Louquética

Incontinência verbal

terça-feira, 24 de julho de 2018

Par, entes: entre parênteses



Voltar ao blog é voltar para casa. Nunca deixei a casa, mas precisei viajar: o tempo tomado pelos caminhos do trabalho.
Nunca convidei ninguém para vir aqui, ler coisa nenhuma. Nunca fiz propaganda do blog...Gosto desse quase anonimato e não sou de chamar visitas à minha casa. Outrossim, considero, também, da seguinte forma: se a pessoa gosta de determinados conteúdos, vá aos referidos conteúdos. Quem não gosta dos meus conteúdos, basta não vir aqui, porque não sou eu quem está visitando...
Faz parte da liberdade ter escolha.
Eu me sentiria ridícula coagindo.
Não convido ninguém para ler meus artigos, nem exibo troféus de publicações, aprovações ou títulos acadêmicos. Nem me interesso por fazer propaganda (marketing pessoal), nem pretendo causar inveja. Mas, aí sou eu. São minhas escolhas.
Falando nas escolhas, anos vão e vêm; décadas passam e as pessoas prosseguem com seu parecer estúpido sobre a minha vida, afirmando que algo me falta por eu não ter filhos nem casamento.
Desde os 13 anos, minha consciência já era essa: nada de filhos, nem de marido. Nada tenho contra as famílias, mas nunca essas coisas estiveram em minhas metas. Naturalmente. Nasci assim. Não fui criança de brincar de dona de casa, nem tive boneca bebê. Nunca me deslumbrou esse negócio do matrimônio – exceto como vaidade, porque eu achava bonitinho as minhas amigas de adolescência com aquelas alianças. Só.
A família da minha mãe me encontrou.
Gente que eu jamais vi, que eu nem presumia que existia...Gente carinhosa, tios, tias, primos...Eles fizeram buscas, usaram o serviço de inteligência da polícia e, se nada disso fosse suficiente para completar a minha alegria, revelações sobre o período que antecedeu à morte de minha mãe serviram para eu, finalmente, dar razão ao meu pai, ouvir declarações inéditas dele e me reconciliar com ele em definitivo, sem nenhuma marca de mágoas prévias.
Por questões de privacidade, não vou contar todos os detalhes, mas focalizo no seguinte: também os parentes que recuperei e ganhei não entendem minha solidão.
Gente, eu gosto de ser só. Eu fui filha única o tempo inteiro; eu convivi com uma família numericamente reduzida, eu acho excitante estar só, eu não suporto fazer visitas, receber visitas, conviver prolongadamente com alguém...aliás, um homem, para mim, deve sempre saber a hora de ir embora. Por isso, casamento, para mim, é inviável.
Namoro é uma delícia!
Gosto de sentir saudades, de planejar o encontro, de dormir junto de vez em quando e aproveitar a presença do meu par, das partilhas e das esperas, do meu tempo para mim mesma, de minha casa para mim mesma, de estar só.
Daí vem minha família e me põe no grupo de what’s app da família e toda hora alguém quer conversa com essa novidade chamada eu.
É muito bom ter quem se importe conosco...Mas, não dá para ser esse grude, essa rodada de prestação de satisfação, esse interrogatório constante...
Ando atarefada para fechar o semestre letivo numa universidade pública e começar um outro em outra universidade; meu poeta está doente há semanas, com uma virose absurda, que me obriga a atenções e paciências; de quebra, essa surpresa em minha vida. Não dava para escrever, em mesmo tempo para o Facebook sobrou.
Mas, estou feliz. Estou grata a Deus pelo novo capítulo...vamos escrevendo outras páginas.


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