Louquética

Incontinência verbal

domingo, 1 de maio de 2016

O melhor do sexo


Nunca procurei briga com Sigmund Freud. Ora, tenho invejo do pênis. Sim, tenho complexo de Édipo...E somente agora essas situações psíquicas vão se arrumando.
Acho que tem um processo global de arrumação da casa psíquica do ser, porque hoje em dia os homens já podem chorar e até ter sentimentos. Tenho amigos próximos que são excelentes pais...Quase mães, de tão pais em afeto, atenção, carinho e participação na vida de suas crianças.
Do lado feminino, mudanças, sim...Só nessa autonomia em poder escolher parceiros sexuais e em optar, mesmo a alto custo, em ser ou não ser mãe, o ganho é grande.
Porém, o que os homens pouco notam - e as mulheres também - é o quanto o plano da sexualidade feminina mudou.
Posso dizer, hoje em dia, que a minha primeira vez não foi nada de especial. Nem poderia ser, porque não tive voz ativa: tudo transcorreu conforme ele quis. E depois dali, me interroguei o que até hoje interrogo às outras mulheres, já passado tanto tempo: Como é possível que nós, mulheres, tenhamos orgasmos sozinhas; e não tenhamos em companhia de um homem?
Da primeira vez, tudo bem. A ansiedade e o medo estão lá. A carga moral está lá...Alguns olhares sociais repreensíveis que a gente internaliza também estão ali. De modo que o homem tem que ser superior a tudo isso para poder auxiliar a gente. Não obstante, não se sensibilizam com a causa.
Hoje em dia é que há homens mais aplicados em serem agentes do orgasmos, a fim de conquistar as mulheres e deixar o portfólio no capricho para abrir outras futuras portas (e pernas). Acho que todo homem deveria se preocupar em ser gostoso, sexualmente gostoso. Todavia, tem um parcela bem grande desse segmento que acha que basta estar ali, que a presença basta.
Não tenho nada contra cafajestes, porque estes são gostosos e quantificadores. O problema é gostar de um do tipo e querer exclusividade. Mas, quem tem exclusividade hoje em dia?
A sexualidade nas mulheres é um processo. Há coisas que eu ignorava em meus desejos ou achava que nunca iria gostar...Aí, veio o poeta e me mostrou que tudo pode ser diferente...E bom!
Num sessão de psicanálise, falei certa vez do meu ex, o De Longa Data: ele deitava e esperava. Era um verdadeiro agente da passiva. Aquilo não tinha o menor efeito de prazer para mim, mas eu gostava dele. Não dava para viver sem prazer...Não dava para viver sem ele...Nesse conflito, sempre acontece o óbvio e nada mais avassalador que uma paixão sexual (por outro). Claro, 'quando bate, fica'. Ficou. Ficou um tempão.
Veja se a esta altura da vida eu iria negar que eu sou louca por sexo? Com que finalidade? Mas o que isso quer dizer mesmo? Isso quer dizer que quem me dá prazer, me enlaça, me prende, me monopoliza.
Não acho motivo de orgulho esse negócio de enaltecer o 'pegue e não se apegue'. Não sou de isopor, não escolho seres para amar e outros para a manutenção da vida sexual. Assim como no sexo, o amor tem que ser espontâneo, natural.
Nunca fui chegada a ouvir e dizer palavrões: o sexo enlatado do canal pornográfico nunca foi algo que eu quis reproduzir, nem nunca exerceu poder de excitação sobre mim - se sei isso é porque consumi e consumo as produções voltadas para a área, mas bem esporadicamente e coisas específicas, porque também não vou contar aqui meus detalhes de desejos e fantasias. Porém, nunca fez a minha cabeça isso do palavrão besta. Há quem goste. Em meu caso, sem efeito.
Aí está o foco da questão: sexo tem algo de bastante pessoal. As generalidade se inscrevem na cultura ocidental de que fazemos parte, na educação que recebemos, nos outros crivos que nos aparecem vida afora... O melhor do sexo pinta quando há uma boa sintonia e confiança para a entrega de si, do outro...
Sou uma pessoa tímida: não vou ditar um script para um cara. Então, acho que a descoberta se faz mediante a experimentação...Vai tentando, propondo, experimentando...Descobrindo...E aproveitando, porque somos reféns do corpo físico, que tem tempo predeterminado de vida útil...

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