Sejamos honestos:
quem está bem, não fica tentando provar que está bem. Esse esforço todo está
associado ao fim de um relacionamento, quando se quer dar a impressão de ter
superado o trauma da separação. Nada pior que isso.
Pessoas normais, ainda
que preservem seu orgulho e não queiram dar o braço a torcer, processam os
acontecimentos, esperam passar...E até lá, se é certo que não fiquem exibido
lágrimas e lamentos em redes sociais ou entre os amigos em comum com o ex-par,
procuram ser discretas e ficar em paz. Se a paz vem com Rivotril, psicanálise,
religião ou cerveja, não importa. Quem está bem não precisa provar que está
bem.
Fazer turnê nos
lugares outrora visitados com o ex-par também não é uma boa solução. Fica muito
clara a mágoa, a dor de cotovelo, o lamento interior.
Geralmente, não sofre
mais quem mais amou: sofre o mais orgulhoso, que camuflava sentimentos ou que
se sentia acima deles.
Deixando a vida dos
outros de lado, porque, afinal, comentei por não supor que as coisas com dada
moça estivessem nesse ponto...Mas estão, digo agora de mim mesma: a primeira
coisa que vai embora junto com os meus sentimentos, é a atenção (e o
consequente interesse). É assim com trabalho, amores, amigos e até lugares que
eu frequento. Acabou um item, acabam os demais...Fico sem querer saber. Não
quero conta, não dou atenção.
Vinícius e Marcelo
talvez nem percebam...ou percebam, porque não são mais importantes para mi, não
recebem e-mails, mensagens, fotos...desde que deixaram de ser amados por mim.
Eles, claro, sentem no ego a falta do paparico.
Gosto muito do Outro,
do poeta. Ele tem minha atenção, minhas palavras, minha admiração... E só acho
engraçado é gente desimportante viver em busca de stalkear minha vida (o crush,
meu ex-cunhado, meu ex-ficante e uma ex-colega de trabalho do tempo em que eu
era militar)...Foi nessa que GP se machucou e finalmente me deixou em paz...Mas
o outro e meu ex-cunhado vivem de
olho em qualquer coisa que eu faça...procuram minhas visualizações e meus
status em Facebook. Nada mais desesperador do que ser o centro das atenções de
gente doentia que não nos interessa. Pelo menos, muito olham e pouco falam.
É muito desagradável
ter que ser grossa para afastar esse povo que não capta o sentido de um ‘não’.
Tipo gente que não aceita o término de uma relação.
O que se pode fazer
diante de quem não ama, não quer, não gosta e não está disposto a ficar
conosco, é deixar a pessoa em paz. Esse povo desequilibrado, não: quer
castigar, se vingar e punir quem ousou não mais amá-lo; quem ousou não estar
interessado...Pior: geralmente querem a gente de qualquer jeito, com ou sem
nossa vontade; com ou sem nosso sentimento.
Vou dizer outra
coisa: a felicidade pode ser alegre e completa sem fazer estardalhaço. Nosso
relacionamento amoroso pode ser maravilhoso no silêncio discreto da intimidade.
Um relacionamento realmente a dois – sem flashes e sem exibição...quietinho e
feliz.
Sigamos
o conselho de Carlos Drummond de Andrade (do livro Amor natural - São Paulo: Companhia das Letras,
2013)
O QUE SE PASSA NA CAMA
(O que se passa na cama
é segredo de quem ama.)
É segredo de quem ama
não conhecer pela rama
gozo que seja profundo,
elaborado na terra
e tão fora deste mundo
que o corpo, encontrando o
corpo
e por ele navegando,
atinge a paz de outro
horto,
noutro mundo: paz de morto,
nirvana, sono do pênis.
Ai, cama, canção de cuna,
dorme, menina, nanana,
dorme a onça suçuarana,
dorme a cândida vagina,
dorme a última sirena
ou a penúltima... O pênis
dorme, puma, americana
fera exausta. Dorme, fulva
grinalda de tua vulva.
E silenciem os que amam,
entre lençol e cortina
ainda úmidos de sêmen,
estes segredos de cama.