Voltar ao blog é
voltar para casa. Nunca deixei a casa, mas precisei viajar: o tempo tomado
pelos caminhos do trabalho.
Nunca convidei
ninguém para vir aqui, ler coisa nenhuma. Nunca fiz propaganda do blog...Gosto
desse quase anonimato e não sou de chamar visitas à minha casa. Outrossim,
considero, também, da seguinte forma: se a pessoa gosta de determinados
conteúdos, vá aos referidos conteúdos. Quem não gosta dos meus conteúdos, basta
não vir aqui, porque não sou eu quem está visitando...
Faz parte da
liberdade ter escolha.
Eu me sentiria
ridícula coagindo.
Não convido
ninguém para ler meus artigos, nem exibo troféus de publicações, aprovações ou
títulos acadêmicos. Nem me interesso por fazer propaganda (marketing pessoal),
nem pretendo causar inveja. Mas, aí sou eu. São minhas escolhas.
Falando nas
escolhas, anos vão e vêm; décadas passam e as pessoas prosseguem com seu
parecer estúpido sobre a minha vida, afirmando que algo me falta por eu não ter
filhos nem casamento.
Desde os 13
anos, minha consciência já era essa: nada de filhos, nem de marido. Nada tenho
contra as famílias, mas nunca essas coisas estiveram em minhas metas.
Naturalmente. Nasci assim. Não fui criança de brincar de dona de casa, nem tive
boneca bebê. Nunca me deslumbrou esse negócio do matrimônio – exceto como
vaidade, porque eu achava bonitinho as minhas amigas de adolescência com
aquelas alianças. Só.
A família da
minha mãe me encontrou.
Gente que eu
jamais vi, que eu nem presumia que existia...Gente carinhosa, tios, tias,
primos...Eles fizeram buscas, usaram o serviço de inteligência da polícia e, se
nada disso fosse suficiente para completar a minha alegria, revelações sobre o
período que antecedeu à morte de minha mãe serviram para eu, finalmente, dar
razão ao meu pai, ouvir declarações inéditas dele e me reconciliar com ele em
definitivo, sem nenhuma marca de mágoas prévias.
Por questões de
privacidade, não vou contar todos os detalhes, mas focalizo no seguinte: também
os parentes que recuperei e ganhei não entendem minha solidão.
Gente, eu gosto
de ser só. Eu fui filha única o tempo inteiro; eu convivi com uma família
numericamente reduzida, eu acho excitante estar só, eu não suporto fazer
visitas, receber visitas, conviver prolongadamente com alguém...aliás, um
homem, para mim, deve sempre saber a hora de ir embora. Por isso, casamento,
para mim, é inviável.
Namoro é uma
delícia!
Gosto de sentir
saudades, de planejar o encontro, de dormir junto de vez em quando e aproveitar
a presença do meu par, das partilhas e das esperas, do meu tempo para mim
mesma, de minha casa para mim mesma, de estar só.
Daí vem minha
família e me põe no grupo de what’s app da família e toda hora alguém quer conversa com essa novidade chamada eu.
É muito bom ter
quem se importe conosco...Mas, não dá para ser esse grude, essa rodada de
prestação de satisfação, esse interrogatório constante...
Ando atarefada
para fechar o semestre letivo numa universidade pública e começar um outro em
outra universidade; meu poeta está doente há semanas, com uma virose absurda,
que me obriga a atenções e paciências; de quebra, essa surpresa em minha vida.
Não dava para escrever, em mesmo tempo para o Facebook sobrou.
Mas, estou
feliz. Estou grata a Deus pelo novo capítulo...vamos escrevendo outras páginas.
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