Louquética

Incontinência verbal

segunda-feira, 14 de março de 2016

Laços de nós


Não sei como esse povo fresco, metido a escritor profissional, afirma que somente quando está triste, infeliz, cabisbaixo, mergulhado na angústia e com um pé no suicídio. é que escreve. Ora!!! Ou é sintoma meu, que não sou profissional, isso de ficar triste ou no inferno e não conseguir escrever nada.
Também quando tenho que tomar decisões, travo minha vida toda. E nesses dias de indecisão amorosa, confesso que baguncei tudo e entre uma angústia (de perda e de escolhas) e outra, até a biologia do meu corpo se ferrou.
Não falo apenas do meu caso com o poeta que, enfim, se dobrou e me fez me dobrar aos argumentos dele (em que pese a total admissão do erros, por parte dele; e a mais sincera demonstração de idoneidade na própria defesa, que eu já vi na vida!), mas do meu ex, sempre em estado degenerativo, sempre a tentar se escorar em mim; e essa minha piedade inconveniente...Eu queria tanto mudar para outra cidade, só para não esbarrar com ele.
Ele tem perdas de memória. Isso é sério: o álcool, junto com Rivotril, comprometeu mesmo a memória, o bom senso, tudo...E ele esquece que a gente se separou há tempos; erra o caminho de casa e vem para a minha; ensaia suicídios, enfim, lasca meu bem-estar psíquico.
Nesse tempo de separação com o Poeta, conheci um outro homem, que pegou no meu pé. Era aquele tipo de pessoa que não aceita um não, que torce para ver a relação da gente acabada, imaginando que a tristeza traz o desespero necessário para a gente cair em certas mãos...nas mãos dele...Deus me livre!
Ele, então, confundiu meus gestos de educação com possibilidade de pegação, apesar da declaração clara de que não quero nada. Oh, idiota!
Estou na contagem regressiva para bloquear esse ser humano desinteressante. Foi minha amiga quem deu meu telefone - intermediando o contato. Agora, ficou o mal-estar.
Mas, voltando ao caso, acho que eu tenho medo de onde minha relação pode chegar com o Poeta. Ele também tem medo.
Não perdoei a negligência, nem gosto nada de gestos assim...Sorte foi eu poder ser sincera e receber respostas sinceras. Gostos dele. Não amo, graças a Deus! Nem me apaixonei...Mas gosto o suficiente. Combinamos em nossos medos.
Vi que os laços estavam desatados, mas não foram cortados. Juro que achei que nunca mais estaríamos juntos...
Tenho medo dos nós. Tenho medo de nós (de mim, dele, de mim com ele).
Não nego que gostaria de passar minha vida a limpo: Ah, se eu pudesse colocar cada coisa no lugar, retirar o que excede, arranjar o que falta e ser feliz como num conto de fadas em que a narrativa é suspensa exatamente na projeção de um futuro ("E foram felizes para sempre!). Coisa mais linda é a fantasia!
Eu tenho excesso de realidade.
Eu tenho um coração teimoso, atento e acordado...Realista, racional como nunca antes... Mas é a capacidade de sonhar, de ter e de defender o sonho mais besta do mundo, o que me torna gente.
Tenho livros para ler, textos para escrever, coisas para conquistar...E um coração que não sabe de nada sobre o amanhã...

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