Louquética

Incontinência verbal

sábado, 6 de outubro de 2018

Para quem precisa...




Andei em contato com ex-colegas de trabalho, do tempo em que fui militar. Encontro por acaso, num show da Legião Urbana, há uns quinze dias e me colocaram no grupo do povo.
Que o Brasil está dividido, todos sabem. Mas, o nível da lavagem cerebral a que a coisa chegou, é estupenda. Todos fascinados, comprando briga, abdicando do respeito, abrindo mão da racionalidade...
Claro está que o “Coiso” vencerá as eleições. Chamamos o candidato da extrema direita de “Coiso” para não promover o nome dele na internet.
Por mim, quem quiser que vote na sua própria avó. Para um país que suportou Michel Temer, nada mais surpreende. O caso é observar gente que estudou História, Geografia, Sociologia, votando no Coiso e afirmando os preceitos do programa de governo dele, que nega o mal da Ditadura, que defende o armamento da população (opa, devo dizer que, sim, isso é bastante inteligente: a segurança pública fica a cargo de cada um. Interessante isso, porque já resolve um problema para o Governo Assim, cada um que se defenda); que subestima as mulheres e os negros, os nordestinos, os pobres...
Desta vez, porém, apesar do citado aglomerado de gente cônscia que votará nele (no Coiso), finalmente nenhum FDP poderá colocar a culpa na classe média – porque, no Brasil, até desastres naturais são culpa da classe média, se o bolo não crescer, a culpa é da classe média, tudo na política é responsabilidade da classe média. Enfim, tem pobre, negro gay, nordestino, mulher, todo mundo declarando votos para o Coiso. É uma paixão daquelas bem cegas, é uma síndrome de Estocolmo coletiva.
Por outro lado, o que tem no outro ângulo do cardápio? Gente que teve a oportunidade de governar e perdeu o poder da noite para o dia; gente moderada e gente exasperada; gente clichê e gente delirante, de modo que fica mesmo difícil apostar em renovação.
Ainda que o Coiso não ganhasse, nada mudaria para melhor com um novo presidente. De fato, acho até que o resultado das eleições é um dado secundário, frente a um dado maior, expresso no quanto os brasileiros querem ter porte de armas, sim; querem liberdade para dizimar ladrões; querem declarar abertamente seus preconceitos (para eles é mera opinião) contra homossexuais, mulheres e negros; e os pobres concordam com isso, até endossam opiniões conservadoras. Este é o país real que o politicamente sufocou, achando que basta evitar palavras, basta vigiar declarações, que o racismo acaba, que a homofobia acaba. Este é o povo, que também anda cansado dos mesmos e pensa estar elegendo outros.
Embora eu não vá votar no Coiso, embora eu não pense assim, também sou povo. Minha família é povo (e que povo ruim), meus alunos são povo, meus amigos são povo...o povo é isso, essa massa rude e heterogênea de gente que pensa salvar o barco do naufrágio cuidando apenas do seu próprio lado. Tenho pena de nós... Tenho pavor os meus parentes e amigos fanáticos.
Confirmadas as expectativas, é tempo de aturar as trevas.

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