Louquética

Incontinência verbal

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Tudo joia!


Aconteceu quase agora comigo, e achei um dos mais lindos episódios que poderiam ocorrer em minha vida: há uns meses eu estava falando com Ele (ou seja, o poeta), que eu nunca gostei de joias, nunca dei bola, que curtia bijuterias com design bonito e ponto final. E é assim em minha vida real: para quê eu iria querer um anel de ouro, um brinco de ouro, pedras, essas coisas, se a função da joia é ornar? se fosse para vender, tudo bem...E, depois, não me sentiria bem com três mil reais pendurados em minhas orelhas ou em meu pescoço...Nem com gente a ameaçar meu pescoço por causa do brilho de um colar.
Ele, então, concordou e sei que não foi da boca para fora.
Entre essa conversa e o dia de hoje, ganhei uns brincos, de um homem que já sabia disso: não dou bola para joias. Não quero, não me interesso e, para piorar, minha avó tinha muitas, lindas, prometidas a mim, inclusive, mas o que vi de joias foi minha família se digladiando pela posse. Também nunca me apeteceu.
Gosto de brincos pequenos.
Nunca fui de argolas e penduricalhos.
Já contei aqui, antes, da surpresa que tive quando, por acaso, avaliaram as joias que eu ganhei em minha formatura, sem saber que eram jóias. Ah, ia esquecendo: deve ter uns 16 anos que, por influência de uma amiga de trabalho, comprei uma única joia na vida: um anel de esmeralda rústica, com seis pedras...Isso por questão de investimento e para o povo não ficar falando que eu era desligada. Esse anel foi destruído, há um ano, pelo meu ex-namorado bêbado, em uma manobra idiota de tirar e colocar anel em situação simulada de emergência.
Ele não conseguiu mais tirar o anel e foi preciso romper com alicate. Adeus ouro! adeus esmeraldas! Prejuízo todo meu, apesar da promessa de ressarcimento. Isso só reforça que não nasci para joias.
Bom, minha amiga observou quando eu tirei os brincos.
Já havia observado antes e falado dos detalhes dele.
Ela me disse: vire aí esses brincos! Aposto que tem uma inscrição. Vai ter umas letras, uns números e a marcação dos quilates.
Dito e feito.
Agora vou perder a coragem de sair com aqueles brincos.
Lindos, delicados, pequenos...
Mas, que fofo foi o rapaz, para comigo: ao invés de me presentear e se exibir do que deu, escolheu o melhor que pôde e respeitou o fato de eu não ser interesseira, nem chegada a joias.
Ele me observou. Escolheu conforme meu gosto. Que gesto bonito!
Se eu gostasse dele, agradeceria com um beijo. Mas agradeço com o coração e vou contar a história a ele.
Tudo isso me lembrou Valério. Valério era assim: me entupia de coisas caras, sem se ligar de exibir preços e procedências.
Mas eu sou mesmo uma anta: me formei, na graduação, claro, em 1998: como poderiam aquele colar e anel jamais perderem cor e brilho, se fossem bijuterias?
Olha, quer saber? Meu padrinho é que foi um ouro. Assim como esse anteriormente citado.
Não sou mulher ligada em joias, nunca perceberia... No fundo, aprecio o gesto, mas não me importo com o valor em si, não: nunca venderei. Nunca venderia um presente, muito menos venderia os de valor sentimental...

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