Eu não sei a partir
de que momento da história os homens passaram a achar que a intenção de toda
mulher é ter um relacionamento socialmente assumido, isso a que os desavisados
chamam de relacionamento sério; que toda mulher sonhe em casar e ter sua
própria família, a qualquer custo. Eles acreditam nisso e odeiam ser
contrariados. Esbravejam quando encontram a exceção, atribuem a liberdade de
escolha ao feminismo.
O feminismo saudável
trouxe mesmo a liberdade de escolha. De fato, se não fossem as feministas, as
mulheres que odeiam o feminismo não poderiam votar em quem adora as
mulheres...adora as mulheres submissas, de postura conservadora, fúteis e
idiotizadas... Mas, dizem que a mulher sábia edifica o lar – e edifica como um
pedreiro, carregando os pesos, acordando cedo, se sacrificando de todo modo,
apesar de saber seu trabalho não será reconhecido. Grande coisa um lar
padronizado, mantido por sofrimentos abafados, por hipocrisia, traições,
violências! Este é o lar da maioria: feliz na fotografia, pesado no dia-a-dia.
Entretanto, não
condeno às escolhas dos outros e sei que há exceções – só não as conheço, mas
do fato de eu não conhecer, não se pode concluir que não existam.
Não costumam
respeitar minhas escolhas quanto a isso de não querer casar, nem ter filhos,
nem família padronizada. Esquecem, sempre, que eu tenho liberdade de escolha e,
se eu achasse que a escolha da maioria fosse boa para mim, iria com as outras,
tranquilamente, como uma boa Maria deve ir com as outras.
Fomos perdendo o direito
à opinião. Mas, ter opinião contrária à opinião padronizada ofende a muitos que
querem me obrigar a querer o que eu não quero.
Já falei disso aqui
no blog: se você é livre, você tem escolhas. Logo, se no blog não tem coisas
que te agradem, não precisa vir aqui – garanto que não haverá punição alguma
por isso. Se você gosta de mulheres brancas, não se obrigue a namorar as
negras; se gosta das esguias, não se envolva com as obesas; se gosta de homens
negros, não precisa namorar os brancos; se gosta de musculosos, não se obrigue
a namorar os magros. E dizendo isso estou ironizando a violência velada que boa
parte dos casais pratica: jogar na cara do outro, na hora da briga, que
preferem um tipo apesar de estarem com quem não corresponde ao seu modelo idealizado.
Será que alguém foi
coagido a namorar o oposto de seu próprio gosto?
Tenho presenciado
coisas assim.
Até comigo ocorreu
coisa semelhante, quando um homem veio, recentemente, questionar e tentar me
dissuadir de minhas escolhas. Paralelamente, eu mostrei e disse: “há tipos de
mulheres mais adequados ao seu gosto, sabia? Veja melhor suas opções. Eu, por
exemplo, tenho escolha, fiz as minhas escolhas e, para mim, uma pessoa como
você não seria uma opção para mim. Além disso, não estou à procura, não estou
disponível emocionalmente e as coisas fluem melhor quando duas vontades se
encontram, você não acha?”
O sujeito ficou de
mal de mim, me disse uns monossílabos de canto de boca e adorei repelir com
sinceridade quem não me interessava. E este, então, foi muito engraçado: fez
propostas e promessas, se apresentou como ‘um bom partido’ – ora, não estamos
em eleição – julgando, ele, que toda mulher é interesseira, que quer casar seja
como for...
Não sou grossa, mas
ou sincera.
Má sorte de quem, tendo opção, anula a própria escolha.