Louquética

Incontinência verbal

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Negócios do prazer



Preciso fazer um relato de verdadeira utilidade pública: aprendi que quando a gente vai à sexshop com mais amigas, descobre coisas fantásticas.
Sexshops são ambientes femininos. Já vi até muitas atendentes protestantes evangélicas trabalhando e frequentando, descrevendo objetos, acessórios e produtos, entendendo outra lógica para a “mulher sábia” que “edifica o seu lar”... E longe de condenar, saúdo orgulhosamente esta compreensão de que ao ser humano é dado o direito ao prazer sexual – cansativa esta ideia de que sexo é coisa do demônio. Aliás, Demônio com poder de criação e superpoderes análogos aos de Deus é uma compreensão que a mais rasa das lógicas quebra, por não fazer sentido algum. Outrossim, respeito e fé não brigam com o sexo. Pecado é se privar de ser feliz sexualmente, achando que há punições divinas para isso.
Mas, fiquei surpresa pelas alternativas, pelas formas como as mulheres tentam aliar segurança e sexo bom, escolhendo preservativos com sabor, com texturas finas (e igualmente seguras); nas lingeries escolhidas, nos objetos e acessórios comestíveis e, para a minha surpresa, há, sim anestésicos para relações anais – uns com teor lubrificante e anestesia parcial, tipo o Santo Sensible Prata; outros altamente anestésicos, como o 50 Tons que, de quebra, a vendedora recomendou não usar jamais sem preservativo, porque anestesiaria o pênis do “par”. E por falar em par, dei muita risada com um produto, cujo nome eu lembro, embora não me lembre a marca: Volumão. Muito engraçado o nome. E se torna ainda mais engraçado porque ainda há homens que se ofendem quando o tamanho pequeno ‘do volume’ é citado. Muito particularmente, eu acho que jamais, homem algum neste planeta Terra, sabe que tem o pênis pequeno. Nenhum. Não há fita métrica, espelho, foto, declaração ou constatação científica que os façam saber.
Sem essa de gigantes preguiçosos versus pequenos trabalhadores; de varinhas mágicas curtas com alto poder de encantar, ou do clássico (absurdo e mentiroso) “na horizontal todos se entendem”. Não mesmo! Mas, não vamos contar isso para não aumentar o movimento nos consultórios de psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e astrólogos (sim, no desespero vale tudo!).
Tem de tudo em sexshop: bonecas realistas (imitação de ser humano da pele aos cabelos, passando pela anatomia total e altura) na casa dos 13 mil reais; líquidos vibradores que pulsam, esquentam, esfriam, estimulantes para todas as partes do corpo, língua sintética, alimentos para modificar o sabor do esperma, lubrificantes de todas as cores, tipos e princípios ativos, desodorantes para reentrâncias que a gente nem lembra que tem, produtos para beijo francês, beijo grego, beijo de esquimó...Enfim, um acervo que inclui livros, filmes, jogos e coisas que eu juro nem saber que poderiam existir. Agora eu sei.
Não jogo pedras nesta indústria que, também, tem muita gente séria, com conhecimento e nome na indústria de alimentos, na química, na anatomia, na biologia, no design (um vibrador, uma boneca inflável e vários objetos dependem de designer)...E fico contente por haver a opção.
Há coisas para curtir a dois (ou mais) e coisas para curtir sozinho/a. Nada melhor que privacidade, né?
Quem não gostar, basta não ir. Eu fui (desta vez, na relatada visita), gostei, comprei e voltarei...com o maior prazer.

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