Preciso fazer um
relato de verdadeira utilidade pública: aprendi que quando a gente vai à sexshop com mais amigas, descobre
coisas fantásticas.
Sexshops são
ambientes femininos. Já vi até muitas atendentes protestantes evangélicas
trabalhando e frequentando, descrevendo objetos, acessórios e produtos, entendendo
outra lógica para a “mulher sábia” que “edifica o seu lar”... E longe de
condenar, saúdo orgulhosamente esta compreensão de que ao ser humano é dado o
direito ao prazer sexual – cansativa esta ideia de que sexo é coisa do demônio.
Aliás, Demônio com poder de criação e superpoderes análogos aos de Deus é uma
compreensão que a mais rasa das lógicas quebra, por não fazer sentido algum.
Outrossim, respeito e fé não brigam com o sexo. Pecado é se privar de ser feliz
sexualmente, achando que há punições divinas para isso.
Mas, fiquei surpresa
pelas alternativas, pelas formas como as mulheres tentam aliar segurança e sexo
bom, escolhendo preservativos com sabor, com texturas finas (e igualmente
seguras); nas lingeries escolhidas, nos objetos e acessórios comestíveis e,
para a minha surpresa, há, sim anestésicos para relações anais – uns com teor
lubrificante e anestesia parcial, tipo o Santo
Sensible Prata; outros altamente anestésicos, como o 50 Tons que, de quebra, a vendedora recomendou não usar jamais sem
preservativo, porque anestesiaria o pênis do “par”. E por falar em par, dei
muita risada com um produto, cujo nome eu lembro, embora não me lembre a marca:
Volumão. Muito engraçado o nome. E se
torna ainda mais engraçado porque ainda há homens que se ofendem quando o
tamanho pequeno ‘do volume’ é citado. Muito particularmente, eu acho que
jamais, homem algum neste planeta Terra, sabe que tem o pênis pequeno. Nenhum.
Não há fita métrica, espelho, foto, declaração ou constatação científica que os
façam saber.
Sem essa de gigantes
preguiçosos versus pequenos trabalhadores; de varinhas mágicas curtas com alto
poder de encantar, ou do clássico (absurdo e mentiroso) “na horizontal todos se
entendem”. Não mesmo! Mas, não vamos contar isso para não aumentar o movimento
nos consultórios de psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e astrólogos (sim, no
desespero vale tudo!).
Tem de tudo em
sexshop: bonecas realistas (imitação de ser humano da pele aos cabelos, passando pela anatomia total e altura) na casa dos 13 mil reais; líquidos vibradores que
pulsam, esquentam, esfriam, estimulantes para todas as partes do corpo, língua
sintética, alimentos para modificar o sabor do esperma, lubrificantes de todas
as cores, tipos e princípios ativos, desodorantes para reentrâncias que a gente
nem lembra que tem, produtos para beijo francês, beijo grego, beijo de
esquimó...Enfim, um acervo que inclui livros, filmes, jogos e coisas que eu
juro nem saber que poderiam existir. Agora eu sei.
Não jogo pedras
nesta indústria que, também, tem muita gente séria, com conhecimento e nome na
indústria de alimentos, na química, na anatomia, na biologia, no design (um
vibrador, uma boneca inflável e vários objetos dependem de designer)...E fico
contente por haver a opção.
Há coisas para
curtir a dois (ou mais) e coisas para curtir sozinho/a. Nada melhor que
privacidade, né?
Quem não gostar,
basta não ir. Eu fui (desta vez, na relatada visita), gostei, comprei e
voltarei...com o maior prazer.
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