Às vezes, é preciso
dizer o óbvio, porque a gente até esquece o que está à nossa frente. Pois, bem:
sou um ser humano, vivo o que vivem os seres humanos em suas intersecções do
existir.
Quem de nós nunca
rejeitou alguém, não por orgulho, mas por não querer a pessoa? E quem de nós já
não esteve na outra ponta da história e foi rejeitado e rechaçado? Humanos que
somos, já passamos por isso.
Não é fácil, mas, a
gente sabe que tudo passa e, por experimentarmos os dois lados da moeda, se
formos adultos normais e saudáveis, a gente segue, a vida segue e deixamos a segunda
pessoa da questão em paz.
Isso não exclui,
como disse Caetano Veloso, “ondas, desejos de vingança” porque se o caso for de
separação, isso inclui a ideia de que fomos trocados. Mas, isso também passa.
Dei muita risada com
uma história que ouvi, sobre uma moça que, ao se separar, fez de tudo para
melhorar a vida e a aparência; e ainda disse aos amigos em comum com o ex: “Isso
é para ele ver o que perdeu”.
Por incrível que
pareça, a resposta do ex, dada publicamente como réplica, foi: “Por que somente
agora? Por que ela esperou acabar a relação para, então, se cuidar?”.
Tem muita coisa aí:
como a pessoa deixa de se cuidar ou volta a se cuidar por causa dos outros, de fatores
externos? Que ser humano é este, que não dedica tempo a si mesmo?
A vingança, neste
caso, é se tornar atraente. Mas, a pessoa mobiliza energia para melhorar por
vingança; e não mobiliza energia para melhorar para si mesma, por necessidade e
vontade?
Sosseguem: não
existe troca. É que amor passa, desejo acaba. Quem deixa a relação também
sofre, porque a vontade de sair da relação é conflituosa e não chega de vez. Também é aos poucos que se vai descontruindo a relação.
Não dá para estar só
e se dedicar a si mesmo porque o relacionamento acabou. Dedicar-se a si mesmo é
algo constante.
É a pergunta que a
gente precisa se fazer: se o relacionamento acabar, o que me sobra?
Deveria sobrar vida
própria, amigos, carreira, ambições pessoais e sonhos. Não dá para o
relacionamento/ o Outro ser tudo.
Parece de uma
recorrência surreal mas, há algumas horas, passei por mais uma onda de insultos
por parte de um homem que se sentiu rejeitado por mim. Foi por pouca coisa:
colega de centro espírita, ele brincava com gracejos de flertes. Por estar
ocupada, não respondi com frequência e fui cobrada nisso. Expliquei – estou ocupada
– mesma razão, aliás, porque não tenho vindo aqui no blog.
Acrescentei que
achava divertido trocar palavras com ele, haja vista o peso e seriedade dos
meus dias. Via leveza e graça nas conversas.
Ele me respondeu com rispidez, alegando não ser palhaço para trazer riso algum a mim e que entendia que minha desatenção era sinônimo de minha rejeição por ele. Acrescentou o peso de palavras estúpidas às quais eu nada respondi nem responderei.
Tiro meu time de campo, não faço o jogo, nem acato provocações.
Claro, senti o fato
de ser mal interpretada, mas ele não tem peso em minha vida, não tenho convívio
contínuo, não sou obrigada a vê-lo e a importância dele, para mim, é minúscula,
não excedendo a de qualquer outro ser humano ao qual, de modo cristão, dedico
fraternal voto de bem-estar. Fica, portanto, a dica: gente, não é preciso
responder a tudo e a todos.
Não comprem briga
nem percam tempo dando respostas a quem nem interage verdadeiramente em sua
vida. Deixa a pessoa lá, no cantinho. Não é vácuo, é a ausência de necessidade
de discutir, explicar, justificar.
Não gosto de ser
negligente, mas há coisas que a gente não deve mesmo se prestar a priorizar.
Largo meu Facebook
por meses, raramente acesso até mesmo comentários em blogs, sites e fóruns também por
muito, muito tempo, porque esqueço ou minha vida real não dá conta.
Entre gastar horas respondendo a quem quer briga, holofotes ou biscoitos; ou estar abraçando quem eu gosto, ler um livro, tomar um café, brincar com meus gatos, sinto muito, mas declino de responder. Temos mais o que fazer do que gastar tempo e palavras com esse tipo de situação. Tempo é vida: não vou gastar minha existência com quem pouco conta. Não entre no jogo: vença a partida - caia fora!