Louquética

Incontinência verbal

domingo, 9 de fevereiro de 2020

O feitiço da bondade



De vez em quando, a vida fica mais pitoresca que narrativas de filme adolescente ou ficção pouco elaborada. Vamos a uma: Mais engraçado do que o momento em que “o feitiço vira contra o feiticeiro”, é quando o feiticeiro fica enfeitiçado e magnetizado a tal ponto que não quer mais ser feiticeiro.
Resumindo essa história, uma Amiga-Fura-Olho intermediou o encontro de um cara meio mala com outra amiga nossa em comum.
Não gostei da ideia, porque a Amiga-vítima é chata, mas não merece um mentiroso e mala como o tal que lhe foi arremessado nos braços.
Em cinco dias um já eram o grande amor da vida do outro. Fez-se a intimidade sexual e ele, mala que é, disse à mediadora que a Amiga-vítima era fria e que ele gostava das novinhas.
Aos dez dias do caso, ele mudou completamente de ideia: confessou que a Amiga-vítima era muito legal, pessoa direita, de coração bom, presente, companheira, que deu a ele os melhores dias dos últimos tempo, porque trazia paz gratuitamente e que, fazendo as contas, valia mais a pena ficar com ela do que descartá-la.
Dali a dois dias, estava ele, o mala, a cercar a Amiga-vítima em precauções para livrá-la de perdas e golpes.
A Amiga Fura Olho ficou enfurecida: ninguém mudou por ela – eles já tiveram um caso e conhecem bastante um ao outro, a ponto de saber que reciprocamente não valem nada. Inveja, ela teve.
E eu, que estava inquieta, pensando em como dizer à Amiga-vítima que aquele homem tem 12 anos a mais do que declara, não tem aquela profissão, nem aqueles bens...que é um estelionatário afetivo, cheio de mentiras no bolso...
Feio ele é, mas um feio elegante não chega a incomodar e isso ela já havia visto. Fiquei feliz pelos dois: por ela não quebrar a cara e por ele ter se convertido, passando para  lado positivo da situação.
Enfeitiçado ficou ele, especialmente pela bondade dela - que tem o coração tão bom que, numa viagem comigo, catou um copinho e foi regar as plantas da recepção de onde a gente se hospedou...com ele, ela deve ter regado tão bons exemplos, que os frutos apareceram logo.
Pequenas narrativas da vida que nos fazem crer que pode ser possível ser diferente, que os finais podem tomar outros rumos – e eu, do que sei, nada direi. E passemos aos próximos capítulos.

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