".
Ele não é meu ex à toa: a teimosia dele é uma coisa irritante e constante. Eis que o sujeito forçou a barra para abrir a caixa, à minha revelia e deu de cara com algo que eu escondi dele, respectivamente, por 07 e 04 anos, pois tratavam-se de dois objetos.
Fiquei sem graça, sem jeito, e já sabia que viria uma bateria de perguntas e a retrospectiva dos meus amores e casos passados. Sim, eram dois souveniers de motel, sendo um de sete anos atrás, na primeira vez em que tive um encontro íntimo com o Ex-Grande Amor da Minha Vida; e outro, quando realizei uma fantasia, há quatro anos. Ele sabia dos dois casos específicos, que em nada tocava à vida dele. Mas aí vem a cara de depressão, de decepção e as pequenas lições morais machistas.
Ele jamais respeitou meus segredos e muito menos a minha privacidade. Foram, os dois momentos citados, bastante importantes para mim. Quis guardar o possível daquele momento ímpar, ter uma lembrança, ter alguma coisa de algo que eu sabia que iria passar. Era meu momento. O ex não entendeu isso.
Ele tem, até hoje, chaveiros com fotos de pessoas com as quais ele me traiu, cartas, bilhetes, fotos, presentes de outras...E eu nunca cometi atentados contra esse acervo porque, afinal, ele viveu aquilo e nada podia apagar a situação, ademais, se ele guardou, deve ter gostado do que viveu. Destruir o acervo pessoal dele seria uma agressão idiota - ele, sim, invadiu minha casa numa dada vez e queimou fotos e negativos meus com meu outro namorado.
Mas, sempre dói. Moro só, gosto de meus segredos, escondo coisas, cartas, declarações de amor como uma, lindíssima, em que meu lindo ( e infelizmente casado) dentista de 2008 criou dois poemas para mim, escritos num receituário, com assinatura e carimbo dele; guardo cartas amareladas e bilhetes de toda espécie que os homens já me enviaram, desde que os considere importantes. Tenho, em casa, diários - e pretendo adquirir um cofre somente para eles. Não gosto que leiam, que peguem...Deixem em paz minhas caixas, pelo menos até que eu vá para o caixão.