Louquética

Incontinência verbal

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Investigando as coisas


Vou contar umas coisas talvez bestas que me irritam, porque acabei de passar pelas duas primeiras que cito aqui: quando um amigo me interpela se eu estive em dado lugar e depois diz que "uma pessoa viu você lá!". Olha, takiupariu, meu irmão, eu não me contenho! Disse ao amigo (que no caso é uma amiga e se chama Cida, para eu não cair em contradição): Quem me viu está incluso no programa de proteção à testemunha?é da CIA? é do FBI? porque o mané vai citar a terceiros que eu estava em xis lugar e precisa ter o nome preservado? nem se eu fosse vista numa noitada no Clube das Mulheres, alisando marmanjo e colocando dinheiro na sunguinha deles, após fazer propostas indecorosas para diversões de adultos.
A segunda situação é quando os meus chegados entram em reclusão no Candomblé, seja lá para que ritual for, e não deixam o aviso prévio, ou nunca atendem ao celular, ou desaparecem por dias, frustrando combinações e compromissos.
Ora, procure um terreiro com Wi-Fi, seja adepto da Umbanda Larga 3 G ou baixe o santo por aplicativo ou download!A vida espiritual também pode ter plano de voo, não é assim, não. Depois vem a coversinha de que "ah, eu não podia dizer...". Grande segredo, hein? e eu achando que foi sequestro.
E finalmente o que eu odeio com todos os meus poros é ouvir; "Depois eu ligo para você." Ora, deixemos de conveniências e formalidades: não é mais fácil explicitar que não vai ligar? que não vai à festa? que não vai acontecer nada?
E como eu falei do que eu mais detesto nos meus amigos, vou dizer o que destesto em mim: tenho dificuldade em encerrar casos investigativos.
Quando namoro e recebo um chifre ou simplesmente pego uma mentira, vou atrás da verdade. Faço isso quando uma amizade minha é desfeita, também, porque tem coisas que são inexplicáveis, coisas que só a força da fofoca e da injúria explicam e justificam. Pois bem, não sossego! não paro, não descanso, monto linhas investigativas, faço C.S.I., escrutino, faço tocaias...fico parecida com a personagem principal do pior livro que Saramago já escreveu, isto é, Todos os nomes.Sou aquele José.
Olha, faço mapas, abro arquivos, examino, pego listas, interrogo, jogo indiretas, vou no encalço. O problema é que isso me machuca, alimenta minha mágoa, meu ódio e o desejo por vingança. Minha vingança é pura dor. É o desejo de ferir o outro na exata medida do meu sofrimento e , pareça ou não papo de maluco paranóico com mania de perseguição, sempre me escolhem para praticar injustiças e para me perseguir.
E se descubro tudo? Se todas as respostas não saem,não encerro o caso. Nunca largo o osso antes de ter todas as respostas. E se tudo vai a contento e sei tudo? passo nos lugares relacionados várias vezes. Passo, paro, imagino e respiro fundo como se inspirasse a dor e o desejo de vingança: não é justo contemplar a paz de quem acabou com a minha paz; não é justo que almas desumanas sejam felizes em cima da infelicidade dos outros, particularmente, da minha.
Não vou matar ninguém nem envenenar o prefeito, né gente? Mas aquela passadinha de olhar que diz em seu silêncio: "Eu sei o que você me fez e Deus não te deixará impune", este eu destino aos culpados. E se esbarram em mim nas horas de dificuldades ou batem à minha porta, sou omissa, fria, ruim e passo à cara o que me foi feito. Minha exceção é somente no tocante a doenças, porque na hora de uma doença não há amigo nem inimigo e eu não negaria socorro a ninguém.
Neste rol também se incluem aquelas pessoas que me condenaram sem me dar o direito à defesa e ao contraditório: odeio gente covarde. Se eu falei, vou assumir; se eu fiz, vou assumir também. Portanto, em minha vida prática, prefiro ouvir a mais dura verdade a conviver com as mentiras educadas. E nunca, jamais, eu prejudicaria uma pessoa apenas por não gostar dela. Não gostar de alguém não é motivo para lhe fazer mal - posso querer distância, posso me manter longe, mas fazer o Mal a quem simplesmente não gosto, não dá.
Bem, pelo que eu escrevi, estou mesmo digerindo as raivas. Mas tem mais uma não citada, genérica:tenho ódio dos homens que cometem misérias contra as mulheres e agem como se tudo estivesse bem, se dão como ofendidos e não manifestam a menor reação de arrependimento frente às suas faltas. Pior: ante as provas, não admitem o delito, acusando a 'promotoria' de insana. É uma frieza cínica que eu espero nunca mais experimentar na vida, porque um dos meus ex era assim...Talvez não tenha mudado nada até hoje, vá saber...
E por falar em saber e em ex, dou aqui um conselho que recebi certa vez: se o homem não vale nada, se foi desrespeitoso e canalha ou se simplemennte você deseja esquecer o cara, acredite, é preciso excluir a pessoa, não querer saber se ele está rico ou pobre, se casou ou morreu só. Olha, quem quer esquecer, mesmo que o coração aperte, o cérebro pire e o apetite desapareça, tem que aprender a articular o lado simbólico da perda e meter a tesoura no laço. Ponto final. O pensamento vai buscar a pessoa. A lembrança vai massacrar o coração. Mas quem quer esquecer porque precisa, tem que ter a consciência de nunca mais querer contato ou notícias. Nunca mais podem ser dois anos e sete mesese, como no meu caso; podem ser três meses, enfim...Mas nunca vi outra saída.
Vish, estou amarga, hein?Quem mandou eu ainda não ter descoberto quem me viu e comentou; quem me conhece e eu não conheço? Lá vai mais uma investigação.

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