Estou no auge de meu cansaço, mas
estou muito satisfeita. Acredito que a melhor metáfora para representar este
meu momento é imaginar que sou uma daquelas pessoas que se divorciou e que não
levou nada do que construiu, nada do que se originou de seus esforços e de seus
trabalhos: apenas, deu tudo o que tinha para se livrar do outro. Ficou sem nada
e ainda se sentiu no lucro, porque não há maior riqueza do que se livrar daquilo
e daqueles que nos atormentam. Assim estou eu.
Já afirmei milhões de vezes: ao
contrário desse povo que escreve se a vida estiver ruim, eu, se estiver na bad,
desapareço. Não saem palavras nem sinais de vida criativa alguma. E foi assim
que eu enxerguei há quanto tempo eu não escrevia aqui no blog.
Ao todo, foram seis meses em um
trabalho opressor, com micro violências acumuladas, com um desprestígio social
que me deixava com a alma cabisbaixa. Pedi minha exoneração. Pedir exoneração é
como pedir divórcio litigioso: é a vontade expressa por parte de um, por uma
das partes! Hoje eu saí com a mala cheia de orgulho, cheia de liberdade...Já
tão feliz por não ter que transitar por duas BR, por não ter que diariamente enfrentar
motoristas violentos, machistas, imprudentes; e os engarrafamentos de ida e de
volta, que consumiam minha vida (tempo é vida). E as manhãs, que encurtavam meu
sono já tão picotado e o devolvia nos começos das tardes, ficaram para trás,
como marcas traumáticas de um ano tão difícil, como foi este.
Em meu outro emprego também tenho
um capataz. Burro como uma porta, ele me obriga a refazer coisas óbvias, porque
não gosta de admitir que eu estou certa. Daí que quem manda nele faz o que deve
e, assim, lá vem ele dizer que “ah, mudaram de opinião, pode fazer como você
vinha fazendo” – e este foi um outro emprego que eu quase larguei. Mantive por
questões de sobrevivência e porque é temporário e em um mês acabará.
Nem sei dizer o quanto estou
feliz por estar com a fantástica sensação de ‘nunca mais’. Que coisa boa! Que
coisa gostosa! Nunca mais eu voltarei lá, nunca mais!