Não sou a
palmatória do mundo: também erro, também tenho indecisões, também ‘deixo como
está para ver como é que fica’, não por comodismo, mas por não saber como
implodir o prédio sem deixar ruínas. Tenho, portanto, questões inacabadas que
dependem da movimentação de uma conjuntura para, então, acabar, findar,
terminar.
Parte dessas
coisas ocorrem porque preciso ser responsável; outra, porque preciso medir
consequências. Porém, se eu pudesse, já teria adiantado essa resolução.
Pois é: tanta
gente adiando términos de relacionamento, de contratos de trabalho, de amizades...No
fim do ano a gente avalia o que será arrastado para o ano seguinte e o que,
enfim, será obra da decisão.
Uma pessoa amiga
está nessa. Penso comigo: “o que faz alguém preservar um relacionamento que lhe
é desagradável, insatisfatório, ruim, por tanto tempo?”. Há respostas, muitas
respostas. Mas eis um ponto que a gente deveria levar a sério: não devemos ser
como os homens, que acumulam amantes e casamento simultaneamente. Ora, se o
casamento é ruim, acaba-se o casamento. Se a amante é boa, elege-se a moça como
namorada. Que mania desgraçada esse povo tem de casar ou de constituir
relacionamentos sérios que não têm como se sustentar.
Se a vida de
solteiro é boa, fique nela. Também não invente relacionamentos para outros
verem, para ostentar em rede social ou na família...quanta maluquice!
Amor pode ser
bom, pode dar certo...pode: probabilidades, possibilidades...
Estou bem
cansada: de novo, o velho dilema da incompreensão frente à minha necessidade de
solidão.
Gosto de mim.
Não é egoísmo gostar de si. Gosto de estar comigo, de estar só. Como é difícil
fazer as pessoas entenderem e respeitarem isso. Aí me vem um ser humano e se
instala em minha casa por seis dias. Seis dias! Seis dias em que não me sinto à
vontade, em que não tenho privacidade nem momentos bons de introspecção. Logo,
me canso!
Tive que
explicar novamente que moro sozinha porque gosto de ficar só, de minha
privacidade, de minha vida, de minha casa para mim.
Partilho muito
do que é meu, de meu cotidiano, meus espaços, minhas vivências, meus poucos
bens materiais...Mas, por favor, me deixe só.
Meu poeta, pelo
menos, entende isso. Não tenho que gastar laudas com explicações quanto a isso...
Há dias,
todavia, que torço para ele crescer. Ah, quando me indicam que Sagitário é o
arquétipo da eterna criancice, eu enlouqueço! Tem dias em que preciso enfrentar
as infantilidades dele que, para pior, é infantil numas coisas, mas não tem bom
humor algum. Mas, tudo bem, vamos vivendo – e em cada coisa em que a gente se
entende, fico temendo que essa paridade signifique que nossos defeitos também
são afins. Não sei se eu aguentaria.
Olha eu aqui
tratando disso e, em paralelo, concluindo que por melhor que seja um
relacionamento, ele terá falhas, defeitos, problemas, lacunas...
É o que me faz
gostar de namoros: sabemos disso. Não fazemos promessas de fidelidades
infinitas, de amor eterno, coisas humanamente impossíveis...aceitamos os altos
e baixos e não queremos arrancar a flor mais bonita do campo, nem prender o
pássaro mais bonito na gaiola, para tê-los para nós.