Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Papo retrô


Não gosto de machismo. Gosto de homem. Achei linda a foto do Paulo Zulu, nu, nos nudes que vazaram. Não vou anexar a foto aqui porque certamente vai ter repercussão judicial o desenrolar dessa trama.
Um corpo bonito de um homem bonito é um espetáculo e não um escândalo.
Escrevi para o meu poeta o que minha timidez não me permite verbalizar: eu amo aquele corpo. Amo nas partes que o compõem: na pele, na fronte que adoro beijar, nos cabelos que acaricio com amor e prazer; amo as texturas e as temperaturas, amo a maciez daquelas mãos e aqueles lábios deliciosos como fruta doce;amo o abraço e a forma como ele me comanda nos carinhos e no tom de voz que usa quando quer me dominar ou ser perdoado...Aliás, quando ele cresce intelectualmente, ele reconhece os próprios erros e precisa da minha mão, que ele chama para junto de si.
Eu queria nunca ficar longe daquelas mãos e sei o quanto ele gosta das minhas: eu disse que amava os pulsos dele, que parecem patas de tigre, de uma robustez macia e doce...Mas a fera ronrona e mia nas minhas mãos; mansa, se deixa domesticar.
Tive uma experiência interessante no reiki, hoje: senti o meu coração. Não é esse sentir besta, de pulsação e batimento, que nos damos conta para confirmar que estamos vivos. Foi uma percepção diferente...
E me deixei ir...aí a energia tomou minhas costas. com coluna e tudo. Tive aquela mesma sensação que se tem quando se está numa montanha russa, aquilo que nem é arrepio nem é medo, mas se parece com ambos.
Eu tenho um coração.
Porque a gente responsabiliza o coração por tudo aquilo que o cérebro negligente faz de errado, mas não sente o coração...
Eu sinto o coração dele sempre que o abraço e beijo bem de leve perto da orelha: nessa posição, o coração dele se apoia todo em frente ao meio seio direito...pulsa carinhoso, medroso, talvez desejando o silêncio de si...E o poeta diz que meu corpo pesa como uma pluma...acho engraçada a desproporção, mas entendo que, se ele é uma muralha de bem traçados músculos, não deve mesmo perceber meu peso.
No mais recente livro dele, ele escreveu metaforicamente sobre isso, dizendo do peso do meu coração de seda em abraços metálicos que eu furtei dele...ele não me deu o abraço: eu roubei.
Somos assim: seres de uma vivência ímpar, nas imprecisões dos afetos, nas impermanências que a vida traz. Mas amo aquele corpo. Não amo o homem, mas nisso não vai nenhuma subestima. Meu coração é meio medroso.
Sou muito tranquila e quieta quando as emoções estão domadas e as relações se estabilizam.
Geralmente, se há mais alguém em minha vida, isso se faz por vingança, revide ou ausência de laços emocionais.
Não me digo fiel, mas seria por quem vale a pena. Porém, se estou bem com uma pessoa, não há razão para pular em outros galhos.
Muito recentemente, Vini me pediu para a gente tentar de novo. Ficamos uns dias nos falando...Não tive como retroceder num amor que não mais existe - ele mexe comigo, sim, mas por conta de significados construídos e já elaborados e passados. Não acredito mais que possamos ficar juntos.
Meu crush de Seabra também deu as caras...talvez,um dia, quem sabe.
E, como o Cupido tem senso de humor aguçado, GP, aquele meu affair de Salvador, veio atrás, procurou, escreveu, ligou e quando finalmente eu respondi, ele ficou irado. Disse-lhe eu, no tom mais clichê e brega, em resposta à indagação dele sobre se eu tinha saudades:"São águas passadas no lindo rio de nossas vidas. Não vamos mexer nisso". E ele disse que eu não precisava procurar palavras bonitinhas para dar um fora.
Na terceira tentativa dele eu só faltei mandar uma foto do poeta e dizer que estava com um homem lindo, inteligente, criativo e gostoso, mas disse apenas que nada me faltava. Encerrei o assunto e não sei mais com quantos 'nãos' se faz um fora para um cara persistente ou mal-entendedor, porque outro candidato está na mesma.
E sou sincera com minhas emoções: quem eu gosto, gosto mesmo...

domingo, 4 de setembro de 2016

Separar e superar


O ser humano adora uma magia. Não é à toa que acredita em tudo quanto é coisa que lhe apareça e que pareça feita sob medida ao seu próprio desespero.
É uma tal de autoajuda daqui, para trazer a felicidade em 120 páginas; é uma ginástica passiva dali, para fazer emagrecer sem esforços; é um remédio de lá, para resolver traumas, medos, insônias e angústias, é uma simpatia, reza ou magia para atrair o que é bom sem fazer por onde...
Aí, hoje em dia, falando em fórmulas prontas, é que entendo quando uma amiga me disse ter passado 2 anos se preparando para romper um noivado.
Se querem uma receita para uma boa separação, ela não há. Mas, pelo menos, tem aquelas medidas que a pessoa toma para fazer possível alcançar a meta. Não dá para vencer a angústia sem assumir as rédeas da própria vida e se submeter a algum processo de exploração/viagem psicológica; não dá para emagrecer sem condicionar o metabolismo; não dá solucionar problemas reais com soluções surreais. O mesmo caminho se aplica à separação. O que se pode fazer?
1) Tentar fazer sozinho (a) coisas que costumeiramente só se faz a dois. Então, veja seu filme, faça a sua viagem, compre o que for, enfim, faça sem a presença do parceiro. Isso lhe dará um parâmetro muito importante acerca de sua dependência dele (a).
2) Permita que a pessoa faça algo sem você e, de preferência, que ela se ausente por alguns dias. Assim, se o ciúme e a carência não corroerem seu coração, você poderá avaliar esta ausência enquanto sinônimo de alívio ou de saudade;
3) Pense muito acerca de como era a sua vida antes dessa pessoa e desse convívio. Atribua uma nota a isso.
4) Observe fatores específicos do convívio: a) o que melhora com esta pessoa  b) o que piora com essa pessoa; c) que alternativas eu tenho para viver sem essa pessoa; d) a que coisas renunciei para estar com essa pessoa; e) o que perdi para ou com essa pessoa.
5) Um relacionamento é feito por duas (ou mais) pessoas. Logo, se não dá certo, você também tem responsabilidade no caso. Avalie o que você fez e de que forma contribuiu para que as coisas chegassem a esse ponto.
6) Mentalmente, planeje sua vida - metas, sonhos, perspectivas - sem a pessoa em questão. Aqui você verá se sabe ou não viver sem ela. Racionalmente, sabemos que viverá, sim. Porém, aqui se mede a capacidade de suportar uma angústia de separação.
7) Esta pessoa de quem você deseja se separar possui que elementos positivos? As coisas que determinaram a entrada dela em sua vida ainda existem? Se não existem, a que se deve o fim?
8) Como você realmente se sente ao estar com essa pessoa? Se notar que se sente mal, não acredite em sua avó. Não é melhor viver mal acompanhada do que só, mas ao contrário: antes só do que mal acompanhado. Você tem a si mesmo (a), aos amigos, familiares...Amor a gente tem espalhado em vários segmentos de nossa vida. Amor romântico é que é difícil. Mas olhe se não foi você quem deixou de amar ou quem se permitiu cair no tédio. Seja honesto (a) consigo, caia fora da relação. No começo, a pessoa chora muito; depois chora menos; depois não chora mais. O coração aperta, todos os sintomas a gente conhece, mas vale a pena atravessá-los e chegar a um vazio fértil, que é onde a gente nota a falta, o vazio, mas suporta por saber que ali é um lugar vago que não pode ser preenchido por qualquer pessoa, só para tapar um buraco.
9) Se não tem jeito, se é o outro que quer a separação, não insista: a pessoa não lhe tem amor. Poderá ter pena. Você aceita migalhas? Não matam a fome. Podem até matar você...Então, viaje, ponha um oceano de distância, se mude, faça um afastamento geográfico que lhe ajude no afastamento emocional. Largue a vida da pessoa e o faça respeitosamente. Aliás, brigue; ponha os demônios para fora, lave a roupa suja; ou peça perdão, peça desculpas, mas resolva as pendências emocionais, para não ter recaídas. Deixe a pessoa em paz. Largou, largou. Esqueça as investigações.
10) O passado em comum sempre vai existir. Se você rasgar a fotografia ou destruir os presentes ganhos, nada mudará o que já foi vivido. Equilibre a memória a dois. Imponha a si a disciplina de não alimentar a saudade. No começo, sim, a gente lê novamente as coisas, exuma o passado, chora...Mas isso tem prazo certo.
11) Saia...se você quiser. Não deixe de ir a um show porque o seu par não vai ou porque a relação acabou. Sua tristeza vai estar com você aqui ou em Nova Iorque; seu cenário interior, turvado por tristezas, será o mesmo aqui ou em Paris. Porém, sair te expõe a novas situações, deixa menor lugar para recolhimentos chorosos e, seja como for, dispersa a fixação do pensamento no fato.
12) A melhor resposta é gostar de si. Esta tal de autoestima não é cuidar do corpo e da cara: é cuidar bem de si mesmo (a). Esse cuidado diz que não se deve delongar uma infelicidade, um mal-estar. Se a relação te intoxica, saia logo dessa. E fique bonito (a), para encarar a bad  com ar de vencedor (a). Se a gente estiver acabado por dentro, não precisa externalizar isso.
13) Prepare-se para eventuais repetições de padrão: o normal é que você vá, aos poucos, procurando substituto (a) para o parceiro (a) que tenha coisas em comum com  pessoa de quem se quer se separar. Pode ser semelhança física, de hábitos, de preferências...E você tenderá, também, a repetir seus atos e seus erros. Hora muito importante de avaliar a si mesmo.
14) Meça suas fraquezas. Pode ser a fraqueza jurídica, de não aguentar uma separação formal e seus trâmites; o medo de dormir só; a usura pelo dinheiro e pela qualidade de vida; a dificuldade para dividir; o egoísmo que não permite deixar o outro em paz, seguindo um rumo próprio; ou as dores de cotovelo por se sentir substituído (a). Seja franco (a) consigo mesmo (a). Localize sua fraqueza e vá resolvê-la.
15) Aceite suas fraquezas: avaliou, viu que não aguenta se separar? então não se separe. Aguente. Engula sapos e se aceite. Procure sua forma particular de baixar a temperatura do inferno e toque a sua vida sem reclamações.
16) Não aceite conselhos como verdades absolutas: a vida é sua, é você quem sabe de si. Assuma a responsabilidade por suas escolhas e faça o máximo para ser feliz.
17) Saiba escrever novos capítulos, ainda que seja na mesma história. E no mais, boa sorte!

sábado, 3 de setembro de 2016

Da Justiça, a clava forte



Mas, que tipo de ser ignorante e fútil seria eu, se passasse incólume ao impeachment da Dilma e a toda trama política por que passa o Brasil? É que achei que não valia a pena encetar tais discussões. No fundo, a gente já sabe: debater, discutir, lutar, para quê, se o desfecho já tem fisionomia certa? Trocando em miúdos: era preciso um pretexto para expulsar a presidente. Pronto! Já está feito. O caso nem é esse. O caso aqui não é tanto o triunfo dos maus, mas a omissão dos bons.
Tive pena de Chico Buarque. Tive pena dele por ele ver que precisa ter pena de nós, de nossa geração inerte...Aqueles que enfrentaram um Ditadura devem ter extrema piedade de nós, que nos conformamos a uma. De todos os argumentos de defesa da presidente, acho que o mais forte foi um presente à ignorância coletiva: a afirmação de que cumprir um rito, seguir um cerimonial não desfaz o golpe.
Não estou dizendo que o Partido dos Trabalhadores não errou, não furtou e não se envolveu nas corrupções de que participou. Uma coisa é o Partido, outra coisa são os seus integrantes. E contra Dilma nada consta que desabone sua vida financeira e sua conduta como cidadã.
Irada eu fico: sou trabalhadora. O partido usou o santo nome da minha classe trabalhadora, forçou uma identificação a partir disso. Aqui no Brasil, o trabalhador é o oposto do ladrão, do vagabundo. Apostamos na identificação positiva e nos vimos traídos.
O Partido dos Trabalhadores se apegou ao poder. Usou a mesma desculpa que os chefes de Departamento das Universidades usam: a clássica história de que precisam ficar mais no poder, a fim de concluir trabalhos a longo prazo, de reformar, de melhorar, de dar seguimento a um plano qualquer. E da mesma maneira que os diretores de Departamento, alegam que fazem isso pela coletividade, não pelo dinheiro, pois que este nunca vale a pena.
Mas todo mundo quer ser Diretor e todo mundo quer ser Presidente.
Dilma deveria ter se tocado já nas eleições, cuja aprovação foi por um índice apertado. Isso é um indicativo considerável do que vem pela frente.
Aqui nós não reparamos nos vices. Olha no que deu. Isso , menos para nós, eleitores, que para a própria presidente.
Aqui, vão-se os anéis e ficam as alianças (políticas).
Mas demos vergonha ao Chico Buarque. Nosso silêncio de perdedores foi além da conta, foi a conta da inércia...Um corpo tende a permanecer em repouso mesmo que forças poderosas ajam sobre ele. Mudamos as leis da Física. Se algo poderia mudar, né?
Vão atribuir os barulhos de protestos ínfimos aos professores universitários, à esquerda radical e outros gatos pingados,,,Eu estou com o Chico Buarque: "Esse silêncio todo me atordoa/ Atordoado eu permaneço atento"...
Só sei que o feijão anda caro e a vida não anda valendo nada.
Talvez a vida esteja melhor para os que odiavam Dilma e para os quais tanto faz a figura substituta, seja Temer, seja o Demônio. Contanto que não seja a Dilma... E para esses, talvez a vida esteja mais feliz - normal haver a dissidência, mesmo que seja uma dissidência néscia.
Nunca falo dessas coisas a não ser em companhias específicas, as que têm argumento, seja pró ou contra.
Junto-me aos outros, focalizo a minha vida, percebo que o único lugar em que minha opinião vale alguma coisa é em minha própria vida. E esta, então, sempre cheia de coisas a resolver, a decidir, a fazer...Esqueço Dilma: tenho que presidir minhas misérias e minhas glórias; tenho que governar minha vida.