Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 24 de maio de 2016

Guerra e paz, aqui se faz...


Não tem nada de errado com a vida, não: ando mesmo é ocupada...
Tanta coisa para ler, para corrigir, para fazer...Uns trabalhos em que me meto por necessidade e por curiosidade, mas que à parte a exaustão, me dão muito prazer...
E para apimentar a vida, andei brigando. Nunca mais havia brigado. Acho que gosto de uma boa briga, boa mesmo, com gente que tenha argumento. A de agora, para ser sincera, foi caso de quebrar a cara com uma amiga. Porém, vão os descontos por ser mais uma depressiva neurótica ou neurótico-depressiva que achou que eu flertei o flerte dela, sendo que nunca vi a pessoa na vida real e apenas me limitei a transmitir um recado que ela pediu. E como eu me despedi agradecendo e mandando um emoji de beijo, ela traduziu como se eu houvesse me jogado sobre o guri. E isso porque eu dei meu celular a ela, para que fosse inspecionado...Ousadia que fere minha privacidade, mas que abri concessão em vista de não ter mesmo nada a esconder.
Não sou de engolir desaforos.
Nem foi esse o caso; ela mostrou o que, de fato, pensava sobre mim.
E se tem uma coisa que eu não faço é atravessar uma amiga.
Jamais bateria laje no terreno de uma amiga. Nunca!
Inclusive, recentemente, renunciei a um flerte porque o cara é desejado por quatro amigas minhas.
Não é apenas desejado, vamos trocar em miúdos: um bando de mulheres conhecidas minhas, amigas mais próximas também, estudaram com ele e vivem na tocaia até hoje.
Graças a Deus, elas nunca me fizeram perguntas que me obrigassem a dizer certas coisas que, de tão óbvias, ninguém vê. Saia justa é o que não me falta, porque elas realmente disputam território. Uma, finge desdenhar, mas já deu tanta bandeira, reclamou comigo que, num evento, ela precisou acenar mais que controlador de tráfego aéreo, até que ele correspondesse e, quando estávamos numa festa, foi a tal amiga, T., que perguntei sobre ele. Ela subiu nas tamancas, pirou, ficou irada...
Desconverso sobre o flerte de outrora. Deus me livre: perder quatro amigas por causa de um cara?!Nunca. Por isso dissimulo, faço de conta que sou um pedaço de tijolo, que ele nem sabe que eu existo. E até perdi o interesse na causa, quando vi que elas sonham com ele. Eu não sonho: eram só desejos.
Eta, vida besta, meu Deus!
Não quero briga com meu poeta. Chega! Ele atendeu à minha pauta de reivindicações, foi sensível a muitas questões e eu decidi que vou fazer o possível para viver o presente.
Estou ocupada, ocupada mesmo.
Se a gente se separa, eu me desequilibro, fico triste, fico muda...E eu gosto dele. Aceitei isso.
Não deixo de pensar que esse tempo em que a gente vive é muito doloroso, porque todo mundo prega o desapego, 'o pegue e não se apegue', os amores líquidos...E todo mundo quer amor, quer um esteio...Porém, tem que se enquadrar no padrão geral, fingir, se fazer de moderno...
Não estou fora disso, não: todas as vezes em que a gente terminou, engatei outras relações ou contatos. Um dos quais, viajou 340km para ficar comigo por poucas horas. 340km para ir; 340km para voltar... E é um doce de pessoa...
Namoro à distância não daria para mim. Reconheço que ele foi um band-aid para estancar meus sangramento. Achei que minha relação anterior tinha mesmo acabado, entrei na onda de ir com as outras...E foi bom estar com outra pessoa, sim...Mas bem se diz que a vingança é uma espada que corta dos dois lados...Por um certo lado, me feri.
Claro que, novamente, agradeço a Deus por ter mais um homem lindo em minha vida: areia qualificada para meu caminhão, além de carinhoso e educado...Mas era para me desviar das dores...
Gosto de briga porque gosto de luta, gosto de lutar, de ter estratégias, de articular as batalhas...Mas eu quero paz. Não quero terremotos em minha vida afetiva. Chega! A paz do abraço Dele me basta.

terça-feira, 10 de maio de 2016

Teus vestígios


Jesus Cristo!!!Meu coração é mais confuso (convulso) que a minha cabeça!
Acabei de sair correndo do Facebook, por causa de Vinícius. Putakiupariu! Ele procurou uma ousadinhazinha, nada demais, e meu coração deu uma acelerada, que eu pensei que ia capotar na curva. Ai, que raiva! Ele ainda mexe comigo! Minha orelha ardeu, eu fiquei vermelha...Poxa!
Nem tem 48 horas que eu estava feliz, na carne do Poeta, e cá estou nessa, fugindo.
Também, olha o meu contexto: passei numa seleção, para dar aulas de Cultura e Literatura Brasileiras, numa universidade metida a besta...Na República Tcheca. Pode?
Pode!
Mandei currículo, publicações, documentos digitalizados...
Não fui a Praga, mas fiz a entrevista via Skype.
Eu, com medo da entrevista em inglês - que acabou sendo em Português de Portugal, depois - comecei logo dizendo: "Sorry my accent!", como se lá também as pessoas não tivessem sotaque.
E conversei, respondi e etc., até o entrevistador dizer que dentre as motivações profissionais de qualquer pessoa, está o salário.
(PAUSA DRAMÁTICA: ESTOU ESCREVENDO TRÊMULA, ainda POR CAUSA DE VINÍCIUS).
Da sentença, eu pensei: "Poxa, o cara deve estar me achando hipócrita, por não assumir que quero dinheiro!". E de repente, não mais que de repente, ele disse com todas as letras que eles pagavam mal, que eu ganharia cerca de 800 euros, para trabalhar em turno integral...
Caí da escada.
Caí da nuvens.
Opa, caí!
E deixou claro que somente se eu fosse suicida eu toparia uma coisa dessas, apesar de lá ser tranquilo de se viver.
Nunca imaginei que algum lugar deste mundo pagasse a um professor salário pior que o que impera no Brasil.
Bom, não vou.
E a Universidade é muito poderosa...Por medo de processo, não digo o nome, mas é aquela que o povo chama de segunda Oxford, sabe?
E eu ansiosa, medrosa, com medo de chamar Jorge Amado de Jorge Loved, num inglês digno de Joel Santana...Na hora H, nada de relevante foi perguntado.
Aí, claro, estou tentado estudar para o concurso que realmente me interessa, mas concentração, que é bom, zero.
A vida amorosa, que não tem amor nenhum, vai assim:
O crush de Seabra, que viria aqui hoje, ficou preso nos engarrafamentos de Salvador, na onda de protestos do dia de hoje. Com um bocado de atraso, passou por Feira direto, para não perder um compromisso em Irecê. Nem vi a cara dele. No meu íntimo, claro, vou mandar pastar - era só um flertezinho sem muita consequência...
O F de ficante de Salvador, eu não vejo desde o carnaval, mas ele não percebe que acabou, que foi só ali...Aí, todo dia eu deixo claro que não volto, mas ele não cansa de esperar, de me encher de conversa; e eu enrolo um pouco, para não ser mal educada...
O Poeta, ou Ele, continua sendo quem eu penso que gosto...Ficamos um tempão separados, mas o reencontro foi ótimo. Dentro de mim, muita coisa mudou...Penso nele e me vem o poema de Fernando Pessoa, sabe? "A minha alma partiu-se como um vaso vazio/Caiu pela escada excessivamente abaixo..."
Tenho uma raiva disso. Talvez eu quisesse que ele me fizesse amá-lo...Não se fez amar, mas e se se fizesse? Por acaso amor é escolha?
Ah, me senti humilhada agora! eu devo gostar ainda de Vinícius. Que merda! Que droga!Aquele moleque, se eu der de cara com ele por aí, eu tropeço, caio, desmaio e nunca mais levanto...Poxa! Que revolta! Esse sim, me lembra uma velha música do metrô:
"Convenci mais de meio mundo
Que o meu corpo não era mais seu
Que eu estava mais do que feliz sem você
Conheci olhares e perfumes
Perverti até nos bons constumes
Inventei romances só pra te esquecer
Mas não deu
Eu vou dormir só pra sonhar com você
Te seguir
Não quero mais acordar, nunca mais
Never more...Jamée plus."
Coisa horrível isso. Ou eu devo estar bem desequilibrada...

domingo, 1 de maio de 2016

O melhor do sexo


Nunca procurei briga com Sigmund Freud. Ora, tenho invejo do pênis. Sim, tenho complexo de Édipo...E somente agora essas situações psíquicas vão se arrumando.
Acho que tem um processo global de arrumação da casa psíquica do ser, porque hoje em dia os homens já podem chorar e até ter sentimentos. Tenho amigos próximos que são excelentes pais...Quase mães, de tão pais em afeto, atenção, carinho e participação na vida de suas crianças.
Do lado feminino, mudanças, sim...Só nessa autonomia em poder escolher parceiros sexuais e em optar, mesmo a alto custo, em ser ou não ser mãe, o ganho é grande.
Porém, o que os homens pouco notam - e as mulheres também - é o quanto o plano da sexualidade feminina mudou.
Posso dizer, hoje em dia, que a minha primeira vez não foi nada de especial. Nem poderia ser, porque não tive voz ativa: tudo transcorreu conforme ele quis. E depois dali, me interroguei o que até hoje interrogo às outras mulheres, já passado tanto tempo: Como é possível que nós, mulheres, tenhamos orgasmos sozinhas; e não tenhamos em companhia de um homem?
Da primeira vez, tudo bem. A ansiedade e o medo estão lá. A carga moral está lá...Alguns olhares sociais repreensíveis que a gente internaliza também estão ali. De modo que o homem tem que ser superior a tudo isso para poder auxiliar a gente. Não obstante, não se sensibilizam com a causa.
Hoje em dia é que há homens mais aplicados em serem agentes do orgasmos, a fim de conquistar as mulheres e deixar o portfólio no capricho para abrir outras futuras portas (e pernas). Acho que todo homem deveria se preocupar em ser gostoso, sexualmente gostoso. Todavia, tem um parcela bem grande desse segmento que acha que basta estar ali, que a presença basta.
Não tenho nada contra cafajestes, porque estes são gostosos e quantificadores. O problema é gostar de um do tipo e querer exclusividade. Mas, quem tem exclusividade hoje em dia?
A sexualidade nas mulheres é um processo. Há coisas que eu ignorava em meus desejos ou achava que nunca iria gostar...Aí, veio o poeta e me mostrou que tudo pode ser diferente...E bom!
Num sessão de psicanálise, falei certa vez do meu ex, o De Longa Data: ele deitava e esperava. Era um verdadeiro agente da passiva. Aquilo não tinha o menor efeito de prazer para mim, mas eu gostava dele. Não dava para viver sem prazer...Não dava para viver sem ele...Nesse conflito, sempre acontece o óbvio e nada mais avassalador que uma paixão sexual (por outro). Claro, 'quando bate, fica'. Ficou. Ficou um tempão.
Veja se a esta altura da vida eu iria negar que eu sou louca por sexo? Com que finalidade? Mas o que isso quer dizer mesmo? Isso quer dizer que quem me dá prazer, me enlaça, me prende, me monopoliza.
Não acho motivo de orgulho esse negócio de enaltecer o 'pegue e não se apegue'. Não sou de isopor, não escolho seres para amar e outros para a manutenção da vida sexual. Assim como no sexo, o amor tem que ser espontâneo, natural.
Nunca fui chegada a ouvir e dizer palavrões: o sexo enlatado do canal pornográfico nunca foi algo que eu quis reproduzir, nem nunca exerceu poder de excitação sobre mim - se sei isso é porque consumi e consumo as produções voltadas para a área, mas bem esporadicamente e coisas específicas, porque também não vou contar aqui meus detalhes de desejos e fantasias. Porém, nunca fez a minha cabeça isso do palavrão besta. Há quem goste. Em meu caso, sem efeito.
Aí está o foco da questão: sexo tem algo de bastante pessoal. As generalidade se inscrevem na cultura ocidental de que fazemos parte, na educação que recebemos, nos outros crivos que nos aparecem vida afora... O melhor do sexo pinta quando há uma boa sintonia e confiança para a entrega de si, do outro...
Sou uma pessoa tímida: não vou ditar um script para um cara. Então, acho que a descoberta se faz mediante a experimentação...Vai tentando, propondo, experimentando...Descobrindo...E aproveitando, porque somos reféns do corpo físico, que tem tempo predeterminado de vida útil...