Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A importância da resistência


Hoje, terça-feira, dia 08 de Setembro, um dia após o feriado de comemoração da Independência do Brasil, reafirmo a minha independência: pela segunda vez real e pela terceira vez se contado o ensaio, troquei a resistência do meu chuveiro.
Ah, me sinto glamourosa!
Como é boa essa independência!
Abaixo está a cópia de um e-mail que eu escrevi, deslumbrada, falando desta experiência bem sucedida, em dezembro do ano passado, com o maior orgulho:
Antes de qualquer coisa, sei que alguns de vocês têm mania de observar o horário em que o e-mail foi escrito. Estou mesmo escrevendo de madrugada, mas é porque acabei de chegar do show de Maria Rita ( e foi o máximo!) e resolvi dar um tempo até porque João Neto ficou de vir aqui para casa nesta madruga, às 04 (este vai encaminhado para ele também. Tá vendo, amigo, como eu te amo?).
Bem, não pude me furtar a esta grande vontade de contar a vocês como eu estou em sentindo gente.
Você bem sabe que às vezes me sinto um osso de borboleta ou, conforme Sidney, "a terceira pessoa depois de ninguém". Mas, hoje estou em sentido ótima, grande, independente...e tudo isso me faz reconhecer a importância da resistência.
Não estou falando de resistência ideológica não, gente: é a resistência do meu banheiro.
Da primeira vez em que troquei a resistência, há uns anos, me dei super mal. Quebrei a resistência nova. E o que é pior: tive que aturar o Pitbull problemático (é o nome atual do meu ex-namorado, segundo Jean-Paul adequadamente batizou), bem, aturei mil indiretas, aturei a minha "incompetência sendo atirada em minha cara e, claro, suportei o sujeito advogando em causa própria.
Há um ditado horroroso (e de resistência feminina) que diz que "por um pedaço de linguiça, temos que suportar o porco inteiro". Não posso negar que pensei neste ditado e concordei com ele na hora.
E o miserável destilou seu veneno para dizer o quanto ele era útil e ágil. O que eu faria sem ele? quem trocaria minhas lâmpadas? quem trocaria a resistência? quem resolveria os pepinos técnicos da minha casa?
Juro: conversei sobre isso com a analista ( naturalmente, ela ficou indignada com a postura dele) e cheguei à conclusão de que iria me re-educar.
Hoje, quando fui trocar a resistência, já sabia algumas coisas. Chato é estar sem alicate e chave de fendas adequados. Bom, mas troquei e deu tudo certo!
Fiquei pensando nas filhas de minha madrasta, logo que fui morar com elas, se exibindo para mim, falando que a escola delas tinha Educação para o lar como disciplina. Eu ainda era criança, mas vivia me perguntando para quê serviria aquilo.
Bom, serve para higiene mental e para distrair as pessoas durante o tempo em que estão casadas. Serve para formar boas esposas, no sentido machista do termo.
Meninos aprendem outras coisas. Mas, eis aí a sorte de não ser tão velha (kkkk!acreditem se quiser): minha escola já não tinha esta disciplina.
Terrível ver que as mulheres tendem a incorporar valores desta ordem, de achar que não podem se defender de um inseto, de uma situação adversa (lâmpada queimada, coisa quebrada, e etc). Mas, na educação doméstica, também privamos os homens de cuidar de si mesmos.
Se sei cozinhar, lavar minha roupa, arrumar minha casa, não sou refém de ninguém. Tenho, pois, independência para cuidar de mim. Poderia até me sentir a G. H. de Clarice Lispector, quem sabe...mas, há tantos homens que só comem se alguém preparar, só têm roupa limpa se alguém lavar, só estarão num lugar arrumado se alguém arrumar por eles...
Talvez fiquem tão reféns de mães, namoradas e empregadas, quanto nós, mulheres, ficamos à mercê de mecânicos mercenários sempre que deixamos de conhecer certas partes de nossos carros (a esse propósito, nesta sexta passada, na ACM, em Salvador, uma moça colidiu com meu carro. Bom, arrebentou o radiador dela - o reboque é cruel - e ela se desesperou ,sem saber o que era radiador, para que serve e, pior: achando que a água que descia era gasolina!!!). Pois é, garotas, nossa vida não é fácil!
Mas, resumindo: paguei uma dívida moral comigo mesmo e soterrei um ressentimento com aquele cretino que várias vezes contestou minha independência. Yes, eu troco resistência! E nunca mais terei que aguentar as chantagens emocionais de quem quer se fazer imprescindível.
Beijos!

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