Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Já que a vida não é filme...


Não abandono meu blog, nem largo mão do meu diário, mas tem um tempo que ando me desdobrando em outras ocupações... Há um tempo que pintam coisas para fazer e até obrigações espirituais de leitura, agora que decidi  me tornar espírita por convencimento, convicção e desconfiança de que seria esta a escolha certa... E também adotei o Outro lá como meio namorado. Meio namorado quase em tempo integral, porque seguindo a receita, ele faz incursões pela casa, examina minhas coisas, remexe meus papeis. Isso corta minha liberdade de escrita, minha privacidade. Agora, que estou num quarto de hotel, posso finalmente escrever, mesmo sabendo que vou trabalhar na escrita autoral daqui a pouco.
Meu velho livro de contos segue engavetado: Todas as mulheres se chama Maria ficou naquele vai-e-vem de publicação mas, conto logo a verdade. Ocorre que tem meio mundo de conhecidos e chegados meus que lançam livros, seja custeando a publicação, seja obtendo graças do financiamento público. E eles não têm a menor vergonha disso. Fazem uns negocinhos regados a ego e se julgam bruta escritores, especialmente as mulheres.
As páginas são um grupamento de lamúrias amorosas e mulherices de terceira classe. Como eu não sou melhor que eles nem elas, temo repetir o que eles fizeram. Vai que minhas duas grandes obras sejam exatamente falíveis monumentos do ego? não me arrisco por agora.
Mas, voltando à nossa programação normal, não entendo por que há pessoas que eu não consigo amar e outras com as quais construo ilusões afetivas. Há umas pessoas com as quais sou irredutível em minhas decisões e outras que sempre volto atrás e sempre dou a segunda chance, a terceira, a quarta, a décima, a centésima...Talvez seja só uma inclinação interior a repetir erros e perfis.
Mas posso dizer desses dias, que a vida está corrida, que me meti em trabalhos paralelos que me cansam, que me enfiei em enrascadas laborais por compromisso moral e agora, já era, tenho que cumprir.
Emendei uma viagem após a outra e a vida social foi reduzida a zero, a diversão e o lazer, idem.
Sigo odiando acordar cedo, dar aula cedo, dirigir na BR após um dia mal dormido e pronto, o resto eu dou conta sem reclamar, até porque tenho muito o que agradecer.
Vou admitir: larguei meu namorado imaginário mas era dele que eu gostava, era por ele que eu carregaria um bonde, era ele quem eu queria para ficar o resto da minha existência...Desisti porque daquele mato nunca sairia coelho e se saísse, eu não seria suficientemente correspondida, ele poderia até ficar comigo, mas me deixaria em seguida, após me machucar... Ou me machucaria só por me deixar. Eu realmente estava gostando dele. Mas é assim: acabei, deixei, vivi.

terça-feira, 9 de setembro de 2014


Quase sempre as ausências do mundo virtual devem-se à eficiência ou suficiência da vida real. Foi assim comigo.
Esta foto foi tirada na Casa de Cultura Mário Quintana.
Resolvi ficar duas semanas no Rio Grande do Sul, assistir à defesa de doutorado de um grande amigo, rever outro amigo, conhecer o que eu não conhecia, andar e viver. E fui. Valeu muito a pena.
Mas sob minha decisão também estava minha velha receita: para os amores mal-sucedidos, um Oceano de distância ou a distância possível.
Logicamente que ele correu atrás, após muito gelo derramado - em revide àquele que recebi. Num momento posterior, já bem longe, aceitei as desculpas. Só isso.
De Porto Alegre ficaram as experiências urbanas nunca dantes vividas, como observar que a maconha é uma droga de família para boa parte da população da capital, onde se pode ver mãe e filha fumando dedos de gorilas juntas - que não seja a regra, mas dei de cara com um exemplo disso.
Outra situação foi estar com um amigo e ser abordado por um GP (Garoto de Programa) que falou conosco, após encetar sua propaganda: "Sou ativo carinhoso" e, olhando para mim, disse: "Ela, por exemplo, eu posso beijar, posso abrir uma exceção, porque é bonita, tem presença"...Tá bom, digo eu! "Ativo carinhoso"...surpreendente o sintagma.
Lugar gostoso de estar, tempo frio, povo frio, comida boa, vida cultural deliciosa e, sim, "Ativa", sapatos baratos, roupas, idem, boas universidades...Enfim, Porto Alegre é ótima.
Vivi uma experiência ímpar e indescritível, conheci gente, tomei decisões e me diverti muito.
Hoje a vida voltou ao (A)normal: dei aula às sete de madrugada, bocejei o dia todo e na hora de dormir o sono não veio.
Percebi que tenho atitudes repetitivas no setor amoroso e posturas destrutivas contra  mim mesma. Posso dizer que certos problemas eu mesma que causo. Mas como é difícil largar este vício, esta casca.
Retomei um contato antigo, do qual fugi nem sei por quê - obra de acasos e necessidades...E até aqui me avalio e também me espanto.
Há males a eliminar e ações a implanta em função das decisões tomadas. No fundo, a vida se resume a decisões e consequências, com um pouco de acaso salpicado por cima.