Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 18 de abril de 2017

O estranho e o familiar




Minha vida anda muito difícil. Apesar disso, tive ótimos dias comemorativos de aniversário, com presentes e com gente presente.
Estou meio magoada com um amigo de longe, pela desatenção comigo. Não foi falta de ‘parabéns’, mas aquela negligência de quem nem lê o que você escreveu, nem ouve o áudio mandado pelo What’s app, como se a gente (e, no caso, eu) fosse desinteressante, repetitiva e previsível, além de enfadonha. Não que ele não tenha o direito de concluir isso, mas doeu o desamparo emocional.
Até que eu queria não me importar com ele. Mas gosto dele. Gosto muito. Dificilmente me deixo magoar por quem não gosto. E nunca tive um ‘não gostar’ que me viesse gratuitamente. Todas as pessoas com quem declino de falar ou desfaço a amizade, fizeram algo contra mim. Desta injustiça eu não posso ser acusada, porque, aliás, nunca vou perdoar esse rebanho de gente que apenas por não simpatizar com alguém, não ir com a cara ou passar a ter antipatia repentina, passa a perseguir, difamar ou prejudicar o outro.
Terrível é você receber o mal que não merece ou o prêmio por uma vitória desonrosa.
Falando nisso, tive meu dia de La la land: fui aprovada num concurso que não fiz. Logicamente que eu não comemorei, por saber que faltei à prova didática. Presumo que o erro tenha sido por conta de meu currículo ter sido avaliado (e foi o melhor pontuado mesmo, pois que, apesar de eu ter desistido de seguir no processo, minha nota foi cerca de 3 pontos superior à de quem cumpriu e foi aprovado) e porque eu havia entregue um plano de aula bem elaborado. O erro foi corrigido hoje à tarde, mas se até Hollywood erra no Oscar, quem é a universidade federal do interior baiano que não possa fazer o mesmo? Achei engraçado.
Desisti por prudência. Tenho essas bobagens em minha vida, ligadas à honestidade interior. Ainda que eu fosse capaz de um bom desempenho de um dia (entendem a ironia? A pessoa se prepara, vai lá, faz e obtém boa nota, tipo gente que decora e faz um seminário na universidade, passa e esquece o assunto), penso que seria leviano ocupar um cargo por dinheiro, sabendo que eu não sei o bastante para estar acima da mediocridade. Aí, não fui!
Tenho andado cansada mesmo. Um cansaço psíquico...Eu até tinha porque brigar com meu poeta, dias atrás, mas achei por bem cessar a guerra. Cansei da guerra. Ele também. Vale mais o abraço do que a trincheira. Não quero ter, no ser que gosto, um inimigo a ser combatido com palavras.
O drama familiar dos neuróticos, esse, sim, nunca passa. Não tem jeito: não consigo me entender com o meu pai. O que há, de minha parte, é urbanidade, civilidade, educação. Não sei onde isso vai parar, mas a sinceridade emocional arde em mim...Interessante o crescente afastamento emocional, o coração virando ilha nos pântanos da relação familiar...Essa coincidência de DNA nunca fez parentesco real...É tão estranho ver os que nos deveriam ser familiares, como estranhos...Essa palavra mesmo, familiar, como sinônimo de conhecido não faz muito sentido em minha vida. E às vezes é assim: família é uma aglomeração de gente próxima que mutuamente se ignora.
Na sexta, 21/04, meu tio e meu pai vão a São Paulo, visitar a minha tia mais velha, que está mesmo nos episódios finais da temporada da vida.
Meu pai odeia ficar longe de minha madrasta. Meu tio odeia ficar longe da própria casa. Todos adoram ficar longe um do outro, porque o outro sempre representa problema.
Minha tia vai também, mas no dia 28 – uma semana depois, porque seria impossível que todos se suportassem ao mesmo tempo. Olha, não estou fazendo trocadilho e piadinha. Pode respirar verdade, porque esta parte aqui do blog é extremamente verdadeira, sem construção ficcional alguma. Aliás, toda esta postagem é reflexo de minha vida real e é a leitura que faço da realidade que vivo. O que há é somente omissão, porque não vou jogar certos aspectos de minha privacidade, pois assim escolhi.

Não tenho problema em ser sozinha. Nunca tive. Acho natural ao ser. Mas é bem diferente você não ter com quem contar, a quem recorrer, seja por uma alegria, seja por uma tristeza. Não há laços entre nós. Há nós cada vez mais frouxos. Há nós todos, cada um na sua.

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