Lá se vão as
livrarias brasileiras, fechando, pedindo concordata, abrindo falência.
Já dei aula de
Leitura e produção de texto, assim como de Literatura Contemporânea: duas
grandes experiências para que quer saber quem é quem no mundo das Letras. Minha
conclusão contraria o politicamente correto: defendem por aí, que as pessoas
leem mais hoje em dia; que os recursos digitais multiplicam as leituras, que as
pessoas leem por meio de textos, imagens, sons, tudo que compõe o hipertexto...
Dizem, também,
que as pessoas leem tanto, que qualquer cidadezinha tem sua Feira Bienal do
Livro, além dos tantos Festivais de Livros que pipocam no país.
Meu diagnóstico,
porém, é este: as pessoas não leem quase nada fora do universo da autoajuda.
Leem muito mal e a fórceps os conteúdos acadêmicos. Escrevem tão mal quanto mal
leem.
E o que fazem,
afinal, nas Feiras Bienais do Livro e seu congêneres? Ora, tiram selfies.
Mesmo fenômeno que
acompanhou as grandes frases de Clarice Lispector jamais ditas ou escritas por
elas: devido ao lugar privilegiado do universo letrado, do peso desse capital
simbólico que é deter a cultura formal, parecer que lê é fundamental.
Há muitos
autores e muitos livros, sim: sustentados no esforço individual de patrocinar a
produção, nuns casos; na egolatria autoral, em outros...Tem bons autores e bons
livros, na disputa plena por um espaço. Entretanto, o espaço literário é uma
área negociável em que nem sempre os qualificativos verdadeiros vencem as
viabilidades financeiras.
Livro também dá
lucro. Não obstante, não é um objeto cultural barato
Amo livros.
Nunca deixei de
comprar livros, mesmo na maior das crises.
Hoje, leio menos
do que eu gostaria, do que deveria, porque preciso focalizar nos livros
diretamente relacionados ao meu trabalho e às disciplinas que ministro; e nos
livros de minha formação espírita. Mas, em paralelo, vou lendo uns livros que
me devo.
Minha meta é ler
o livro de Isabela Figueredo, chamado “A gorda”, que é um romance português
contemporâneo
Também me devo
uns livros de António Lobo Antunes, como “Memória de elefante” e “Da natureza
dos deuses”.
No momento estou
lendo “Os sofrimentos do jovem Wether”, de Goethe; e já comprei uma edição
linda e completa de Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos.
Ler é preciso.
Juro que me diverte, que aprendo...sempre aprendo...
Entendo, porém,
que as pessoas, em sua maioria, pensam que ler é chato, principalmente porque
requer concentração, esforço de compreensão...E o povo brasileiro não é muito
chegado a esforço algum (lembram? Lei do Menor Esforço. Logo, querem emagrecer
sem exercícios e sem sacrifícios; ter bônus sem ônus; se formar sem estudar,
etc.).
Mas do
fechamento de tantas filiais de livrarias, eu queria mesmo dizer que sinto
muito, que adoro os ambientes de livrarias e adoraria ainda mais se não
houvesse um vendedor grudado em mim, tirando minha liberdade e que, em sua
maioria, eles pudessem saber classificar os livros que vendem...
Livros e café:
mistura boa que consola e cura; parte importante de um lazer gostoso, tanto
quanto a música. E houve um tempo em que
eram livros e CDs...
Não há PDF que
substitua o livro físico, aquela relação que Clarice Lispector descreve em “Felicidade
Clandestina”: o livro é um amante, é um amor, um companheiro...Os que não nos
agradam, a gente larga; os que nos prendem, nos acompanham.