Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Quem vem com tudo não dança?

 



Até tentei escrever em setembro, mas não houve tempo. Refiro-me a tempo qualificado, não a essas migalhas de improviso cronológico.

Acumulam-se assuntos, acontecimentos, opiniões. Também foi um mês em que mudei muitas coisas em minha vida, tipo: topei um trabalho paralelo temporário, a ser pago em escambo direto, um serviço por outro serviço. Afirmo, contudo, que o meu é mais cansativo e demanda mais esforço, porque trabalho intelectual não existe sem o auxílio do corpo – sentar, pensar, escrever, organizar...

Outra coisa que fiz foi entrar num curso de dança do ventre. Nem era minha escolha, mas era o que havia de compatível com meu horário disponível. E daí começo esta postagem propriamente dita.

Sabemos que vivemos a ambiguidade de estarmos numa sociedade que prega a atividade física como questão saúde; mas que também oferece comodidades que acomodam e favorecem à preguiça.

Queremos fazer ginástica e congêneres (crossfit, musculação, treino funcional, etc.) para ficarmos bonitos, gostosos e sermos reconhecidos por isso. Não vale a pena mentir.

Nunca fui sedentária, mas só me dei conta disso durante uma conversa com o Homem de Capricórnio. Em especial, desde 2013 jamais larguei a academia. Durante a pandemia, eu treinava em casa como me era possível.

Nunca fui gorda, muito menos, preguiçosa. Porém, nunca vi refletidos em meu corpo os resultados de meus esforços. Acrescento que gosto de andar e ando; na academia, corro; em casa, percorro jardins com vários baldes de 12 litros cheios de água.

Como não gosto de ser mal agradecida com meu metabolismo, vou me conformar, dizendo que se a atividade física não melhora meu corpo, ajuda a não piorar. Mas, acho que entrego mais do que recebo. E eis a questão: vou reclamar onde? Já tenho a vantagem de não beber álcool; de não tomar refrigerantes nem ser louca por comidas gordurosas e clássicos como feijoada com cerveja.

Como outras coisas. Sou louca por pão e por café; por bolos e saladas de frutas cheias de caldinhas. Não sou da ortorexia alimentar. Ao contrário, morro de rir dessas histórias sobre reeducação alimentar e declaro que sou, portanto, mal educada.

Acho que vale a pena se movimentar.

Gosto de caminhar e nunca procurei atividades físicas com amigos e amigas. Odeio conversas paralelas. Gosto de estar só nessas ocasiões.

Agora que tenho que aprender a me contorcer com equilíbrio na dança do ventre, quero ver meu ventre livre.


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