Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Para um bom ano novo


Agora, formalmente, encerrando 2015...E dele posso dizer que cumpri o possível dentre aquilo que prometi a mim mesma. O que ficou sem cumprir foram coias conjunturais que não dependiam de mim.
Adorei janeiro de 2015, apesar das tensões: viajei para ótimos lugares, passei dez dias com Victor...Voltei direto para o carnaval. Pronto. De meados de fevereiro a junho, pura crise de amores por Vinícius. Depois, acabou. O amor e a crise. Depois, vieram outras histórias...e um pouquinho só da mesma história.
Bom, mas vamos lá, vou me meter a dar conselhos que ninguém pediu. Quer um ano novo? renove suas atitudes.
Temos tendência a nos repetir, pois que isso é traço de nossa identidade. Experimente fazer diferente, desafiar a compulsão e o automatismo de responder como sempre às circunstâncias,
Crie condições para mudar. Se que se separar, construa reforços emocionais tanto para romper, quanto para sobreviver bem à ruptura.
Quer uma novo emprego? Um salário melhor? crie condições, trace metas, separe duas horas por dia para estudar e não entregue os bons resultados apenas à responsabilidade de Deus: faça a sua parte.
Vai fazer concurso? Se situe. Ninguém come essa ideia de 'fazer por experiência'. ora, quem está inscrito, está concorrendo. E gastar cem reais ou mais de inscrição, ter despesas de deslocamentos, passagens, hospedagens, apenas 'por experiência', não convence ninguém.
Tendo, nós todos, clara noção da realidade, sabemos da deslealdade subjacente à quase totalidade dos processos seletivos que permeiam nossa vida prática (do concurso, da seleção de mestrado, doutorado, do acesso a cargos e serviços) o que, por lógica, nos leva a desacreditar da idoneidade, da seriedade e da validade de tais processos, já que se tornam óbvias as duas grandes classes de seres humanos: os PREFERIDOS (favorecidos) e os PRETERIDOS (deixados para trás).
Aconselho, porém, que ainda assim, não deixem de concorrer a nada. Não desistam antes de começar porque o favorito (preferido) já preencheu a vaga. É preciso que você faça a sua parte, se prepare, seja o quanto melhor possível pois, no mínimo, estará dando trabalho a quem escolhe e seleciona, estará mexendo com os desonestos, ajudará a tornar explícitos os mecanismos da falta de lisura de quem tem o poder de selecionar.

É preciso exercitar o mergulho interior e reconhecer qual a nossa parcela de responsabilidade em nossas derrotas. Nem tudo é obra e graça da ação ilícita de outrem: a gente também falha, seja por negligência, por despreparo ou por desconhecimento e falta de domínio de certos conteúdos... E a depender da falha, não julgue sua competência, construída por anos, por quatro horas de um processo seletivo. Ademais, se quem venceu o fez por merecimento, perder para o melhor não constitui humilhação.
Para amores novos, porém, sorte. E, acima de tudo, que a boa sorte prevaleça em nossa vida em 2016!

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Medos


Sim, estamos juntos.
Sim, temos medo.
Dois medrosos, juntos, com medo de fazer perguntas, com medo do amanhã, com medo de ser bom e acabar, com medo do sofrimento, com medo do apego crescer, com medo de ficar sério dentro de nós, com medo do tédio aparecer, com medo de passar essa aceleração gostosa do coração em paixão adolescente...Com medo da vida real sufocar, com medo do desgaste futuro, com medo do futuro, seja ele qual for...
Às vezes, damos um tempo. Cada um na sua. Com seus medos. Daí a saudade nos junta. Juntamos os medos e calamos. Seja o que Deus quiser!

O bolso e a vida


Isso foi há pouco e suponho que tenha acontecido justamente para compor meu especial de natal bagaceira 2015: O guri disse que quer comprar uma moto. O guri é um aluno que se tornou meu amigo.
Há que se frisar, se tornou meu amigo depois de constatar que eu era muito mais velha que ele para os fins que ele queria, a saber, namoro, casamento e filhos.
Não é o que pode parecer: ele apenas me achava bonita e inteligente. Como tinha na cabeça muitas paranoias, achava que iria morrer cedo, se sentia preterido pela vida e claramente confundiu minha atenção com alguma espécie de compaixão sexual (não, eu não daria por pena!) e transferiu a imagem da mãe para  mim - de fato, a gente se parece - a coisa ficou nesse pé.
Mas o guri disse que quer comprar uma moto e me pediu dinheiro para isso. Ora, deduziu o meu não, só pronunciado minutos após eu me restabelecer da minha perplexidade, lamentando que estava querendo uma ajuda para dar a entrada e que mais ninguém daria, pois o pai dele o ignora, o padrasto tem dois filhos com a mãe dele e outros dois avulsos, os tios não dão nada, os avós são negligentes e a coisa estava a este ponto sem uma palavra minha, pois que eu pensei: "Que falta de noção é essa!".
Expliquei que eu seria solidária e caridosa, com quem tem necessidades sérias, desde que eu pudesse colaborar. Veja só: mesmo que fossem 500 reais de ajuda, eu nunca daria dez centavos a um marmanjo; com tanta gente precisando de comida, de dinheiro para pagar taxa de concurso, para comprar remédio, para pagar aluguel, para comprar uma roupa para procurar emprego...Eu ia dar dinheiro a um guri que não contribui em nada para o bem-estar da sociedade, nada fez em prol desse mimo e, enfim, quer curtir uma motoquinha?
Ah, ele achou tudo uma injustiça, um absurdo, 'que mundo, meu Deus, de gente insensível!".
Logo que me viu online, me chamou para Salvador...Para aproveitar a cidade deserta no natal e ensiná-lo a dirigir um carro, no meu carro. E eu fiquei pensando em quanta fala de noção é essa!
O idiotíssimo do Geovane, meu ex-ficante, já tinha me chamado para ir a Salvador nesses dias, apenas para ficar com ele. Ora, veja: ia ser preciso um desejo e uma paixão significativas e intensas para tal. E eu não o vejo desde abril...Talvez por culpa minha, que não disse com todas as letras que o lance acabou, somente anteontem ele percebeu que terminou. Essa gente dá muito trabalho! Essa gente se julga importante demais. Mais uma vez, digo: Que falta de noção!
Poxa, quem quer a gente, fica com a gente. Se desde abril eu não faço nenhum esforço para falar com ele, para estar com ele, o que isso quer dizer? Que u estou há oito meses sem tempo, é?
E o guri pedinte de moto, acha o que? Que por bondade gratuita eu daria ajuda financeira para a moto dele, so para apoiar um sonho? Ora, tenha dó!
Minha aluna pilantra, que levou meus 50 reais, além de grávida, fez a armadilha pública para pegar emprestado o que nunca seria devolvido.
Recentemente, tentou aplicar o mesmo golpe, apesar de ter perdido os bebês, em cima de outro trouxa e não teve vergonha de me contar o resultado: "Nooooossa!!!Eu fui pedir um dinheiro para um tratamento dentário, que é caro...O cara me disse para eu ir vender trufas, pois a vida estava difícil para todos!". Bem feito! Quer dinheiro? Faça seu caminho, escolha seus meios, o meu eu não dou nunca mais...Foi sob coerção que ela obteve meu dinheiro, como sempre obtinha almoço grátis por colar em mim em situação pública nas cantinas...Tanta gente precisando de um pão, um abrigo, um dinheiro qualquer...Vagabundagem não tem limites, viu?
O guri trabalha, está em fins e estágio...
A outra, de tanto tomar 'olé', fez estágio também.
Ambos adoram vida boa, desde que patrocinada pelos outros.
Aqui em Feira, uma chegada, cheia de usufrutos e posses herdados, tem sempre a cara de pau de esperar que eu pague as contas; dá indiretas de suas necessidades materiais, para ver se tira algum centavo de mim. Pura falta de vergonha e de noção!
Meu primo N também, eternamente pão-duro, aceitaria agrado até de um mendigo. Eu digo sempre que ele é a segunda pessoa mais pão-duro que eu conheço nessa vida. Geralmente, esse povo gosta muito de seu próprio dinheiro, para dar algo a alguém; e gosta mais ainda do dinheiro dos outros que, segundo eles, estaria melhor no bolso deles.
Vou até pular a parte das trocas de presentes em geral (natal, aniversários) em que as pessoas querem levar vantagem sempre e ficam calculando quanto ganharam sob cada presente. Não há bom presente por menos de 50 reais. Lógico, isso é uma média, porque até sandálias boas, Havaianas, vão a 35 reais...O resto é lembrancinha, sabonetinho de grife, colônia splash ou arranjo de flores.
Viver custa caro!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Futuros fartos de dúvidas


Volto ao mesmo ponto que, para mim, é bem interessante: Minha amiga, me dizendo que o namoro dela à distância, não tem futuro. E está namorando há dois anos...O que pode ser futuro, então, se eles já têm dois anos de passado?
Tenho amigas - e amigos - que só sabem casar. Não sabem namorar e paquerar: conhecem hoje, casam amanhã. E se for preciso se separar, em dois meses tudo se resolve e se parte para outra.
O que será que faz com que as pessoas casem? Não pode ser amor, porque amor é bicho mais tranquilo, ponderado...é desvairado no começo, mas quem ama não faz essas coisas, apenas deseja estar perto do outro. Porém, um perto bem perto que não seja o perto todo dia, que leva à exaustão.
Contratos e causas administrativas é o que me parece mais crível: certamente que as pessoas se gostam, tenham simpatias e interesses recíprocos...Daí pensam em administrar uma vida em comum, com papeis definidos e supostas garantias contratuais. Eu queria muito que qualquer relação pudesse ser chamada de relação estável. Mas nenhuma tem garantias.
Tenho um caso particular próximo, de casamento feito para agradar a uma das partes; com o clássico filho na hora certa da crise; com contratos financeiros que prendem um ao outro, nos financiamentos a perder de vista e a ficar de olho no desenrolar disso tudo. Dois seres tristes ligados por um hífen, que é o filho de onze anos.
Também meu amigo suicida e depressivo casou: achou um par em quem se apoiar para carregar o fardo da existência. Fez duas descendentes, para ser âncora e prendê-lo à terra firme, sempre que bater a tentação de não querer existir.
Um terceiro amigo fez o mesmo: segurou a angústia depois da vida em comum.
Para mim, isso são constatações apenas. Por mais que soe doloroso, condoído...É que não testemunhei casamentos saudáveis. Tenho, na verdade, três exceções a esse respeito, mas são aqueles amores ímpares, movidos por impulsos, por acordos tácitos e uma certa calma interior de quem fez a escolha madura ainda na juventude. São, pois pessoas lindas, com capacidade plena de escolha: um escolheu ao outro.
Mas, o que será que incomoda tanto {a minha amiga, na perspectiva de futuro? Futuro é isso? escolher o outro e aturá-lo até que a morte os separe?
Isso parece muito com os amores eternos que temos aos 14 anos...Um eterno que dura três meses...
Por que tanta ânsia de futuro, quando o futuro já se faz, revelado no transcurso do passado?
Tem coisas boas em casar. Minhas amigas dizem: "Casar é bom, mas ser solteira é melhor".
Gosto e tive relações duráveis. Nem sempre vivi a vida louca de então. Casar, eu nunca quis. Porém, quis ter quem eu amo perto de mim. Cada um com a sua vida; cada vida próxima uma da outra...
Tatiana está solteira. Mal me arranjo com a ideia. Tatiana solteira, adjetivo improvável. Mas ela, após década com o mesmo ser humano, terminou e sentiu o luto. justo agora, no fim do doutorado. Na minha cabeça, ela nunca mais terá alguém. Porque não se abrirá para nada que possa ocorrer.
Se houvesse garantia de alguma coisa; se não fossemos ansiosos por fidelidades impossíveis, se não fossemos seres de carência...Bom, tudo seria diferente.
Também me espanto  com minha própria frieza: se der certo, ótimo. se não der certo, tchau...E não demora muito para o amor recente virar asco ou ser alvo de atitudes de orgulho, desprezo ou omissão. Mas eu não era assim. Ainda sou sensível, afetuosa e sentimental...Será isso o desapego?
O que me irrita é o desrespeito. Não dar certo, romper, terminar, ignorar, ok...Mas desrespeito, nunca! Não quero nunca ter esse ímpeto.
Também desacelero: não cogito o futuro. Não bateu ainda essa vontade de pensar para além dos dias presentes...O futuro se desenha e, por enquanto, não tem contornos nítidos.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Longe do meu domínio


Ele é dominador. Gosta que as coisas aconteçam naturalmente: naturalmente do jeito dele. Finge não jogar, mas joga, induzindo minha aquiescência para algo previamente decidido, estipulado e determinado...
As mãos mais gostosas do planeta Terra são as dele: doces, quentes, firmes, lisas, macias, sábias...Têm o mapa do meu corpo e a doçura certa para acalmar desesperos e medos...
Mas, que pena: o preço da boca de beijos perfeitos e dos abraços mais felizes e acolhedores é a eterna submissão. Ele pensa que é 'terna' a submissão...Não para mim!
No nosso encontro recente, ele julgou que eu fosse uma patricinha patrocinada por papai. Tanta aliteração em P e, puta que o pariu!Passou longe.
Aproximando o caso de uma análise justa, a verdade é que eu nunca havia namorado um homem tão maduro. São trinta e uns anos muito mais potenciais que os quarenta e outros de outro cara. Com Ele, preciso sempre estar atenta e me esforçar intelectualmente para que ele não anule minhas sentenças.
Devo admitir, sem riscos de jogar vinho sobre a cara de outrem, que ando namoradeira. Ter um Valete de Copas no coração, como qualquer vivente sabe, como volto a admitir que qualquer insinuação de amor e dor de cotovelo nas redes sociais é, pois, para o naipe citado, não impede que eu viva outras experiências.
Não escondi que gostava de outra pessoa. Nunca faria isso. Mas escondo todo o resto. Qualquer ligação, rolo, envolvimentos outros, escondo, sim. Porém, jogo limpo: o que acho, sinceramente, é que não vivemos época em que seja possível namorar. Exceto se a pessoa tem jogo de cintura para lidar com a traição ou se resolveu abrir a relação. Salvo isso, os homens nunca deixarão de ter vida dupla, Namoram uma pessoa até às 22h, mas às 22h30 estão com outra pessoa, ao vivo ou virtualmente. Têm o namoro socialmente assumido e uma meia dúzia ocultos.
Dr. House já disse: "Bons casamentos são mantidos mediante boas mentiras". Acertou.
Daí que Ele ouviu chocado eu declarar que não quero namoro. Quero estar. Deixe estar.
Nossa primeira briga foi domingo, por isso: ele percebeu que eu não acreditei numa desculpa recebida. Já estou velha e sei reconhecer uma desculpa clássica. Mas ele se ofendeu seriamente, quebrou o pau, se impôs e notou que foi por conveniência que eu 'acreditei', a fim de poupar delongas naquela pauta.
Dele eu teria terríveis ciúmes; e não gosto de ciúmes:nem de ter, nem de causar.
Ele parecia num tribunal: arrolou provas, me levou aonde eu não queria ir, contou o que eu não queria saber, me fez entrar na casa dele, na vida dele...
Meu coração, aqui, excitadíssimo com o show da quinta (Teatro Mágico, de graça, em Feira de Santana, na praça da Matriz, perto de minha casa); ansioso pela festa à fantasia do sábado; desesperada de excitação pela viagem de réveillon...Ora, que não sou Djavan "Ah, quanto querer cabe em meu coração!"), eu lá vou me importar com as falhas de credibilidade de um relacionamento fortuito, bom e fortuito?
Ele sabe que eu gosto de outro. Deve saber que eu gosto de outro além dele, porque ele tem ego, dos grandes. Mas é dominador: mais um a querer me trancar na gaiola; mais um a dizer 'seja feita a minha vontade': coisas que não se diz para uma ariana.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A boca do poeta, parte III


Disse eu, em postagem anterior, que o ano já acabou. Sim, já acabou. Como novela que se finda, sempre os últimos capítulos podem incluir personagens novos ou embaralhar as probabilidades e mistérios do final. Assim foi comigo: "estava à toa na vida", tentando me distrair de uns fracassos causados por minhas más escolhas, e então Ele me apareceu.
Devo dizer que Ele me encontrou e que eu jamais O busquei nem dei por Sua existência, apesar de estar geograficamente perto de mim, mediada por um séquito de amigos em comum. Nunca O vi na vida e, Dele, jamais ouvi falar.
Ele se aproximou. Só achei estranha a atenção demasiada por mim, a curiosidade sobre meus passos e o fato de que Ele estava sempre invisível para os outros, no Facebook, mas sempre disponível para mim.
Ele é bonito, escreve maravilhosamente bem, tem poemas bons e outros, nem tanto. Porém, vai ao nível dos demais da geração dele.
Nos dias anteriores ao contato físico, eu pensava: se é bonito, inteligente e criativo, deve ter algum defeito bravo. Deve ser baixinho. Deve ser feio ao vivo. Deve ter alguma coisa ali de errado. E caso não tenha diretamente, posso esperar um distúrbio psíquico, um traço terrível de (mau) caráter...E se assim não for, eu que me prepare para disputar espaço com as tantas outras do harém do poeta, porque eles são assim. Eu já disse aqui que os poetas sempre me enganam e que eu nunca mais cairia nos enlaces líricos laudatórios de nenhum outro, pois já me bastavam os que eu já tinha ficado - que suponho que desconfiem, mas eu nunca contei nem ao meu amigo mais confiável. Destes, um em especial se tornou segredo ultrassecreto porque descobri que minha amiga era louca por ele. Deus me livre que ela saiba: iria causar uma mágoa desnecessária. Mas quando se é poeta e lindo, ainda que medíocre, não tem jeito: é fascínio puro.
Voltando ao meu caso de agora, ficamos conversando sobre poesias e ele me desafiou em algo. Eu disse que se a vitória fosse minha, ele me pagaria em chocolates; ele disse que para ele, pagamento em café.
Troquei as respostas em ato falho: PAGAR um café, no contexto, virou TE PEGAR num café. Ato falho freudianamente captado e ele enlouqueceu para a gene se ver, na noite da terça,
Protestei apenas quanto à indisposição, porque eu estava com uma cólica infeliz. Elegante, ele disse que me daria um Advil e carinhos, porque não queria adiar o prazer de minha companhia.
Eu fui. Fui armada de cinismo até os dentes, pensando que, na verdade, eu tenho uma pessoa no coração, mas que dali não passa. Fui por ser corrompida pela beleza Dele e pela sutil promessa dos prazeres do encontro. Fui tão dissimulada, que fui no carro dos outros e não no meu...
Mas eu não traria ele à minha casa. Não iria à casa dele. Tenho péssima impressão sobre a casa dos homens, abatedouros de reputação duvidosa, que sempre estragam o clima, por conterem o palimpsesto das damas passadas, de outros gozos, de outras mulheres, de outros encontros...E nada pior do que uma mulher se sentir mais uma na lista das tantas. Eu nunca faria isso com um homem.
Trazê-Lo à minha casa, seria incluí-lo em minha vida...E isso, não.
Ao vivo ele é tão lindo (ou mais) que na vida virtual. Se posso me queixar de algo, é tão somente do perfume que ele usa, porque sou sensível e entendida sobre perfumes. O dele tinha péssima qualidade - não péssimo cheiro - mas a péssima qualidade de um perfume masculino me faz ficar com a impressão olfativa das notas de saída e não com as de fundo...é como se a pessoa usasse álcool diluído em perfume. Um cheiro horroroso qualitativamente. Gosto tanto de perfumes que sonhei recentemente com o cheiro de Vezzo, da L'ácqua di Fiori, num homem atraente. Vezzo significa vício, é um cheiro forte, marcante, para quem pode. Nos demais, cabe cheirar a Armani, desde que não seja o Code, que é adocicado demais; ou adotar cheiros masculinos como os do Lapidus. Pronto! Se usar Malbec, Kaiak ou outros cheiros comerciais do dia-a-dia, está lascado comigo - cheiros comuns, vulgares, impessoais.
Conversamos na praça, muito, muito...Depois, claro, a boca do poeta: sempre encantadora. E como ele beija bem!
Dei um bocado de voltas, de carro com ele, depois, discutindo a cidade e a poesia; os lugares, a vida...E paramos no Ville gourmet, na área mais suspeita do estacionamento para conversas, análise e namoro.
Ótimo o poeta. Excelente abraço também. Desde sempre, ele cita meu nome; ele fala meu nome: homem experiente sabe que a mulher adora ouvir seu próprio nome, mantra agradável que nos personifica.
Ele tem abraço acolhedor e mente criativa.
Ele tem boca criativa e é cativante. Em todos os sentido, foi um prazer estar naquela companhia...
Fui levá-lo em casa, já de madrugada, invertendo os papeis: pois é, não ofereço minha vida a ninguém; não quero compromisso, nem rolo...episódios bons, sempre!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

No fim...


Não por pessimismo, mas por senso de realidade, considero que o ano acabou. Nada de novo, surpreendente ou efetivamente modificador pode ocorrer nos próximos 27 dias que faltam até o completar do ano de 2015.
O ano, para mim, só ficou efetivamente ruim depois de julho. Antes, tudo bem...Como se fosse uma continuação de 2014. Aliás, de 2014, a única coisa que continuou mesmo foi meu jeito de errar.
A gente quer mudança, novidade, outras cenas, mas repete os erros, as atitudes, as escolhas. Nada mais difícil de mudar do que um interior psicológico repetitivo, de atitudes repetitivas, de vícios repetitivos, de repetição de si mesmo.
Talvez eu devesse levar a sério a ideia de me renovar assim como a de renascer.
Dos 18 para os 24 eu renasci.
Dos 31 aos 33, eu renasci.
Faz somente dois anos que eu parei.
A gente não tem que trocar a casca todo dia. Muda-se aquilo que não funciona, ou troca-se por coisa melhor.
Incorporei umas coisas à minha vida, fiz mudanças importantes, inclusive devido a descobertas espirituais e indicações de que há formas diferentes de encarar situações e lugares.
Deste ano, posso dizer que o melhor que fiz foi parar uma amizade movida a desrespeito. Vi que, de fato, eu não precisava passar por aquilo. Andava de mãos dadas com uma amiga sovina, pão-duro, intransigente e desrespeitosa. Era desrespeitosa comigo, sempre. E eu atenuava e perdoava, julgando que eu era impaciente e intolerante...Até chegar a um extremo, numa noite no teatro. Decididamente, não saio da minha casa para ser desrespeitada. E ganhei uma série de coisas com a ruptura, além da paz: só em não ter que ouvir pagode; não ter que 'rever os meus conceitos', porque afinal, eram os conceitos dela que eram os certos; não suportar ser um acessório das horas difíceis e não ter que acatar programas unilaterais, já foi um ganho extremo. Aqui é o resumo. Mas, então, certo estará quem me disser "e se era tão ruim, por que durou tanto?" - por minha burrice e falta de avaliação.
A outra amiga, que ocupa um lugar VIP em cima do muro, deixa ela lá...Também basta a distância.
Das coisas internas que mudaram, acho que o senso de carência mudou, está quase extinto.
Hoje, olho com pavor e nojo certos relacionamentos sustentados por minha carência. Era carência, vingança do ex e algum traço de autodestruição...Só pode ter sido.
Se eu encontrasse F.J. hoje, por aí - coisa que evito a ponto de nem frequentar mais os mesmos lugares - e iria ter ânsia de vômito. Se até hoje lembro dele, coisa que ficou lá em 2013, é porque ainda tenho pavor e arrependimento...E porque ele me aparece à porta, tentando voltar.
Neste ano, mudou minha relação com o meu pai. Não, não dá. Não sou uma pessoa de tranquilamente usar aqueles perdões sociais. Na vida social, todo mundo diz perdoar, ter sentimentos nobres, etc. Não quero essa hipocrisia para mim. Contudo, queria que espiritualmente tivéssemos resolvido nossas diferenças, para não correr o risco de ter que me encontrar com ele em ouro capítulo da existência, conforme preconiza o Espiritismo, doutrina que adotei e em que parcialmente eu acredito.
Outra descoberta, nesse ano, foi o quão panfletários os cursos da área de Educação têm ficado.
Vi amigos e ex-professores numa postura delirante de deslumbramento ideológico, sem a menor noção de realidade...É que as teorias são proposições que, muitas vezes, não dão conta de realidades plurais, não são aplicáveis dentro da lógica do possível e, sobretudo, são bonitas. Teorias são bonitas. Nem sempre, porém, lógicas. Talvez, teorias sejam somente teorias. E só. Mas tem gente que precisa delas para viver, para desviar do vazio comum da vida...É assim. E o que eu vi em dadas avaliações foi que ao coitado do aluno ou candidato a professor, não basta dar as respostas certas: tem que abraçar a causa, sindicalizar, vestir a camisa, se engajar...E isso de ter pacto com as causas não precisa necessariamente corresponder ao que esperam, de tirar a carteirinha do sindicato. A seriedade profissional ou ideológica pode se fazer silenciosamente no dia-a-dia das práticas responsáveis.
Bom, também com o menino que fiquei em setembro, aprendi que se a gente evita pensar, esquece mesmo. Porque esta foi a receita que ele me deu, para que a gente não criasse apegos inviáveis de relações inviáveis. Não foi difícil adotar a ideia. Constatei que pode funcionar conforme varie a importância do Outro para nós. Ao descartável, o descarte. E daí por diante.
Vi que dar a centésima segunda chance nunca adianta nada. Pode parecer impiedoso e radical, mas nunca deveríamos dar a segunda chance a ninguém. De minha parte, encerrou-se a concessão de segundas chances.
No mais, tudo de bom para 2016 é plantado em 2015. Não plantei nada de novo. Do pouco que plantei um pouco antes, nada frutificou. Deste modo, espero um péssimo 2016 e esta previsão só pode ser revogada se algo excepcional acontecer nos próximos 60 dias a partir do ano que vem. Mas é algo na faixa entre o milagre e o improvável.
Apesar de tudo, a vida continua e não sou muito de lamentar sem agir. Carrego meus fardos e tenho orgulho disso: minha vida é minha e eu não resolvo problemas tomando comprimidos. Fé em Deus e bola para a frente, mesmo quando a gente já está derrotado e tem que cumprir tabela até o fim do campeonato.
Embora tudo esteja dito e feito, ainda tenho o poder de tomar decisões diferentes, mudar de rumo e de direção...Isso, sim, pode ser. E alteraria tudo para o bem ou para o mal. A vida se compõe de apostas.