Louquética

Incontinência verbal

sábado, 8 de julho de 2017

Delitos do Corpo


Atendendo a pedidos, vou esclarecer duas coisas:
1)    Eu continuo admirando o corpo dos homens. Gosto deles. Gosto da anatomia e do cheiro, das texturas, das cores, das impressões táteis...Só não trato mais disso aqui no blog porque há outras pautas que tomam minha atenção. E acho que fiquei meio besta com um corpo, em particular, que me ocupa os olhos e os sentidos, apesar do belo vizinho que tenho, que corrompe minha imaginação.
2)    Eu não deixei de discutir questões femininas na vida real. É que me volto mais ao microcosmos imediato e às vezes ele me basta. Vou até fazer um adendo, porque é um caso particular bem vinculado ao geral: tenho uma amiga sexólatra. Ela não é sexólatra por falta de anteparo moral, mas porque é o meio de alívio das tensões e angústias. Tudo para ela é sexo. O maior remédio é sexo, para ela. Não obstante os infinitos parceiros, ela não sabe diferir o que é a lubrificação incolor, da excitação feminina, do muco cervical esbranquiçado, normal e comum da flora vaginal?
Achava eu que era uma questão baiana, porque na Bahia, qualquer coisa é considerada corrimento. Mas me espantou o fato de alguém tão experiente no sexo ter tamanha dúvida e se confundir no óbvio.
Por fim, nunca escondi eu preconceito linguístico, não de modo a subestimar ninguém nem depreciar as pessoas por isso, mas com vistas àqueles a quem eu pretensamente pegaria para namoro. Assim sendo, se um homem fala CLÍTORIS ao invés de CLITÓRIS, está clara a ignorância, não apenas pela falta de habilidade com a língua (no meu caso, sem trocadilho, porque não tenho essa preferência íntima), mas pelo despreparo com o corpo feminino.
Boa parte dos homens também não sabem suas próprias preferências e deixam que a indústria pornográfica molde seus gostos. Logo, não são naturais e confundem a quantificação e a alta rotatividade sexual em suas vidas, com experiência. Aí a coisa fica péssima, porque tomam por verdade o que é apenas fantasia massificada.
Deveriam gostar do corpo das mulheres, né? Não só das partes onde introduzem, mas dos cabelos, da pele, dos seios, dos cheiros, dos olhos, das cores...Incrível como a pessoa pode passar fome até diante de um banquete, se não sabe usar os talheres nem combinar os sabores...Felizes os que sabem degustar.

Sobre os lobos da vida real


Das coisas de que me arrependo nesta vida, foi de sido lerda, distraída, desavisada com o monte de gente falsa que trabalhou comigo.
Depois de um tempo, uma lembrança, um reencontro, uma reavaliação, um fio solto de uma situação passada finalmente encontrado, e as coisas começam a fazer sentido.
O comentário fora do ambiente do trabalho, a opinião dada durante o trajeto, a resposta dada com sinceridade com relação a um chefe, a um colega, a uma situação, tudo se mostra cooptado por gente cínica, interessada em contar um conto. Isso, fora os mentirosos e os que curtem distorcer o que foi dito para causar celeuma. Inocentes, pedem segredo a quem ouvir seus venenos...
Foi assim em Santo Estêvão, foi assim na UNEB, foi assim onde trabalhei depois, foi assim até mesmo com a amiga falsa que me ofereceu abrigo no começo de meu doutorado, apesar daquela voz interior me avisar para que eu não fosse lá, que eu não aceitasse.
Aproveito e lanço meu conselho: não se envolva, não chegue perto desse povo que se diz sensível ou deprimido. As coisas existem por uma razão de ser. Esses que se dizem sensíveis, são sensíveis no ego e na vaidade. Querem paparicos, vivem de seduzir pela ‘dor que deveras sentem’, são egoístas e invejosos, carregam as mágoas por suas disputas perdidas contra irmãos e familiares e não hesitam em usar sua pele de cordeiro para sair destruindo os outros. Para mim, esse é um negócio difícil de entender: como alguém faz o inferno alheio simplesmente por não gostar de outro alguém? Não gostar, ter antipatia...Ok, mas daí a inventar coisas, a puxar o tapete dos outros...Aff!
As falsidades provenientes das preferências entre amigos também me surpreendem: em disputas recentes no mundo do trabalho, uma outra amiga ocultou uma vaga, porque temia que sua preferida não passasse no pleito caso eu lá estivesse. Não fiz. Não sabia. A preferida dela passou.
Anteriormente, disputamos uma vaga como professora. Ambas perdemos. Na ocasião, ela, a amiga, me rechaçou, preferiu abrigar sua preferida. Não somos menos amigas por isso. Aprendi a não pedir nem partilhar nada de minha vida com ela, por reconhecer as limitações desse afeto e dessa amizade. Entendi que alguns amigos acham que dentre seus amigos, uns precisam mais de emprego do que o outro. Ela fez a escolha dela. Não vou ser falsa: a amizade continua, meu afeto também, mas não quero proximidade, intimidade real. Não pela preferência dela, pois que temos amigos mais amados mesmo: é que vi que superestimei a idoneidade moral dela. Mesmo agora, eu acho que se há uma vaga de concorrência pública, ela deve ser aberta mesmo. Quem quiser que concorra. Abafar para favorecer a pouca concorrência é tornar a disputa ilegal.
Da minha amizade desfeita, com uma outrora grande amiga, muito lamento também. Lamento os papéis que fiz, aceitando o inaceitável, e lamento meus olhos fechados para tanto egoísmo...
Cada vez que penso nas mediocridades com o carro dela, na falta de solicitude nos momentos em que a necessidade era minha, na parcialidade das opiniões, nas humilhações engolidas a bem da amizade, eu só falto cravar um punhal enferrujado contra meu coração, de arrependimento...E o que se tornou engraçado, mediante a distância, foi a percepção mais clara sobre a tendência que ela tinha em impor seus gostos, suas versões, suas preferências, nunca negociando nada! Nunca sendo concessiva. Fora a imagem de boa leitora, edificada sobre a falácia dos rodapés. Na verdade, a moça não leria nada, nem deve ter lido nada nos últimos 17 anos, porque não tem disposição para isso.
Tem a decepção, tem. Mas tem o alívio de não ter mais o convívio com esse tipo de gente. Posso morrer de fome, a pão e água; ou me refastelar em banquetes num castelo: esse povo aí não retorna à minha vida. Se souberem algo de mim, será mediante especulação e pesquisa, mas Deus me guarde e a distância se imponha, aleluia!
Eu não costumo ter filtro. O que eu acho, eu falo. Se eu tenho um problema com A, pergunto a A, resolvo com A, não passo a B ou C. Eis uma coisa que nenhum deles faria. Por que? Pra não correr o risco de ser ‘desamado’. Precisam parecer simpáticos e bons, justos e perfeitos, sensíveis e carentes, inofensivos e benevolentes...
Hoje em dia enxergo melhor. Aprendi a fechar as portas, a fechar a boca, a não ter a ilusão de que ninguém quer me fazer mal e que, se eu não mexo com ninguém, a recíproca é verdadeira.
Não. Eu sei que a cada dia tem uma torcida inteira de olhos bem abertos, querendo ver minha queda, procurando vestígios de hematomas pregressos, que há inveja e soberba e também me arrependo de não ter ouvido um outro poeta a esse respeito.

Não acho que devemos manter os inimigos por perto. Quero distância deles. Acho que os piores inimigos são esses aí, os ex-amigos, os ‘amigos pero no mucho”, aquelas pessoas a quem a gente dá a segunda chance e a reaproximação faz ver que são o que são (chatas, eternamente vítimas, coitadinhas de terceira classe, perseguidas, desprivilegiadas e injustiçadas). Deus me livre desse povo! Volto a lamentar o tempo que perdi sendo cega...