Louquética

Incontinência verbal

sábado, 22 de dezembro de 2018

Quem convidas para a tua mesa?



A liberdade é uma casa de muitas portas. Muitas vezes, a gente diz: “Livre-se disso!”, como se fosse apenas um ato de jogar fora, se esquivar de uma situação, deixar uma pessoa, um hábito, um vício, um lugar...
Livrar-se de algo é, realmente, ficar livre daquilo, consolidar a própria liberdade. Por isso, reitero aqui uma afirmação de tempos atrás: exerça sua liberdade de não querer, seja lá o que for.
Exerça a sua liberdade plenamente, analisando, antes de tudo, que necessidade você tem de manter ou de se manter preso a seja lá o que for.
A gente muda. Muda a nossa percepção. Até o amor muda e muda de forma tão premente, que acaba – em alguns casos, acaba mal. Mas, na maioria dos casos, vale a pena.
Se o amor se tornou algo pesado e chato, é que já não é amor. Bem assim a amizade e o contato com certos parentes.
Uma coisa é o cerimonial, o ritual, a burocracia dos contatos...outra coisa é você ter que suportar o convívio. Este último é sempre alternativo. Mesmo que a pessoa more perto de você ou trabalhe em sua repartição – desgastante, eu sei, ignorar a pessoa ou não dar bola à presença dela, mas não é necessário prolongar esse convívio. Não leve quem te desagrada para a sua casa, para o seu dia...
Há amizades unilaterais: você gosta do amigo. Ele pensa que gosta de você e, entretanto, tem posturas autoritárias, nunca é concessivo ou, simplesmente, é uma pessoa chata e egoísta, que adora ser servida e que se acostumou a decidir tudo por todo mundo. Às vezes, esses tiranos são bem enturmados, por situações prévias, de infância, de outras coisas – e é claro que mesmo os amigos mais malas têm qualidades que nos atraem para o rol das amizades e que a gente põe na balança...Outros, não: a gente gosta deles apesar das falhas. Mas, por ser amizade unilateral, uma hora a gente se pergunta se precisa mesmo se submeter àquilo, aturar aquela pessoa chata, ruim...Há os egoístas máster, que colocam a gente na lista dos programas, mas o comando é deles, só se ouve no carro o que eles determinam, só se faz o roteiro de lazer e viagens que ele quer...Não é uma coisa suportável. Pergunte-se se você precisa disso.
Agora é período natalino. Época de eclosão da hipocrisia. Alguns sapos, a gente engole, por conta da boa educação  - programas ruins, trocas de presentes com gente odiável, contenção de mágoas em eventos sociais, correspondência aos falsos votos de gente que, sabidamente, torce pelo nosso mal e pelo nosso insucesso...Eis-no abraçando gente escrota. E o que eu digo? Relaxa, que isso passa. São sapos que a gente engole, às vezes, para favorecer as aparências, a harmonia social, para agradar nossa tia boazinha. Lembre-se sempre de manter distância, não se expor ao veneno...
Outra dica valiosa: não caia na tentação de ostentar sucessos, ganhos, conquistas... Não vale a pena esfregar na cara dos outros. Uma hora a notícia chega sozinha aos ouvidos que precisam saber.
É a coisa mais clichê que se pode dizer ou esperar, mas “O tempo é o senhor das verdades”. O tempo é um grande mestre que sabe mexer as peças do tabuleiro, revirar lugares, confirmar suspeitas, desfazer equívocos e ilusões...
Ter fair play ajuda também. O ajuste de contas pode ser nosso, conosco, introspectivamente...Ou pode ser externo, mas, se você não está tão bem quanto gostaria, assuma sua parte nas causas da situação atual. Perdeu a a partida, mude a estratégia ou saia do jogo.
Não adianta sonhar: para algo mudar, você precisa contribuir.
Antes de qualquer coisa, livre-se do que não lhe serve mais ou de quem você não quer mais ser serviçal.
A gente sempre deve saber a hora de deixar a mesa, seja por estar satisfeito ou por perceber a insatisfação. Cuida, também, de escolher direito quem convidas para a tua mesa: não é preciso partilhar presenças incômodas, que tornam o momento indigesto.

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