Louquética

Incontinência verbal

domingo, 28 de junho de 2020

Do mundo onde habito



Eu não sei como as outras pessoas estão, porque vejo muita gente feliz, aparentando estar num mundo que não é exatamente o que eu habito.
Cada um cria suas estratégias de preservação da saúde mental e do bem-estar e nem todos têm a mesma recepção para um mesmo fenômeno, mas é muito difícil encarar uma pandemia e um péssimo momento na economia e na política brasileiras e seguir sendo feliz.
Hoje em dia, até que invento coisas, pois não falta o que fazer: limpo, lavo, planto...pouco leio e pouco escrevo. Durmo e divago.
Há dias de maior necessidade de cuidados, por impressão particular, pois o quadro externo só piora e minha cidade, agora, é a segunda do estado com casos ativos de COVID-19, a tal ponto que meus próximos já contraíram, sendo em maioria assintomáticos. Assim, faço meu próprio pão e me arvoro em outras invenções culinárias. Entro em paranoia, cogitando se meu computador voltou do técnico com vírus além dos virtuais...
Dou graças a Deus por não ser tempo e visitas pois, confessadamente, não gosto de fazer nem de receber.
Mas, gosto de sair, de viajar, das praias, dos shoppings, das festas e dos shows.
Criei, paradoxalmente, aversão e cansaço com lives e cursos online. Não consigo nem mais parabenizar amigos por suas iniciativas no show business da exibição na rede.
Acho o mundo estranho.
Precisei ir à farmácia há cerca de 15 dias. Decidi ir a pé. Era domingo. A farmácia fica a 800 metros de minha casa, mas preferi fazer o percurso em 3 km, em trilha entrecortada pelo bairro, só para poder andar. Eu só queria andar. Andei em paz, até que após dois quilômetros, encontrei dois amigos meus mascarados e nos espantamos por nos reconhecermos. Falei do que eu estava fazendo. Mais engraçado foi ele, na mesma que eu: indo ao supermercado a pé, o que dá uns 3km também... e essas eram nossas aventuras.
Hoje falei tristemente sobre o réveillon. Não irei a lugar algum. A normalidade não pode vir por um decreto de governo. Somente quando eu me sentir segura, porei os pés na rua, na praia, na festa...
Los Hermanos cantavam: “Sair de casa já é se aventurar” e hoje mais ainda.


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