Louquética

Incontinência verbal

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Era um garoto que, como eu, amava os Beatles!


Ontem ele me surpreendeu: quando a gente se encontrou, estava tocando uma música dos Beatles. Já nem sei qual era, mas comentei saudosa do quanto gostava daquele Cd, daquela música (a seu tempo, não era um CD, mas não vivi tanto a ponto de alcançar um LP dos Beatles...já os conheci em compact disc)...Aí ele me disse: é seu CD, quer dizer, é aquele que você me deu.
Ai, meu coração!
Li, naquele instante, uma linda declaração de amor. Declaração do amor não declarado.
Ele guardou o CD.
Eu comentei que achava que o CD nem mais existisse!
Não por descuido dele, mas porque depois que a gente terminou o namoro, nos idos do ano 2000, ele comentou que a outra namorada dele, minha sucessora, quebrou o bendito por ciúmes. Não comentei isso na hora, me aproveitei da falha de memória dele...Ninguém quebrou nada, pelo jeito. Era só ele querendo "causar", se mostrar disputado, despertar meus ciúmes.
O jogo cansativo seguiu, naquele ensaio de amor não assumido.
Mas, é tão bom estar com ele.
Hoje o namoro é muito melhor do que foi há nove anos atrás.
Mas nem consegui dormir, de medo: medo do que ele prenunciava, daquele cercame que ele me fez com uns assuntos difíceis de casamento...sempre na tangente, comendo o mingau pelas bordas do prato.
Quando estou com ele, queria ficar eternamente com ele.
Gostaria de ser escolhida. É empolgante! Mas, meu Deus, não quero casar com ninguém.
Mas, se ele não casar comigo, casará com qualquer outra e nunca mais eu terei o que temos agora.
Se eu casar com ele...ai, nem quero pensar! Meu Deus, como as pessoas casam?
E aquele papo de aliança me amedronta - que coisa mais esquisita, usar a coleira no dedo anular...ai, que repulsivo!
Graças a Deus ele nunca lerá este blog, que ele nem sabe que existe.
Mas tem a nossa idade, tem as cobranças sociais que pesam na cabeça dele...tem os fatores favoráveis como o fato de ele ser bonito, de eu ser independente, dos pais dele serem pessoas excelentes com as quais eu me relaciono bem, tem a sintonia sexual da gente, tem a amizade e o companheirismo entre nós e essa cumplicidade... mas tem os meus medos e as minhas convicções....tem esse meu pavor de ter filhos - como privá-lo disso? como me submeter a isso? se eu tivesse um filho, morreria, cometeria suicídio: não dou conta da minha existência, oxalá de outra!
A maternidade é, para mim, atroz; violência psíquica a que não me disponho...ah, meu Deus, o que eu faço para a gente continuar namorando? não quero casar!
Agora, o CD dos Beatles daí da imagem é do mesmo que eu dei a ele. E era assim: Jal, minha melhor amiga (aquela mesma que teve psicose pós-parto) me deu o tal CD no mesmo dia em que eu comprei o CD 1 dos Beatles para dar a ele, presente de natal.
Ela deduziu que a gente costuma querer ganhar exatamente aquilo que a gente dá. Aí acertou em cheio! e esta dedicatória que ela fez para mim será sempre um intenso prazer, um inesquecível presente, pois personifica meu CD e nossa amizade.
Ele me encontrou ontem em Salvador e fomos, bobinhos, tomar um café gelado no Shopping Salvador...depois brincamos com chantilly e fomos procurar nossa privacidade lá na Paralela...
Quando eu estou com ele, só penso nele - adoro perceber que ele me faz me concentrar.
Adoro ver que ele gosta de me agradar, que, assim como eu, viaja para tornar possível estarmos juntos: "love, love me do/ you know, I love you", como cantam os Beatles.
Ah, se ele soubesse o quanto eu gosto daqueles abraços...e como eu gosto de, sonsa, roubar beijos dele. Não gosto que ele me dê beijos: gosto de roubá-los!
Gosto das nossas criancices juntos!
Mas, parece que eu não sei dar a tal da segurança a ele.
Dar segurança e ter paciência: duas ações para as quais Deus não me preparou.

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