Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 29 de março de 2017

Depois de muito amar...


Eu não sei de onde as pessoas tiraram ideia de que o amor é uma fonte inesgotável. Não é. No máximo, é uma fonte renovável mediante muito artifício, muita novidade, muita particularidade e, até mediante processos de reciclagem.
As pessoas se transformam. Às vezes, se desfiguram. Geralmente a gente começa a namorar um príncipe...Com o passar dos tempos, com desleixos acumulados ou velhas desculpas (do tipo: 'você já me conheceu assim), as coisas pioram.
Se a admiração se renovar, o amor vai junto, se renovando;
Se uma situação extrema aparecer, talvez seja ali, na dificuldade, que o amor se reintegre. Mas, infinito, nenhum amor é.
Os grandes amores que motivaram casamentos, das pessoas que eu conheço, acabaram em escandalosas disputas judiciais, recíprocos desrespeitos, depreciações publicas e um maldizer de outrem que me faz perguntar o que faz a pessoa converter um ser especial e amado num inimigo a ser combatido, essas coisas e esses lastros de ódio, quando não, de arrependimento, quando ambos lamentam explicitamente ("como eu pude amar esse ser; como eu fui casar com 'aquilo'), descambando em ojeriza tão feroz que despersonaliza o ex-cônjuge, que passa a ser simplesmente chamado de o/a ex.
Casamento é para gente forte.
Tem gente que só é feliz casada, custe o que custar.
Mas a gente vê o desespero, o despreparo e o desamparo dessas pessoas: costumeiramente, têm assumido medo de envelhecerem sozinhas, medo da solidão, medo.
Outros sustentam o insustentável, negociam a manutenção da união - unir o que não está junto...manter perto quem não está junto, para não ter que vender a casa..ah, tantos sapos a engolir pelas aparências, pela economia, pela sobrevivência psíquica dos que desenvolveram dependência emocional...Traições, trocas de chumbo, vinganças, violência verbal...Fora os casos de amor unilateral, porque o amor sempre acaba primeiro para um do que para o outro...
Casamento feliz e exceção. Quase sempre se sustenta pela inteligência e não por amor...Amor sempre acaba - o maior, o mais bonito, o mais puto, o mais singular...todos acabam.
Acho que o poeta que eu namoro pego espera ouvir de mim um sonoro 'eu te amo'. Toca sempre no assunto, a pretexto de depreciar o amor. Talvez ache que eu o amo, mas que não verbalizo. Ele não sabe que é mera responsabilidade, de minha parte.
Brigamos há 10 dias. Na ocasião, eu disse que não declarava um amor que eu não reconhecia em mim. Pronto: estamos entrincheirados desde então.
Aceito a perecibilidade do amor!
Válido por tempo indeterminado. Sujeito a alterações.

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