Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 28 de abril de 2015

Quando um não quer, sobreviva!


Ouse dizer meia dúzia de verdades a uma pessoa apaixonada e iludida e ela vai te odiar para o resto da vida. Contudo, um dos gestos de compaixão e solidariedade aos mal-correspondidos na vida amorosa, se estes são nossos amigos, é fazê-los passar por esse confronto e aguentarmos o fardo.
Como já tomei desse veneno, pelo menos não costumo odiar aos que me abrem os olhos. Mas ainda me surpreendo pelo sucesso que tópicos (filmes, reportagens, conselhos, opiniões especializadas) a esse respeito fazem. É o velho 'ele não está tão a fim de você". E lá vou eu repetir as verdades mais clichês do planeta.
Ainda assim, admito que se uma pessoa nos aborda, nos procura, se insinua, procura despertar a possibilidade de relacionamento e na hora de tudo se concretizar, nada acontece, há alguma coisa aí. E essa coisa quase sempre é ego mesmo. Pura necessidade de auto-afirmação.
Mas vamos ao sinais claros:
1) A pessoa marca o encontro e nunca aparece.
Nesse caso, a primeira vez pode ser mesmo o caso de ter havido imprevistos.
A segunda vez, pode ter sido falta de sorte. Parou por aí. A partir de uma provável terceira vez, fica caracterizado o jogo besta do gato e do rato, o jogo do coelho que nunca vai sair da toca, da capivara que nunca vai deixar a moita.
Quem quer a gente, vem ao nosso encontro. Não tem desculpa esfarrapada que justifique três bolos.
Mulheres super apaixonadas acham que o cara foi abduzido por alienígenas; o pneu furou; abriu-se uma cratera no asfalto e engoliu o carro dele; que ele foi acometido de perda conveniente da memória e da coordenação motora...ora, pois...se engana quem quer.
2) A pessoa jamais toma a iniciativa de falar com você.
Na primeira vez, pode ser timidez e insegurança.
Na segunda vez, cautela.
Na terceira vez, é porque você não tem a menor importância, está disponível, vai correr atrás e o sujeito vai lhe deixar no vácuo e ponto final.
Não dá bom dia, não manda mensagem, não procura você? recolha-se ao seu cargo de adereço do ego alheio, reforço de auto-afirmação de novo.
3) Diante dos questionamentos mais elementares a pessoa sai pela tangente, faz cara de paisagem e só te procura quando você some? então o diagnóstico é dos mais sombrios: ele está procurando criar um porto-seguro, um amparo para o caso de outro relacionamento dele dar errado e ele ter para onde correr e, antes de tudo, não lhe tem o menor respeito. Das piores coisas que se pode fazer a um ser humano em geral e a uma mulher, em particular, está esta forma de coisificar a pessoa, tornando-a mero suporte nas crises.
4) Ele mantém um contato esporádico e frio.
Já está na cara que não há o menor interesse e o sujeito apenas tem fairplay. Ponha na conta da sociabilidade e da educação.
5) Nas ocasiões importantes, você não faz parte dos planos
Aqui tudo se torna óbvio: além de não corresponder de forma alguma, ele não quer compartilhar nada, não quer amizade, não quer contato e se muito quiser é uma diversão sexual secreta.
6) Só você fala em sentimentos
Se só você ama ou diz que gosta, o negócio está feio. Aliás, nem tem negócio: ele não apenas não gosta como deve se sentir enfadado por ouvir ou ler declarações sobre sentimentos a que ele não corresponde. Por outro lado, ele pode adorar ouvir e ler estas coisas, a fim de provar a si a capacidade de seduzir, para exibir para outrem o quanto é amado e, seja num caso ou no outro, a desvantagem é toda sua.
7) Ele passou a ignorar as suas datas importantes ou as datas socialmente importantes em geral,
Nada de parabenização em seu aniversário? Nada de felicitações por suas conquistas? Nada de Feliz natal? Quanto mais será necessário fazer para provar que você não existe para ele?
8) Se o telefone nunca te atende ou se ele nunca ligou
Nem precisa ser dito nada. Não é problema na rede de telefonia, nem operadoras conspirando contra os que se amam: é que ele não quer papo.
9) Muitos silêncios
Se as coisas silenciaram do lado de lá, nem pense em quebrar o gelo. Sigamos a velha máxima: "Quem tem sede vai ao pote"...Se ele quer, ele procura.
O silêncio pode ser derivado da falta de coragem de dar o bilhetinho azul e naufragar as velhas desculpas de que 'você merece alguém melhor que eu'; 'eu estou numa fase difícil', 'não quero nada sério agora', enfim.
10) A friendzone
Ser considerada amiga não é ofensa. Às vezes é respeito mesmo: o cara te achou bonita, inteligente e interessante, mas sabe que vai te dar uns pegas e te largar. Por consideração, prefere deixar na amizade mesmo a ter que complicar as coisas.
Não é fácil. Muitas vezes a pessoa fica com a impressão de que há algo de errado com ela, já que nem mesmo para sexo o cara quis.
A principal diferença entre um CAFAJESTE e um MAU CARÁTER é que o cafajeste é sedutor e quantificador, a cama dele é mais visitada que a estátua do Cristo Redentor, mas o jogo é claro: ele é um serial fucker e você é mais uma. Ele não promete nada.
O mau-caráter, todavia, é escroto, se finge de namorado, faz o jogo, sabe tudo que as mulheres gostam, matam a fome de sexo, amor, carinho e constroem dependências emocionais e, no final, você descobre que é tão especial quanto as outras seis namoradas que ele tem. Portanto, mil vezes um cafajeste a um mau caráter.
11) Ignorando os sinais
Nenhum homem vai mudar, deixando de ser quantificador e galinha porque tecnicamente encontrou a pessoa certa que, no caso, é você. Não, baby, não é assim: ele será mais vigilante, mais cuidadoso, terá chip secreto para os contatos dele; bloqueará todos os contatos de what's app durante o fim de semana com você, terá bons álibis, mas se você já conheceu este cara com um histórico prévio constituído, não se julgue a redentora ( a traição está rolando...é procurar e achar).
Se o cara dá claro sinais de que você significa pouco ou nada, se não gasta 30 segundos para escrever uma linha de mensagem, nem para acionar um emoticon apenas como forma de te dar um 'oi', ai é esperar o pé na bunda veemente porque maior rejeição nem tem como rolar a menos que seja em palavras ditas na cara.
12) Os gestos de educação
Se o contato é formal, na base daqueles 'tudo bem?' vazios e mecânicos, isso significa :"não estou interessado!"
Se todos os indícios e provas conclusivas apontam para um amor não correspondido, deixe a pessoa em paz.
É muito bom ser amado. Naturalmente. Forçar a barra não traz a amor. Prender-se a um amor parcial e unilateral é insuficiente.
Dói, mas é preciso ir se desvencilhando.
Um dia você procura menos e até chora muito; aos poucos procura ainda menos e também chora menos...até que nem procura nem chora e, com alguma sorte, até acha o que lhe falta sem ter que procurar. Sábia Rita Lee, que repito: "Sexo é escolha; amor é sorte!"

domingo, 26 de abril de 2015

Mentiras sem remédio


Eu nunca entendi direito a compulsão que elas têm por contar mentiras.
Numa, o caso é patológico e ao mesmo tempo gratuito: constrói narrativas dramáticas e chorosas a respeito da própria vida, de modo a garantir afagos caridosos na conta bancária e algum carinho correlato.
Já a outra é fantasiosa: distorce, exagera, acrescenta...É quase um talento literário para recompor a realidade a seu modo, a pintar um verossímil moralmente torto, sempre com acréscimo e acréscimo vantajoso, cheio de glamour, paisagens, brilhos, status.
Minto para me salvar. Geralmente é um recurso defensivo e na maior parte das vezes, são meras omissões, para evitar que o povo do trabalho migre para minha vida pessoal; para evitar que minha vida familiar invada minha vida pública; para evitar bisbilhotices de alunos e de colegas de departamento; para evitar que namorados e candidatos a namorados adentrem ao que eu penso de verdade ou o que eu andei fazendo. Da mesma forma que não gosto de gente socada em minha casa, vendo, medindo, avaliando, testemunhando, presumindo.
A gente escolhe o recorte a ser dado na nossa vida social. Nesse processo de edição, nem tudo vai ao ar. Para mim, isso é diferente dessa compulsão pela mentira.
Mentir para quê?
Em meu caso, não venço sempre, não sou feliz todos os dias, tenho angústias, decepções, derrotas, passo por rejeição, por amores não correspondidos ou inadequados...E também há coisas dignas de orgulho, mas que a gente omite, como os parentes socialmente importantes, os ganhos, os elogios na área de nossa atuação, o brilho profissional, os convencimentos internalizados que temos sobre a capacidade intelectual, caridade e generosidade, dentre outras tantas coisas boas que por educação, prudência e tudo o mais, não precisa ser dito.
Segredo eu tenho, aos monte, nunca neguei que os tenho. E são segredos. Não quero que caiam no ventilador e se espalhem. Tenho segredos de todos os tipos: graves, leves, engraçados, incompreensíveis, traumáticos... E são meus.
A compulsão pela mentira que tem a minha amiga 02 já a deixou em enrascada e me puxou junto: um amigo em comum me perguntou de um assunto. Pluft! falei a verdade. Ele sabia que era verdade e confessou ter ouvido uma versão vantajosa, vencedora e toda glamourosa da minha amiga 02. Descoberta a mentira, ele apenas me pediu para que eu não tocasse no assunto, de modo a que ela jamais soubesse que a mentira houvera sido descoberta. Traduzindo: ele teve pena dela.
Certos mentirosos são dignos de pena.
Os fantasiosos gostariam que a vida fosse aquele filme perfeito que eles descrevem. Não, " a vida não é filme,/ você não entendeu!"

sábado, 11 de abril de 2015

Mulheres ao volante


Viver é teimar contra as tristezas e também ousar. Não sou fã de quem curte o sol grudado na borda da piscina, com seu eterno medo de se afogar. Tenho enfrentado medos que se mostraram realmente imaginários, como o de usar embarcações, tal me foi forçoso fazer quando fui a Morro de São Paulo em janeiro deste ano. Confortável não é, mas não tenho pânico. Avião, também, é inseguro e desconfortável, mas a gente vai e acredita nas estatísticas.
Depois que eu destruí a última pedra do meu muro, tudo mudou. Acabar com certos sentimentos opressores, certos medos, certos complexos ou querelas psíquicas realmente muda nossa vida. Demora, mas muda.
Minha amiga tirou Carteira Nacional de Habilitação. Aguardou os três meses até à vinda de seu carro e, até então, enfrenta as inseguranças comuns ao caso, agravadas pela consciência de que a discriminação por gênero intensifica as dificuldades das mulheres no trânsito.
Não dá para negar: o reforço negativo de culturalmente (na rua, na família, nos espaços virtuais e, simplificando, em toda parte) ouvir depreciações, leva a gente a incorporar e acreditar no que ouve. É assim que se geram os complexos: todo dia a pessoa ouve que é incapaz, ou que nunca será apta a dirigir, que 'mulher no voltante, perigo constate; com outra do lado, perigo dobrado; com outra no fundo, perigo profundo"; que não temos habilidade para estacionar e etc., como não acreditar, mesmo inconscientemente? Em contrapartida, menino brinca com carrinho; o pai procura ensiná-lo desde cedo a dirigir; ele incorpora que o veículo é um acessório para a conquista das mulheres e um meio adicional de incrementar a vida sexual...Logo, tem um machismo que lhe favorece e condições subjetivas que auxiliam seu sucesso.
Falo aqui de linhas gerais, da regra, da maioria. A exceção sempre há, mas como é pequena, não cabe em minha pauta e não estou falando em exceção mesmo!
Leva a sério quem quer, mas é com humor e ironia que vou dar os conselhos abaixo relacionados para as iniciantes no trânsito. O grau de seriedade a que devem estar sujeitas as afirmações variará de acordo com a sagacidade e inteligência de quem se predispuser a interpretar.
1) Uma vez de posse da Permissão para Dirigir, siga os aprendizados da auto-escola, a fim de evitar multas. Logo, não vá com os demais motoristas, achando que o sinal amarelo significa "corra muito antes que fique vermelho".
2) Se o carro estancar, faça o possível para manter a calma. Caso contrário, nunca irá ligar de novo e ainda vai ocorrer de o veículo ficar num estado de convulsão, pois isso se dá por ansiedade, medo de errar e vergonha de ser insultada pelos demais motoristas, sempre prontos a dizer"só podia ser mulher".
3) Para o carro não estancar, lembre-se: a primeira marcha é marcha de saída, de partida. Procure equilibrar a embreagem e o acelerador, condicionando não somente a sincronia dos seus pés nos pedais respectivos, como ouvindo o seu carro. Os barulhos indicam a hora de ir trocando de marcha.
4) Não se desespere se entrar a marcha errada. Muito comum é entrar a quinta por terceira marchas e vice-versa. Truque simples: na maioria dos modelos, a terceira vai estar na posição do seu dedo anular; a quinta vai encaixar se você direcionar para um imaginário 'joelho' do seu carona.
5) Não quer passar aperto em ladeira íngreme? Suba humildemente na primeira ou na segunda marcha. São marchas de força que lhe protegem de infortúnios, inclusive de paradas e estancamentos no meio da ladeira. Agora, se parou, lembre-se: há um freio e há um freio de mão. Dominados, nunca permitirão que você desça ladeira abaixo.
6) Se meteu em encrenca? calma! não leve a sério os insultos. O maior truque de um motorista é a capacidade de xingar. Tenha vidros fumê e xingue mesmo!use seu repertório de palavrões e adquira novos sintagmas;
7) Use a faixa da direita. Quem quiser ultrapassar que se mate e pegue a faixa da esquerda.
8) Com antecedência, trace a sua rota: não deixe para decidir em cima da hora e seja atenta com os piscas sinalizadores de direção.
9) Se meteu e mais confusão e está encrencada ainda mais ou com medo de ultrapassar? Ligue seu pisca-alerta e finja problemas mecânicos com isso. Desta maneira a sua insegurança passará a salvo dos maus e a pessoa atribuirá ao carro o que quer que esteja havendo e não à motorista.
10) Saiba: retrovisores mentem. Há uma discrepância absurda entre a distância provável indicada pelo retrovisor interno e pelos externos. O longe parece perto e vice-versa: aprenda a calcular distâncias. Se estiver difícil, gire o pescoço e vá verificando, até ter certeza da distância e ir se familiarizando com as manhas do carro;
11) Saiba que pneus precisam de reposicionamento periódico, no geral, a cada seis meses; e cambagem, ambos para equacionar o desgaste deles, pois às vezes, a parte do pneu que fica voltada para a parte interna, tende a se desgastar e ficar vulnerável.
12) Calibrar pneus no posto é coisa a ser feita  a cada 10 a 20 dias e dá muita diferença no desempenho do carro e no consumo de gasolina;
13) Use reforço psicológico quando tiver com medo de dirigir sozinha: um bichinho de pelúcia, uma oração, um amuleto ou músicas preferidas ajudam; além disso, escolha um 'cheiro' para seu carro e vá aos poucos construindo sua segurança. Dirija por curtas distâncias e vá aumentando gradativamente.
14) O congestionamento te favorece: perde-se tempo e, às vezes, paciência num engarrafamento. Porém, todos estarão dirigindo na primeira e na segunda marcha, o que torna tudo lento e, contraditoriamente, favorável ao aprendiz.
15) Não tenha vergonha de pedir ajuda para estacionar. Na garagem de casa, idem: geralmente têm muitos obstáculos e a noção da dimensão, do tamanho do carro a gente só ganha aos poucos. Ela pode nos enganar. Estacionar demora e, na vida real, nada do que se faz numa prova de DETRAN será aplicado. Cada caso é um caso.
16) Trânsito requer atenção: não caia na tentação do celular, mesmo em Bluetooth. Se está tensa, melhor olhar para frente, que se ganha mais.
17) Vaga boa para estacionar é a que primeiro lhe aparecer, especialmente num shopping. Perder tempo circulando à procura da vaga ideal só vai lhe cansar e detonar sua gasolina. O resto, é apostar na sorte e nem sempre a vaga do sonho estará à sua espera.
18) Não tenha mão de vaca por uns ml a mais de gasolina: está chegando em casa? dê a volta com seu carro no quarteirão, de modo a ir observando se tem gente suspeita na tocaia das ruas. Se houver, não entre em casa, caia fora e dê um tempo ate se sentir segura para voltar.
19) Construa agilidade para sair e para entrar no carro, justamente para não se expor aos riscos.
20) Choveu? a pista está branca? pare humildemente e espere passar. Quem quiser seguir, que se dane. Cuide de si. Anoiteceu?não se iluda: a visibilidade piora muito, particularmente nas BR. Quer evitar problemas? saia muito cedo, tipo seis da manhã. Menos carros na rua, menos gente para azucrinar.
No mais, conseguimos conduzir vidas e carreiras e carro é apenas uma máquina: é preciso dominar sua linguagem, técnica e artimanhas.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O tempo e seus dramas


Acho um abuso, um desperdício, uma alienação das mais idiotas, o sem-número de pessoas a encetar campanhas contra a novela das nove. Não assisto, porque sempre trabalho à noite; quando não trabalho à noite, prefiro ver outros programas na TV por assinatura, ler e etc. O que me causa espanto é ver o quanto temem à ficção. E mais ainda, quando a ficção reproduz a realidade, o quanto as pessoas se incomodam por verem publicadas as coisas que já acontecem no cotidiano.
Até onde me consta, é na vida real que há traição, amor, doença, imoralidades, homossexualidade, heterossexualidade, assexualidade, disputa, angústia, felicidade, assassinato, nascimento, casamento, intriga, benevolência, caridade, malandragem e etc., concernentes ao ser humano. Se a ficção se apropria de caracteres, situações, comportamentos e etc, recria, exagera, atenua  e mais etc., está na sua função e no seu campo de atuação, que é ficcionalizar.
Notei as recorrências entre os amigos dele, disso, de protesto contra a novela, de muito salmo e pouca virtude, só para citar de onde vem minha inspiração. Qual será a religião daquele rebanho de revoltados contra a realidade e inconformados com a ficção?
Hoje, naqueles acasos de ocasião ociosa, voltei da rua e...pluft, liguei a TV. Deixei onde estava: era a Carolina Dieckman narrando parte da novela "Laços de Família", à qual eu não assisti na época.
Não é esse o caso: é o Gianecchini, novo, lindo, contracenando com a Vera Fischer e com a Carolina ( diga-se de passagem: a Vera Fischer igualmente linda).
O tempo passou para ele: envelheceu, continua bonito, mas já foi mais. Como mulheres, somos benevolentes com os homens, aceitamos a idade e as diferenças físicas advindas com ela. Homem, ao contrário, acha que uma mulher de 27 anos já está por demais velha, aos 30, mais que balzaqueana, é coroa; aos 40 é uma quarentona; e se chegar aos 50, velha.
Mesmo assim, as mulheres parecem concordar com esse prazo de validade estipulado para elas. Continuam enchendo a bola dos velhinhos, achando barriga um charme, achando cabeças carecas algo sensual, aceitando pelos pubianos embranquecidos e nada de considerar um homem velho. E assim é com muitas amigas.
Uma delas me perguntou a idade de meu pai. Eu disse: "63". E ela atribuiu a isso de eu ter um pai jovem, na concepção feminina, pois que o dela tinha 85 anos e é por isso que eu (segundo ela) não vejo graça nos senhores de idade avançada, pois que confundo com meu pai. Sim, acho que todos são réplicas do meu pai. Meu Complexo de Édipo não me leva a tanto.
Já disse e repito: acho o corpo do homem uma instância interessante. Gosto da pele, gosto dos cabelos, dos olhos, do contorno da boca e da textura das mãos. Prefiro os da minha idade. Eles, por sua vez, preferem as que têm pouco mais da metade de minha idade.
O Ex-Grande Amor da Minha Vida tem a minha idade, com poucos meses a mais. Foi mesmo minha melhor e maior experiência amorosa.
Os mais novos são ótimos, por serem impetuosos. E eu, particularmente, prefiro e preciso dos homens que têm iniciativa.
Excedendo ao plano físico, devo dizer que sou conquistada pela explicitude de um bom cérebro. Pior: tenho preconceito linguístico. Não digo aqui, nos espaços virtuais, em que a gente flexibiliza a gramática, abusa de neologismos, constrói textos informais, enfim...mas na vida real, encarar um 'concerteza', não dá.
Acima de tudo, sou apaixonada por bom gosto musical. Num mundo de tanto gosto questionável, eu me amarro em quem curte rock, MPB, bons cantores e boas bandas que passam longe dos lamentos chorosos da playlist da maioria. Foi assim que me encantei por muitos...
Mas, voltemos ao Gianecchini: lindo, com jeito de bom moço, meigo, educado...e um pouco velho. Que o tempo seja generoso com a fisionomia dele porque está difícil fabricar galãs. Acho o Marcos Palmeira sem graça, o Eduardo Moskovis igualmente sem graça, o Paulo Vilhena, feio de doer; e se for listar todos os galãs fabricados pela TV hegemônica, olhando de perto, não são nada bonitos, exceto os dois ou três teenagers de novelinhas para adolescente. Resumindo: os homens exigem uma beleza-padrão das mulheres, beleza de deusas ou, no mínimo, gostosura física. Exigem e a gente sofre por não corresponder, se esforça por chegar perto, faz o que pode...Como se o homem estivesse acima de qualquer padrão... Deve ser por que faltam homens heterossexuais e isso gera a supervalorização dos remanescentes. Pouco, com Deus, é muito!