Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Low profile involuntário

 


A vida não dá pausas e os assuntos se acumulam.

Fiquei involuntariamente low profile.

Escrevi textos que não cheguei a publicar. Perdi o timing e acabei engavetando os assuntos, então, bastante interessantes (coisas que vivi, vi e ouvi): os homens idosos que, numa festa, mostravam nudes recebidos e compartilhavam pareceres sobre bundas e relevos de corpos – enquanto suas ainda jovens e bem cuidadas companheiras se distraíam com a banda que tocava; - a amiga que largou preconceitos e resolveu namorar um septuagenário mas, que, critica ofensivamente ao filho deste cara 70+, pelo fato do rapaz namorar uma mulher dez anos mais velha; as minhas questões pessoais e particulares que me fizeram declinar de quem eu gosto, porque, afinal, não adianta ficar por amor, namorar por amor, se o relacionamento me faz mal...enfim, assuntos que se empilharam e agora não vou mais desenvolver em texto.

Não vai dar tempo de falar do quão canalha e escroto era Delfim Neto, aquela cria podre da Ditadura, sempre louco pelo poder, que morreu velho, feliz e impune; nem vai dar tempo de virar a cara de nojo pela morte de Sílvio Santos, um grande comunicador para as massas, que soube espalhar uma fanfic sobre mesmo e fez crer que um dia ele foi pobre, foi camelô e ascendeu social e economicamente (não, meu povo: ele sempre foi rico. Trocou o sobre nome Abravanel por Santos, justamente, para aparentar simplicidade e pobreza - se liga, meu povo), aquele ser humano bajulador de ditadores, de classe rica e que, sabia jogar com os sonhos do pobre, induzindo a compra de inúteis capitalizações e outras falsas oportunidades e que,  igualmente, morreu bilionário e feliz.

Passaram-se dias e Olimpíadas, passaram os absurdos da eleição de São Paulo e a premência de um eleitorado ávido por gritarias e certos tipos que, de mau caráter a mal educado, lhes parece original, genuíno (vimos esse filme 17 ou 22 vezes)... e segue o tempo passando – eu, cá, a afirmar que não vejo tanto problema com os políticos quanto vejo com os eleitores. Penso, todo dia, que Lira não estaria onde está, Geddel Vieira Lima não estaria onde esteve, nem Sérgio Moro estaria onde está se alguém não os pusessem lá. E quem é que os coloca lá, a não ser os eleitores? Então, o problema é a outra banda da fruta.

Vejam o Rio de Janeiro. Será que só há um só perfil de candidatos, sempre? Tirem suas conclusões.

Certa vez tratei sobre isto por aqui, constatando que, hoje em dia, há um maior número de pessoas com formação escolar formal – muito acesso à universidade, a meios de informação e de formação, trocas intelectuais favorecidas e compartilhadas – mas, não houve avanço na formação do pensamento independente e nem mesmo à lógica. Sim, a lógica! Aquela coisinha básica de algo fazer sentido, de causa, consequência, efeito, coerência...sumiu! É cada absurdo, cada pensamento absurdo que encontra amparo nas pessoas...e cada distorção cognitiva, que faz uma parcela da população acreditar em ameaça comunista e desacreditar dos efeitos da ação poluidora do ser humano sobre a natureza; que faz acreditar num mundo de todo tipo de loucura, que faz o Teocentrismo parecer besteira – bem feito! A gente ria dos que achavam que comer melancia de noite causava a morte; dos que queriam se envenenar com manga com leite...mas, olha aí os que nos cercam! Delírios dignos de usuários de drogas sintéticas, psicodélicas ou sei lá mais o que...

Ah, Caetano Veloso, "quem lê tanta notícia?"