Comecemos por um fragmento de música de Belchior
(Comentário a respeito de John) com o qual muito me identifico: “Saia do meu
caminho, eu prefiro andar sozinho, deixem que eu decida a minha vida!”
Normalmente, não me meto na vida de ninguém.
Se discordo de algo, fico na minha, em
silêncio...muito raramente comento e, muito menos, vou tirar satisfação ou
impor meu ponto de vista.
Não consigo entender a perplexidade das pessoas diante
do fato e eu não querer ter filhos. Sim, eu posso simplesmente não querer. Não quero!
Sinto muito, mas nunca foi minha meta. Eu não vou me
submeter ao desejo dos outros para e enquadrar nas exigências sociais. Para
mim, não há o “Woohoo, filhos!”. Não quero. Desde os 13 anos eu já pensava
isso. Boa sorte para quem quer, quem tem...Impor condições não vi me fazer mudar.
As pessoas convictas da maravilha que é ter um filho
perdem seus respectivos e preciosos tempos para me converter e me converter.
São piores que vendedores de lojas de departamento querendo impor nossa adesão
a cartões, porque precisam atingir a meta. Ora, suas decisões são ótimas...para
a sua vida. A minha é minha.
Imagine se eu fosse obrigar todo mundo a ter doutorado
ou a ser espírita? Pois é.
Eu não sei de onde vem nossa personalidade. Sei que
ela se transforma, em certa medida, pelas experiências e vivências individuais.
Sei, também, que a pressão social exerce força sobre
todos nós. Contudo, se ainda tenho liberdade, faço escolhas que nem sempre vão
coincidir com as da maioria.
Não quero ter filhos. Não gosto de grude. Não faço
visitas. Não gosto de receber visitas. Não quero casamento. Gosto de namoro.
Gosto de ficar sozinha. Gosto de ficar sozinha e em paz em minha casa. Não
gosto que ninguém mande em mim, nem em minhas coisas, por isso, gosto muito do
que é meu – isto posto, não cedo a invejas, porque só tenho poder sobre aquilo
que é meu. Desta forma, a vida todo fui assim: eventualmente, posso até pedir
algo emprestado, mas logo compro o meu, para eu poder dispor daquilo.
Há coisas que a gente pode socializar e outras que só
fazem sentido se compartilhadas. Eu nunca seria a pessoa, porém, que pega seu
barco, iate ou lancha e se manda no meio do mar, em viagem solitária. Mas, eu
seria a pessoa que pega qualquer avião ou o próprio carro para ir à praia
sozinha, para fazer uma boa viagem sozinha, para ir a um show sozinha...porque
odeio dependência.
Não sou dessas pessoas que deixam de ir às festas por
não ter companhia. Exceto se for um lugar em que vão me importunar – pessoas sós
sempre têm que lidar com gente que acha que a gente precisa da companhia delas,
é tipo quando a gente quer ficar em paz, chorando, e aparece alguém para
consolar e impedir o processo natural de encarar as dores da vida. Entendo os
que o fazem de bom coração, mas quando eu preciso de ajuda, peço.
Sou carinhosa e amorosa – com gato, com gente, com
quem vier – e o fato de eu gostar de ser e de estar só não me torna pouco
sociável, amarga, mal humorada, seca ou fria.
No amor eu sou assim: presente, intensa, companheira...até
já tive ciúme...Mas se o outro não esboça a vontade de estar comigo, ainda que
a ruptura possa doer, eu deixo a pessoa em paz.
Quem quer a gente, fica com a gente. Forçar a barra,
impor a presença, querer obrigar o outro a amar a gente são expressões toscas
de um egoísmo tacanho (para mim, é como se o insistente dissesse: ‘Quem você
pensa que é, para não desejar ficar com alguém tão maravilhoso, poderoso,
perfeito e especial como eu?’ ou mesmo “eu só vou insistir porque eu tenho
certeza de que uma hora você vai notar que eu sou o melhor para você!”). É o
louvor ao ‘eu’.
Para mim, é igual às referidas pessoas que querem me
obrigar a ser mãe porque o certo é ser mãe, porque toda mulher quer ser...
Ora, pensamento e convicção tacanhos! Acham que eu
estou perdendo algo...Sim, estou perdendo: a paciência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário