Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Por onde andei enquanto o tempo passava


Eis que a gente deposita muita expectativa no ano novo, no espetáculo de passagem de tempo, no tempo em si. No fim, somos apenas uns doidos comemorando o que ainda é projeção, torcendo e rezando por novidades boas.
Passei o réveillon em Lençóis, só para fazer diferente. De diferente mesmo, só a ausência das ondas. No mais, tudo terminou cedo e eu vinha de uma experiência horrenda numa trilha até à Cachoeira do Sossego.
Se alguém lhe falar em trilha, saiba: a melhor ainda é a trilha sonora. Do contrário, prepare-se: se um guia te disser que leva duas horas, acrescente cinquenta por cento a mais, mesmo que você seja atleta. Assim como, a depender, há situações em que é preciso lutar pela sobrevivência, já que é necessário, abaixar, agachar, rastejar, rezar para não cair; há momentos em que sua vida fica literalmente em suas mãos: se soltar da rocha, despenca sobre outras rochas pontiagudas.
Não é á toa que em Lençóis, a Amsterdã baiana, todo mundo usa maconha, porque se o cara não estiver viajando numa droga, não suporta aquilo. Até à Cachoeira do Sossego, caminhamos cinco horas, nos maiores perigos. Escute, cara pálida: trilha não significa apenas fazer um caminho a pé, subir ladeiras, descer corredeiras, avançar por rios: é um exercício de desafio dos medos, seja ele de altura, de animais ou insetos nativos, é encarar fome e sede, calor, riscos, desafios, correntezas e , no caso da gente, no final de tanta luta, encontrar uma cachoeira coo qualquer outra, cuja água e cor de Coca-Cola, é fria e não tem lá nada que justifique o sacrifício, exceto, é claro a ignorância ou uma grande labareda no orifício anal. No meu caso foi ignorância.
Lá deixei um pedaço de mim: do joelho, do dedão do pé, da coxa. Paciência: bom é sair de lá.
No Morro do Pai Inácio, sim: legal, apesar de pequenos riscos.
Lençóis estava péssima para qualquer espécie de pegação. Nada acontece: o povo faz trilhas, fuma maconha, bebe álcool, come e dorme. Um saco!
Fui de turma e foi o que salvou a viagem.
Gosto de lá.
No sábado fomos ao Refúgio, dançamos, enfim, encerrei ali meu tour.
De volta ao lar, tempo chuvoso que me fez desistir da praia...Voltar à vida comum e às obrigações.
Preciso me concentrar, ler, escrever, criar.
No amor, tudo só perspectivas. E aquela certeza de que esquecer alguém presume um trabalho cansativo de desconstrução. Mas, como para tudo na vida, gosto de respostas claras. Gostaria de saber tanta coisa sob e sobre a decisão dele, sobre outras infinitas coisas que merecem respostas. Mas aceito o rei posto, deposto e a vida segue nestes trezentos e tantos dias a seguir, se vivermos.
P.S.: Na foto sou eu, no Morro do Pai Inácio, durante a viagem de réveillon de 2014 para 2015.

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