Louquética

Incontinência verbal

sábado, 17 de dezembro de 2016

Corpo inteiro


A moça da mercearia, uma jovem de menos de 20 anos, perguntou se eu ainda estava indo à academia. Respondi-lhe que, sim, que não podemos parar. Ela concordou. Vi que por dois motivos: porque me admira e faz cálculos entre minha provável idade e o estado de meu corpo; e porque ela própria adivinha a tendência genética a repetir o padrão corporal da mãe dela, que apesar de ativa é obesa.
Também sinto preguiça. Também a mim o sofá é cômodo. Mas é a velha história: quando a gente vê os resultados no espelho; e na opinião geral das pessoas, esse outro espelho que pode ser positivo e estimulante, não há como preferir a preguiça ao prazer.
Não sou dessas que desistem de um prazer, por conta de preguiça.
A gente envelhece e o metabolismo fica preguiçoso, também, Talvez seja cansado, metabolismo cansado...
Quando comecei meus treinos com um novo treinador na mesma academia, há cerca de um ano e meio, eu olhava as mulheres mais velhas que eu, fazendo exercícios no legpress com 150 quilos. Acho que, então, eu fazia 110. Pensava que nunca chegaria aos 140, sequer...Hoje, são 160 quilos. E de braços, sempre magros mas fortes, puxo pesos que superam o das moças mais preparadas. Mas isso não se faz por disputa: meu treinador é profissionalíssimo e gradativo nos pesos. Porém, nunca me subestimou.
Conselho meu: nunca, de modo algum, faça musculação ou ginástica em horário de congestionamento de gente, horário de pico.
Como eu digo, também: vá à academia sem celular e, de preferência, sem amigas, para não se desviar e se perder em conversas que degastam seu ar, sua atenção e podem esperar 80 minutos para acontecer.
A alimentação não precisa mudar: pode ser a mesma, com porções menores para quem quer emagrecer. Não adianta querer viver de coisas que não apetecem e achar que qualquer cardápio é tentação. Isso é ilusão pura. Assim como certos aparelhos são ilusões. Já disse: aliar musculação com massagens, criolipólise, drenagem, aquele gel redutor simples, mas que refresca, que pode ser baratinho mesmo, isso, sim, dá resultado. Sozinhos, cada um desses recursos podem pouco e duram menos ainda. Não há milagres: é esforço mesmo.
Caminhada sozinha, nada feito. Corrida, tudo bem, ajuda muito, em tudo. Só não vai delinear, nem tornear, mas adianta.
Reitero: não tenho corpo de madrinha de bateria de Escola de Samba, mas sou muito feliz com o corpo que tenho. E a musculação faz a diferença na forma do corpo.
Meu gosto alimentar realmente comporta sucos de beterraba, cenoura, limão, couve, acrescidos de gengibre e hortelã, portanto não é sacrifício consumir isso, em meu caso.
Para a minha sorte, odeio me sentir parada e procuro o que fazer, sempre. Mesmo que seja apenas dançar.
Quando eu for trabalhar bem longe, ano que vem, vou sentir falta de minha academia.
Estou com o coração miudinho, minúsculo, por causa disso, por mais que futuramente eu venha a ter rios de dinheiro para pagar uma boa academia lá longe onde eu for estar.
Meu poeta não sabe disso. Não sabe nada disso. Nem eu quero que saiba que eu vou para longe, por tempo indeterminado...A menos que algo mude, que coisa melhor aconteça...A esta altura da relação não-assumida reciprocamente da gente, não sei como será a vida, como será não estar disponível para os abraços, para o sexo bom, para as conversas cúmplices, para aquela pele branca que eu gosto de alisar, para os abraços bobos, para os medos dele, que às vezes escapam e o deixam inseguro sobre o fato de eu ter percebido.
Cuido do corpo antes de conhecê-lo...Ele também é desses, fitness.
Acho que o corpo dele me faz amar mais ao meu, quando perto do dele.

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