Em tempos em que
se discute exaustivamente as questões de assédio, acertada e apropriadamente,
deixa eu contar uma situação recorrente: basta uma gentileza, um gesto de
cortesia, uma simples atitude de polidez, para que uma parcela grande de homens
se sintam assediados. Comigo é recorrente. É cômico também: uns caras feios
como uma noite sem estrelas num deserto; uns homens ridículos na apresentação
pessoal, quando não, dignos de credencial explícita de desinteressantes e
horríveis, quando por razões fortuitas se aproximam, ou quando sou eu a lhes
oferecer solicitude meramente cristã, de indicar algo do interesse deles (um
lugar vago na plateia; o lugar certo de entrega de alguma coisa; um objeto
esquecido; coisas do tipo, tanto mais vagas quanto comuns), logo manifestam
seus impedimentos, trazendo o nome da esposa ou namorada; assim como
distorcendo a situação, por se presumirem admirados, assediados e cantados por
mim.
Face à
lamentável recorrência, joguei limpa e explicitamente com um desses: eu já
havia citado meu namorado infinitas vezes. Por fim, disse claramente se houve
alguma situação que pudesse ter gerado a impressão de que eu tinha algum
interesse nesse, que se desfizesse o equívoco (Pelo amor de Deus!). Eu ainda
disse outras coisas de reforço. Por fim, o cara não fala mais comigo.
Falta não faz,
mas é sempre uma pena que o ego das pessoas chegue a tanto. O meu próprio ego
poderia dizer o que diz em silêncio: “como um cara desses pode se achar
desejado por mim? Falta de espelho!”. É cada tipo, cada bijuteria se achando
joia rara, que até gera riso. Só um pouquinho de senso (vulgo ‘Se mancol’) e
tudo isso seria evitado.
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