Louquética

Incontinência verbal

domingo, 27 de janeiro de 2019

Um assunto cabeludo!



Vamos falar de cabelos?
Crescimento de cabelo é determinado biologicamente.
No caso dos homens, a queda, calvície ou carequice dependem de fatores genéticos.
E tem jeito? Tem. Se não resolver, pelo menos melhora, atenua, ou evita que piore (aqui vão relatos que excluem os procedimentos cirúrgicos – existem, muitos funcionam, custam caríssimo).
Pois, bem, para começo, advirto que não sou dermatologista com especialização em Tricotologia. Decerto, tenho doutorado, mas é em Letras/Literatura, de modo que os comentários a seguir advém de minha vida de pessoa comum, filha de Deus, que adora os próprios cabelos e luta pelo bem-estar deles.
Para os homens, vos digo: Minoxidil. E só peguem produtos de uso tópico, local. Os demais, de uso oral, combinam hormônios que podem repercutir na vida sexual, inclusive sobre a ereção.
Existem, ainda, Biofillix e Finaxidil, mas nada sei sobre eles na vida real.
Citei o Minoxidil porque acompanhei um primo, que fez uso e deu certo: conteve a calvície e ainda fez um ‘reflorestamento’ capilar, ou seja, fez nascer penugem, cabelos.
Sejamos claros: cabelos crescem pela raiz.
A gente corta ponta dupla, acerta o corte, se ilude, mas o crescimento vem da raiz e isso exige cuidados com o couro cabeludo. ´
Hormônios alteram os cabelos: há mulheres que, na gravidez, desenvolvem os fios; e há outras que enfrentam quedas de cabelo.
Assim, também os hormônios de menopausa interferem – embora muita gente diga o contrário, as mulheres de minha família ficam com os cabelos longos, talvez ligeiramente mais finos.
Cabelo curto ou longo, tanto faz: se houver pontas duplas, ressecamento, caspa, tintura mal feita, tudo fica feio.
Eu sempre quis ter cabelos longos. Tinha usado tudo que era possível, tomado Pantogar e usado produtos caríssimos...sem efeito real.
Tudo mudou quando eu larguei os relaxamentos com guanidina ou com hidróxido. E olha que eu era daquelas que só alisava a raiz do cabelo.
Então, lição número 01: você pode chamar escovas progressivas por qualquer nome elegante que quiser (selagem, botóx, realinhamento, por exemplo), mas processos que alisam são escovas progressivas, mudando apenas o agente químico principal (cistina, carbocisteína e substâncias similares).
Existem escovas naturais? Não. Para alisar, defrisar, reduzir volume, são necessários elementos químicos. Não há planta ou substância natural que altere a forma natural dos cabelos.
O que ocorre é a adição de elementos naturais, óleos, por exemplo, mas a interação entre calor (secador, chapinha) e o produto, mesmo se você usa um produto que seja enxaguado antes de usar calor, deve saber que esta é a dupla que faz o cabelo modificar.
Segundo: quer a prova? Observe o cheiro de seu cabelo, na primeira lavagem após uma escova progressiva (selagem, botox...): sentirão cheiro de açúcar queimado com ferrugem; cheiro de coisa queimada, qualquer cheiro estranho. Na verdade, é cheiro de enxofre – do próprio cabelo, interagindo com a química. Geralmente, esse cheiro aparece em reação com meio líquido (água, suór)...
E sai? Sai. Com muitas lavagens.
Tomem aqui por conselho: se você fez escova num salão, lave ao chegar em casa - é uma pena, é ver dinheiro escorrendo pelo ralo, dói, mas é melhor. Nenhum lavatório tem a qualidade de enxágue que o seu chuveiro. Salão nenhum no planeta lava e enxágua como você.
Se puder esperar um dia, lave em casa e depois faça escova normal no salão. Esse enxaguar vai te poupar de ter casquinhas no couro cabeludo, daquelas que as pessoas pensam ser caspas – não são, são reações do couro cabeludo aos resíduos químicos das escovas, são descamações.
Tratamento caseiro dá certo? Se estivermos falando de óleo de coco e outros, sim. Caso contrário, confie em hidratações de boas marcas, ampolas, etc.
Dá para diminuir o cheiro ruim (diminuir não é eliminar) das escovas, usando duas colheres de Leite de magnésia dissolvido em uma xícara de chá de água. Antes de lavar os cabelos, molha o couro cabeludo com isso e deixa por uns dez minutos. Repito: diminuir. Eliminar, nenhum produto, por mais promessa que faça, consegue.
Pode pintar quando faz escova? Não. Mas é por segurança. Porém, como abre tons, uma máscara de cor pega e dura muito. Jeans Color, da Alfaparf ou Crazy colors da Alta Moda, Magic Color 3D, são máscaras colorantes que tingem o cabelo e só contém pigmentos – nada de oxigenada e congêneres.
Xampu deixa de dar certo? Não exatamente. Antes de tudo, shampoo é palavra em inglês. Em português, é com Xis mesmo.
O que ocorre é que o xampu que dá certo é aquele que contém os nutrientes e substâncias que faltam ao seu cabelo.
Xampu não apenas lava. Essa é a função principal, mas, ao limpar os cabelos, ele preserva, sobe ou desce o PH dos fios – desta forma, não podemos lavar o cabelo com detergente de lavar pratos.
Depois de meses usando o mesmo xampu, parece que não funciona mais? Pois é, significa que seu cabelo já está saturado daqueles princípios ativos. É como se o cabelo comesse a mesma refeição e enjoasse quando precisasse se fortificar com outros itens do cardápio.
Condicionador bom é aquele que desembaraça. Nada mais se diz quanto a isso.
Cabelo que nunca cresce, tem jeito? Só posso responder por meu caso: tem jeito. O jeito pode ser simples e barato. No meu caso, o jeito foi usar Bepantol líquido. Vitamina B5. Juro: cresceu mesmo. Eu já tive megahair, tive uma frente de cabelo toda detonada, ressecada, quebrada, uns ‘toquinhos’ de cabelo. Depois de três meses, vi as mudanças.
Mudei o meio de alisamento e mudei isso aí, passei a usar Bepantol.
Tintura, só uma vez ao mês: passei a usar tonalizante e essas máscaras de cor, que citei acima.
Hidratação, três vezes na semana.
Cortar o cabelo ajuda no crescimento? Não. Lógico que não. Mas, muda a aparência, o aspecto do cabelo.
Mesmo sem química, meu cabelo pode ficar detonado? Sim, infelizmente. A carência de vitaminas é o primeiro inimigo – precisamos de vitamina B5, C, A, E, D, ácido fólico, só para marcar os mais urgentes dos urgentes. Tem alguns complexos vitamínicos que suprem esses elementos, mas o certo e o melhor é fazê-los presentes na alimentação.
Prender o cabelo com elásticos ou viver abafando o couro cabeludo também detonam seu cabelo.
Stress, preocupação, alteração hormonal, tudo pode afetar seu cabelo.
Falando no meu caso particular, também o fato de eu passar a cuidar e arrumar meu cabelo em casa ajudou bastante no crescimento: a dinâmica do salão é terminar logo o trabalho em seu cabelo. Assim, para fazer rapidamente o que é complexo, as trabalhadoras e trabalhadores usam muito calor do secador, fazem trações fortes e ríspidas nos fios, favorecendo a quebra e o ressecamento. Fora a já citada lavagem, que além de ruim e rápida, nunca lava fronte, nuca e outras extremidades a contento, deixando resíduos no couro cabeludo. Em casa, cansa, mas é o melhor lugar para cuidar do cabelo.
Quanto à quantidade de lavagens por semana, sejamos francos: cabelo mal- cheiroso é horrível. No mínimo, duas lavagens na semana. Mínimo. Não queira economizar ficando cinco a sete dias sem lavar os cabelos: além do mau cheiro, seu couro cabeludo ficará gorduroso e propenso a caspas, os bulbos capilares ficarão entupidos, prejudicando o crescimento e, fora tudo isso, fica um aspecto pesado e feio, a cara da sujeira – xampu a seco, só na emergência.
Lavar todo dia prejudica? Não. Desde que não se retire a oleosidade natural dos cabelos – por isso, a importância dos xampus. Tem xampu bom e barato? Tem – desde Johnson, tradicional amarelinho ou outros da linha – até os populares sem sal (no meu, até Palmolive resolve, mas uso Match, de O Boticário e Aussie).
Esses são meus relatos, foi o meu caso. Cada um, com sua vida e com suas escolhas.
Ficam aqui meus testemunhos e não uma recomendação médica. Blogs não são consultórios.
Não tenho patrocínios, apenas me reportei a experiências de minha vida real. E cada um leitor que resolva a raiz de seus problemas.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Primeira pessoa do singular



Tem dias em que não vou a lugar algum, mas quero me arrumar, estar bem e estar bonita.
Há quem não se arrume senão para terceiros, ou para compromissos ou rituais... Estes, por seu turno, não usam o perfume de que gostam, nem a roupa que lhes apraz, nem cuidam de si exceto por exigências sociais.
Eu não escolho as formas de amor por mim a partir de terceiros.
Não cabe em mim essa coisa de que ‘a gente se arruma para os outros’. Não, eu me arrumo para ser reconhecida pelos outros a partir do amor que expresso por mim mesma. É bom estar feliz com o espelho e olhar para dentro de si percebendo a correspondência entre a aparência e o bem-estar interior.
Estes mesmos seres que não usam ou fazem o que gostam, a menos que a ocasião social exija, são os mesmos que querem ou buscam ter bens para ostentar, mas não para curtir, usufruir verdadeiramente. Portanto, aplicam o dinheiro num carro luxuoso, que tem um IPVA alto, gera um consumo absurdo de gasolina e desenrolam uma série de despesas, para causar impacto nos outros. Acho, porém, que causam mais angústias do que satisfação, porque se amparam, novamente no que os outros vão dizer.
Consumo saudável é o que traz satisfação, é consciente.
Nossa autoestima se expressa em vários lugares que excedem o ego e os rituais de cuidados pessoais. Quem se ama cuida da cabeça, não acha psicanálise um luxo.
Quem se ama cuida bem do corpo, por saúde e por estética, sim: é preciso gostar do que se tem. O respeito ao próprio corpo significa cuidar bem dele, com alimentos, cosméticos, exercícios, etc., não importa o peso ou a forma. E se uma diferença no nariz (em qualquer parte do corpo) lhe trouxer a sensação de embelezamento, e é o que falta para você se sentir bem, faça o seu possível, respeitando os limites aceitáveis e normais de intervenções.
Em bom português, a autoestima também está no quanto você se propõe a não se ofender, não se irritar, não perder seu dia e seu tempo com coisas e pessoas que podem ser irrelevantes. Deixar para lá, sempre que possível, poupando a mente de desgastes emocionais e desabafo de instintos em discussões grosseiras, por gente que nem vale a pena... E se valer a briga, há formas mais eficazes de se aliviar sem, necessariamente, se deixar afetar.
Em família isso em bem comum: os próximos são sempre os mais propensos a nos ferir, porque têm acesso maior a nós, aos nossos arquivos, vulnerabilidades, históricos... 
Ainda tem quem confunda memória com rancor: é que a gente precisa lembrar o que nos machucou, quem nos magoou, as causas e as circunstâncias, por uma questão de proteção, porque a gente não vai ficar oferecendo a outra face, andando em círculos em relações desgastantes. Decerto, não quer dizer que os sentimentos bons acabaram, porque, eu já disse antes, os maus também precisam de ajuda e de amor, mas se pode ajudar e amar de longe.
Casos há em que, de fato, as relações terminam mal e pronto. Não queremos mais ver a pessoa.
Em meu caso, quando percebo a falsidade e sei até que ponto uma pessoa dissimulada pode ir, como tal pessoa se infiltra na vida da gente, entre amigos, parentes, ambientes sociais, derramando venenos e causando inimizades, nunca mais quero saber sequer do nome do ex-amigo ou amiga.
As amigas que não respondem contatos, não esboçam receptividade a nada, estabelecem todo tipo de distância, eu não procuro mesmo. Ficam no limbo.
A vida continua com ou sem tais pessoas, mas é parte de nossa autoestima procurar nos preservar de sofrimentos, da exposição a gente tóxica...E há uma coisa que eu aprendi durante uma trilha na Chapada Diamantina, em novembro do ano passado, quando ouvi de uma amiga que conheci na ocasião: “esse ‘não’ cabia a você!”.
Então, há nãos que a gente precisa dizer.
Há várias coisas que dependem de nosso posicionamento, de nossa escolha, das opções que assinalamos...ou seja, temos escolha e precisamos ter autonomia para declarar nosso posicionamento.
Amar a si mesmo não é ser egoísta, mas é saber que em nossa vida a gente precisa estar em primeiro lugar. Eu: primeira pessoa.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Toda forma de paz ou a paz de qualquer forma



Tem uma filosofia de para-choque de caminhão, que diz que “amigo não é aquele que enxuga uma lágrima e, sim, aquele que não a deixa cair.
Ora, já declarei minha chateação contra quem persegue nosso direito ao choro. Odeio explicar as razões de minhas tristezas, engolir minhas lágrimas ou ter que adiá-las para evitar testemunhas.
Agora, a perseguição é outra: não posso ficar em paz, quietinha, muda, fora de redes sociais, longe do telefone celular, porque toda hora tenho que explicar meu sumiço.
Gostei de meu réveillon. Gostei ainda mais de não ativar dados móveis e ir para uma área onde o sinal era quase inexistente.
Está tudo bem: sem confusões, sem tristezas, sem desesperos. Acho que as pessoas se acostumaram com ostentação de felicidade. Não: a felicidade pode ser muda, silenciosa, contemplativa.
Não tenho uma vida excitante a ponto de justificar o grude nos aparelhos. Odeio saudar quem eu não gosto e formalizar votos de feliz ano novo a gente cretina ou insignificante.
Claro, tem gente ruim, escrota e cretina que eu gosto, apesar dos péssimos adjetivos. Mas, entre gostar e querer contato, vai uma distância incomensurável.
Fica a mesma dica: se você precisa perdoar uma pessoa escrota, faça o seu possível. Se conseguir, não esqueça que vocês não precisam manter o convívio contínuo.
Hoje em dia eu me sinto uma total imbecil por ter arrastado uns contatos assim, ad eternum.
Nuns casos, por piedade, porque a pessoa já não tinha amigos e poucos eram os próximos que queriam proximidade com ela.
Em outro caso, a pessoa viveu um verdadeiro ostracismo familiar, com todo mundo guardando distância e com justa razão: trata-se de um ser humano péssimo e venenoso que, se não ferir diretamente quem chegar perto, vai articular situações e plantar a discórdia, de modo a fazer ferver a dissensão, as brigas, as calúnias. Para dar um exemplo, essa figura convenceu uma pessoa de que havia outra a tramar ardis e atentados contra a vida do ‘visitante’.
Mas, lá fui eu, atender ao “setenta vezes sete” perdões que devemos dar.
Voltei envenenada, não porque não estivesse imune ao veneno ou desconhecesse onde estava o antídoto, mas por notar que foi, de fato, a última vez em que fui visitá-la. Nunca mais volto lá.
Pareço e sou uma pessoa de “nunca mais”. Nunca mais, em minha vida, é muito verdadeiro e mais constante que “para sempre”. Pouco sei sobre ‘para sempre’.
Não precisamos disso. Ninguém precisa. Decerto, obrigações sociais nos submetem ao contato com quem não queremos. Basta não prolongar. E se pudermos romper o laço, melhor ainda.
Outro ponto é evitar repetir más experiências. Se não foi bom sair com tal pessoa ou realizar qualquer atividade com ela, não é necessário passar por tudo de novo, a menos que se dê o benefício da segunda chance.
Também não vale ir onde não se deseja, comer aquilo de que não gosta, só para não causar desconforto nos outros.
Já entrei nessa: no fim das contas, almocei arroz e alface, para não declinar do almoço oferecido coletivamente (um cardápio horroroso e pesado que me obrigou a me servir apenas do que era possível comer, em meio a tanta porcaria sem sabor). Saí com fome para não sofrer linchamento social e parecer metida a besta. Não faço isso nunca mais.
Quem quiser que venha me obrigar a gostar de açaí, a gostar do Rio de Janeiro, a achar calça sarouel bonita, a usar espadrilles, a querer ter filhos, a ouvir pagode! De igual maneira, nunca obriguei ninguém a ter os mesmos gostos que eu. Contudo, é difícil que me deixem em paz: há sempre alguém querendo me converter.
Bicho com vontade própria é fogo!
Então, não quero atender a ligação apenas porque não quero conversar. O povo faz um alarido, mesmo eu previamente tendo feito a advertência de que quero ficar quieta e sozinha. Não há nada de errado nisso. É a paz do encontro comigo mesma.
O poeta pouco entende disso – ele, pelo menos, subestima. Coloca a etiqueta da frescura ou de algo depreciativo, mas me deixa em paz.
O que há de errado em querer ficar sozinha?