Todo mundo tem
suas crises e, com elas, uma necessidade maior de conversar, de desabafar, de
pedir opiniões ou de simplesmente falar. Quem nunca alugou os ouvidos de um
amigo e até de um desconhecido em algum momento?
Tantas vezes
também vivemos nossas crises em silêncio, na paz de uma solidão
pensativa...Normal, normalíssimo!
Aconteceu de eu
estar dedicando meu tempo a outras prioridades, íntimas e particulares. Com
isso, tenho escrito pouco aqui no blog, visitando menos ainda o Facebook, mas,
invariavelmente, sou cobrada por uma amiga quanto a suportar longos telefonemas
que ultrapassam uma hora.
Fosse numa
crise, tudo bem. Mas o caso é que ela se sente sozinha e compensa com nossas
conversas.
Ora, estou
ocupada. Se eu não estivesse, estaria desocupada e necessitada da paz de estar
sozinha.
Ontem, depois de
45 minutos de futilidades dispersas, eu falei: “vou desligar, para cuidar da
vida. Não tenho mais assunto!”. Ela ficou desnorteada, me prendendo,
desrespeitando minhas prioridades, minhas escolhas, minha privacidade...
Sou solidária a
ela, mas tudo tem limite.
Há momentos em
que o assunto se esgota e a gente fica esgotada também.
Conversando com
meu amado poeta, ao vivo, ele disse: “poxa, você viu sobre quantos assuntos a gente
falou hoje? E falamos em profundidade!’.
Pois é: há
pessoas e momentos em que cabe realmente um delongar de pautas. Não sou
grudenta sequer com os homens que namorei, quanto mais para traçar rituais
enfadonhos de conversa vazia! Porque chega um instante em que a gente percebe a
hora de desligar, capta os sinais da exaustão (da pessoa interlocutora, do
assunto)...
Sempre detestei
quem me enche de mensagem por segundo; quem me liga para perguntar como foi o
meu dia...uma coisa é o cuidado, o carinho, a atenção...outra coisa é sufocamento.
Por mais
ciumenta e pegajosa que seja uma pessoa, ela precisa admitir que o outro ser
humano tem vida própria. É preciso que tenha, a menos que se trate de um
vampiro que precisa sugar a vida do outro para se manter viva.
Acho feio e
deplorável quem distorce o sentido da amizade, do amor, do bem-querer: meu
tempo pertence a mim e nele há espaço para meus amigos e suas necessidades; há
espaço para mim...Gosto de gente independente. Sou independente.
Graças a Deus, Áries se dá bem com Sagitário, porque nesse quesito de deixar as pessoas em paz, sem sufocamento disfarçado de atenção, somos pares perfeitamente afinados.
Aliás, dou
muito de meu tempo aos meus amigos e considero que se uma pessoa é minha amiga, devo fazer tudo por ela.
Tenho bons
amigos, que são mais família que amigos, dado o laço afetivo. O laço, nunca o
nó: a gente se une na leveza mesmo.