Tenho sede da água de que jamais beberei.
Algumas dessas águas deságuam na água do meu orgulho e, por isso, destas nunca beberei.
Mas penso em vencer a resistência à outra água, porque ela já minou o meu terreno, já transbordou meus limites... E eu quase não durmo pensando se bebo, se me enveneno, se mato a sede e pago o preço.
Água boa, linda, límpida, sedutora e calma, mas sempre uma água de que não se deve beber porque o cálculo moral, feito ou imaginado, aponta para os riscos.
Fui dormir com sede ontem. E quase não durmo. E já quase me afogo... Ou, repetindo meu poeta, Iderval Miranda: "Paixão: súbito rio sem margens".
As águas daquele rio me ameaçam, me tomam, me encontram. Penso ago: será que sei nadar?
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