Há várias situações
que podem despertar interesses entre as pessoas, mas por essa eu não esperava:
saí de um evento político reivindicatório e fui apresentada a um novo
professor, de outro curso da mesma universidade em que trabalho. Somente este seria o fato novo dentro de um contexto sem maiores
surpresas. Para mim, era ele uma pessoa comum, um filho de Deus como qualquer outro
sobre a Terra. Ocorre que, numa dada explicação em mesa de bar, pedi licença
para tacar um sincero palavrão, porque achei ser questão de honestidade me
expressar para além de qualquer palavra educada sancionada por minha condição
de pessoa letrada e com doutorado. Ora, sei muitas palavras, tenho educação
formal. Isso não me isenta de descer a palavra chula que melhor represente
minha indignação. Pluft!: falei o palavrão, com prévia licença. Acho que isso
soou como palavra mágica, ao ouvido do dito professor.
Poderia ter sido um
poema, poderia ter sido “abracadabra!”, poderia ter sido uma fórmula qualquer,
um dito filosófico ou versículo da bíblia, mas o que me credenciou ao generoso
olhar do outro foi um palavrão.
Só notei o contexto
quando recebi um convite do Tal em uma rede social (não, não tenho Instagram,
não tenho interesse, não sei usar, adoro não estar lá quando tentam fuçar meus
passos). Aceitei o convite e só após notar a empolgação do Tal, dei por mim que
aquilo tinha um contexto.
Conto outro caso, bem recente: Campeã que sou eu em
pequenas gafes que consistem em achar que, a priori, todo homem que se aproxima
de mim é gay e que se algum deles elogiar a minha roupa é porque desejaria me
despir e sair usando meu vestido, incorri no mesmo deslize e me abri como jaca
que cai do oitavo andar, presumindo estar de conversa de comadre e não em
flerte com um outro cara. Só faltei pedir a ele dicas de como colar cílios
postiços, até que ele me chamou para ver um por de sol, num panorama totalmente
romântico. Agora, que fiquei muda, mais de surpresa do que por timidez, o
coitado desse outro deve estar sem entender nada. Penso em, sinceramente explicar,
mas vai que ele possa se ofender, não é?
Já vi quem se encante por palavras, mas por palavrão, foi a primeira vez...
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