Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Mafalda, de Quino.


Triste de quem não te conhece, Mafalda! Infeliz de quem não sabe que contigo se aprende mais do que com a sabedoria do Dalai Lama.
Que pena, Mafalda, que tua filosofia não chegue a muitos.
Lembra, menina, que numa tirinha você me ensinou quais eram os valores do mundo contemporâneo? você perguntava a Monolito o que ele estava lendo no jornal. Ele lhe dizia:- "Estou vendo a cotação de valores".
Então você perguntava que valores eram esses: "Hedônicos?morais?religiosos?"... e ele lhe respondia que: "Não, os que realmente servem para alguma coisa!".
Em outros momentos, você não precisa dizer nada: a imagem da despretensão e da inocência de quem não entende o mundo, mas que põe um globo terrestre na cama, simulando que o mundo está doente, é o suficiente para nos falar muito.
Ah, menina curiosa, hermana argentina nascida em 1964 pelas mãos e pela criatividade de Quino (Joaquin Salvador Lavado), você encantou até Humberto Eco! Imagine o meu deslumbramento de fã mortal, normal, comum!
Como sempre, me identifico com seu humor, com seu sacasmo, com sua ingenuidade.

O retrato de Dorian Gray : molduras modernas


Não tenho como fugir de minha sedução pela obra mais conhecida de Oscar Wild, O retrato de Dorian Gray. Digo isso sem levar em conta o peso literário, mas o próprio fascínio quase que personificado que o livro exerce sobre mim...sobretudo certos aprendizados, seja perscrutando o cinismo e a hipocrisia presentes na narrativa sob a voz do lord Basil Hallward, seja na apropriação plural que podemos fazer de certas passagens do livro:
"Todo impulso que nos empenhamos em sufocar incuba no nosso espírito e nos envenena. Peque o corpo uma vez, e estará livre do pecado, porque a ação tem um dom purificador. Nada restará então, salvo a lembrança de um prazer; ou a volúpia de um arrependimento. A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder-lhe. Resistamo-lhe, e a nossa alma adoecerá de desejo do que proibimos a nós mesmos, do que as suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilegítimo."
Mas, como não amar esta passagem? como não ter aquele encanto da identificação? como não dar razão à afirmação tão apropriada dessa voz narrativa?
Eu gostaria muito que os meus amigos gays lessem este livro; eu gostaria muito que as minhas amigas que pertencem a seitas religiosas extremistas lessem e entendessem; eu gostaria que muitas pessoas pudessem ler, ver e entender o tamanho significado contido em tão poucas linhas!No fundo, o convívio com os desejos não é nada fácil, se não conseguimos admitir a existência dele.
Como Dorian gray, também somos narcisos e ficamos perplexos ante à ferida da efemeridade existencial: no fundo, não passamos de seres passageiros e o que acontece é que a gente vai passando. O tempo passa, o tempo passa por nós e nós vamos passando o tempo e passando com o tempo...
Pensamos que o ano acaba - que nada! a cada ano nós acabamos.
Somos filhos de Chronos - reclamos de falta de tempo, como quem reclama de um Pai ausente. Não, o tempo está ali, te comendo. Lmebremo-nos de Machado de Assis: "matamos o tempo; ele nos enterra".
Dorian Gray digladia com o tempo. Todos nós que queremos ser eternamente jovens; todos aqueles que inventam um não-tempo traduzido em vida eterna sabe o temor que o tempo gera. Contudo, respeitando o devir - que é também um passar de tempo - sonho com tempos diferentes!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Muito obrigada!


É preciso saber agradecer e eu não vou me furtar a esta oportunidade de dar graças a Deus por todas as coisas conquistadas.
Não quero esquecer do amigo que me deu um conselho numa hora difícil, nem do meu amante que me deu um beijo num momento de necessidade afetiva;
Não quero deixar de dizer obrigada aos que me acolheram em suas casas, em seus braços, em suas orações, em suas mesas de jantar, em seu momento de lazer, em seus moementos de segredo. Hoje, mais uma vez quero dizer que não preciso do salmo 23, pois que não quero que preparem uma mesa para mim na presneça de meus inimigos, pois destes, quero distância, mas quero que os meus amigos, mesmo que poucos e distantes, saibam que são importantes para mim.
Meu cálice transborda desta fartura que é poder repetir para vocês, muito obrigada.
E que outras páginas de nossas histórias possam ser escritas com dignidade, respeito, verdade e coragem em 2010.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Crocodilo: o mito e o homem


Algumas comparações entre seres humanos e bichos são muito ofensivas...para os bichos, claro!
Estou pensando agora num amigo crocodilo.
Poxa, que coisa!chorar as lágrimas do prazer de saborear a presa (assim o faz o crocodilo) é uma metáfora excelente no intercâmbio dos significados entre a Natureza e o ser humano. A traição e a dissimulação são termos que acompanham o que queremos dizer ao chamar alguém de crocodilo.
Não trabalho no zoológico, mas no meu trabalho tem um crocodilo.
Crocodilo do sexo masculino, pessoa aparentemente ética, que dispõe da confiança de todos nós, homens e mulheres. Profissional competente, se bem que confuso...
Falemos, pois, sobre o crocodilo.
Em primeiro lugar, eu gosto dele. Daí porque a decepção em ter descoberto a imensurável traição. Não foi uma traição só feita contra mim, mas às duas amigas que lá estavam.
Falávamos, há uns dias, acerca das injustiças sob certos processos. Criticávamos o fato de que para os serviços que requerem Responsabilidade e não têm retorno financeiro, sempre são dadas pessoas a serem indicadas. Em contrapartida, os serviços que geram ganhos vão para certos privilegiados e, novamente, víamos que a vida prática realmente divide os sujeitos entre PREFERIDOS e PRETERIDOS.
O crocodilo acompanhou a narrativa, se mostrou favorável aos argumentos e aos pontos levantados, disse desconhecer dada seleção interna para um serviço com remuneração que, claro, contemplou os preferidos.
Confiamos nele.
Confiamos nele e vimos que nossas angústias eram bem parecidas.
Que crocodilo solidário e compreensivo!
Faço uma pausa mental agora, pensando em quanto expus de minha vida a ele, por confiar, por ter nesta pessoa uma referência de ética e idoneidade moral...conselheiro espiritual, também, pois que eu achava que ele tinha muito o que me ensinar...ah, ninguém imagina o tamanho da decepção!
A traição, quando vem do inimigo ou do desafeto, é inócua, não causa surpresa: já esperamos. E se vem, melhor ainda: reforça e justifica nossos ódios.
Mas a traição do amigo mostra que ele nunca foi amigo.
Amigo imaginário.
Quando a máscara caiu e aquele de quem ele era informante entregou tudo - por desconhecer o jogo duplo ou pela recíproca não ser verdadeira, isto é, o crocodilo puxa o saco esperando um retorno que aparentemente ele não terá - vimos que ele, o tempo inteiro, participava do esquema, ele fora convidado a integrar o grupo dos preferidos...ali, na frente de todas nós que sabíamos além do que os demais sabiam... bem, a máscara dele caiu, mas foi a minha cara que quebrou.
Vou lamentar isso por muito tempo.
A decepção causa uma dor imensa que é, ao mesmo tempo, perplexidade!
Três vezes perplexa, posso afirmar, porque faço minhas as decepções das amigas em questão.
A prudência faz a gente calar a boca e não ser irresponsável em nossos comentários, mas penso numa quarta pessoa. Ah, meu Deus, coitada! ela também confia nele...e uma pessoa dessas, não é amiga de ninguém!se um dia ela descobre o crocodilo, será mais uma a lastimar as inconsistências dessa amizade da Família Feliz.
Às vezes sou eu que penso na minha intolerância às confraternizações e nas inimizades que vão se somando ano a ano, período a período. Vejo, contudo, não apenas a minha parcela de culpa, mas essa busca idiota pela autenticidade dos sentimentos.
Não vejo sentido em compartilhar momentos, abraços e presentes com quem não gosta de mim ou com quem eu não gosto...aí fico perplexa com a Família feliz - olha, sou neurótica o suficiente para achar que toda felicidade é suspeita. KKK!!!
Esse negócio de relações perfeitas, gente perfeita, coisas perfeitas...ai, ai!
Poxa, eu gostava dele. Na verdade, eu gosto dele, mas não será mais meu amigo. Nunca mais. Ele não vai saber disso nunca, até porque, para um bom traidor meia amizade basta e eu julgo que ele nem faça questão de ser benquisto por mim...
Eu posso até ter uma boca grande, mas o crocodilo...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Maravilhas


Adoro os meus bichos, mas percebo que odeio latidos, miados, cacarejos...ai! que horror!
Fui uma criança carinhosa, que adorava bichos e também gostava de abraços. Até hoje esses traços são notáveis em mim.
Também pintava estrelinhas na testa e sonhava em ser a Mulher Maravilha - Linda (Carter), aventureira, justa!quem vai ficar pensando em ideologias norte-americanas aos 4 anos de idade? eu adorava a mulher maravilha!
Desde esta época, meus quatro anos de idade, não sei se por ver o perfil dos heróis dos seriados, mas eu já gostava dos rapazes branquinhos.
Quando eu estava em São Paulo, semana passada,me deslumbrei ao ver os paulistanos urbanos: lindos, altos, branquinhos, com um cabelinho escuro macio!!! são os meus preferidos. Isso ninguem entende, mas é o preferencial. E preferencial não é exclusivo.
Gosto mais da sensualidade do que da beleza. Porém não nego que a beleza me suborna...poxa, há quanto tempo eu não via homens realmente lindos?! nem sei ao certo! Os homens de São Paulo são lindos, em sua maioria. O que não se pode dizer de outras localidades do interior paulista...ah,se eu fosse a Mulher Maravilha, pegaria meu laço mágico e me amarrava a eles - o rapaz da padaria perto do hotel, lindo! o recepcionista do hotel, lindo!os transeuntes da Consolação, lindos!dos paulistanos urbanos o que se há de dizer? Lindos!!!
"E novos baianos passeiam na tua garoa/ e novos baianos te podem curtir numa boa!"

A chave dos problemas


Ter organização financeira e acabar com as dependências emocionais são os meus maiores sonhos. Ai, como eu me sinto incapaz de cumprir estas metas...
É verdade, não estou mal: alcancei tantas coisas que desejei. Por outro lado, não assumi alguns desejos e me vejo incapaz ou impotente diante de outros.
Há pessoas que não são aptas à felicidade. Sério: aqueles seres apagados, com umas caras de morte, com umas caras de velório, incapazes de um sorriso, que parecem que já nasceram dependentes de psicofármacos...é, gente tarja preta mesmo...ai, Jesus!Como é que esse povo pensa que está vivo? será porque faz xixi e bebe água? êta, distanásia! Mas existe mesmo gente incapaz de ser feliz - procurando pretextos para ser infeliz, mumificada, sem iniciativa, sem se mover na direção de coisa alguma, apegada a um presente contínuo ou fixada no passado...tenho sérias conversas com o passado, tenho ódio de minha família, vou à terapia para matar simbolicamente o meu pai, preciso de um esteio, de um protetor, vivo minhas castrações...entendo perfeitamente as angústias que compõem a existência. Contudo, esse negócio de se faer super sensível, eternamente de mal humor, esperando que alguém resolva nossa vida por nós, ou, simplesmente, querendo resolver os conflitos interiores com bromodiazepínicos, fala sério, não dá para suportar!
De repente a gente acha que a Ciência resolve tudo, dá todas as respostas...e aí, mano, comprar felicidade em vidrinhos parece um ótimo recurso...só não entendo qual a diferença real entre esta prática e a daqueles que consomem as drogas ilícitas. Para encarar a existência, só com Paraísos artificiais?
Apesar das tempestades, a gente aproveita o tempo de estio para rever os estragos e o que sobrou de nós. Sartrianamente, pensemos o que fazer com o que fizeram de nós, já que nossa existência não é passiva - sim, umas coisas ocorrem por nossa permissão! eis a vida!
Não quero ter esse perfil que eu critico. Quero que minha vida seja minha e seiq eu isso me fará perder muitos candidatos. Inacreditável, mas os homens sempre querem mandar em mim. Odeio ser comandada, reajo. Não incorporo a feminista pós-moderna que busca o poder parelelo, o poder velado, as formas negociadas: vou para o front, digo "não"!
Há um tempo eu não sabia dizer "não", admito!mas aprendi que devo fazer a minha vontade sem, necessariamente, ser obtusa, teimosa. Eu ouço o argumento e se ele faz sentido, sou aquiescente.
Não sou gueixa.
Recentemente, vi aquele rapaz que correu atrás de mim na UNICAMP por causa do meu salto alto. Decerto, mantivemos contato por um bom tempo até este encontro da semana passada.
Ele gosta de saltos; eu não estava aos pés dele. Por minhas atitudes de independência, ouvi uns resmungos e uns queixumes. Acabou aí!
A felicidade não é um processo contínuo, mas sem a colaboração do interessado, ou seja, de nós mesmos, ela é impossível.

Viagens na minha terra...


Almeida Garret em seu enfadonho clássico da Literatura Portuguesa, Viagens na minha terra, realiza um tour imaginativo que, por sua notabilidade narrativa, o fez figurar no cânone literário - não sem muitos resmungos das vítimas acadêmicas da obrigatoriedade de tal leitura.
Bem, a sorte dele é que a viagem é imaginativa. Outrossim, também duvido que ele enfrentasse as dificuldades de transporte e de manutenção das estradas que ligam Xique-Xique às demais cidades baianas, das quais, Feira de Santana. Em termos práticos, não há diferença qualitativa entre as condições de viagem dos idos de Viagens na minha terra (1800 e sei lá quanto, talvez 1846) e a precariedade da estrada do Feijão. E não vai ter nenhum Dinis que nos salve, ora pois!
O caso é que nestes meus dois anos de substituta ( com rima pobre totalmente aplicável), neste trajeto, eu já vi foi coisa! nem ligo para o que vi, mas para o que eu continuo a ver. E nem deveria ligar mais para o que vejo do que para o que eu ouço.
Personagens da vida real muito mais interessantes que os de Garret frequentam o ônibus da Àguia Branca, especialmente o de volta. Vejam:
O anônimo psicótico: Com um perfil que nos faz suscitar uma possível paternidade hippie, uma vez que, com certeza, a mãe deste sujeito ( e o pai) injetou, cheirou e fumou muitas coisas inapropriadas, ele adora conversar durante a viagem.
Conversa muito.
E o pior: consigo mesmo!
Ele conversa sozinho e, pelo tanto, parece que ele não se vê há muito tempo. Jesus! Nunca vi ninguém com tanto assunto... e deve ter um bando de fofocas a respeito de si mesmo porque, de vez em quando a conversa assume tons de sussurros ou de gargalhadas. Ele não me engana: deve saber misérias da vida íntima dele mesmo e compartilhar naqueles momentos de confidência.
Ah, velhinho falador!
O caboclo peidorrento: Figura constante no horário noturno, este tem problemas de gases. E, pelo jeito, de querosene. Aliás, isso não é problema, é solução: bastaria que numa crise de gases a gente pudesse jogar querosene naquele miserável e atear fogo. Mas que sujeito miserável!sabendo que está todo mundo abafado no ar condicionado, não contém o proprio esfíncter, não tranca a válvula do monossílabo átono.Este eu odeio! e o pior, povo, é que a fedentina parece enxofre. É literalmente infernal! E o peste é gorducho - deve fazer a maior mistura de comidas e quem sofre é a gente.
O caboclo roncador: Tá bom: quem aí já não ouviu o ronco barulhento de uma motocicleta velha ou a zoada de uma carro dos anos 80 com a descarga furada? Então, o ronco barulhento do caboclo roncador é assim. E quando ele acorda assustado com o barulho do próprio ronco ainda dá susto na gente.
Como pode um monstro destes dormir com a consciência tranquila?
É barulho o tempo inteiro.
Gordo e espaçoso, ele dorme com a barriga para cima, todo feliz...se aquela boca abrisse mais um pouquinho eu juro que jogaria um insetão bem escroto nela. O sujeito incomoda as 4 poltronas à frente e atrás.
A cobra fumante: Concretizando as profecias do fantástico cumpadi Washington (eta, se é de axé , deve ser é Uóxitun), cuja premonição dizia que "o bicho vai pegar/ a cobra vai fumar", a cobra fumante existe e já está entre nós.
A cobra é do sexo masculino e, como todo animal irracional, não tem noção: se tranca no banheiro e fuma - cigarro também, de natureza questionável, mas se fosse Tetrahidrocanibinol, vulgo baseado, o cheiro de cocô queimado até faria sentido com os aromas repulsivos do banheiro do ônibus.
Este pensa que a fumaça fica no banheiro mesmo, não percebe que comete um atentado contra os demais passageiros.
Para mim, que sou cristâ católica, deve-se seguir o princípio bíblico e fazer com que ele volte às cinzas: deveríamos queimá-lo.
Fora da brincadeira (palavra de ex-bombeiro), os automóveis são altamente comburentes. Se um incêndio é iniciado em qualquer tipo de veículo, logo se propaga o fogo, é questão de segundos, não é efeito especial de filme não, gente: quem tem seguro de carro, se toque e nunca deixe o ítem contra o incêndio, de fora.
além de incomodar, este filho da puta fumante põe em risco a vida da gente.
Mãe e crianças choronas:a maternidade é linda e sagrada. Então, convém que a deixem bem longe das aglomerações, não e?
Puta que o pariu! que irritante é o choro das crianças e as chatices das mães. E os meninos choram porque está tudo bem, choram porque dói, choram porque têm sono, choram porque o carro anda, choram porque existem...vixe!!!
Caboclo acotovelador: Olha só, é cada entidade!!! este é aquele sujeito que não cabe em sua poltrona. Ele acha que o braço da poltrona é só dele, ele acha que a poltrona ao lado, aquela em que é a gente quem está, é uma concessão dele. Logo, ele vai dar cotoveladas a noite inteira, ele vai te empurrar, ele vai se jogar em cima do seu ombro, ele vai fazer você ter pesadelos até acordado...matemos essa miséra!!!
Míster Call: E Deus criou o mundo...logo depois, o homem criou o call center, para as reclamações e elogios. Beleza!!! O caso é que tem uns miseráveis que parecem nunca terem visto um celular na vida. Isso não seria nada desde que tal sujeito não achasse que você também nunca viu um e, por isso, ele fala bem alto, para você perceber a tecnologia.
Ele exibe os barulhinos, o despertador e etc. Toda hora é um alô. Nem pense em dormir porque o serviço é 24 horas.
NUM SEI: Quem aí gostar da cultura oriental, aprenda que além de sansei e nissei existe o Num Sei, mas ele é bem brasileiro, viu? Ele não sabe a poltrona dele; ele não sabe ler a passagem dele e ele vai te irritar, seja para não sair da poltrona reservada para você, alegando que "o ônibus vai vazio", seja segurando sua poltrona, se esta for janela; seja querendo que você saia da poltrona pretensamente dele. Num sei o que se faz para combater esta praga, mas tenho uma vaga idéia de que bons argumentos e certeiras cacetadas são capazes de dissolver qualquer tipo de conflito.
Mr. Jump: Míster Jumpe pula toda hora, toda hora levanta, toda hora incomoda...aliás, ele veio ao mundo só para isso. Pula por cima de você, pula para ir ao banheiro, pula no corredor e haja Deus para aguentar tudo isso.
Caren T.: A Caren pode ser homem ou mulher. Sempre CARENTE, quer puxar conversa. Não tem jeito, mil serão os pretextos para encontrar um fio para conversa...ache um fio e enforque esta misera.
Bem, vejam o que Almeida Garret perdeu frente ao fato de nao fazer um trajeto tão pitoresco - as aventuras, os buracos, os despenhadeiros sob a neblina, os assaltos e outras maravilhosas ciladas que cercam a viagem nossa de toda semana.
Ação, aventura, tendinite, insônia, suspense: breve, numa viagem próxima de você. Vou vender este roteiro. A Rota 66 fez sucesso porque o povo ainda não conhece o trajeto para Xique-Xique!

** esta é uma obra de ficção - qualquer semelhança com nomes, histórias, lugares ou acontecimentos, terá sido mera coincidência...ou não!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

El nombre del hombre


Que me perdoem os feios, mas beleza é fundamental;
Que me perdoem os belos, mas sensualidade é indispensável;
Que me perdoem os sensuais, mas cavalheirismo é fundamental;
Que me perdoem os cavalheiros, mas inteligência é indispensável;
Que me perdoem os inteligentes, mas sensibilidade é fundamental;
Que me perdoem os sensíveis, mas criatividade é indispensável;
Que me perdoem os criativos, mas ter iniciativa é fundamental;
Que me perdeom os que têm iniciativa, mas percepção é indispensável;
Que me perdoem os perceptivos, mas intuição é fundamental;
Que me perdoem os intuitivos, mas a confiabilidade é fundamental;
Que me perdoem os confiáveis, pois que são inviáveis, impossíveis, inexistentes...e mesmo não encontrando todos esses adjetivos num só homem, não deixo de desejar os homens;
Mesmo reclamando de todos os homens, eles me dão felicidade e tornam minha vida bem melhor(despertam desejos, ofertam amparos, iludem, mas ajudam a sonhar; dinamizam o cotidiano e ainda rendem material subjetivo para textos e fofocas com as amigas...)
Hey, man!

O eterno Deus Mu dança!


Ah, que bom que de vez em quando as coisas mudam ou o que muda é nossa maneira de lidar com a vida!Hoje, especialmente, estou feliz.
Quando critico essa gente que tenta nos influenciar com a idéia de Destino, de pensamento positivo, de que "palavra é força" e das baboseiras espiritualistas que esculpem culpas e servem para coagir e controlar a realidade de nossos desejos, não é à toa.
Sabe porque eu estou feliz? porque dei passos, realizei ações que me conduziram a alcançar o que eu desejava. Por conta do sucesso obtido, dei outros passos muito bem planejados para que eu chegue noutro lugar que também desejo, ao contrário de quem credita ao plano metafísico a responsabilidade e a providência para a resolução de seus problemas.
Sou uma pessoa de fé, sabe? "Acho que gosto de São Paulo, gosto de São João, gosto de São Francisco e São Sebastião" e, se sei que, ao contrário do Renato Russo, gosto apenas de meninos. Mas, respeitando a ambiguidade e pluralidade de sentidos que a música traz, pois que neste caso tanto podem ser os santos quanto as cidades, gosto de São Jorge e de Santo Antônio, além de eu ser marianista convicta e admirar, simpatizar e defender os orixás, dos quais, Oxalá e Yansã. Mas é só isso: gosto do reforço psicológico de me saber auxiliada. Auxiliada. O resto, é por minha conta.
Acredito no acaso e na Sorte.
Acredito e adoro o acaso: não acho que haja nada marcado em lugar nenhum, vejo o ser humano como responsável direto por suas escolhas. É, não me sinto na Grécia Antiga, consultando oráculos ou errando como Édipo, cujas escolhas nunca serão livres: é ele escravo do Destino. Lembrei-vos, irmãos, das Môiras: três irmãs velhas, mau humoradas, cegas...olha na mão de quem o ser o humano quer deixar o rumo de sua vida!!! Ainda mais numa era como a nossa, em que os determinismos cairam por terra! Mas, tudo bem, é confortável demais.
O caso é que sou intolerante com algumas coisas que têm a ver com a conversão do outro. Ora, pois: quem não está comigo estará contra mim? é tanto radicalismo, meu Deus!!!
Há dias em que a gente acredita mais na vida, refaz o sol do nosso humor, reedita o futuro e segue em frente.
Enquanto eu achei que não tinha escolha par algumas coisas, me vi refém do Destino, amarrada a uma coisa parada, a uma vida sem devir, julguei não ter como manter decisões e esse é um laço depressivo perigoso, porque todos os dias parecem iguais e a gente fica paradinho, esperando que algum deus nos recompense pela parcimônia.
No aspecto pessoal, até me resolvi interiormente com minha amiga: entendi que ela carrega a culpa, ela sabe o que fez e talvez pense que eu não sei, mas o caso é que percebi que o preço da culpa é muito baixo diante da felicidade. Feliz ela não está, presumo, mas está bem melhor agora. Esse é o passo dela na contramão do Destino: reconhecer que é legítimo não querer estar com quem a gente não quer compartilhar o convívio. Por mim, digo: "Aqui jaz. Descanse em paz!" Assunto encerrado. Também desejo a distância dela, mas isso não é por um "mal-querer".
Gilberto Gil, em sua santa sabedoria, já dizia que o eterno deus Mu dança. E que ritmo variável!
Mas, eis-me aqui agradecendo a colaboração de Deus e de São Jorge na graça alcançada com meus esforços e os auxílios deles.
Obrigada, Senhor, por me fazeres apta a cuidar do que quero.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O que há por dentro


Falo demais. Falo muito mesmo. Às vezes, não tenho a menor papa na língua, como se diz por aí. Mas não falo dos outros: dos amigos reciprocamente alfinetados, não me meto; das amigas, amigos e conhecidas que flagro sofrendo traições, nada digo, não diria nem se visse o par em pleno ato sexual. Ah, não falo mesmo!

Contudo, ter conhecimento das coisas e silenciar, nos torna, em certa medida, cúmplices.

O silêncio é mais seguro.

Desconfio dos meus raciocínios, das minhas conclusões. Penso duas vezes, acho que não deve ser exatamente aquilo que os indícios me levam a crer; penso que sou maldosa, penso que estou enganada... Mas o tempo me mostra o contrário.

Para pensar ou concluir sobre o outro, sou extremamente cautelosa.

Muitas pessoas não assumem seus sentimentos, não assumem como eu assumo a necessidade de estar sozinha; não assumem seus aborrecimentos, não assumem aquela misantropia que nos assalta e pede que a gente não atenda ao telefone, nem queira compartilhar convívios.

Geralmente ocorre que tiram conclusões sobre mim, baseadas, muitas vezes, em fontes duvidosas. Aceito. Não faço questão de amizades inconsistentes, daquelas que qualquer coisa torna o amigo um suspeito. Se perco uma amizade assim, sinceramente, não me importo. Não me importar não quer dizer que eu não me indigne.

Recentemente, desconfiei de algo assim: estava na cara que uma amiga tinha encontrado um pretexto bem vago para que a gente não mantivesse o laço do convívio. Ora, eu entenderia perfeitamente a situação.

Há convívios que são inevitáveis (e nem preciso recorrer às idéias de Durkheim para falar da solidariedade orgânica e mecânica) e outros que dependem de nossa opção ou, especificamente, de nossa sinceridade.

Nas minhas circunstâncias, o fato das coisas, do corte ter sido precipitado me mostrou que o convívio era insuportável. Tamanhamente insuportável que não houve prévia, não houve preparo algum, certamente para parecer natural.

Presumo o conflito ou o sentimento de incômodo interior ou moral da pessoa em questão e isso é o problema: eu entenderia perfeitamente se isso me fosse dito de forma clara. Não gosto de especular o que teria causado a vontade de ruptura, de quebra do laço de convívio.

Acho deveras perturbador fazer conjecturas, edificar inimigos imaginários a influenciar coisas, atos que inconscientemente tenham coagido a pessoa a me querer bem longe... Mas, de meu lado, eu já lia esta mensagem. Engraçado como as pessoas dão sinais, deixam pequenas pistas... Ignorei por achar que talvez os amigos mais chegados que julgam que eu vejo coisas que não existem estivessem com razão.

Deve ser um saco aturar alguém que, como eu, prova que houve uma perseguição, que houve um engano, que houve lapso e erro num raciocínio de outro amigo em comum em relação a qualquer coisa. Se fosse eu a estar no outro extremo, diria de mim que tenho mania de perseguição ou que me faço de vítima. O que o tempo mostra é que não era um engano meu. Foi assim agora que confirmei uma suspeita.

Tenho noção. Percebo se sou preterida, se não depositam confiança em mim, se conspiram conclusões, se tomam partido.

Por que será que não dá para ser sincero? Não dói bem mais chegar ao veredicto posteriormente?

Pensei nisso no caminho de volta para casa.

Pensei na aflição da outra pessoa em questão, no seu sufoco para se livrar de mim, para tecer um repertório de pretextos, a cada dia me dizendo em entrelinhas, sem que ela própria percebesse: “Se afaste de mim. Não suporto mais nosso convívio, nosso contato”.

Sinceramente, me coloco mesmo no lugar do outro. Imagino todo esse sufocamento de quem não consegue assumir um sentimento de repulsa, uma vontade de afastamento e que, de modo cristão, às vezes se culpa até que conclui que não há uma razão explícita além da sua própria vontade de não manter mais o laço. Sei que dói e entendo: como dizer ao outro, sem motivo palpável: “Quero ficar só!”, sem parecer cruel, egoísta, mau... Eu sei.

Como boa neurótica, não é qualquer coisa desperta em mim o senso de rejeição.

Não acredito em certas coisas, nesses lugares comuns que dizem que determinadas coisas acontecem em todo lugar (“Todo lugar é assim”), que é isso mesmo e etc. Já vivi a diferença e sei que essa generalização serve apenas para tentar atenuar as brasas do inferno.

Família e trabalho são dois pólos de convívio altamente perigosos.

Odeio “Amigas secretas”, “Confraternizações” e reuniões afins: é muito difícil suportar a hipocrisia e a artificialidade próprias desses eventos.

Das coisas que aprendo, me surpreendo com aquelas que não têm nada a ver com o que deveria ser. Vou falar do que aprendi com Stuart Hall, em Da diáspora: Identidades e Mediações Culturais: além do óbvio que se pode depreender do título e dos modismo teóricos que assomam as universidades e o pensamento contemporâneo, digo que o que este autor fala na parte final do livro (A formação de um intelectual diaspórico – uma entrevista com Stuart Hall, de Kuan-Hsing-Chen) foi minha grande lição. Um desses momentos é a passagem em que Hall diz do seu convívio familiar, do exílio em família, de uma falta de articulação ideológica, de incompatibilidades de várias ordens e finalmente afirma que ele teve a necessidade de realizar um afastamento afetivo;

“Por causa disso, fui sempre identificado em minha família como alguém de fora, aquele que não se adequava, o que era mais negro que os outros, o pequeno coolie etc.” (p. 386);

“Minha própria formação e identidade foram construídas a partir de uma espécie de recusa dos modelos dominantes de construção pessoal e cultural aos quais fui exposto” (p. 387)

“Havia uma grande distância entre o que eles queriam para mim e como eu me identificava” (p. 387)

“Estou contando esse fato porque ele foi muito importante para meu desenvolvimento pessoal. Isso acabou para sempre com a distinção entre o ser público e o ser privado, para mim. Aprendi, em primeiro lugar, que a cultura era algo profundamente subjetivo e pessoal e, ao mesmo tempo, uma estrutura em que a gente vive (...) Desde então, nunca mais pude entender porque as pessoas achavam que essas questões estruturais não estavam ligadas ao psíquico – com emoções, identificações e sentimentos, pois para mim, essas estruturas são coisas que a gente vive. Não quero dizer apenas que elas são pessoais; elas são, mas também são institucionais e têm propriedades estruturais reais, elas te derrubam, te destroem.” (P.390)

Essa humanidade em Hall me conquista. Vislumbro elos de identificação nesses posicionamentos, seja na questão institucional, seja na familiar.

Família e amigos se confundem para mim. Repito: família é aquela que o coração escolhe.

Não sou tão tonta quanto eu penso, não vejo chifres em testa de cavalos, mas até que preferia, pois os licornes, os unicórnio são lindos, embora fantasiosos. Eu sei o que vi, eu sei o que ouvi, eu concluí com exatidão – não tenho que me sentir leviana por ter visto ou concluído, seja a paquera lá da esposa do meu colega para cima do meu ficante ou o desejo de distanciamento da pessoa a quem me referi. Ainda bem: não é efeito colateral dos fármacos que não uso, nem da bebida que não bebo...Louquética, sim, pois de perto, ninguém é normal; mas alucinada ou paranóica, jamais!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Aquele abraço


Eu adoro abraços!
Adoro os carinhos, de todos os tipos, de todas as ordens!
Tenho piedade de quem encarna a armadura e é incapaz de expressar carinhos, de assumir um sentimento, de assumir uma dor, uma falta, uma saudade.
Sou megalomaníaca com os afetos: digo com a maior ênfase, com a verdade estrambótica do que sinto: Adoro você, meu amigo Álisson; te amo, Neto; te adoro, Jaulla Rodrigues. Eles são só meus amigos, embora não no termo amplo, porque não os vejo, não tenho práticas de troca de segredos e idéias com eles... há várias distâncias separam a gente, mas no meu coração é grandioso e real o sentimento que tenho.
O outro abraço, mais desejado, é aquele de quem eu desejo.
Sexualmente, as posições que permitem abraçar são as que eu mais gosto. Chego a poetizar esse encontro entre os corpos. E é tão boa a sensação de pertencimento, de troca, a grandeza do contato...
Lembro de um certo amigo meu, da UEFS, Vladmir, em seus versos:
Não se morre de amor Se morre de frio O abraço é o agasalho da alma.
Ah, minha alma está morrendo de frio agora!

A solidão é fera!


"Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho"...ora, claro que há razão neste raciocínio. Não uma razão absoluta, porque há seres humanos que convivem bem consigo mesmo e, não por uma pretensa auto-suficiência, secundarizam ou anulam as relações a dois.
Também ouvimos que "antes só a mal acompanhado". O caso, entretanto, é exatamente a baixa qualidade desta companhia.
No mito bíblico, Adão está sozinho e Deus resolve, após constatar a solidão do homem, presenteá-lo com a companhia feminina. Resultado: é tão bom ser e ter par, casal, companheiros...sim, companheiros= comer do mesmo pão (na maioria dos casos, infelizmente, que o diabo amassou).
Nós, mulheres, aprendemos a querer casar. Fracassei nesta lição: ninguém nunca me convenceu das benesses do casamento. Não conheço casamento feliz. Minhas amigas se queixam muito da solidão a dois, das relações paralelas que surgem para suprir as faltas, das ilusões que vão sendo desconstruídas com o convívio.
Gosto muito de acordar em minha casa, de ter um ambiente meu: sou meio caracol e até para sair gostaria de carregar a casa nas costas. Mas, como é bom!
É tão gostoso ter liberdade. Aquela liberdade clichê: ampla, geral e irrestrita e usufruir do meu território particular.
Como é bom ouvir um CD dos Raimundos bem alto, dançar e pular na sala; entrar no banheiro e tomar um banho interminável, viver os pequenos prazeres da privacidade...ah, palavra que me conquista: privacidade!
Passei um tempo imenso percebendo os rastreamentos que meus namorados e afins faziam no meu celular, nas minhas agendas; ou minha tia, visita rara e bisbilhoteira, fuçando gavetas, vendo fotos particulares minhas e, igualmente, rastreando minha vida.
Privacidade é prêmio incalculável que guardo com cuidado e amor.
O lado bom de estar com outra pessoa é, de fato, a boa companhia, o colo, o carinho, o sexo com sintonia e confiança, as confidências, os cuidados, as emoções da espera...a boa companhia sabe ser necessária, sabe despertar saudade:não sufoca com a presença; a boa companhia conquista, faz a gente desejar, maneja os nossos desejos sem manipular nossas vontades.
Como quem descobriu a pólvora, digo: estou sozinha. Sei disso. Mas queria companhia. Mereço companhia.
Gostaria de chegar em casa, dormir e acordar com um telefonema de algum homem interessante, sei lá, namorado, para almoçar neste domingo. Gosto das coisas simples, a saber: simples almoços em shoppings ou num restaurante chinês - Thin Yen Bao ou Souan Loun; gosto de ver filmes nos cinema, de tomar café gelado, de ficar dirigindo ou passeando de carro, bem lentamente, no domingo, observando as ruas, os cenários vazios. Gosto de dançar e de discutir livros, teorias e assuntos bobos, gosto de ver os programas do domingo à noite - Grey's Anatomy; Pânico, Café Filosófico...assim mesmo, tudo sem efetuar separações intelectuais, sem essa preocupação em não parecer fútil, sem me preocupar em deslindar os substratos da cultura de massa e da indústria cultural. Gosto de rir, de pensar, de me espantar.
Não vejo possibilidades reais de companhia.
Não tenho mais amigos, a não ser os funcionais: nossos colegas de trabalho que partilham de alguns segredos e vivências comuns.
Não tenho uma amiga para quem ligar e compactuar coisas ou propor saídas e aventuras, nem parentes, nem amigos do sexo masculino (heteros ou não) que se mantenham por perto ou se importem comigo a ponto de manter a amizade.
Se a vida fosse prática e descomplicada, alguém chegaria à conclusão de que é preciso intervir no curso do cotidiano, antes que nada aconteça.
Então, o rapaz que pega a mesma fila que eu , no banco ou na padaria, criaria um pretexto para conhecer meu mundo - se é que meu mundo é um outro que não seja o dele; também o sujeito que me vê fazer caminhadas e corridas no final da tarde, sempre por caminhos que se repetem, iria fabricar um pretextopara falar comigo; outrossim, também aquele que me vê no ônibus para Salvador, almoçando no Panela Brasileira do Iguatemi, ou no Instituto de Letras, às terças e quartas, deveria desafia o destino e colocar um pretexto em cena.
Como diria Drummond, "Êta vida besta, meu Deus!". Nada acontece!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Os reais valores


De uns tempos para cá tenho estranhado a facilidade com que as pessoas procuram problemas comigo. É uma ironia procurar problemas comigo, já que eu tenho os meus próprios e já me conformei com eles. Cada um procure os seus! Não vou acusar a Lei de Murphy, a lei da causa e do efeito, nem a Lady Gaga - porque eu perco a paciência, mas não perco o senso de humor.

Eu poderia pensar de mim mesma que tenho mania de me vitimizar, mas este pensamento eu já excluí. Vejo que do nada, sem motivo algum, certas pessoas se acham no direito de me dizerem qualquer desaforo, de subtraírem meu direito de defesa ou não procuram se dirigir a mim com um mínimo de respeito.

Num dia, é uma pessoa que se torna ex-amiga, sem explicações, sem diálogo, sem suposta coerência; noutro é alguém que me avança palavras agressivas a pretextos de que eu estava fazendo contas mediocremente quando do cálculo de nossas despesas conjuntas naquilo que seria uma saideira de diversão; daí me vem alguém que perde completamente a humanidade comigo, por conta do atraso no pagamento das despesas em comum na casa dos professores.

Fico indignada por tudo isso.

Sou generosa: divido meu pão e meu croissaint, "meu vinho e meu champagne", não faço questão de nada e, ao contrário, prensenteio às pessoas sem motivos formais. Tampouco sou negligente com contas ou com dívidas.

Entretanto, a forma agressiva como o colega se dirigiu a mim, por duas vezes, por e-mail e por recado, muito me deixou perplexa.

Que indelicadeza! Só assim entendo "da força da grana que ergue e destrói coisas belas"...que falta de humanidade, haja vista o momento vulnerável que eu atravesso, as circunstâncias e meu histórico de idoneidade moral e financeira.
Os valores que realmente importam são os financeiros?
De onde virá essa tendência a achar que eu vou me furtar a reagir à agressividade, que eu vou suportar calada às indecentes atitudes cuja violência real e simbólica me atingem?
La plata es el que me falta. Só isso!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Seus fantasmas, seus enredos, seu destino"


Eu juro que eu não sabia que ficar sozinha doeria tanto, por tanto tempo.
Há um tempo fiz promessa a Santo Antônio: pedi para que ele me fizesse esquecer Marcelo. Em troca? três dúzias de rosas brancas. A razão é que eu não sei, nem conheço quem saiba, que flores são aquelas que que o santo Antônio segura. Só sei que são brancas e isso justifica a moeda da promessa.
Ah, meus fantasmas! Depois que esqueci Marcelo, não hesitei em chamá-lo de Finado.
Logo que saí da gaiola, me encantei com a liberdade...aí fiquei com quem eu desejava. E adorei!
Aí me veio o tédio e a certeza de estar sozinha.
Amar Marcelo doía, mas me mostrava minha capacidade de amar. Agora, tudo está vazio.
Sinto, por outro lado, o vazio das minhas amizades. Poxa, como sinto falta de Jau.
Não tenho mais um amigo ou amiga com quem conversar, a quem dizer coisas óbvias, a quem cansar com histórias repetitivas...nem um colo para chorar, nem um abraço para me consolar, ne companhia para festas e viagens.
Meu feriadão do Dia dos Finados foi uma morte! Credo!!!
No sábado do halloween, saí com Héber, meu amigo gay preferido, e vimos a cidade deserta e as festas sem a menor graça e sem público. Resultado: fomos ao Bar dos fracassados, isto é o Bar de Euds ou Jeca Total - reduto de fumantes, maconheiros, universitários, intelectualóides, desesperados e, ao fim e ao cabo, pode-se resumir em FRACASSADOS.
Meu amigos se encheu de álcool, desmunhecou feliz, deu pinta e até levantou meu astral com tanta loucura.
Assim foi o sábado.
Hoje faltei à aula da UFBA: acumulei um cansaço total, sempre dormindo mal e tarde, tendo sono nas horas impróprias.
Fico perplexa com o número de homens mal educados que vejo por aí. Chego à conclusão de que terei que dar um jeito de vencer a angústia da solidão, porque os disponíveis não são bons, não têm requisitos básicos para uma relação em qualquer nível...mas como estou beirando o desespero de causa, provavelmente eu vá cair naquela de ir me divertindo com a pessoa errada, enquanto a pessoa certa não vem (nem virá!).
Paguei hoje minha promessa a Santo Antônio: fui à igreja, pus as flores no altar e sanei minha dívida espiritual. Comentei com o curador do altar, quando indagada sobre a graça recebida: "Tão importante quanto encontrar a pessoa certa, é se livrar da pessoa errada". Yes, eu me livrei de um cafajeste. Isto é uma graça!
Agora quero a cura para minha solidão. Não quero me antever triste num reveillon sem graça; não quero pressupor uma vida sexual inexistente, nem viver o hoje chorando o amanhã. Para isso sei que tenho que aprender a manter minha palavra, cumprindo o que decido.
Estarei de olho em mim mesma.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Das insuficiências


Hoje acordei às 09h50min. Nunca mais havia acordado tarde. Adorei ver que, de algum modo, compensei os cansaços das 10 horas de viagem que fiz ontem, de Xique-Xique para Feira de Santana.
Como sempre, liguei a televisão, nos canais de clip. Como as imagens estivessem ficando suspensas por conta do clima horroroso daqui, resolvi ligar o rádio. Rihanna esta cantando: "Te amo, te amo/she says to me/ I hear de pain in her voice/then we danced/underneath the candelabra/she takes the lead/thats when I saw it in her eye/It's over..." e me bateu uma tristeza infinita. Bateu uma saudade de Thales e a certeza da insuficiência de todos os meus relacionamentos atuais. Não são relacionamento, são ficares. Também por isso, o efeito é efêmero. Alívio imediato das tensões e tristezas, mas não demora muito essa felicidade instantânea. Entendo os drogados.
Depois, falei com meu pai pelo telefone - ele, meu querido e corrupto pai, queixou-se de depressão. Eu duvido que os egoísta verdadeiros sofram depressão. Talvez ele esteja pegando carona na depressão de minha madrasta, mas o caso é que me vi com a garganta cheia de choro.
Meu choro não vem para os olhos.
Meu choro é corda que aperta a minha garganta.
Meu choro me mostra minhas insuficiências e me grita aos ouvidos que eu não tenho nada. Lembro de Caetano: "Eu quero ir, minha gente/eu não sou daqui/ eu não tenho nada".
Decidi comprar um hiperycum 6DH homeopático. Não tem remédio para minha tristeza, mas o efeito simbólico de tomar o remédio pode me adiantar um pouco.
Não há cura para minha tristeza de agora, nem para minhas decepções, nem para as desilusões. Por que será que não valho a pena para ninguém?
Minha família sempre foi negligente comigo, por isso tenho tanto medo de ficar à mercê dela.
Tenho medo de acabarem meus contratos, meu doutorado, e eu não ter emprego. Com certeza eu morreria de fome ou de orgulho ferido.
Ouvi o oportunista e desumano do meu ex, Eliel, me dando lições de economia doméstica, a propósito de querer administrar meus ganhos, minha vida e etc. O certo é que o contato da gente não é bom. Não me faz bem. Contudo, tenho dificuldades em romper laços. Ele já não é parte de minha vida, mas ocupa esse lugar que o coloca como pivô e que permite que ele se intrometa em minha vida.
O pretexto? nosso carro comprado em comum e ainda não quitado, do qual tenho direito de uso, mas isso me deixa em contato com ele.
O dia está horroroso, chuvoso...tudo está errado, tudo está em falta, tudo está triste e num dia como hoje eu questiono a validade da existência. "Existirmos, a quê será que se destina?"

domingo, 25 de outubro de 2009

"Se alguém me diz que ele pode me ferir com sua vaidade..."


Não gosto de ser instrumento da vaidade de ninguém. Se eu pudesse, gritaria agora meus pedidos de perdão àqueles que um dia eu mantive por perto apenas para alimentar minha vaidade.
Não gosto de ser objeto de ninguém.
Não gosto de fazer das pessoas objeto.
Nunca fui uma pessoa interesseira: nem sei dizer nomes de carros, não sou de pedir coisas materiais e como Zeca Baleiro, "Eu não preciso de muito dinheiro, graças a Deus!". Sou vaidosa, mas não sou megalomaníaca nem interesseira: minha vida tem apenas aquilo que conquistei por meio de meu trabalho.
Sim, este trabalho que eu adoro mas que sacrifica a circulação das minhas pernas porque fica a mais de sete horas de viagem, somente ida ou somente volta; este trabalho que maltrata meu sono e minha garganta.
A vaidade dos outros me fere.
Não gosto de ser lembrada por Thales ou por qualquer outro homem apenas quando a vida deles não vai bem, se há uma confusão ou um atrito na vida de cada um...Cláudio, especialmente, me jogou hoje na berlinda da vaidade: ele me propôs que eu descesse no meio do caminho, quando eu voltasse para Feira, hoje, e fosse ficar com ele em Irecê.
Ponderei que minha solidão me maltrata. Pensei no ódio que tenho por não ter vida sexual ativa, sendo ainda jovem e com as exigências do corpo a me perturbar, pensei no prazer que seria o sexo com ele, já que eu sempre quis, eu sempre o desejei, mas nunca houve uma oportunidade, porque com ele eu preciso de sigilo, não gosto que os colegas saibam de nosso flerte. Muitos motivos me empurravam na direção dos meus desejos.
Entretanto, pensei em meu cansaço; pensei na certeza que ele tinha de que eu faria qualquer coisa para estar com ele; pensei que ele é um tremendo galinha que atualmente está de flerte com a esposa (igualmente galinácea) de um professor que é meu colega de trabalho, pensei que ele já feriu minha vaidade antes e que não seria eu a colaborar com o crescimento da vaidade
dele. Não fui.
Estrelas lindas são as do Céu. E algumas do cinema. Não gosto de homem com mania de estrela. Prefiro minha solidão, ou melhor, minha fidelidade a mim mesma. Segundo minha fidelidade, não há pior forma de solidão do que a companhia de um homem escroto.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

"Uma parte de mim almoça e janta/ a outra, TE espanta!"


Se eu não fosse assim, eu nada seria!
COISAS QUE EU ODEIO OUVIR:
1 - "É por ordem de chegada";
2 - "Aguarde um minutinho";
3 - "Eu não te disse?"
4 - "Melhor não" (ah, isso me irrita profundamente!)
5 - "Só podia ser mulher!"
6 - "Eu só quero o seu bem";
7 - "Há males que vêm para o bem" (ah, é? cadê? me mostra um?!)
8 - "Palavra é força" (estou há dois dias mentalizando e gritando "Ford Fusion", mas nada dele se materializar...);
9 - "Quem gostaria?" (está claro: depende de quem você seja para o destinatário do telefonema estar ou não);
10 - "Não é nada disso que você está pensando";
11 - " Você vai achar alguém que te mereça" (típico dos cafajeste indecisos - eu quebro o focinho de quem me disser isso)
12 - "Não vou contar para ninguém";
13 - "Isso é para ontem!";
14 - "Você que sabe.";
15 - " Mas você não bebe nada? nem vinho? nem cerveja?"
16 - "Está filé" (preconceito linguístico, eu tenho. Além do que, que gíria de açougueiro é essa, gente?)
17 - "Parabéns!" (tem coisa mais falsa?);
18 - "Você cobra muito de si mesma" (ai, meu Deus, SPC, Serasa e outros);
19 - "Tenha paciência";
20 - "Você tem que aprender a perdoar"
21 - "Tamanho não é documento" (ora, pois!!!kkk!!!) 22 - "Não vai doer" (seja lá o que for, nunca se deve acreditar numa frase dessas. Se vier acompanhada da expressão "Se doer eu tiro", corra porque vai rolar tortura e BDMS, BDSM, SM e todas as siglas relativas a você se dar mal. Conselho meu: não tope nem amarrado (a)...a menos que você seja chegado(a) em vela derretida e chicotada nas costas (não sei nada sobre estes assuntos e esta foi uma afirmação meramente especulativa, tá? na verdade, eu estava me referindo a agulhas, seringas, estas coisas...)
COISAS GENÉRICAS QUE EU ODEIO
1- Filas;
2 - Puxa-saco;
3 - Nota baixa;
4 - Gente fuçando minha vida;
5 - Cheiro de gordura;
6 - Alunos chorando a "nota derramada";
7 - Queixume de ex-namorado;
8 - Gente ciumenta;
9 - Pagode;
10- Confraternizações natalinas;
11 - Reuniões;
12 - Taxas;
13 - Engarrafamentos;
14 - Dormir pouco;
15 - Gente mumificada, letárgica, paradona, lacônica;
16 - Sexo genital (caramba, o corpo tem tantas partes...);
17 - Falta de criatividade;
18 - Falta de noção;
19 - Falta de educação
20 - Covardia;
21 - Gente exibida;
22 - Gente desonesta (em todos os sentidos);
23 - TPM;
24 - Fazer que eu não quero;
25 - Passar por ou compor bancas de avaliação (negócio mais ingrato!);
26 - Relacionamentos burros (de todos os tipos);
27 - Dowloads;
28 - preencher formulários;
29 - Decolagem de avião e burocracias de aeroporto;
30 - Pessoas que pegam minhas coisas emprestadas mas nunca lembram de devolver.

COISAS QUE ME DEIXAM EXTREMAMENTE FELIZ 1 - Satisfações sexuais e amorosas
2 - Perturbar vocês com um e-mail longo que ninguém vai perder tempo para ler até o fim;
3 - Estudar;
4 - Dançar;
5 - Ver os meus amigos conquistarem o que merecem;
6 - Ver as pessoas ruins recebendo o que merecem;
7 - Ter atitudes de enfrentamento e encarar os desafios e as decepções;
8 - Estar em minha casa, dormir em minha cama;
9 - Estar em Guarajuba;
10 - Ouvir as músicas que amo...(haja Radiohead; Red Hot; Beatles; Caetano, Moptop e Vanessa da Mata, hein, gente? fico doente naquele Bigbrother sem música);
11 - Chocolate meio-amargo, café gelado e pão: vícios da gula;
12 - Sapatos (ter, ganhar, usar e comprar mais);
13 - Manter distância de quem eu não gosto (isso, sim, não tem preço! Nada mais insuportável do que a Síndrome do salmo 23: "Preparas uma mesa para mim na presença de meus inimigos". Deus me livre: lugar de inimigo é a léguas de mim! Cianureto neles, já!
14 - Ter sorte em qualquer coisa;
15 - Noites de sábado;
16 - Tranquilidade financeira;
17 - Segurança (não façam trocadilho com o vigilante, tá? estou falando DA segurança e não DO segurança);
18 - Ter tempo;
19 - Esquecer um grande amor quando este grande amor é uma cilada;
20 - Contemplar um homem bonito;
21 - Contemplar um homem bonito lá em casa e à minha disposição
22 - Descobertas;
23 - Cumprir os prazos, os créditos e as obrigações do doutorado.
24 - Bom humor (meu e dos outros);
25 - Generosidade;
26 - Laços de amizade fortes e verdadeiros, apesar dos abalos que possam ocorrer.
27 - Ver feliz as pessoas que amo;
28 - Dar e receber carinho físico;
29 - Expressar gratidão;
30 - Assumir meus desejos.

Por que não pode?


Mas, meu Deus!!! A gente já queimou sutiã, a gente já entrou no mercado de trabalho, a gente já questionou a ditadura da superioridade cerebral e intelectual masculina...a gente já chorou, a gente já se arrependeu, a gente já comemorou,a gente já incorporou valores masculinos, a gente duvidou do que conquistou, a gente já jogou fora tantas conquistas e lastimou os tempos passados...
Ora, "Não me venha falar da malícia de toda mulher", nossas armas de defesa.
Mas, veja: a cama de muitas amigas minhas está vazia. O coração e a vida também. Eu estou incluída nesse rol.
Por que não pode haver masturbação?
Por que não pode haver o homem desejado apenas pelos seus atributos físicos?
Por que não pode haver prostituição masculina a serviço das mulheres?
Por que não pode?
Por que a gente acha lindo quando nosso irmão tem duas namoradas e horrível quando nossa irmã tem dois namorados?
Por que papai, velho e barrigudo, pode transar com a ninfeta, tão novinha; e mamãe, já cinquentona, não pode transar com o garotão?
Por que não posso ver fotos de homens nus?
Por que não pode essa imagem que coloquei aqui?
Por que não Pode?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Distraindo a verdade, enganando o coração


Aí inventei de assistir àquele filme com a Lílian Cabral, Divã. Putz, bateu uma sensação de auto-referencialidade como se fosse eu, no filme. E claro, no final, ela fica sozinha.
Escrevi até em meu diário sobre todos os dias desta semana que ainda não chegaram, tamanha a previsibilidade de minha vida. Não há surpresas.
Na verdade, acho que eu nem notei quando minha vida foi ficando vazia de gente, mas entendo cada vez mais o desespero de causa de Jaulla.
Certa vez ela me disse isso: resolveu ficar com Coruja e se abriu à paixão porque se sentiu em um final de novela, em que todos os pares estavam feitos, os destinos traçados, a trama revelada...então ela viu que era hora de fazer o final para a personagem dela. E para lá se encaminhou.
Senti vontade de voltar para Ninno. Não por amor, mas por desespero. Do cálice desta solidão eu não me lembro de ter bebido antes...
Acho isso altamente depressivo. Vivi coisa parecida no meu emprego no Corpo de Bombeiros, porque me achei incapaz de alcançar um outro futuro. Restava, então, esperar a morte chegar. Ir aguentando, porque futuro não havia.
Ontem eu estava na fila de uma badalada padaria de Feira (Rios, da Santa Mônica) e não vi quem estava atrás de mim, cheirando meus cabelos, forçando o contato.
Tratei de deixar minha bolsa um pouco para trás para impedir que a pessoa avançasse. Claro, só podia ser homem, porque sapatão é discreta.
Era um adolescente bonitinho e sonso.
Bom para o ego. Só isso!
Aí quando vi o filme, notei que a protagonista (Mercedes) só se relacionou com garotos ou rapazes mais novos que ela, após o divórcio. Claro, me vi de novo nesta.Relacionamentos previsíveis, sem futuro, sem muito para fornecer.
Tem sido, até certo ponto, assim: no começo, saldei as dívidas morais que tive comigo mesma, por conta dos amores a que renunciei por estar com Ninno e do tempo estagnado em nome de minha paixão por Marcelo. E foi muito bom! Valeu.
O tempo passou.
Cansei de Dexter. Cansei de Jean-Paul, que não entende que para mim ele é só um amigo. Cansei de Leandro. Ah, cansei de tudo! Cansei, inclusive, dos jogos de ego com Thales. Por mim, vão todos para o inferno... ah, não vão não: me encontrarão por lá.
Vou à formatura de Enfermagem, nesta sexta, aguentar as perguntas da família de Ninno e dos amigos em comum (a cunhada de Ninno, noiva do irmão dele, vai se formar)... aí seguirá tudo de forma previsível. Que saco!
Por isso não entendo mesmo, repito milhões de vezes, como alguém pode desejar a vida eterna? cacete!!!uma existência só já me dá tanto trabalho, e essas pestes querem viver eternamente.
Tá bom que não quero definhar e que tenho medo da morte, mas espero que Deus seja generoso e me carregue no tempo certo, não me encaminhe para as fraldas geriátricas.
Nem sempre ao pensar nestas coisas estou infeliz. Constato e vivo.
Ontem isso me deixou verdadeiramente triste, assistindo à minha vida como se estivesse tudo errado!
Ainda bem que sei ler o contexto e valorizo e louvo minhas conquistas, como o meu doutorado, minhas aprovações em seleções, a vitória de ter deixado o emprego porcaria que eu tinha, a glória de não amar mais Marcelo (que me chamou para passar este final de semana com ele, por exemplo, num convite que não deve resistir à quinta-feira porque, previsível, ele dirá de um impedimento, de um imprevisto) e as várias outras coisas que alcancei e que me permitem me olhar no espelho e dizer: "Olha, quem diria!". Talvez por isso eu entenda e admire tanto o Magnífico Senhor Reitor José Carlos Barreto - que ganhava as eleições da UEFS e nunca tomava posse, devido ao voto paritário. Até que ganhou e venceu. Na época, acompanhei isso tudo. Lembro até do jingle que nós, estudantes, criamos para ele ( e que tinha isso, do "olha quem diria")...é o que nos salva: poder olhar e ver o que mudou, apesar de tantas coisas paradas, sem o menor movimento.
Lembrei do chatésimos dos Engenheiros do Havaí: "Minha vida é tão confusa quanto a América Central/Por isso não me acuse de ser irracional".

sábado, 26 de setembro de 2009

Eu também vou reclamar


Lembrei de Raul Seixas, com a música Eu também vou reclamar, em que visivelmente ele alfineta meu querido Belchior, ao cantar :"Mas agora eu também resolvi dar uma queixadinha/Porque eu sou um rapaz latino-americano/que também sabe se lamentar"...bem eu eu só tenho me lamentado, reconhecidamente.
Hoje vou me lamentar dos meus amigos, especialmente de João, que até um ano atrás era, de fato, meu amigo mais presente.
O namoro dele completará um ano em breve. A conta é esta mesma: desde que ele passou a namorar, nossa amizade já era.
Ele também aprendeu a me excluir. Vejamos, por exemplo, o fato de que ele está em Feira e não fez nenhum movimento para me encontrar.
Não adiantaram os meus convites ou apelos. Não adiantou ir à UEFS, não adiantaram incontáveis torpedos e telefonemas, nada, nada...nem mesmo aquele formal e educado convite para almoçarmos juntos ou para que eu fosse até à cidade dele, Muritiba, para onde ele irá amanhã, levando outros amigos.
Reclamo porque me magôo.
Que desimportÂncia!
Jaulla, minha amiga, ao se apaixonar também agiu assim: me excluiu.
Mas me espanta a falta de delicadeza, do cuidado que se deve ter com esta flor chamada amizade.
Corri atrás porque a companhia do meu amigo me interessava. Que pena que a recíproca não é verdadeira.
Pois é, eu também vou reclamar!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Quem liga?


Tem gente que faz piada e diz que se você acha que ninguém liga para você, experimente deixar de pagar uma conta! Claro, o pessoal credor liga num instante!
Mas meço minha pouca popularidade com os homens a partir deste parâmetro: ninguém liga para mim.
Meu telefone não toca, meu celular , muito menos. Se há barulhos de mensagens de texto, pode apostar que é algo promocional, da operadora.
Ninguém pede meu telefone, também.
Por outro lado, nem tenho para quem ligar: Não tenho amigas disponíveis, não tenho paqueras desimpedidos, não interesso a ninguém. Acho que Santo Antônio ficou de mal de mim: me manda cada vovô descompreendido, cada barca furada, cada cilada...
Vivo sozinha sempre.
Também repito que prefiro a solidão à companhia de um homem sacana.
Não pego quem não desejo: nem a maior das necessidades me faria pegar, ficar ou etc., com um sujeito que não corresponda ao que desejo.
"Como nos sonhos, vejo o que desejo"...mas não espero o homem dos meus sonhos - eles existem, são gente de carne e osso e ectoplasma, mas não ligam para mim.

sábado, 19 de setembro de 2009

A água da lágrima da tua mágoa



O título deste texto é, na verdade, um verso de um poema de Odete Semedo, escritora da Guiné Bissau que esteve presente na XXII edição da ABRAPLIP (Associação Brasileira de professores de Literatura Portuguesa), ocorrido na UFBA, universidade em que estudo.
Além de linda, (e devo frisar, uma mulher negra linda, porque ao contrário de reforçar os preconceitos, é necessário trazer todas as adjetivações possíveis para que fique bem claro que estou falando de uma mulher negra), a criatividade e a poeticidade de sua postura são impressionantes.
Claro, o sobrenome de Odete já permite um trocadilho: Semedo, Sem Medo.
Veja que supremacia!!!Que ser humano pensaria em tão linda versificação que me impregnou a memória, os ouvidos: "A água da lágrima da tua mágoa"...não prestei atenção em mais nada. O que haveria além disso? mas, que verso tamanhamente suficiente que não precisa de mais nada!
Nem, Gil, cantando "A lágrima clara sobre a pele escura". Não, Odete é incrível. Aliás, quem se pensa poeta deveria ir lá, assistir a essa apresentação.
Se eu fosse ela, já teria validado toda minha existência por ter criado este verso. Esta seria minha contribuição para o mundo...
Ora, sim, as literaturas africanas pós-coloniais em Língua Portuguesa não podem se ajustar à proposta universalizante de serem apenas literatura. Não dá: a força da experiência da colonização, as sequelas deixadas e sentidas e a forma como oprimido e opressor viveram tudo isso suscita uma outra ordem de coisa e uma outra experiência literária.
Dirão, quiçá, que bom é Fernando Pessoa lastimando a travessia portuguesa e dizendo do Atlântico "Quanto do teu sal/ são lágrimas de Portugal". Ele é canônico. Ele pode. A experiência histórica de uma nação portuguesa que precocemente centraliza seu governo e se lança às navegações, esta sim, pode ser lembrada.
A literatura africana, não: é coisa de negro fundamentalista e seus movimentos - assim pensam tantos que ignoram os percursos e as histórias.
Mas fico feliz e emocionada em ver aquela mulher negra e linda, representante da intelectualidade negra letrada, sim, porque é preciso pontuar a necessidade de ter os instrumentos da cultura dominante e seus códigos... agora me venham com a universalidade, essa criação burguesa do século XIX, se me cérebro estiver certo! não, meus amigos, a experiência literária - que decerto não corresponda às biografias, não repita obrigatoriamente contextos e vivências - é diferente para cada eixo, para cada escritor (se é que eles existem conforme foi pensado antes de decretada a morte do escritor, em seus termos correntes antes de Barthes).
Nesta mesma apresentação, devido ao meu torpor, não sei se ela falava de um poema seu ou se repetia os versos de um outro escritor, mas a força da imagem ficou: a moça que envelheceu na adolescência. Este poema, lido em crioulo e em português narra a história de uma mocinha que lavava roupas na beira de um rio e que foi violentada por um colonizador... ah, absolutamente doloroso e lindo o poema. Nada sei sobre ele. Poesia boa é assim mesmo: anestesia os sentidos, faz com a gente o que bem quer, iluminando uns versos, umas imagens, tornando opacos outros...que bom, se percebo isso é porque sou gente!
Nunca irei esquecer: A água da lágrima da tua mágoa.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A importância da resistência


Hoje, terça-feira, dia 08 de Setembro, um dia após o feriado de comemoração da Independência do Brasil, reafirmo a minha independência: pela segunda vez real e pela terceira vez se contado o ensaio, troquei a resistência do meu chuveiro.
Ah, me sinto glamourosa!
Como é boa essa independência!
Abaixo está a cópia de um e-mail que eu escrevi, deslumbrada, falando desta experiência bem sucedida, em dezembro do ano passado, com o maior orgulho:
Antes de qualquer coisa, sei que alguns de vocês têm mania de observar o horário em que o e-mail foi escrito. Estou mesmo escrevendo de madrugada, mas é porque acabei de chegar do show de Maria Rita ( e foi o máximo!) e resolvi dar um tempo até porque João Neto ficou de vir aqui para casa nesta madruga, às 04 (este vai encaminhado para ele também. Tá vendo, amigo, como eu te amo?).
Bem, não pude me furtar a esta grande vontade de contar a vocês como eu estou em sentindo gente.
Você bem sabe que às vezes me sinto um osso de borboleta ou, conforme Sidney, "a terceira pessoa depois de ninguém". Mas, hoje estou em sentido ótima, grande, independente...e tudo isso me faz reconhecer a importância da resistência.
Não estou falando de resistência ideológica não, gente: é a resistência do meu banheiro.
Da primeira vez em que troquei a resistência, há uns anos, me dei super mal. Quebrei a resistência nova. E o que é pior: tive que aturar o Pitbull problemático (é o nome atual do meu ex-namorado, segundo Jean-Paul adequadamente batizou), bem, aturei mil indiretas, aturei a minha "incompetência sendo atirada em minha cara e, claro, suportei o sujeito advogando em causa própria.
Há um ditado horroroso (e de resistência feminina) que diz que "por um pedaço de linguiça, temos que suportar o porco inteiro". Não posso negar que pensei neste ditado e concordei com ele na hora.
E o miserável destilou seu veneno para dizer o quanto ele era útil e ágil. O que eu faria sem ele? quem trocaria minhas lâmpadas? quem trocaria a resistência? quem resolveria os pepinos técnicos da minha casa?
Juro: conversei sobre isso com a analista ( naturalmente, ela ficou indignada com a postura dele) e cheguei à conclusão de que iria me re-educar.
Hoje, quando fui trocar a resistência, já sabia algumas coisas. Chato é estar sem alicate e chave de fendas adequados. Bom, mas troquei e deu tudo certo!
Fiquei pensando nas filhas de minha madrasta, logo que fui morar com elas, se exibindo para mim, falando que a escola delas tinha Educação para o lar como disciplina. Eu ainda era criança, mas vivia me perguntando para quê serviria aquilo.
Bom, serve para higiene mental e para distrair as pessoas durante o tempo em que estão casadas. Serve para formar boas esposas, no sentido machista do termo.
Meninos aprendem outras coisas. Mas, eis aí a sorte de não ser tão velha (kkkk!acreditem se quiser): minha escola já não tinha esta disciplina.
Terrível ver que as mulheres tendem a incorporar valores desta ordem, de achar que não podem se defender de um inseto, de uma situação adversa (lâmpada queimada, coisa quebrada, e etc). Mas, na educação doméstica, também privamos os homens de cuidar de si mesmos.
Se sei cozinhar, lavar minha roupa, arrumar minha casa, não sou refém de ninguém. Tenho, pois, independência para cuidar de mim. Poderia até me sentir a G. H. de Clarice Lispector, quem sabe...mas, há tantos homens que só comem se alguém preparar, só têm roupa limpa se alguém lavar, só estarão num lugar arrumado se alguém arrumar por eles...
Talvez fiquem tão reféns de mães, namoradas e empregadas, quanto nós, mulheres, ficamos à mercê de mecânicos mercenários sempre que deixamos de conhecer certas partes de nossos carros (a esse propósito, nesta sexta passada, na ACM, em Salvador, uma moça colidiu com meu carro. Bom, arrebentou o radiador dela - o reboque é cruel - e ela se desesperou ,sem saber o que era radiador, para que serve e, pior: achando que a água que descia era gasolina!!!). Pois é, garotas, nossa vida não é fácil!
Mas, resumindo: paguei uma dívida moral comigo mesmo e soterrei um ressentimento com aquele cretino que várias vezes contestou minha independência. Yes, eu troco resistência! E nunca mais terei que aguentar as chantagens emocionais de quem quer se fazer imprescindível.
Beijos!

Qual é a música?


Para os momentos de tédio: músicas do Radio Head, tipo Karma Police;
Para lembrar um amor: músicas do Police, tipo Every breath you take;
Para fazer uma boa faxina em casa, o pique do axé, tipo qualquer música baiana;
Para dançar, Black Eyed Peas, Bob Sinclair, Lady Gaga e, principalmente, Pitbull, com You know I want you e o Blur, com Song 2;
Para se suicidar, após muita depressão, músicas dos Smiths;
Para ativar os neurónios, músicas de Caetano Veloso, Chico Buarque e Belchior;
"Para desentristecer, leãozinho, o meu coração tão só", as músicas dos Beatles, os reggaes e os ska.
Para Ernesto, no meu apartamento na barra, num sábado à noite, há muitos anos atrás, Adriana Calcanhoto cantando assim: "Eu chovo/ sobre os seus cabelos/ pelo seu itinerário/ sou eu o seu paradeiro/ em uns versos que escrevo/ depois, rasgo".
Para Allan Kardec, numa noite de sábado, no Bahia Apart Hotel, na Barra, o U2 cantando With or without you.
Para Marcelo, em todas as noites que eu passei em Aracaju, sozinha, sonhando com ele, Snow Patrol, cantando assim: "Tell me that you open your eyes" e uma série de outras músicas contemporâneas a essa.
Para Francis Jefferson e suas noites perfeitas, todas as músicas do Kid Abelha que ele pôs para eu ouvir;
Para o loirinho que eu conheci no show dos Detonautas, numa noite de sábado, essa mesma banda cantando: "Tento te encontrar tanto/para dizer:/"Meu amor, tudo bem"?
Para Thales e nosso encontro na 40 graus, numa noite de sábado, By the way, do Red Hot Chilli Peppers e Promiscuos da Nelly Furtado;
Para tudo ficar engraçado, Genival Lacerda e seu Radinho de Pilha, Severina Xique-Xique, Coitadinha da Ivete e outras mais.
Para rir da cara dos outros: Sertanejas;
Para se oferecer: Funk;
Para o sexo: Românticas;
Para pensar na vida: MPB
Para viver: Rock and roll;
Para agir: Pop Rock
Para pegar gente: Axé.
Para dormir: Silêncio.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O que há de errado com o meu coração?


Que bom que meu Príncipe manteve contato.
Gostaria de ser mesmo digna de cantar "Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim".
Ah, que bom seria.
É verdade, estou galinhando, namorando muito...mas veja o histórico: eu estava na gaiola.
Eu passei dez anos num namoro sem futuro, com uma pessoa totalmente diferente de mim, isto é que não tinha nada a ver. Depois veio a gaiola da minha paixão por Marcelo. Três anos de prisão.
Amei Marcelo e fui correspondida. Fui feliz por três meses.
A relação acabou, os sentimentos continuaram.
Ele foi meu alfa e meu ômega: princípio e fim de tudo. Amor verdadeiro e intenso que me deixou em luto e trauma ímpares ao acabar. De fato, nunca amei tanto alguém. Talvez nunca mais volte a amar.
Sim, me sinto incapaz de amar verdadeiramente, agora. "Até parece loucura./ Não sei explicar/ É a verdade mais pura: eu não consigo amar".
Se o meu príncipe não me mantivesse contato eu iria me sentir mal, triste, infeliz, inferiorizada...mas minha empolgação é só vaidade...ele é instrumento de minha vaidade...não é amor.
Ele, o meu príncipe Thales, parece Hugh Grant e eu fantasio com isso. No plano da realidade, ele é cavalheiro, educado, inteligente, rico, lindo e admirável: só vendo para acreditar. E também é vaidoso.
Cansei de amar Marcelo e de sofrer por ele.
Cansei de pegar 06 horas de viagem para Aracaju só para ver (olhar) a cara dele e voltar frustrada para Feira, consciente de que jamais teria quem eu amo.
Fiz promessa para Santo Antônio para esquecê-lo.
Agora ele está cem por cento a fim de retomar a relação e eu não consegui dizer a ele que não o amo mais. Como isso pôde acontecer? tudo teria sido tão diferente!!! passou o tempo da paixão. Dizem que a paixão dura até cerca de três anos. A estatística me pegou, a eficácia do simbólico me ajudou e agora não amo mais.
Cacete! Não amo ninguém.
Faz uma falta!!!
Gosto do abraço, gosto de ter em quem pensar antes de dormir, gosto dos sonhos, dos planejamentos, da espera...ah, ter alguém que dentre todos os mortais é o ímpar, é especial...ah, que lindo!!!
Apesar de tudo, viva a leveza!