Todo inferno,
para mim, são as angústias. Ninguém está livre delas. Elas sempre nos
espreitam, embora haja tanta gente querendo dopá-las com cerveja.
Eis-me de novo à
Psicanálise.
Não deixei o
consultório por me achar acima das angústias: é que elas mudam de cara, de casa
psíquica...
Por mais que
estejamos felizes, plenos, em paz...são meras tréguas de validade indefinida.
Às vezes a gente
desvia das próprias angústias, para ajudar os outros e para isso fomos feitos.
Hoje em dia lido
melhor com as angústias dos outros, apesar de eu nunca ter sido indiferente. Já
me envolvi com as angústias alheias, em demasia, por uma empatia não com a
causa, mas com os sintomas.
Da velha casa,
de que tanto me queixei neste blog, das ruínas, dos escombros, não ficou nada.
Tudo resolvido. Quando a psicanálise du tudo que podia dar, veio a vida real e
me trouxe uma parte desconhecida de minha família materna, como a peça final do
quebra-cabeças que nunca me distraiu.
Tudo certo.
Tudo em paz.
Até as pazes com
Deus, finalmente, veio: entendi que tudo foi o que deveria ter sido. Sem
sortes, sem privilégios, sem preferências...tudo justo.
Minha causa na psicanálise
agora é outra, toda minha. Como seres relativizados e relacionais, encontrarei
minha família, de novo, nas estradas da minha questão atual.
Sei é que adoro
ser sozinha.
Sei que preciso
estar sozinha.
Queria apenas
ter o direito a isso.
Acho que se eu
fosse criada pela família de minha mãe, teria sido muito infeliz, porque
tirariam minha liberdade.
A família
paterna, negligente, me deixava livre. Pude estudar. Poderia ter me drogado,
por exemplo...Mas, pude estudar, como poderia qualquer outra coisa, já que os
perversos olhos punitivos de minha madrasta eram também de extrema negligência.
Se a gente bem
soubesse que a liberdade vale qualquer preço, não se prenderia à toa.
Eu me arrependo
profundamente das poucas vezes em que forcei uma barra, em que inventei
romances para preencher vazios, em que me enrosquei com gente que não tinha
nada a ver comigo, gente repulsiva e disponível, que me distraía das angústias
reais ou que, descaradamente, aceitava o pacto e gostava de ser usada.
Pelo menos,
nunca fui de maltratar ninguém. Porém, meus desafetos são claros.
De quem não
gosto, não gosto.
Causa-me o maior
mal-estar com um dos casos do passado, hoje amigo ou gente de meu convívio, vem
recordar detalhes de noites perfeitas, de filmes, músicas, cheiros e gostos de
momentos fugazes e errados para a minha consciência...
Também tenho
vergonha do segundo homem que quase amei: depois de textos caudalosamente
escritos, visceralmente escritos numa sinceridade absoluta, acabado o
interesse, jamais gastei mais que meia dúzia de palavras com ele.
Há que se dizer,
fiz por onde: ele saiu de meu pensamento e a atenção é proporcional ao
interesse. Não me interessa mais. Nenhum deles. Acho que, como passado, os que
não viraram meus amigos, sobreviveram em meu interesse por conta de revanches
vingativas...passou. Não me interessam mesmo.
Sigo com o
Poeta, que às vezes quer mudar o ritmo do jogo, que pensa que dá as
cartas...ora, não sabe ele: quem corta sou eu!
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