Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O tempo e seus dramas


Acho um abuso, um desperdício, uma alienação das mais idiotas, o sem-número de pessoas a encetar campanhas contra a novela das nove. Não assisto, porque sempre trabalho à noite; quando não trabalho à noite, prefiro ver outros programas na TV por assinatura, ler e etc. O que me causa espanto é ver o quanto temem à ficção. E mais ainda, quando a ficção reproduz a realidade, o quanto as pessoas se incomodam por verem publicadas as coisas que já acontecem no cotidiano.
Até onde me consta, é na vida real que há traição, amor, doença, imoralidades, homossexualidade, heterossexualidade, assexualidade, disputa, angústia, felicidade, assassinato, nascimento, casamento, intriga, benevolência, caridade, malandragem e etc., concernentes ao ser humano. Se a ficção se apropria de caracteres, situações, comportamentos e etc, recria, exagera, atenua  e mais etc., está na sua função e no seu campo de atuação, que é ficcionalizar.
Notei as recorrências entre os amigos dele, disso, de protesto contra a novela, de muito salmo e pouca virtude, só para citar de onde vem minha inspiração. Qual será a religião daquele rebanho de revoltados contra a realidade e inconformados com a ficção?
Hoje, naqueles acasos de ocasião ociosa, voltei da rua e...pluft, liguei a TV. Deixei onde estava: era a Carolina Dieckman narrando parte da novela "Laços de Família", à qual eu não assisti na época.
Não é esse o caso: é o Gianecchini, novo, lindo, contracenando com a Vera Fischer e com a Carolina ( diga-se de passagem: a Vera Fischer igualmente linda).
O tempo passou para ele: envelheceu, continua bonito, mas já foi mais. Como mulheres, somos benevolentes com os homens, aceitamos a idade e as diferenças físicas advindas com ela. Homem, ao contrário, acha que uma mulher de 27 anos já está por demais velha, aos 30, mais que balzaqueana, é coroa; aos 40 é uma quarentona; e se chegar aos 50, velha.
Mesmo assim, as mulheres parecem concordar com esse prazo de validade estipulado para elas. Continuam enchendo a bola dos velhinhos, achando barriga um charme, achando cabeças carecas algo sensual, aceitando pelos pubianos embranquecidos e nada de considerar um homem velho. E assim é com muitas amigas.
Uma delas me perguntou a idade de meu pai. Eu disse: "63". E ela atribuiu a isso de eu ter um pai jovem, na concepção feminina, pois que o dela tinha 85 anos e é por isso que eu (segundo ela) não vejo graça nos senhores de idade avançada, pois que confundo com meu pai. Sim, acho que todos são réplicas do meu pai. Meu Complexo de Édipo não me leva a tanto.
Já disse e repito: acho o corpo do homem uma instância interessante. Gosto da pele, gosto dos cabelos, dos olhos, do contorno da boca e da textura das mãos. Prefiro os da minha idade. Eles, por sua vez, preferem as que têm pouco mais da metade de minha idade.
O Ex-Grande Amor da Minha Vida tem a minha idade, com poucos meses a mais. Foi mesmo minha melhor e maior experiência amorosa.
Os mais novos são ótimos, por serem impetuosos. E eu, particularmente, prefiro e preciso dos homens que têm iniciativa.
Excedendo ao plano físico, devo dizer que sou conquistada pela explicitude de um bom cérebro. Pior: tenho preconceito linguístico. Não digo aqui, nos espaços virtuais, em que a gente flexibiliza a gramática, abusa de neologismos, constrói textos informais, enfim...mas na vida real, encarar um 'concerteza', não dá.
Acima de tudo, sou apaixonada por bom gosto musical. Num mundo de tanto gosto questionável, eu me amarro em quem curte rock, MPB, bons cantores e boas bandas que passam longe dos lamentos chorosos da playlist da maioria. Foi assim que me encantei por muitos...
Mas, voltemos ao Gianecchini: lindo, com jeito de bom moço, meigo, educado...e um pouco velho. Que o tempo seja generoso com a fisionomia dele porque está difícil fabricar galãs. Acho o Marcos Palmeira sem graça, o Eduardo Moskovis igualmente sem graça, o Paulo Vilhena, feio de doer; e se for listar todos os galãs fabricados pela TV hegemônica, olhando de perto, não são nada bonitos, exceto os dois ou três teenagers de novelinhas para adolescente. Resumindo: os homens exigem uma beleza-padrão das mulheres, beleza de deusas ou, no mínimo, gostosura física. Exigem e a gente sofre por não corresponder, se esforça por chegar perto, faz o que pode...Como se o homem estivesse acima de qualquer padrão... Deve ser por que faltam homens heterossexuais e isso gera a supervalorização dos remanescentes. Pouco, com Deus, é muito!

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