Louquética

Incontinência verbal

sábado, 15 de junho de 2019

Tudo beleza!





Um ser humano qualquer disse, certa vez, que metade da beleza feminina sai com água e sabão. Ele teria dificuldade em viver em um mundo cujas fotografias são cheias de filtros e efeitos; e morreria ao perceber que há técnicas, jogos de luz e ângulos que favorecem as pessoas nas fotografias. Fotografia é simulacro. Não é você quem está ali. Não sou. Não somos nós. Todas as fotografias são passado.
Mas, à parte a citada frase mal humorada, sou a favor da maquiagem. Acho que se a maquiagem nos favorece e trai a realidade, está cumprindo sua função artística.
Na música, confundem-se a maquiagem e a pintura: “Marina, morena, Marina, você se pintou...” e segue o conhecido protesto porque “Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu”. Ora, Deus deu também a vontade de melhorar, de criar, de revigorar a fisionomia.
Quando a gente nota maquiagem nos homens, põe a sexualidade deles sob suspeita. Pura ignorância: apresentadores de telejornais (sim, Mr. Bonner e outros), atores, governadores, todos precisam de base, pó facial, gloss ou hidratante labial, um retoque de sobrancelha...Porque televisão lida com iluminação – e na imagem, iluminação é muito.
Acho terrível é homem sem perfume. Antes andasse nu. Um homem sem cheiro não tem existência própria – e que nenhum engraçadinho me venha com a conversa do cheiro natural. Não estamos em estado de natureza. Até gato e cachorro têm colônia, talco, perfumes...Um homem precisa ter cheiro para ser (Ah, o cheirinho de Armani no corpo de Thales – um cheiro singular, não era o Armani tradicional, era um tipo presente, de um intenso que não era forte...E eu lembrando da amiga que disse que Malbec é o aroma dos canalhas...Imagine!).
Maquiagem com leveza em qualquer pessoa e para todas as pessoas. Eu, por exemplo, não fico bem com blush de nenhum tom.
Minha maquiagem de sempre e de todo dia: base, batom, lápis de olhos que uso na sobrancelha (sim, lápis de sobrancelha não serve para sobrancelha, porque é ressecado e de cor errada, quase grafite, artificial, horrível, de qualquer marca).
Batom é o melhor vício. Também acho uma mulher sem batom algo lamentável. Para mim, é um símbolo de afirmação do ser – eu, sem batom e sem brincos não sou, não existo.
Fico feliz por haver certa popularização de alguns itens de maquiagem, vendidos em lojas de baixo custo. Muitos deles são ótimos - Ruby Rose tem excelentes batons, corretivos e lápis; a Playboy tem o melhor delineador em gel que eu já usei em minha vida. E a máscara de cílios Maybelline Colossal Volume Express à prova d'água não se tornou um clássico à toa: altamente qualificada, a melhor que já usei, desbanca importadas que também já tive (sim, aquelas cujo preço ultrapassa 200 reais) e onde eu não economizo é em bases e batons...Então Make B de O Boticário é minha linha favorita e sombras, as da Quem disse, Berenice.
Nossas tias, mães e avós viveram de Avon (que continua tendo ótimos produtos de beleza e de cuidados pessoais) e acho que me espelho muito no espelho delas: adoro cuidar de mim.
Nunca fiz nenhum procedimento cirúrgico para fins estéticos. Nunca. Nada. O máximo que fiz foi tirar verrugas por eletrocoagulação na dermatologista. Mas sei que meu dia vai chegar. Não quero temer. Enquanto eu puder, não quero conta com botóx.
Também não quero enloirecer, como convém mediante o avanço dos cabelos brancos. Há tons e procedimentos que eu sei que não se harmonizam com quem eu sou. Porém, sou a favor de que cada um cuide de si como queira.
Não acho também que o avançar das idades deva significar desleixo: é bom consultar o espelho sem medos, aceitar o que vê, lembrar que já tivemos 20 anos, depois 30, depois 40...depois o que tiver que ser. E a juventude passa, só quem não sabe é quem ainda é jovem.
Quando jovem, geralmente só temos a juventude: não temos independência, temos espinhas e conflitos com o corpo, com partes pequenas demais, partes grandes demais, peso a mais, peso a menos, cabelo em dissonância com nosso gosto (ou não crescem, ou são lisos, ou são crespos, ou são frágeis...). Então, vivemos muito cedo esses conflitos. Depois, quando velhos, temos saudades da juventude – esquecemos que passamos a juventude insatisfeitos com o corpo e com a aparência. Mas, a essa altura, já temos dinheiro e independência (pelo menos) e podemos modificar as coisas que outrora nos afligiam. Seja como for, é muito bom poder passar a limpo o que nos incomoda.

domingo, 9 de junho de 2019

Amor em cena



Estamos na semana do Dia dos Namorados (12/06) e não é novidade para ninguém a enxurrada de gente a trocar o status dos relacionamentos no Facebook, assim como já é por todos conhecida a estratégia de muitas mulheres ao mandarem flores para si mesmas e as já óbvias filas nos motéis e restaurantes.

Ao lado deste povo de comportamento óbvio, as amigas que têm medo de dar presentes e sofrer a decepção do não retorno ou da declaração de que aquilo ali não é namoro, por parte do homem.
Acho isso incrível: ainda cabe ao homem o poder na relação amorosa. É ele quem declara o estado civil do casal. Mulheres não são Juán Guaidó (que se autoproclamou presidente interino da Venezuela) para se autoproclamarem coisa nenhuma de ninguém.
Se o homem não assumir o relacionamento, não há relacionamento.
As pessoas moram juntas, fazem sexo, desenvolvem afetos, criam filhos, compartilham um lar, fazem compras juntas, são dependentes no cartão de crédito e no plano de saúde um do outro, mas somente ao homem cabe declarar o namoro ou o status do relacionamento, pelo menos aqui no Brasil.

Isso a gente constata: não é por machismo ou por concordar com o fato, não. É que é assim.
O oposto dá muito trabalho: se a mulher resolver se autodeclarar solteira, que não se espere o resto da tríade, o tal ‘livre e desimpedida’. Não é somente a família e os próximos a vigiar a conduta da solteira, como a possibilidade de engrossar a nossa alta e conhecida estatística dos homens que “não aceitavam o fim do relacionamento” – e aí, prepare o vaso da vingança, que pode estar cheio de cólera, ira e frustração, descambando para violências fatais.
Aqui no Brasil, em que impera a máscara da liberalidade, todo poder é do homem. Só ele pode. E pode tudo!
Decerto, muitos são os que se aproveitam dos precedentes abertos por comportamentos femininos lamentáveis, porque eles existem, sim: desde a leviandade dos recursos para tirar dinheiro do homem, até gravidez estratégica para prender um homem num relacionamento ou obter garantias de rendas futuras. É preciso observar isso: há muitos homens. A recorrência de comportamentos faz a regra, mas não significa que dá conta da totalidade deles. Logo, há os que fogem ao padrão comum.
Há muitas mulheres. O condicionantes sociais e culturais, assim como a personalidade, individualizam umas e homogeneízam outras. Porém, o que fica como regra? O comportamento da maioria.
Por esta mesma via de análise, tem um rebanho de idiotas que se apegam àquela pergunta: “Se todos os homens são iguais, por que as mulheres escolhem tanto?”.  A resposta é bem clara: boas escolhas dependem de se conhecer as opções disponíveis. Algumas vezes, dentre as opções que se tem, opta-se por “NRA”, ou seja, “Nenhuma Resposta Anterior”. Isso é discernimento. Há quem escolha errado? Sim. Há quem chute? Claro que sim. A gente é que deve ter em mente que é possível fazer o rascunho antes de dar a resposta definitiva.
Para uns, mais amor, por favor!
Para outros, mais humor, por favor!