Das coisas de
que me arrependo nesta vida, foi de sido lerda, distraída, desavisada com o
monte de gente falsa que trabalhou comigo.
Depois de um
tempo, uma lembrança, um reencontro, uma reavaliação, um fio solto de uma
situação passada finalmente encontrado, e as coisas começam a fazer sentido.
O comentário
fora do ambiente do trabalho, a opinião dada durante o trajeto, a resposta dada
com sinceridade com relação a um chefe, a um colega, a uma situação, tudo se
mostra cooptado por gente cínica, interessada em contar um conto. Isso, fora os
mentirosos e os que curtem distorcer o que foi dito para causar celeuma.
Inocentes, pedem segredo a quem ouvir seus venenos...
Foi assim em
Santo Estêvão, foi assim na UNEB, foi assim onde trabalhei depois, foi assim
até mesmo com a amiga falsa que me ofereceu abrigo no começo de meu doutorado,
apesar daquela voz interior me avisar para que eu não fosse lá, que eu não
aceitasse.
Aproveito e
lanço meu conselho: não se envolva, não chegue perto desse povo que se diz
sensível ou deprimido. As coisas existem por uma razão de ser. Esses que se
dizem sensíveis, são sensíveis no ego e na vaidade. Querem paparicos, vivem de
seduzir pela ‘dor que deveras sentem’, são egoístas e invejosos, carregam as
mágoas por suas disputas perdidas contra irmãos e familiares e não hesitam em
usar sua pele de cordeiro para sair destruindo os outros. Para mim, esse é um
negócio difícil de entender: como alguém faz o inferno alheio simplesmente por
não gostar de outro alguém? Não gostar, ter antipatia...Ok, mas daí a inventar
coisas, a puxar o tapete dos outros...Aff!
As falsidades
provenientes das preferências entre amigos também me surpreendem: em disputas
recentes no mundo do trabalho, uma outra amiga ocultou uma vaga, porque temia
que sua preferida não passasse no pleito caso eu lá estivesse. Não fiz. Não
sabia. A preferida dela passou.
Anteriormente,
disputamos uma vaga como professora. Ambas perdemos. Na ocasião, ela, a amiga,
me rechaçou, preferiu abrigar sua preferida. Não somos menos amigas por isso.
Aprendi a não pedir nem partilhar nada de minha vida com ela, por reconhecer as
limitações desse afeto e dessa amizade. Entendi que alguns amigos acham que
dentre seus amigos, uns precisam mais de emprego do que o outro. Ela fez a
escolha dela. Não vou ser falsa: a amizade continua, meu afeto também, mas não
quero proximidade, intimidade real. Não pela preferência dela, pois que temos
amigos mais amados mesmo: é que vi que superestimei a idoneidade moral dela.
Mesmo agora, eu acho que se há uma vaga de concorrência pública, ela deve ser
aberta mesmo. Quem quiser que concorra. Abafar para favorecer a pouca
concorrência é tornar a disputa ilegal.
Da minha amizade
desfeita, com uma outrora grande amiga, muito lamento também. Lamento os papéis
que fiz, aceitando o inaceitável, e lamento meus olhos fechados para tanto
egoísmo...
Cada vez que
penso nas mediocridades com o carro dela, na falta de solicitude nos momentos
em que a necessidade era minha, na parcialidade das opiniões, nas humilhações
engolidas a bem da amizade, eu só falto cravar um punhal enferrujado contra meu
coração, de arrependimento...E o que se tornou engraçado, mediante a distância,
foi a percepção mais clara sobre a tendência que ela tinha em impor seus
gostos, suas versões, suas preferências, nunca negociando nada! Nunca sendo
concessiva. Fora a imagem de boa leitora, edificada sobre a falácia dos
rodapés. Na verdade, a moça não leria nada, nem deve ter lido nada nos últimos
17 anos, porque não tem disposição para isso.
Tem a decepção,
tem. Mas tem o alívio de não ter mais o convívio com esse tipo de gente. Posso
morrer de fome, a pão e água; ou me refastelar em banquetes num castelo: esse
povo aí não retorna à minha vida. Se souberem algo de mim, será mediante
especulação e pesquisa, mas Deus me guarde e a distância se imponha, aleluia!
Eu não costumo
ter filtro. O que eu acho, eu falo. Se eu tenho um problema com A, pergunto a
A, resolvo com A, não passo a B ou C. Eis uma coisa que nenhum deles faria. Por
que? Pra não correr o risco de ser ‘desamado’. Precisam parecer simpáticos e
bons, justos e perfeitos, sensíveis e carentes, inofensivos e benevolentes...
Hoje em dia enxergo
melhor. Aprendi a fechar as portas, a fechar a boca, a não ter a ilusão de que
ninguém quer me fazer mal e que, se eu não mexo com ninguém, a recíproca é
verdadeira.
Não. Eu sei que
a cada dia tem uma torcida inteira de olhos bem abertos, querendo ver minha
queda, procurando vestígios de hematomas pregressos, que há inveja e soberba e
também me arrependo de não ter ouvido um outro poeta a esse respeito.
Não acho que
devemos manter os inimigos por perto. Quero distância deles. Acho que os piores
inimigos são esses aí, os ex-amigos, os ‘amigos pero no mucho”, aquelas pessoas
a quem a gente dá a segunda chance e a reaproximação faz ver que são o que são
(chatas, eternamente vítimas, coitadinhas de terceira classe, perseguidas, desprivilegiadas
e injustiçadas). Deus me livre desse povo! Volto a lamentar o tempo que perdi
sendo cega...
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